Uso Esporádico de Drogas e Toxicomania em Adolescentes

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NÚCLEO DE PESQUISAS EM QUALIDADE DE VIDA
E SAÚDE MENTAL
USO ESPORÁDICO OU RECREATIVO DE DROGAS E
A TOXICOMANIA NO SUJEITO ADOLESCENTE1
Thales Siqueira de Carvalho
Resumo: A toxicomania aparece como um grande desafio à clínica psicanalítica. O
presente artigo é fruto de uma pesquisa teórica e pretende abordar este fenômeno
clínico considerando-o para além da dependência química. Isto é, busca-se a apreensão
do fenômeno da drogadicção como efeito de questões subjetivas. Marca-se também
uma diferença entre o que neste trabalho foi denominado de “uso esporádico” e a
“toxicomania”, a partir da posição subjetiva do adolescente diante do objeto droga, e
não a partir do estudo e análise de variáveis quantitativas como o tipo de substância,
a quantidade de uso e outros fatores.
Palavras-chave: Sujeito adolescente, Toxicomania, Uso esporádico, Fantasia, Cinismo.
“A clínica de Freud considera como ponto de partida que a toxicomania é uma solução e não um
sintoma e que o toxicômano, ao invés da associação, do significante, escolhe o uso da droga”
Hugo Freda (1993, p.28)
Adolescência e Sujeito Adolescente
Para tratarmos a drogadicção na adolescência pelo ponto de vista da Psicanálise são necessárias duas distinções: primeiro é preciso
mostrar que adolescência e sujeito adolescente são
dois conceitos não excludentes entre si, mas
distintos quanto ao seu efeito sobre o campo
clínico; segundo cabe a distinção entre a toxicomania e o que chamaremos neste trabalho de
uso esporádico ou uso recreativo, como duas manei-
ras de relação do sujeito adolescente com as
drogas.
Adolescência é um fenômeno sócio-cultural
com características marcantes atribuídas a todos em um determinado momento da vida. A
adolescência como fenômeno psicológico é
uma soma de “crises” e alternâncias de identidade, relacionadas a um conflito entre contestação de valores sedimentados na sociedade e apropriação desses valores para obter um lugar. Na
adolescência os indivíduos se deparam com ro-
tulações e comportamentos com os quais concordam ou não. De acordo com Jacques (2001,
p.163) “o fenômeno da adolescência é marcado
por ritos e modelos de passagem expressados e
desenvolvidos pela cultura”. Está em jogo, neste
caso, o antagonismo entre a Moral (norma posta) e a ação de cada um, que transgride a mesma. Exalta-se a questão do confronto com o
ideal normativo (dimensão social da norma
moral) e, por vezes, com a própria lei (dimensão jurídica da norma moral). Neste nível de
análise, a adolescência aparece como uma fase
natural na qual o lugar dos indivíduos, apesar e
mesmo por meio das crises, acabam por se definir.
Outro nível de análise, o do sujeito adolescente, exige distinguir no processo sócio-cultural
o adolescente em sua singularidade e particularidade. Isso implica defini-lo como dotado de
uma subjetividade, que se estrutura a partir das
relações significativas com o mundo, com a linguagem e com os “outros”, como, por exemplo,
os pais, os irmãos, os parentes, os amigos e os
parceiros sexuais. A dimensão da relação com o
outro, fundamental para a Psicanálise, torna-se
evidente na adolescência, principalmente no que
diz respeito às relações amorosas. A relação com
o outro sexo diz respeito aos conflitos surgidos
pela capacidade de novas implicações do corpo
adolescente (diferentemente do corpo infantil)
na relação afetiva. Uma vez que o conflito subjetivo é estrutural, a angústia do sujeito, surgida na relação amorosa adolescente, o remete,
em última instância, à frustração do não preenchimento à altura do desejo, fato por ele vivido
não somente nesta fase da vida.
A frustração diante da impossibilidade de
satisfazer o desejo, que advém das relações do
sujeito com os outros, presentifica uma ques-
tão, também estrutural, que na Psicanálise é
chamada de fantasia inconsciente. Nos encontros
jovens, festas e momentos recreativos do público adolescente estão em pauta as relações
amorosas. “O adolescente, saído da infância, se
depara com o real do sexo, despertado para esse
encontro que é sempre mal sucedido, desengonçado” (PEREIRA, 1999, p.119). Estão em pauta
os encontros com a diferença, sendo o outro
sexo, o elemento mais enigmático quanto a isso.
As escolhas amorosas, em qualquer situação,
carregam em si e dizem respeito à busca de um
objeto que traga uma satisfação. E é aqui que
reside, visando esclarecer esta relação do sujeito com objetos satisfatórios, aquilo que na Psicanálise é chamado de fantasia fundamental ou
fantasia inconsciente.
A fantasia inconsciente é a maneira como o
sujeito interpreta a realidade e conduz seus comportamentos frente à sua relação com o mundo
e com os outros. Ela diz respeito à maneira pela
qual, como sujeitos, nos relacionamos com
nossa própria condição incompleta e faltosa,
buscando objetos que pudessem suprir essa falta. “O fantasma fundamental (...) é uma matriz
imaginária na qual o sujeito se posiciona frente
ao enigma de seu desejo, do desejo do Outro,
dos gozos envolvidos, dando uma resposta a
esses enigmas na forma de uma configuração”
(PROTA, 2002, p. 55).
Segundo Roudinesco (1998, p. 646), a fantasia, em Freud, é um termo “correlato da elaboração de realidade psíquica e do abandono
da teoria da sedução”. Essa expressão “designa
a vida imaginária do sujeito e a maneira como
este representa para si mesmo sua história ou a
história de suas origens” (ROUDINESCO,
1998, p. 646). A realidade psíquica pode ser
entendida como estrutura simbólica e imaginá-
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Revista Iniciação Científica
ria que funda uma forma de existir no mundo.
É, segundo Freud (1996, p.637) a maneira pela
qual um sujeito organiza seu aparelho psíquico,
diferentemente daquilo que se apresenta da realidade material. A fantasia é, então, uma elaboração central nesta realidade psíquica do sujeito, que permeia e determina a posição do mesmo diante do mundo. Na estrutura fantasmática aparece um lugar para os objetos aos quais
atribuímos a possibilidade de nos levar à satisfação. Trata-se do objeto causa do desejo. A
fantasia inconsciente ou fantasma fundamental
situa-se no aparelho psíquico, como estrutura
que ordena a relação do sujeito com a realidade
e o investimento do afeto em objetos (pessoas
e coisas). A fantasia, assim, liga à posição do
sujeito o lugar do objeto causa do desejo.
Segundo Nasio (1993, p. 124) é possível
pensarmos de um lado um sujeito de falta na
posição desejante, e de outro lado aquilo a que
ele dirige tentativas de satisfação do desejo. Em
geral trata-se, no alvo do desejo, de outros seres falantes (autre, em francês, na forma como
Lacan apresenta). Outro que assume um papel
peculiar na trama da vida deste sujeito que o
elege a tal posição. A fantasia, então, pode ser
entendida como a forma com que o sujeito consegue se articular frente ao outro (objeto causa
de desejo). Termo que marca a distância mais
adequada que o sujeito, conforme sua particularidade, consegue estabelecer entre ele e o objeto causa de seu desejo. Já Lacan, diz que a
fantasia é a janela pela qual enxergamos a realidade. Seguindo seu raciocínio, podemos acrescentar que as janelas pelas quais os sujeitos no
mundo enxergam a realidade se alteram. Uma
janela pode ser feita de madeira, outra de vidro, outra de grade de ferro, e cada uma delas,
talvez, possa estar virada para diferentes lados
Revista Iniciação Científica
da casa; portanto cada uma é de um jeito, e os
acontecimentos que assistimos através delas se
diferenciam.
Prota (2002) discute a possibilidade de a
fantasia fundamental ser levada em conta pelo
sujeito em diferentes graus. Segundo este autor, é necessário considerar uma espécie de crença por parte do indivíduo em sua fantasia inconsciente. Esta crença varia conforme cada
indivíduo. Prota faz esta distinção com a utilização do termo inglês Neuroticism, retirado da
psiquiatria clássica e usado para se pensar o
Transtorno de Stress Pós Traumático. Neuroticism pode ser traduzido como “quão neurótico
é um indivíduo” (PROTA, 2002, p.56). Conforme Prota, podemos interpretar tal termo
com uma pergunta: quanto um neurótico é fiel
ao seu fantasma fundamental? Ou até mesmo,
o quanto a fantasia desse sujeito posiciona-se
como base para a interpretação e relacionamento com a realidade? Ou ainda, quanto um
sujeito acredita em sua fantasia inconsciente?
A indicação de Prota (2002) salienta uma questão econômica de investimento pulsional no
fantasma fundamental. Há uma diferença de
investimento que varia conforme cada indivíduo. A crença do sujeito em seu fantasma é
marcada pela diferença de investimento pulsional. “Quanto menos uma pessoa confia no
seu fantasma como fonte de garantia para sua
relação com o Outro e de constituição da realidade, mais ela vai precisar se utilizar de recursos defensivos, ditos ‘neuróticos’, para se
sustentar no mundo.” (PROTA, 2002, p.56).
Ou seja, trata-se de como o investimento pulsional do sujeito é despejado em sua fantasia
inconsciente, tornando uns mais neuróticos do
que os outros. Haveria então uma diferença
de neuroticism entre os sujeitos.
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Pois bem, essa oscilação entre crença maior ou menor na fantasia fundamental é que tornaria o sujeito mais ou menos vulnerável a um
trauma, entendido “como algo que excede as
representações” (PROTA, 2002, p. 55). Conforme aponta o mesmo autor, a partir do DSMIV, o Transtorno do Stress Pós-Traumático pode
ser entendido como:
Exposição a evento traumático, onde a
pessoa foi confrontada com a morte ou
com grave ferimento, reais ou ameaçados,
em si ou em pessoas próximas, com resposta envolvendo intenso medo, impotência ou horror. O evento traumático é persistentemente revivido em recordações aflitivas, recorrentes e intrusivas (PROTA,
2002, p.54).
O intenso medo, impotência e horror podem ser entendidos como dificuldade de representação de algo impossível de suportar.
Trata-se, dessa forma, de um encontro com
uma situação da realidade, mas permeada pela
fantasia inconsciente. A fantasia inconsciente, portanto, é relacionada ao posicionamento
do sujeito frente às coisas e ao mundo que o
cerca. Nessa relação, possibilitada por algum
grau de crença na fantasia inconsciente, não
há cessação do mal estar causado pela falta.
Ora, com relação a esta “presença” sempre
recorrente da falta, pode-se pensar de um lado
o ato toxicômano e de outro o uso esporádico
ou recreativo de drogas. A partir da noção de
fantasia, como estrutura da eleição de objetos
de satisfação, pode-se buscar uma compreensão da relação do sujeito adolescente com a
droga. No caso do uso esporádico como escolha pouco significativa e no caso da toxicoma-
nia, propriamente dita, como escolha de grande importância.
Conforme a fantasia de cada sujeito adolescente, a droga pode adquirir (ou não) uma
posição de objeto significativo para a resolução
dos entraves subjetivos. Neste caso teremos não
uma dependência química, mas, principalmente, a
eleição subjetiva da substância como objeto ao
qual se atrela a problemática para a qual a fantasia busca, não somente no uso de drogas, uma
solução.
Toxicomania
A condição de privilégio, dado ao objeto
droga na relação dos indivíduos com o mundo, é denominada, no campo clínico, de toxicomania.
A toxicomania seria uma modalidade de
uso de drogas, que torna-se “hábito”, do qual o
indivíduo usuário apresenta grande dificuldade
de abster-se. Na condição do toxicômano, ao
invés de um abandono fácil do artifício da droga, é mais provável concebermos uma relação
com o objeto droga pela qual o “outro” (as pessoas em torno ao adolescente) parece estar excluído. Freud (1930) define três fontes de sofrimento: o nosso próprio corpo condenado à decadência e dissolução, o mundo externo com
forças de destruição esmagadoras e impiedosas
e os nossos relacionamentos com os outros homens. A relação com o outro é “a mais penosa
do que qualquer outra fonte de sofrimento”
(FREUD, 1930, p.95). Uma das soluções para
se evitar o infortúnio da relação com o outro é
o método da “intoxicação” (FREUD, 1930,
p.86). Ou seja, a eleição de uma substância
como objeto, a partir do qual se evitaria toda a
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Revista Iniciação Científica
problemática da relação. A toxicomania, tomada como eleição do objeto droga, na mesma
perspectiva da solução pela via da intoxicação,
seria uma forma drástica de abster-se dos conflitos subjetivos comuns às relações com o mundo. Então, representa uma solução para os conflitos que possam surgir junto ao relacionamento sempre danoso com os outros. Isto configura
uma saída pelo caminho da exclusão e da recusa do campo do outro.
O ato toxicomaníaco distingui-se dos sintomas clássicos, convencionais ou atualizados
conforme o ordenamento cultural. Sintoma entendido ,aqui, como formação do inconsciente
presente nas depressões, lutos, ansiedades, síndromes do pânico, obsessões compulsivas (mais
ou menos graves) e nas somatizações. Nos sintomas clássicos (isto é, histéricos, obsessivos e
fóbicos), a clínica psicanalítica reconhece o problema da relação com o outro a partir de um
certo grau de crença na fantasia fundamental.
Diferente disso, na toxicomania:
O tratamento do mal estar do desejo [da
insaciedade do desejo] pelo método químico da intoxicação caracteriza-se, então,
como uma técnica de limitação do ideal
de felicidade suprema e inacessível, em que
esta dimensão do gozo ilimitado é parte
integrante e constitutiva (SANTIAGO,
2001, p. 108).
O toxicômano quebra sua busca de objetos de desejo e atua de forma a impedir que a
busca pela felicidade suprema e inacessível venha a ocupar seus pensamentos. Sendo assim,
a falta, a ausência de completude, é negada pelo
toxicômano na medida em que o sujeito recusa-se a se envolver, recusa-se a vivenciar as
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diversas situações nas quais o problema do
encontro com o outro possa se apresentar. O
sujeito toxicômano recusaria, em favor do objeto droga, as diversas máscaras que possam
surgir a partir da busca pelo objeto causa do
desejo; todas sob a imposição dos sintomas.
Nessa direção, pode-se pensar que:
A escolha tóxica tenta mascarar o mal-estar imanente à perda de objeto originário
do desejo. Por isso, ela é considerada como
um verdadeiro curto-circuito na relação
com o Outro sexo, relação que pressupõe,
na verdade, o consentimento do mal-estar
constitutivo da perda primordial do objeto (SANTIAGO, 2001, p. 112).
Dessa forma, na toxicomania, encontramos
um artifício através do qual o sujeito evita o
problema de conceber o outro sexo como seu
objeto de desejo, e até mesmo de fazer-se objeto de desejo do outro sexo. Há o laço com o
objeto droga (objeto fiel e fixo). O sujeito faz
um atalho para a satisfação, pela via do corpo,
não se envolvendo com o substrato que a vida
em sociedade oferece para lidarmos com nossas questões frente ao nosso desejo e frente à
falta.
Nesta modalidade de drogadicção, prevalece um ato de substituição que evita o lidar
com o insuportável da relação com a sociedade e
com o outro sexo. “O ato toxicômano pode ser
referenciado como uma ‘técnica do corpo’ cuja
particularidade reside em uma tentativa de recuperação do gozo que não passa pelo corpo
do outro como objeto sexual.” (SANTIAGO,
2001, p.170). Neste raciocínio, Miller (1995)
acrescenta “não podemos em nenhum caso fazer da droga uma causa de desejo. No máximo
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podemos fazer dela uma causa de gozo.” (MILLER, 1995, p. 17).
Considera-se gozo, como um excesso, um
transbordamento que extrapola o prazer e se
constitui em uma forma de satisfação pulsional
que inclui a destrutividade voltada inclusive
para o próprio corpo.
Os autores que situam a droga na toxicomania, como um objeto causa de gozo, indicam
que a relação com esse objeto produz uma ruptura do sujeito com a busca incessante do desejo. Conforme a Psicanálise, a posição desejante
causada por um objeto, em conformidade com
a fantasia inconsciente de cada sujeito, dependerá do mesmo estar sob a égide de uma função
denominada função fálica.
Entende-se por função fálica, uma instância lógica, a partir da qual os sujeitos se posicionam e ordenam seus desejos, construindo assim os seus sintomas. É a partir da função fálica que um ser-humano chega a se conceber
como masculino ou feminino, ordenando assim
também, a sua diferença sexual, isto é, o outro
sexo. Inaugura-se assim o circuito do desejo
frente ao outro e a busca pela satisfação do desejo. Porém nessa incessante busca pelo desejo,
encontramos também uma modalidade de gozo,
denominado pela teoria psicanalítica, gozo fálico, por estar submetido à função fálica e por ser
fruto da mesma.
Então, gozo fálico é o excesso, mesmo desprazeroso, surgido com a incessante busca pelo
desejo. Gozo de um sujeito que carrega em si a
marca simbólica da função fálica, ou seja, uma
representação psíquica peculiar e particular desse símbolo que contornado pela fantasia inconsciente faz com que tenhamos, diante do
objeto causa de desejo, um encontro, ainda que
faltoso, com o outro sexo.
Mas, cabe ressaltar uma outra modalidade
de gozo que os autores relacionam à toxicomania. A toxicomania aponta para um gozo que
não se entrelaça com a função fálica, portanto
um gozo não fálico. Um gozo puro, em que o
outro não é mantido sob a condição de objeto
de desejo. Um gozo que não diz respeito a um
posicionamento que inclui a diferença sexual e
a criação de sintomas para lidar com essa diferença.
Portanto falar da droga como objeto causa
de gozo, especificamente um gozo não fálico, é
apontar a solução na qual o sujeito se faz existir, diferente das saídas que outrora este possa
ter desenvolvido em relação aos impasses frente ao outro sexo, sob a égide da função fálica.
Falar de um gozo não-fálico é indicar uma
modalidade de gozo em que o sujeito se situa
fora daquilo que está submetido a inscrição
fálica. Contudo, a toxicomania se presta ao sujeito como uma prática que coloca à sua disposição o objeto droga como um objeto causa de
gozo. Finalmente,
do termo -, é porque aparece como um
ato de substituição [Ersatzhandlungem], em que
a tentativa de limitar o gozo se efetua de
maneira indireta, sem o intermédio do retorno do recalcado.(SANTIAGO, 2001,
p. 31).
Para o adolescente usuário esporádico, o
sintoma ainda é suficiente para contornar suas
questões. Mas já o adolescente toxicômano,
aquele marcado por um gozo não-fálico, que não
se atreve a construir sintomas como saídas para
o retorno do nó edípico recalcado, forja um lugar específico para a droga residir. Um local onde
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Revista Iniciação Científica
o objeto droga é elevado à categoria de parceira
exclusiva e essencial.
Santiago (2001), em outro momento, comenta sobre a relação conflituosa que o toxicômano apresenta com o gozo fálico, isto é, com
aquilo que advém da relação do sujeito com a
função fálica, ordenadora de toda a trama edípica. Trama a partir da qual o sujeito se constitui no campo do desejo e constrói seus sintomas.
O artifício da droga do toxicômano, como
mencionado, se traduz em uma espécie de
prótese momentânea destinada a tratar o
conflito do sujeito com o gozo fálico. Dessa
maneira é exatamente aqui que o artifício
se distingue do semblante, porque ele designa a montagem puramente artificial de
um instrumento reparador da tendência a
buscar de maneira peremptória a felicidade (SANTIAGO, 1995, p.140)
Ainda nesta direção ressaltamos o rompimento que o sujeito toxicômano faz em face ao
outro sexo – aquele que possivelmente estaria
ocupando a posição de objeto causa do desejo na medida em que promove uma espécie de greve com a função fálica. “A rigor, no ato toxicômano, o sujeito não transgride nada senão o
matrimônio que um dia ele devia contrair com
o falo. A droga como artifício vem materializar
a vontade de infidelidade a este matrimônio
obrigado a todo sujeito” (SANTIAGO, 1995,
p. 141). Neste mesmo sentido, vale nossa atenção: “Mais que uma relação harmônica, a fidelidade ao produto, na satisfação tóxica, determina, para o sujeito, o desvio da satisfação sexual” (SANTIAGO, 2001, p. 112, “grifo nosso”).
Satisfação sexual com a qual o usuário esporáRevista Iniciação Científica
dico ainda opera e através da qual ainda mantém sua vida.
Em síntese, o toxicômano traz consigo, de
forma inconsciente, uma premissa que dita sua
prática e a justifica: Eu? Percorrer este imenso
caminho e não chegar à felicidade? Prefiro um
atalho, mesmo assim sabendo que a felicidade
não virá. O atalho pode me matar? É fato. Mas
iremos morrer de qualquer jeito, todos nós, sem
a felicidade tanto almejada. Gozo por gozo, prefiro o meu!
O toxicômano não quer se entreter com as
imposições que a função fálica exerce sobre
quem escolhe viver nessa esfera. Conforme Santiago (1992, p. 16),
o que se designa como artifício da droga
não é, portanto, um sucedâneo do objeto
sexual substitutivo porque lhe falta o valor
fálico. Esse modo preciso de operar um
curto-circuito na sexualidade equivale à
dificuldade do toxicômano em suportar
as coações relacionais impostas pela função fálica.
Nesta perspectiva, a posição subjetiva do
toxicômano seria a de um insubmisso frente à
função fálica.O insubmisso, ou o que existe disso na toxicomania, é o fato do sujeito se satisfazer sem entrar em contato com a esfera afetiva dos outros e, principalmente, sem se relacionar com o outro sexo. Com isso, “é possível
concordar com a tese segundo a qual a intoxicação crônica remonta, nas suas próprias origens, à insubmissão sexual do sujeito” ( SANTIAGO, 2001, p. 112).
Essa questão acerca do toxicômano ser um
insubmisso pode se tornar mais clara se posicionarmos tal termo como algo que marca o jeito
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como o toxicômano conduz sua vida. Insubmissão diz respeito ao sujeito toxicômano estar
fora da ordem do retorno do recalcado, estar
fora do circuito do desejo, da relação sexual.
Este ser não quer se submeter a esta ordem,
portanto, um insubmisso. Não quer se submeter ao retorno da trama edípica. Apresenta-se,
então, contra um aceder à castração. Ou seja,
opera de forma a não ir de encontro ao que possa
re-atualizar sua questão edípica e que tenha ligação íntima com a função fálica.
O toxicômano encontra um ordenamento
para sua vida, em que os sintomas ficam ofuscados pelo efeito devastador da droga, utilizada de forma fiel e metódica. Podemos dizer que
é um estilo de vida que se mostra não condizente com a moral imposta pela sociedade. Parece-nos que o toxicômano desafia a “vida comum”, principalmente na implicação destrutiva do corpo. Assim, trabalhar, amar alguém e
investir pulsão em projetos de vida exige um
corpo saudável, a prática do toxicômano ilustra
uma forma inusitada de relação com a vida: o
toxicômano propõe uma forma de se relacionar
com a ordem social a partir da exclusão.
A exclusão é feita quando o toxicômano
elege um artifício pelo qual as ofertas sociais
deixam de ser investidas. Esta prática toxicomaníaca, mediada pelo artifício droga, assemelha-se ao que os Cínicos gregos adotavam como
estilo de relacionamento social, mas sem nenhuma utilização de artifícios, nem muito menos,
drogas.
No horizonte do gesto cínico, o ato toxicomaníaco representa a incredulidade do
toxicômano em face dos “semblants” da
cultura, incredulidade que resulta de sua
devoção à esta forma de satisfação direta
e imediata[...] Trata-se, na verdade, do valor de remédio que toma, para ele, esse
produto da ciência, ainda que este possa
ser um veneno para muitos (SANTIAGO,
1992, p. 9).
O que se entrelaça na toxicomania com a
Escola filosófica grega, denominada, Cinismo ou
Os Cínicos?
Os cínicos são representantes de um pensamento filosófico, que existiu na Grécia entre
os séc. V e IV a.C. Contemporâneo dos sofistas, este estilo de vida, inaugurada pelo discípulo de Sócrates, Antístenes visa a instauração
e manutenção do ideal de autarquia. Este ideal,
levado às últimas conseqüências por Antístenes, diz respeito à “capacidade de bastar-se a si
mesmo (não depender das coisas e dos outros,
não ter necessidade de nada)” (REALE, 1990,
p.104, “grifo nosso”) Seria, então, um modo de
vida que caminha contra as ilusões criadas pela
sociedade e contra as ofertas que a cultura constrói para tornar o cidadão moldado ao seu estilo. Para Antístenes “o sábio não deve viver segundo as leis da Cidade, mas sim, ‘segundo a lei
da virtude’, devendo dar-se conta de que os
deuses são muitos ‘para a lei’ da Cidade, mas
que há um só deus ‘segundo a natureza’. ”(REALE, 1990, p.104)
O Cinismo teve ainda um outro personagem importante: Diógenes de Sinope2 , conhecido como “Diógenes, o cão”. Este é considerado o símbolo e principal representante do pensamento cínico, apesar de Antístenes ter sido
seu mestre. Diógenes, além de ter levado de
forma ferrenha as premissas de Antístenes, rompeu a imagem clássica do homem grego e afirmou serem inúteis as ciências naturais e a arte.
Transformou o cinismo em uma corrente de
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Revista Iniciação Científica
pensamento “anticultural” (REALE, 1990, p.
230). Uma passagem da vida de Diógenes expressa bem o que este propunha através do
Cinismo, quando dizia a frase “procuro o homem”:
‘Procuro o homem’ que como se relata,
ele pronunciava caminhando com a lanterna acesa em pleno o dia, nos lugares
mais cheios. Com evidente e provocante
ironia, queria significar exatamente o seguinte: busco o homem que vive segundo
sua mais autêntica essência; busco o homem que, para além de toda exterioridade, de todas as convenções da sociedade e
do próprio capricho da sorte e fortuna,
sabe reencontrar sua genuína natureza, sabe
viver conforme essa natureza e, assim, sabe
ser feliz (REALE, 1990, p. 231).
Fica nítido o princípio da autarquia prevalecendo em toda a frase cínica de Diógenes.
Princípio este que pode ser ilustrado com um
episódio, ocorrido entre Diógenes “O Cão” e
Alexandre “O Grande”. “Certa vez, quando
Diógenes tomava sol, aproximou-se o grande
Alexandre, o homem mais poderoso da terra,
que lhe disse: ‘Pede-me o que quiseres” (REALE, 1990, p.233). Como Alexandre estava neste momento fazendo sombra sobre Diógenes,
este respondeu ‘Afasta-te do meu sol’. Fica evidente o ideal de bastar-se a si mesmo, onde prevalece um mundo à parte, sem a ambição pelo
poder. Onde há uma indiferença por tudo aquilo valorizado pelo meio social. É assim que o
cínico propunha conduzir a vida e posicionarse em face ao mundo, a sociedade e aos outros.
Ainda sobre os Cínicos, é necessário apontar o fato desta Escola de pensamento ser conRevista Iniciação Científica
siderada por muitos segmentos sociais, como
uma escola dissidente, por ir contra princípios
e modos de vida defendidos pela sociedade grega daquela época. Ou até mesmo por abalar
estruturas sociais tradicionais em nosso meio.
Pois bem, nos parece que o adolescente
toxicômano, por seu ato de recusa, ressuscita a
autarquia pregada pelos Cínicos.
Santiago (2001, p.15) chega a formular a
frase: “atalho cínico para o enfrentamento do
mal-estar do desejo”, já fazendo referência à
recusa cínica que o toxicômano faz frente à gama
de ofertas que a cultura oferece para tentar tamponar a falta. Ora, então o toxicômano seria um
ser mais sagaz em perceber que o que a cultura
faz, é tentar encobrir o mal da falta? Sendo assim, o toxicômano, de forma geral, seja ele adolescente ou adulto, pode ser entendido como
aquele sujeito desapontado com o que a vida em
sociedade tem a lhe oferecer.
O toxicômano se revela ser aquele que quer
“curto-circuitar” o outro a partir do ideal
de harmonia entre o prazer e o corpo. É
ao considerar esta função de curto-circuito da técnica da droga que se desenha o
traço cínico do toxicômano. Daí a afirmação que o toxicômano rechaçaria os oferecimentos sublimatórios da civilização.
(SANTIAGO, 1995, p. 141, “tradução
nossa”).
Uso recreativo ou esporádico de
drogas
Diferentemente do encontrado na toxicomania, o uso esporádico seria, pois, um termo
referente, àquele sujeito em que ainda perma-
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necem de forma drástica – permeando suas relações com os outros e com o mundo - a marca
da falta que o remete ao circuito infinito do
desejo e da busca. Se na toxicomania encontramos a eleição do objeto droga a uma posição de
destaque na vida do sujeito, resta saber qual
posição, o objeto droga ocupa para o sujeito
usuário esporádico. Falamos de uma eleição do
objeto causa de desejo no uso esporádico, por
entendermos que estes sujeitos usuários recreativos de droga persistem inseridos no circuito
infinito do desejo. Seres que focam em suas miras
a busca pela satisfação perdida, possuindo na
retaguarda a pegada ou vestígio da falta.
A noção de usuário esporádico é passível
de compreensão se construímos tal conceito em
oposição à toxicomania. O uso de drogas denominado esporádico seria marcado por uma ausência do objeto droga em posição de destaque
na vida do sujeito adolescente. O uso recreativo pode ser considerado como uma prática quase ritualística e episódica entre grupos de adolescentes. Temos de um lado o desamparo, a
necessidade de identificações e os conflitos subjetivos; e de outro lado, as drogas, como objeto
disponível, sugerindo um mecanismo fisiológico - o torpor – na tentativa de suprir a falta e
apaziguar os conflitos.
O adolescente que inicia o uso de drogas
não será visto como ‘paia’, ‘careta’, ‘boiola’, mas estará se ‘baseando’ no outro, no
colega, no amigo, que lhe oferecerá aquilo
que procura naquele instante: uma solução,
mesmo que temporária, para uma de suas
questões: Quem sou eu? – ‘Eu sou sinistro’, ‘Eu sou cavernoso’, ‘Eu sou maconheiro, viajante’ (PEREIRA, 1999, p.119).
Nesta direção, cabe a metáfora: o encontro do adolescente com a oferta das drogas é o
encontro do ‘morto de sede’ com a água. É interessante perceber nesses dois encontros a
preponderância da ansiedade: o sujeito adolescente ansioso por uma solução encontrada no
uso recreativo de drogas e o morto de sede ansioso pela água.
Seria então nos encontros jovens, mais precisamente denominados pelo próprio vocabulário adolescente, baladas, que o uso esporádico
ou recreativo de drogas teria seu protótipo mais
expressivo. Pode-se pensar em uma fuga momentânea dos conflitos comuns na relação com um
dos grandes entraves ao sujeito adolescente: os
relacionamentos amorosos.
Para Freud (1921, p.115), há um conceito
importante para o entendimento dos investimentos amorosos, o qual ele denomina de libido “Damos este nome à energia, considerada
como uma magnitude quantitativa (embora na
realidade não seja presentemente mensurável),
daqueles instintos que têm a ver com tudo que
pode ser abrangido sob a palavra ‘amor’ ”. O
mesmo autor nos ensina que como fruto de investimento libidinal temos: “a união sexual
como objetivo” (FREUD, 1921, p.115). Sendo
assim, há uma falta que remete o sujeito à busca incessante de tentar supri-la. É sobre esta
falta que a fantasia inconsciente incide. Incide
sobre uma realidade na qual encontramos o
objeto causa de desejo, que, colocado para o
sujeito, em uma posição primordial em sua vida.
A presença deste objeto o remete a se envolver
com a falta, a ser envolvido por ela e a conviver
com a mesma, nem que para isso seja preciso
buscar a vida inteira, algo que nunca chegará a
se conceber.
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Revista Iniciação Científica
O adolescente usuário esporádico de drogas seria aquele que dota sua fantasia de investimento libidinal, a ponto de permanecer com a
busca do desejo em primeiro plano. Nesses casos, dada a ‘crença’ na fantasia como modo de
estruturação da relação com a realidade, os percalços diante do outro sexo, isto é, podem ser
entendidos como um ‘impossível de suportar’,
traumático, que possa surgir na relação do sujeito com a sua civilização. Desta forma, o usuário
esporádico depara-se tanto quanto outro sujeito
qualquer, com a seguinte afirmação de Freud:
A intenção de que o homem seja ‘feliz’ não
se acha incluída no plano da ‘criação’. O
que chamamos de felicidade no sentido
mais restrito provém da satisfação (de preferência, repentina) de necessidades represadas em alto grau, sendo, por sua natureza, possível apenas como uma manifestação episódica.(...) Somos feitos de modo a
só podermos derivar prazer intenso de um
contraste e muito pouco de um determinado estado de coisas (Goethe nos adverte
que “nada é mais difícil de suportar que uma
sucessão de dias belos”). Assim, nossas possibilidades de felicidades sempre são restringidas por nossa própria constituição. Já
a infelicidade é muito menos difícil de experimentar” (FREUD, 1930, p. 95).
Assim, “O que se destaca na noção freudiana de civilização é o sentido universal do trabalho desta última sobre o sujeito, trabalho definido pela exigência de renúncia da satisfação
pulsional” (SANTIAGO, 1992, p. 9).
No uso esporádico, a droga ocupa uma
posição secundária na vida do sujeito, havendo
em primeiro plano a escolha inconsciente pelo
Revista Iniciação Científica
objeto causa de desejo, mantido pelo investimento pulsional na fantasia. Escolha que força
o sujeito a continuar vivendo em civilização e
aceitando aquilo que o que está em nossa volta
exige, isto é, renunciar. Renúncia que se torna
pouco eficaz na escolha do toxicômano, visto
que há uma ‘indiferença’ por parte do mesmo,
frente ao outro sexo, trabalho, relacionamentos.
Parece que a posição subjetiva do toxicômano
é aquela em que, diferentemente do usuário esporádico, prevalece uma escolha pela recusa da
sociedade e descrença naquilo que ela possa
oferecer para auxílio da busca pela satisfação
plena inatingível.
Portanto, dentre os ritos de passagem da
adolescência, podemos destacar o uso esporádico das drogas. Trata-se aqui de um tipo de
drogadicção que inclui tanto substâncias consideradas lícitas quanto as ilícitas. Este nível da
drogadicção pode ser apontado, ao menos nos
últimos quarenta ou cinqüenta anos, como típico da “adolescência” como fenômeno sóciocultural. Entretanto, parece haver, além do uso
esporádico, casos nos quais a relação com a droga se mostra mais significativa, aparecendo uma
fidelidade demasiada ao uso da mesma, a ponto de podermos identificar, aí, uma eleição do
objeto droga como elemento significativo para
a resolução de problemas subjetivos mais complexos.
Conclusão
É no conceito de fantasia fundamental
que reside a diferença peculiar entre os usuários
esporádicos e toxicômanos. Ou seja, a forma com
que eles ordenam seus respectivos fantasmas
fundamentais e a forma como estes se portam
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diante do objeto causa de desejo seria crucial para
entendermos estas duas práticas. Entre os usuários esporádicos e os toxicômanos, pode-se fazer
uma distinção a partir da forma como estes acreditam em seus fantasmas fundamentais. O usuário recreativo ou esporádico seria o sujeito fiel e
crente em seu fantasma fundamental, que coloca, momentaneamente, o objeto droga como mais
um dos objetos aos quais se dirige. O toxicômano poderia ser pensado como aquele que não investe libido suficiente em seu fantasma, por não
acreditar nele, a ponto de recusar manter-se no
circuito do desejo.
A toxicomania é caracterizada pelo laço
com o objeto droga, enquanto um objeto fiel e
fixo, em que percebemos uma insubmissão do
sujeito frente à ordem fálica. Insubmissão marcada por um gozo não-fálico, pelo qual o sujeito se faz existir sem o mal-estar do encontro
faltoso com o outro (civilização, outro sexo).
No uso recreativo ou esporádico, o objeto droga se porta como algo secundário. É uma modalidade de drogadicção e a fantasia ainda
mostra-se imperativa e determinante no investimento pulsional do sujeito.
Essas são então duas práticas e relações
que o sujeito pode desenvolver com a droga,
mediadas, por uma questão estrutural subjetiva, e não somente pelo fator químico ou biológico. Para além da dependência química cabe buscar a apreensão do fenômeno da drogadicção
como efeito de questões subjetivas.
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Notas
1
Pesquisa orientada pelo Professor Julio Fernandes.
2
Discípulo de Antístenes.
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