ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS EM FERIDAS

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ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS EM FERIDAS CIRÚRGICAS
DE CASTRAÇÃO
ISOLATION AND IDENTIFICATION OF BACTERIA IN WOUNS OF SURGICAL
CASTRATION
Domingos Faria Júnior1, Gleyce Kelly Pereira Palhano2, Thelma Milhomem Galindo2,
Washington da Guia Fonseca2
RESUMO
As infecções em feridas cirúrgicas podem acarretar ao animal variedade de complicações no
pós-operatório, colocando em risco sua vida. Neste trabalho, objetivou-se analisar as
características microbiológicas de campos cirúrgicos em duas etapas, pré e pós-operatório.
Foram avaliados 10 animais de diferentes raças, idades, espécies (caninos, Felinos) e sexo,
submetidos a procedimentos cirúrgicos para realização de ovariohisterectomia e orquiectomia.
Em cada animal foi realizada a primeira coleta após tricotomia a seco, a segunda após
antissepsia definitiva, e a terceira coleta no pós-operatório imediato, sempre no mesmo local
do campo operatório. Após análise microbiológica, foi verificado a presença de algumas
espécies de microrganismos no campo operatório em todos os animais, apenas na primeira
coleta, sendo a detecção de patógenos bastante reduzida nas demais coletas, evidenciando a
importância dos procedimentos de antissepsia do campo operatório, da equipe cirúrgica e da
realização de técnica cirúrgica asséptica.
PALAVRAS-CHAVE: Antissepsia, campo cirúrgico, contaminação.
SUMMARY
Infections in surgical wounds can result a variety of postoperative complications, endangering
patient life. This research aimed to analyze the microbiological characteristics of surgical
drapes in two stages, before and after surgery. We evaluated ten dogs and cats of different
breeds, ages and sex, submitted to surgical procedures to perform ovariohysterectomy and
orchiectomy. In each animal, the first sample was collected after shaving dry, the second
sample after antisepsis, and the third sample in the immediate postoperative period, in the
same location of the operative field. After microbiological analysis, we detected the presence
of some species of microorganisms in the operative field in all animals, only the first sample.
The detection of pathogens is greatly reduced in the other samples, indicating the importance
of procedures for surgical antisepsis of the field, the surgical team and performing aseptic
surgical technique.
KEYWORDS: Antisepsis, surgical field, contamination.
Mesmo após realização de antissepsia rigorosa, qualquer ferida cirúrgica está sujeita a
contaminação por bactérias e, dependendo de alguns fatores, esta contaminação pode ser em
maior ou menor intensidade (ROUSH, 1996). De acordo com Cockshutt (2007), os principais
fatores que levam à contaminação incluem: Presença de microrganismo patógenos, local da
ferida e ainda segundo Rocha (2008), a capacidade de resposta imune do hospedeiro. As
bactérias cutâneas predominantes são estafilococos, estreptococos e corinebactérias, embora
possamos encontrar também bactérias entéricas gram-negativas na pelagem e na pele da parte
caudal do corpo (COCKSHUTT, 2007).
1
Prof. Dr. Domingos Faria Jr., Setor de Obstetrícia Veterinária, UFMT, Campus Sinop – MT. Autor para
correspondência: Av. Alexandre Ferronato, 1200 St Industrial. Sinop-MT, 78550-000.
[email protected];
2
Aluno de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
O objetivo deste trabalho foi observar a ocorrência de contaminação em feridas
cirúrgicas consideradas limpas durante o trans-operatório, através de avaliações
microbiológicas no pré e pós-operatório imediato, em animais das espécies canina e felina, de
ambos os sexos, submetidos a ovariohisterectomia e orquiectomia.
Foram feitas avaliações microbiológicas de campo operatório em 10 animais não
gestantes e apresentando bom estado de saúde, de diferentes raças, idades, e sexo,
participantes de projeto de esterilização realizado no Hospital Veterinário da Universidade
Federal de Mato Grosso, Campus de Sinop. Os animais foram classificados de 01-10 de
acordo com a ordem de cirurgia. A primeira coleta (A) foi realizada após tricotomia a seco; a
segunda coleta (B), após antissepsia prévia e definitiva, utilizando duas aplicações tópicas
intercaladas de PVPI e álcool. A terceira coleta (C), foi realizada imediatamente após término
do procedimento cirúrgico, sendo todas no local da incisão. Todas as amostras foram
coletadas através de swab estéril, umidecido com solução salina 0,85%, sendo então semeadas
em placas de petri contendo ágar sangue ovino 5%, e cultivadas entre 24-48 horas em estufa
incubadora a 37,5 ºC. Após crescimento os materiais foram submetidos à coloração em gram,
catalase e testes bioquímicos.
Ao final do experimento os materiais cultivados apresentaram resultado para os
seguintes microrganismos: Arcanobacterium pyogenes, Streptococcus pyogenes,
Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus aureus. Os animais 01, 02, 04 e 07
apresentaram na coleta A colônias pequenas, brancas e brilhantes com hemólise como
característica macroscópica, catalase positiva, e na coloração em gram mostraram-se
pleomórficos, sendo identificado Arcanobacterium pyogenes. O animal 03, identificado com
Streptococcus pyogenes apresentou colônias pequenas brancas e brilhantes com hemólise total
como característica macroscópica, catalase negativa, e na coloração em gram, cocos grampositivos, na coleta A. Os animais 05, 08, 09 e 010 apresentaram em sua coleta A colônias
grandes, amarelas-douradas como característica macroscópica, catalase positiva, coagulase
negativa e na coloração em gram cocos gram-positivos, sendo identificado como
Staphylococcus epidermidis. O animal 06, identificado com Staphylococcus aureus,
apresentou placa com colônias grandes, brancas e brilhantes como características
macroscópicas, catalase positiva, coagulase positiva, manitol positivo e na coloração em gram
cocos gram-positivos, na coleta A. O animal 03 apresentou na sua coleta B a presença de S.
epidermidis. A identificação da coleta B do animal 07 mostrou a presença de S. epidermidis e
A. pyogenes, e nos demais animais (01, 02, 04, 05, 06, 08, 09, 010) não houve crescimento
microbiológico. No animal 02 foi identificado a presença de A. pyogenes, na coleta C, e nos
demais animais não houve crescimento microbiológico.
Como já mencionado as bactérias mais encontradas em feridas cirúrgicas incluem
estafilococcus, estreptococcus e corinebactérias. Como observado neste estudo, entre todos
animais avaliados apenas um apresentou estafilococcus coagulase positiva, Staphylococcus
aureus que, de acordo com Santana et al. (2006), tem potencial de causar infecção associado à
sua capacidade enterotoxigênica, ou seja, a sua capacidade de produzir enterotoxina, além da
produção da enzima coagulase. O Staphylococcus aureus é uma bactéria do grupo dos cocos
gram-positivos que faz parte da microbiota encontrada normalmente no indivíduo, mas que
pode provocar doenças que vão desde uma infecção simples, até as mais graves, como
pneumonia, meningite, endocardite, síndrome do choque tóxico e septicemia, entre outras
(SANTOS et al. 2007). Os estafilococcus coagulase-negativa para Kloos et al. (1975 apud
CUNHA, 2002), têm sido considerados saprófitas ou raramente patogênicos. No estudo houve
a presença de Arcanobacterium pyogenes, normalmente, uma bactéria comensal das
membranas mucosas de muitos animais, mas que pode causar pneumonia, endocardite,
endometrite, entre outras doenças (RODOSTITS et al., 2000). A ocorrência de Streptococcus
pyogenes na pesquisa pode ser considerada normal, pois de acordo com Gyles (2004)
2
Streptococcus são de distribuição universal e a maioria dos estreptococcus de interesse
veterinário são comensais em mucosa, trato respiratório superior e gênito-urinário.
Conclui-se neste trabalho que em todo campo cirúrgico sempre haverá presença de
bactérias, sejam da microbiota ou não. No entanto os procedimentos corretos de antissepsia de
campo cirúrgico e equipe cirúrgica e a utilização de técnica asséptica durante o transoperatório, são de extrema importância, removendo satisfatoriamente a contaminação préexistente e evitando a ocorrência de infecção cirúrgica no pós-operatório.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COCKSHUTT, J.; Principios da assepsia cirúrgica. In SLATTER, D.H. Manual de Cirurgia
de Pequenos Animais. Barueri: Manole, 2007. Cap.10, p.149-54.
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78, nº 4, 2002.
GYLES, C. L.; PRESCOTT, J. F.; SONGER, J. G. et al. Pathogenesis of Bacterial
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RADOSTITS,O.M. et al. Clínica Veterinária um Tratado de doenças dos Bovinos, Ovinos,
Suínos, Caprinos e Eqüinos.ed.9,Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, p.2156. 2000.
ROCHA, J. J. R.: Infecção Em Cirurgia E Cirurgia Das Infecções. Medicina (Ribeirão Preto),
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ROUSH, J.K.; Biomateriais e Implantes cirúrgicos. In SLATTER, D.H. Manual de Cirurgia
de Pequenos Animais. Barueri: Manole, 2007. Cap.9, p.141-48.
SANTANA, E. H. W.; BELOTI, V.; OLIVEIRA, T. C. R. M. et al. Estafilococos: morfologia
das colônias, produção de coagulase e enterotoxina a, em amostras isoladas de leite cru
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SANTOS, A. L.; SANTOS, D. O.; FREITAS, C. C. et al. Staphylococcus aureus: visitando
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