1 UNINGÁ – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ FACULDADE INGÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA ADAIR PHILIPPSEN JÚNIOR O PAPEL DO CIRURGIÃO-DENTISTA NO TRATAMENTO DO RONCO E APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO ATRAVÉS DE APARELHOS INTRA-ORAIS PASSO FUNDO 2012 2 ADAIR PHILIPPSEN JÚNIOR O PAPEL DO CIRURGIÃO-DENTISTA NO TRATAMENTO DO RONCO E APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO ATRAVÉS DE APARELHOS INTRA-ORAIS Monografia apresentada à unidade de Pósgraduação da Faculdade Ingá - UNINGÁ – Passo Fundo-RS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Orientador: Prof. Dr. Marcel Marchiori Farret PASSO FUNDO 2012 3 ADAIR PHILIPPSEN JÚNIOR O PAPEL DO CIRURGIÃO-DENTISTA NO TRATAMENTO DO RONCO E APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO ATRAVÉS DE APARELHOS INTRA-ORAIS Monografia apresentada à comissão julgadora da Unidade de Pós-graduação da Faculdade Ingá - UNINGÁ – Passo Fundo-RS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Aprovada em ___ /___ /______. BANCA EXAMINADORA: ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 4 Dedico este trabalho a minha família, principalmente aos meus pais, Ester e Adair que foram meus grandes incentivadores, meu irmão Humbertho, minha avó Celi e minha namorada Carol. 5 AGRADECIMENTOS Ao meu pai, minha mãe, meu irmão e minha avó pelo apoio nas dificuldades, pela paciência e por tudo que me proporcionaram. Aos colegas e novos amigos que foram parceiros nas alegrias e dificuldades, principalmente durante o typodont. Ao meu orientador Marcel Farret que além de excelente professor e orientador tornouse grande amigo e parceiro para as horas extra curriculares. Aos demais professores Anamaria Estacia, Andréa Becker de Oliveira, Mariana Marquezan, Giovana Rembowski Casaccia e João Batista Correa pela paciência, excelentes aulas e ensinamentos durante esses longos e proveitosos anos. Dificuldades e obstáculos são fontes valiosas de saúde e força para qualquer sociedade. Albert Einstein 6 RESUMO Muitos pacientes chegam aos consultórios odontológicos com queixas cada vez mais comuns de o ronco e apnéia obstrutiva do sono (AOS), a tal que chegam ao ponto, que chegam a desencadear conflitos matrimoniais e familiares insustentáveis. Além disto perda da capacidade de concentração e memória, sonolência diurna excessiva, depressão e irritabilidade. Para o tratamento dos pacientes com sintomatologia leve e moderada, na última década, vários aparelhos têm sido desenvolvidos, tendo como mecanismo de ação a alteração na posição, principalmente, da língua e da mandíbula. Na maioria dos casos mais graves os aparelhos não tem muita efetividade, e portanto o tratamento cirúrgico muitas vezes é indicado. O presente trabalho consiste em revisão de literatura de trabalhos científicos e clínicos pesquisados em bases de dados e tem por objetivo definir qual a possível influência do ortodontista no tratamento da (AOS) através de aparelhos intra-orais ou cirurgias. As principais conclusões foram que: nos casos de AOS leve o ortodontista deve optar pelo tratamento com aparelhos intra-orais confeccionados em dois blocos e ajustável. Nos casos de AOS moderada os aparelhos intra-orais são opção quando há recusa à utilização do CPAP. Nos casos de AOS severa a cirurgia ortognática muitas vezes está indicada, associada a outros tipos de procedimentos cirúrgicos. Palavras-chave: Apnéia, Ronco, Aparelhos Intra-orais 7 ABSTRACT Many patients come to the dental office with complaints increasingly common snoring and obstructive sleep apnea (OSA), which arrive at such a point that even trigger marital conflict and family unsustainable. Besides loss of concentration and memory capacity, excessive daytime sleepiness, depression and irritability. For the treatment of patients with mild and moderate symptoms in the last decade, several devices have been developed, with the mechanism of action of the change in position, mainly the tongue and jaw. In most severe cases the devices is not very effective and therefore the surgical treatment is often indicated. This work consists of a literature review of scientific and clinical searched in databases and aims to define the possible influence which the orthodontist to treat (OSA) through intra-oral appliances or surgery. The main conclusions were that: in cases of mild OSA orthodontists must opt for treatment with intra-oral devices fabricated in two blocks and adjustable. In moderate cases of OSA devices intraoral option when there are refusing to use the CPAP. In cases of severe OSA often orthognathic surgery is indicated, in combination with other types of surgical procedures. Key words: Apnea, Snoring, Polysomnography 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Presença de roncos freqüentes (variações da amplitude do sinal no canal de ronco). O fluxo nasal mantém-se regular, assim como a oximetria. Paciente com diagnóstico de ronco simples. (Bustamante et al.) ................................................Pag. 15 Figura 2 - Notar a presença de interrupções do sinal no canal de fluxo nasal (apnéias) acompanhadas de queda da saturação de oxigênio no canal de oximetria (dessaturação). Bustamante et al. .........................................................................Pag.16 Figura 3 - Esquema de funcionamento do CPAP ..................................................Pag.17 Figura 4 - CPAP envia ar diretamente para a traqueia ..........................................Pag.17 Figura 5 - Cirurgia Uvulopalatofaringoplastia .........................................................Pag.18 Figura 6 - Aparelho retentor de língua ...................................................................Pag.24 Figura 7 - Aparelho de avanço mandibular ............................................................Pag.24 Figura 8 - Aparelho de avanço mandibular ............................................................Pag.24 Figura 9 - Aparelho Anti-ronco e apneia com acessórios Herbst ...........................Pag.26 Figura 10 - PM Posicionador ..................................................................................Pag.27 Figura 11 - PM Posicionador ..................................................................................Pag.27 Figura 12 - Aparelho BRD em posição ...................................................................Pag.28 Figura 13: Aparelho PLG ........................................................................................Pag.35 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS IAH – índice de apneia e hipopnéia CPAP – aparelho de pressão positiva contínua SAHOS – síndrome da apneia hipopnéia obstrutiva do sono AIO – aparelho intra-oral DAM – dispositivo de avanço mandibular 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................11 2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................13 2.1 APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO ..............................................................13 2.2 TRATAMENTO DA APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO ..............................19 2.3 TRATAMENTO DA AOS COM APARELHOS INTRA-ORAIS ....................21 3 DISCUSSÃO...............................................................................................................38 4 CONCLUSÃO.............................................................................................................41 REFERÊNCIAS.............................................................................................................42 11 1 INTRODUÇÃO Segundo Ramos & Furquim (2004) a apnéia obstrutiva do sono é conhecida como um distúrbio respiratório crônico, progressivo, caracterizado pela interrupção periódica da respiração durante o sono, e pode ser dividida em 3 grupos: obstrutiva, em que ocorre a obstrução da orofaringe e está associada as ronco; central, em que por uma disfunção do Sistema Nervoso Central o esforço respiratório não é iniciado; e mista, onde ocorre uma alternância entre a obstrutiva e a central. A hipopnéia é uma obstrução parcial das vias aéreas pelo colapso dos tecidos da orofaringe, palato mole e dorso da língua. Os paciente com a Síndrome da Apnéia e Hipopnéia Obstrutiva do Sono são classificados pelo IAH (Índice de Apnéia e Hipopnéia). Através da polissonografia é diagnosticada a gravidade da SAHOS e o tipo de apnéia presente para posteriormente ser indicado o tratamento. As medidas terapêuticas a serem tomadas irão depender da gravidade do distúrbio respiratório. Os tratamentos dividem-se basicamente em três condutas: 1) Utilização de Aparelhos Intra Bucais, 2) CPAP: aparelho de pressão positiva e contínua nas vias aéreas superiores e 3) Cirurgias (Bustamante 2006). Segundo Bustamente (2006), nos casos de Hipopnéia ou IAH<5 e nas SAHOS leve (IAH de 6 a 15) o tratamento indicado são os aparelhos intramurais. Na SAHOS moderada (IAH 16 a 30) e grave (IAH>30), na maioria desses casos somente os aparelhos intramurais não são suficientes, em alguns casos a indicação inicial é o CPAP e posteriormente se faz necessária alguma intervenção cirúrgica ou ambos os tratamentos. Este tema é relevante devido a grande quantidade de pacientes afetados por distúrbios do sono, cerca de 3 a 5% da população adulta. Muitos destes pacientes procuram inicialmente o ortodontista para realizar avaliação e posterior tratamento. No momento do planejamento do caso, nos deparamos com uma grande quantidade de tipos de aparelhos intramurais Em casos mais severos se faz necessário um tratamento mais radical, nestes casos a cirurgia ortognática e outras cirurgias de 12 menor magnitude se fazem necessárias. Portanto, o ortodontista é considerado o profissional da odontologia responsável pela intervenção em casos de AOS leves a moderadas, na utilização de aparelhos intra-orais ou nos casos de AOS severas, quando a cirurgia ortognática está indicada. Nesse contexto, o objetivo desta revisão de literatura é definir qual a deve ser a conduta do ortodontista no diagnóstico e planejamento do paciente portador de AOS leve a moderada e qual o tipo de aparelho intra-oral mais indicado para o tratamento destes pacientes. 13 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO Segundo Godolfim, L.R. (2002) “os dispositivos intra-orais para o tratamento do ronco e apnéia do sono obstrutiva começaram a aparecer no início da década de noventa, inicialmente com o uso de placas interoclusais que aumentava a dimensão vertical de repouso, posteriormente, pela modificação de aparelhos funcionais como o Herbst, Planas, Clark e outros, que possibilitam o avanço mandibular, principal recurso terapêutico contra o ronco e a apnéia. Alguns autores publicaram na segunda metade da década de noventa aparelhos desenvolvidos especialmente para o tratamento do ronco e apnéia com aspectos e características diversas. Recentemente com o avanço das pesquisas já é possível determinar algumas das características ideais para esse tipo de dispositivo, que incluem principalmente a possibilidade de avançar gradualmente a mandíbula (titulação), permitir movimentos laterais mandibulares, possibilitar a estabilização da mandíbula, não permitindo que o paciente abra a boca, além de um pequeno limite, para evitar a posteriorização reflexa da língua.” De acordo com Lowe (2006) atualmente existem mais de 80 tipos de aparelhos intra-orais para o tratamento da apnéia obstrutiva do sono. Ainda segundo o autor, o ortodontista tem papel fundamental no tratamento de pacientes com este problema. Como exemplo, ele cita o Canadá, onde os pacientes diagnosticados com Apnéia obstrutiva do sono através de análise polissonográfica são encaminhados diretamente para um ortodontista que a partir de então, vai conduzir as demais análises e por fim vai definir se é necessária a utilização de aparelho intra-oral para projeção mandibular. O autor salienta também a importância de controle constante do paciente em tratamento com aparelho intra-oral, através de consultas periódicas e polissonografia após a instalação para verificação da eficiência da terapia. Segundo Bustamante (2006) a monitorização polissonográfica, ou polissonografia é uma técnica que faz o registro gráfico de múltiplas variáveis fisiológicas ao longo do tempo de sono, e este registro pode ser feito tanto no período noturno quanto diurno. As variáveis a serem registradas pelo exame devem ser 14 escolhidas conforme a suspeita clínica relacionada aos sintomas do paciente. No caso de um paciente com SAHOS as variáveis obrigatórias são: o registro do fluxo de ar nasal ou naso-bucal, do esforço respiratório torácico e abdominal feito geralmente por sensores colocados em cintas elásticas e da oximetria sanguínea. Também nestes distúrbios é feito registro do ronco que quase sempre os acompanham. A seguir duas polissonografias comparativas, a primeira de ronco leve(Figura 1) e a segunda de apnéia grave (Figura 2). Após a realização e a avaliação da polissonografia por um profissional capacitado, dependendo do IAH o plano de tratamento para cada paciente é indicado. Para pacientes com IAH < 5 e na SAHOS leves o tratamento de primeira escolha são os aparelhos Intra Orais que podem ser combinados com medidas gerais como por exemplo o tratamento de doenças sistêmicas como a obesidade, o alcoolismo, o tabagismo e o uso de drogas.Pacientes com SAHOS moderada com IAH entre 16 e 30 somente o tratamento com AIO´s normalmente não é suficiente, em muitos desses casos o tratamento com o aparelho CPAP é o mais indicado (Figura3). Este dispositivo faz pressão positiva contínua nas vias aéreas. Deve ser usado ao dormir e é conectado ao paciente através de uma máscara facial. O nível de pressão que o aparelho faz irá variar de acordo com cada paciente e a gravidade do caso em questão. Para os casos de SAHOS grave com IAH > 30 o tratamento varia muito de acordo com o paciente, mas na maioria destes casos o paciente será submetido à algum procedimento cirúrgico, seja ele de cunho otorrinolaringológico ou bucomaxilofacial. Não estão descartados nestes casos o uso de AIO´s e CPAP. As cirurgias bucomaxilofacias mais comuns nos casos de ronco e apnéia são de avanço mandibular e/ou recuo maxilar. Entre as otorrinolaringológicas podemos citar a uvuloplastia e a amigdalectomia como as mais comuns (Bustamante 2006). 15 Figura 1: Presença de roncos freqüentes (variações da amplitude do sinal no canal de ronco). O fluxo nasal mantém-se regular, assim como a oximetria. Paciente com diagnóstico de ronco simples. (Bustamante et al.) 16 Figura 2: Notar a presença de interrupções do sinal no canal de fluxo nasal (apnéias) acompanhadas de queda da saturação de oxigênio no canal de oximetria (dessaturação). Bustamante et al. 17 Figura 3: Esquema de funcionamento do CPAP Fonte:http://www.google.com.br/imgres?q=CPAP&um=1&hl=ptBR&biw=1366&bih=651&tbm=isch&tbnid=V6tLYMiblARBVM:&imgrefurl=http://www.joeydevilla.com/2008 /04/09/cpap-or-snorkeling-while-isleep/&docid=fVoZQHxIbSR0dM&imgurl=http://www.joeydevilla.com/wordpress/wpcontent/uploads/2008/04/cpap_in_action.gif&w=450&h=282&ei=MwcfULy1NMHH6AGB5YDYBQ&zoom= 1&iact=hc&vpx=910&vpy=320&dur=109&hovh=178&hovw=284&tx=134&ty=92&sig=1053977149464597 30097&page=2&tbnh=113&tbnw=180&start=20&ndsp=24&ved=1t:429,r:10,s:20,i:231 18 Figura 4: CPAP envia ar diretamente para a traquéia Fonte:http://www.google.com.br/imgres?q=CPAP&start=94&um=1&hl=ptBR&biw=1366&bih=651&tbm=isch&tbnid=csrKi8aTVtQpBM:&imgrefurl=http://www.cardioprime.m ed.br/exames_lista.php%3Fcategoria%3D10&docid=4Sj52LVSnZExMM&imgurl=http://www.cardi oprime.med.br/images/apneia_secao.gif&w=290&h=260&ei=RAcfUNCPJMqd6AHhhYD4Bw&zoo m=1 Uvulopalatofa ringoplastia Incisão Figura 5: Cirurgia Uvulopalatofaringoplastia Fonte:http://www.google.com.br/imgres?q=uvuloplastia&um=1&hl=ptBR&sa=N&biw=1366&bih=651&tbm=isch&tbnid=sJJPEHC5SJXGrM:&imgrefurl=http://vitalenergia.com/web/index.php%3Foption% 3Dcom_content%26view%3Darticle%26id%3D53%26Itemid%3D58&docid=xw_wRTWgoYCiaM&imgurl=http://vitalenergia.com/web /images/katia/imagem21.jpg&w=320&h=186&ei=eQYfUM7kMqPe6wHR84C4Bw&zoom=1&iact=hc&vpx=699&vpy=174&dur=356&h ovh=148&hovw=256&tx=171&ty=110&sig=105397714946459730097&page=1&tbnh=109&tbnw=188&start=0&ndsp=18&ved=1t:42 9,r:3,s:0,i:81 Quintela, Pacheco Filho e Uechi (2010) realizaram revisão bibliográfica sobre o exercício da medicina do sono na clínica ortodôntica. Os autores afirmam que o sucesso terapêutico é sensível à variáveis significativas como: padrão dentoesquelético, alteração de peso, posição de dormir e ação da gravidade, hábitos etílicos noturnos, uso de tranqüilizantes, refeições pesadas e obstruções nasais recorrentes. Os autores chegaram as seguintes conclusões: “as últimas revisões sistemáticas ampliaram o leque de indicações dos aparelhos intra-orais, aceitando sua atuação em casos mais severos de SAOS, porém, controle polissonográfico pré e pós tratamento e exames otorrinolaringológicos de imagens dos sítios de obstrução há 19 muito já deveriam estar sobre a mesa da rotina clínica dos consultórios que lidam com a terapia da SAOS; em perspectiva, consciência pública crescente, integração multidisciplinar, formação acadêmica direcionada e evolução tecnológica dos materiais odontológicos tendem a familiarizar os cirurgiões-dentistas com esse promissor campo de atuação profissional.” Para Dal-Fabbro et al. (2010) os AIOs constituem uma forma de tratamento efetiva e bem aceita e vêm numa linha crescente de tratamento das SAHOS há mais de 20 anos. Para eles existem mais de 80 tipos de AIOSs dos quais a grande maioria se encaixa nas categorias de retentores linguais ou reposicionadores mandibulares. Ainda segundo os autores este tipo de tratamento está indicado para pacientes com ronco primário e SAHOS leve e nos casos de SAHOS moderada ou grave, quando houver intolerância ou recusa ao uso do CPAP. 2.2 TRATAMENTO DA APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO Ito et al. (2005) apresentaram uma revisão de literatura sobre condutas terapêuticas para o tratamento da síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono e da síndrome da resistência das vias aéreas superiores com enfoque no aparelho antironco (AAR-ITO). Relatam que inicialmente, após a avaliação clínica do paciente se faz necessária a polissonografia para posteriormente se tomar as medidas terapêuticas adequadas. Estas medidas irão depender da gravidade do transtorno diagnosticado e podem variar entre: 1-Medidas Comportamentais (posição corporal durante o sono; relação da obesidade e a SAHOS; álcool, sedativos e tabagismo; higiene do sono); 2Método Físico Mecânico (CPAP) que tem por princípio manter a pressão positiva e contínua nas vias aéreas, desobstruindo a passagem de ar durante o sono. Apesar de eficiente, o CPAP apresenta baixa aceitação a longo prazo; 3- Aparelhos Intra Bucais (aparelhos retentores de língua, aparelhos elevadores do palato que estão em desuso devido ao desconforto e a reflexo de vômito, aparelhos de avanço mandibular); 4Tratamento farmacológico; 5-Tratamento cirúrgico que envolve vários procedimentos entre eles: traqueostomia, cirurgia nasal, uvulopalatoplastia e uvulopalatofaringoplastia, 20 cirurgia ortognática, canalização da língua e osteotomia mandibular com avanço do genioglosso; 6- Terapias Combinadas. Após citar todas as condutas terapêuticas os autores concluíram que a estratégia de tratamento para cada paciente irá depender do diagnóstico diferencial de um médico do sono, associado a polissonografia e que a integração entre Medicina e Odontologia é fundamental para o tratamento da SAHOS. Os autores por fim citam: “A dificuldade de receptividade para outras opções terapêuticas torna o uso dos aparelhos intra-orais uma alternativa de alta validade porque são conservadores, reversíveis e apresentam o melhor custo-benefício.” Mello Filho et al. (2004) apresentaram um caso grave de SAHOS tratado com cirurgia ortognática de avanço maxilomandibular. Inicialmente o paciente do sexo masculino de 48 anos foi submetido a polissonografia, esta indicou IAH de 36, caracterizando a SAHOS como grave. Após a análise cefalométrica diagnosticaram retroposicionamento maxilar (SNA=76°) e mandibular (SNB=78°). O tratamento iniciou com a instalação de aparelho fixo visando alinhamento e nivelamento dentário. Posteriormente o paciente foi encaminhado para avaliação fonoaudiológica. Antes de realizar a cirurgia foi realizado estudo predictivo cefalométrico e cirurgia de modelos para confecção dos guias cirúrgicos. Foi realizada polissonografia pós-operatória que revelou significativa redução da IAH para 7 eventos por hora de sono e a melhora clínica subjetivamente descrita pelo paciente. Os autores fizeram as seguintes considerações finais: reconhecida a multifatorialidade da SAHOS é necessária a atuação de equipe multidisciplinar no diagnóstico e planejamento terapêutico e que a cirurgia ortognática para avanço maxilomandibular apresenta-se como método de tratamento a ser considerado em casos selecionados de pacientes com SAHOS. Ferraz et al. (2011) realizaram uma revisão sobre a cirurgia ortognática com o tema: O Avanço Maxilomandibular para Tratamento da Síndrome da Apneia do Sono (SAOS). Os autores citaram os principais sintomas da síndrome entre eles ronco alto, pausas respiratórias e o sono agitado, além disso ela está associada à morbidade e mortalidade cerebrovascular, sonolência excessiva diurna e fadiga. O que também parece contribuir para o aparecimento da síndrome é pertencer ao sexo masculino, estar com sobrepeso ou obeso, ter idade avançada, ser portador de deformidades 21 craniofaciais e possuir alterações nasais. Para o tratamento é necessário uma série de medidas, entre elas, a perda de peso, medidas de higiene do sono, retirada de medicamento como benzodiazepínicos e barbitúricos, retirada de álcool e posição correta de dormir. Entre as formas de tratamento os autores citam o CPAP que esbarra na não aceitação e adesão do uso pelos pacientes. Outra forma seriam os AIOS (aparelhos intra-orais), porém sua efetividade está condicionada ao uso, assim como o CPAP. A cirurgia de avanço maxilomandibular está indicada para casos de SAOS grave, em pacientes que não toleram ou não aderiram a terapia do CPAP, ou nos casos leves e moderados, nos quais a terapia com o AIO foi pouco eficaz ou indesejável. Após a revisão da literatura os autores chegaram as seguintes conclusões: a avaliação multidisciplinar é fundamental para avaliar quais pacientes poderiam se beneficiar com o tratamento cirúrgico e a cirurgia de avanço maxilo-mandibular está indicada para tratamento da SAOS moderada e grave em pacientes que não aderem ao uso da terapia com CPAP ou AIO. 2.3 TRATAMENTO DA AOS COM APARELHOS INTRA-ORAIS Godolfim L. R. (2002) pesquisou através de revisão bibliográfica, os aparelhos intra-orais utilizados no tratamento do ronco e apneia d sono, afirmando que os casos de retrognatismo mandibular e alguns de prognatismo maxilar (pacientes Classe II de Angle, esquelética e dentária) são as principais indicações para a utilização dos aparelhos intra-orais, pois é possível um avanço mandibular de grande magnitude nesses casos. Já quando há protrusão mandibular ou retrusão maxilar (pacientes Classe III de Angle) a indicação destes aparelhos é bastante restrita, pois normalmente não é possível avançar a mandíbula numa distância suficiente para obter os resultados esperados. Este autor afirma ainda que o padrão facial também tem uma influência muito grande na indicação destes aparelhos. Qualquer alteração anatômica, patológica ou não, que contribua para a redução do espaço aéreo superior pode causar ou agravar o quadro de apnéia, além disso, macroglossias, alterações tumorais ou císticas também reduzem o volume da passagem de ar nesta região. Nestes casos teremos 22 dificuldades em tratar com AIO, sendo então indicado o tratamento cirúrgico ou com o aparelho CPAP como as melhores opções. Outras limitações do AIO são os casos onde há impossibilidade de ancorar o aparelho por número insuficiente de dentes, próteses extensas ou problema periodontal avançado, pacientes com disfunção aguda de ATM, apnéia com índice maior que 30 e em pacientes muito acima do peso, quando o resultado fica mais limitado. De acordo com a Shoaf (2006), entre todas as desordens do sono, o ronco e a apnéia obstrutiva de leve a moderada são as situações em que a intervenção com aparelhos intra-orais é indicada. A autora classifica os aparelhos intra-orais em duas classes: os aparelhos retentores linguais e os parelhos protratores mandibulares (mais utilizados atualmente), e salienta que ambos funcionam de maneira semelhante, movendo a língua anteriormente e aumentando a capacidade ventilatória. Entre os aparelhos intra-orais, a autora observa que os mais indicados são os confeccionados em duas peças, pois tem a possibilidade de serem ajustados durante o tratamento. Para a instalação, os pacientes devem possuir no mínimo 8 dentes em cada arco em condições de servir como suporte, portanto, sem doenças periodontais ativas e/ou mobilidade. Paciente com histórico de desordens temporomandibulares, especialmente dor crônica, não devem receber aparelhos protratores mandibulares, pois há o risco de recorrência ou aumento do quadro de dor. Como efeitos colaterais a autora destaca dor na articulação temporomandibular, dor muscular, dor nos dentes, salivação excessiva, xerostomia, irritação gengival e alterações oclusais imediatamente após a remoção diária do aparelho. Todos os efeitos colaterais são leves e normalmente eliminados após algumas semanas de uso do aparelho. Alterações de posicionamento dentário a longo prazo, como projeção de incisivos inferiores e retroinclinação de incisivos superiores, também foram observadas em alguns estudos e devem ser relatadas ao paciente no início do tratamento. Ahrens , McGrath e Hagg (2010) realizaram uma revisão sistemática da eficácia subjetiva de dispositivos orais no tratamento da apnéia obstrutiva do sono. Os autores utilizaram inicialmente 1475 referências, entre estes 14 eram estudos controlados randomizados e que foram a base da revisão. Em 6 estudos os dispositivos de avanço 23 mandibular (DAM) foram comparados com dispositivos inativos e em 8 foram comparados com outros dispositivos com diferentes características. Na comparação com os dispositivos inativos a maioria dos DAMs mostrou resultados subjetivos melhores o que sugere que o avanço mandibular é uma característica crucial da terapia para a síndrome da apnéia. A principal conclusão que os autores chegaram foi a de que não há um desenho de DAM que efetivamente influencia a eficácia do tratamento, mas a eficácia depende de vários fatores incluindo os materiais e métodos utilizados na fabricação, tipo de DAM (monobloco ou bloco duplo) e o grau de protrusão, seja horizontal ou vertical. Quintela et al. (2010) avaliaram a tolerância inicial ao uso de aparelhos utilizados na terapia dos distúrbios respiratórios do sono. Fizeram parte dessa pesquisa 75 pacientes com SAOS leve-moderada e ou ronco primário com média de idade de 50,1 anos. O aparelho eleito para todos os casos foi o A-TEST que apresenta duas versões, monobloco ou duas peças. Os resultados foram analisados após 14 noites de uso contínuo. Os principais resultados do teste foram os seguintes: 30,8% dos voluntários do grupo 2 (monobloco) e 8,1% do grupo 1 (duas peças) queixaram-se de dor na Gengiva e ou Mucosas. Quanto a relevância dos sintomas coletados, 87,0% do grupo 1 e 84,6% do grupo 2 consideraram que as complicações foram leves e transitórias. Apenas 10 pacientes dos 75 não superaram os efeitos colaterais do tratamento, sendo 8 do grupo 1 e apenas 2 do grupo 2. Os autores concluíram assim que os dois aparelhos apresentaram aceitação semelhante com concordância ao uso noturno regular e menor tolerância aos monoblocos que se estendem por gengiva e mucosas. Dal-Fabbro et al. (2010) realizaram avaliação clínica e polissonográfica do aparelho BRD (figura 7) no tratamento da Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono. Este aparelho é um reposicionador mandibular ajustável e quando está em posição, mesmo quando a mandíbula está anteriorizada é possível realizar movimentos laterais e pequena abertura bucal. Participaram do estudo 50 pacientes com idade média de 48,6 anos e com SAOS leve e moderada, previamente diagnosticados através de polissonografia. Foram realizados ajustes progressivos para obter a posição mandibular de máxima protrusiva confortável durante um período de 3 a 4 meses. O 24 limite máximo de 70% da protrusão mandibular máxima foi respeitado. A segunda polissonografia foi realizada em média 6 meses após a primeira e somente após o BRD estar na posição de máxima protrusão confortável. Após análises estatísticas os autores concluíram que utilizando esta terapia houve melhora significativa no IAH que em 56% da amostra ficou abaixo de 5 e em 38% dos casos ficou acima de 5, mas reduziu mais de 50% em relação ao inicial. Além disso, o índice de massa corpórea elevado parece interferir desfavoravelmente no desempenho do aparelho em estudo, sugerindo que pacientes mais obesos ou que ganham peso ao longo do tratamento podem se tornar o grupo de insucesso para essa abordagem terapêutica da SAOS. Figura 6:Aparelho retentor de língua (Dal-Fabbro et al). Figura 7: (Dal-Fabbro et al.) Figuras 7 e 8: Aparelho de avanço mandibular Figura 8:Dal-Fabbro et al. 25 Zhao, Liu e Gao (2008) avaliaram através de ressonância magnética, a influencia da protração mandibular com aparelhos intra-orais sobre a dimensão das vias aéreas superiores. Para tanto, os autores avaliaram pacientes com apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono, como aparelhos intra-orais com protração de 0, 2, 4, 6 e 8 mm. Além disso, os autores realizaram a análise também sem o aparelho, com o paciente em relação cêntrica. Foram mensuradas a dimensão transversal, sagital e a área total da velofaringe e foram observadas também as alterações no formato da velofaringe. A dimensão transversal e consequentemente a área total da velofaringe foram significativamente aumentadas com o avanço mandibular. No entanto, não foi observado aumento significativo na dimensão sagital. Os autores concluíram que o aumento na dimensão transversal é o responsável pelo aumento na área total e pela mudança na forma da velofaringe, aumentando dessa forma a capacidade ventilatória. Machado et. al (2004) avaliaram o impacto do tratamento da AOS leve a moderada com aparelhos intra-orais sobre a qualidade de vida dos pacientes. Para tanto, avaliaram 11 pacientes do sexo masculino com idade média de 49 anos que utilizaram aparelhos protratores confeccionados em dois blocos, para permitir a ativação e ajuste. Os pacientes responderam a um questionário (Calgary SAQLI) antes do Início do tratamento e após 4 semanas de tratamento. Todos os pacientes apresentaram melhora na qualidade de vida após 4 semanas, sendo que 5 pacientes (45,5%) apresentaram valores considerados como excelente melhora na qualidade de vida, 2 pacientes (18,2%) apresentaram boa melhora e 4 pacientes (36,3%) apresentaram pequena melhora na qualidade de vida. Com base nisso, os autores concluíram que os aparelhos intra-orais não somente reduzem os sintomas associados a AOS como também são responsáveis por considerável melhora na qualidade de vida dos pacientes. Johal, Battagel e Hector (2011) consideram que a apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono têm efeito negativo considerável sobre a qualidade de vida, provocando sonolência diurna, depressão e problemas cardiovasculares. Portanto, os autores realizaram um estudo clínico prospectivo para avaliar o efeito do tratamento da apnéia/hipopnéia obstrutiva do sono com aparelhos intra-orais sobre funções 26 psicossociais (qualidade de vida e qualidade de sono). Os autores selecionaram dois grupos: um grupo formado por pacientes com apnéia/hipopnéia obstrutiva tratada com aparelhos intra-orais e outro grupo formado por pacientes com apnéia e não tratados durante o período de análise. Os pacientes preencheram questionário referente a qualidade de vida e qualidade de sono antes e após o período de análise. Os resultados demonstraram que indicadores de qualidade de vida melhoraram significativamente com o tratamento com aparelhos intra-orais e além disso, houve redução significativa nos eventos de apnéia e hipopnéia e na desaturação de oxigênio. Ramos e Furquim (2004) descreveram a confecção de um aparelho para apnéia obstrutiva do sono com os acessórios do aparelho de Herbst (figura 9). Afirmaram que o tratamento desta síndrome deve atingir três objetivos básicos que são: alívio dos sintomas, a redução da morbidade e a diminuição da mortalidade. Além disso outro grande objetivo que não pode ser esquecido é a melhora na qualidade de vida do paciente e de seus familiares que também sofrem com este problema. Figura 9: Aparelho Anti-ronco e apneia com acessórios Herbst Fonte:http://www.google.com.br/imgres?q=aparelho+ronco+apneia+herbst&num=10&hl =PTR&biw=1366&bih=628&tbm=isch&tbnid=NAlEYxrhF958VM:&imgrefurl=http://www.s noringisntsexy.com/appliances/por/herbst.cfm&docid=5xniSX27KbxM&imgurl=http://ww w.snoringisntsexy.com/images/herbsttelescopicappliance.jpg&w=250&h=243&ei=DmJk 27 UOzCH4j28wSs54A4&zoom=1&iact=rc&dur=277&sig=105397714946459730097&page =1&tbnh=134&tbnw=140&start=0&ndsp=18&ved=1t:429,r:6,s:0,i:90&tx=84&ty=57 Almeida et al. (2006) realizaram revisão de literatura sobre o tratamento da síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono com aparelhos intra-orais. Os autores destacaram a eficácia e as limitações dessa terapia, os principais sintomas clínicos, os principais efeitos colaterais oclusais, o grau de colaboração e o índice de satisfação dos pacientes. As conclusões da revisão foram as seguintes: a terapia com aparelhos intra-orais deve ser a de primeira escolha para o tratamento de SAHOS de leve a moderada, sendo o desconforto dentário, articular e muscular, a hipersalivação e a xerostomia os sintomas clínicos mais freqüentes, com efeitos colaterais oclusais leves que normalmente não geram incômodos aos pacientes, com bom grau de colaboração e alto índice de satisfação. Giannasi et al. (2010) relataram um caso clínico de um paciente com 74 anos que foi tratado com o uso de um dispositivo oral encaixado em poucos dentes maxilares e mandibulares para o tratamento da apnéia obstrutiva do sono. O dispositivo utilizado foi um reposicionador mandibular ajustável, o PM Posicionador. Foram realizadas polissonografias antes e após a utilização do aparelho. Após a avaliação das polissonografias os autores chegaram ao seguinte resultado: o IAH diminui significativamente de 19 para 8 episódios por hora, passando de apnéia moderada para leve. Após um acompanhamento de 2 anos a saúde periodontal e gengival permaneceram o que levou os autores a concluírem que o PM Posicionador é uma alternativa para o tratamento de pacientes parcialmente edentados e que sofrem com a apnéia obstrutiva do sono. 28 Figura 10: PM Posicionador Giannasi et al. Figura 11:PM Posicionador Giannasi et al. Rossi et al. (2011) relataram um caso clínico em que foi realizada a avaliação tomográfica do tratamento da Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono com aparelho intra-oral. O paciente do sexo masculino com 47 anos e IAH de 17,5 apresentava maxila atrésica e maloclusão de Classe II, subdivisão esquerda. Na avaliação facial o paciente apresentava terço inferior aumentado e retrognatismo mandibular. O tratamento proposto para este caso de SAOS moderada foi a utilização do Aparelho Intra Oral de avanço mandibular BRD (Brazilian Dental Appliance - figura 12). O tratamento durou 45 dias e os principais efeitos colaterais relatados pelo paciente foram salivação excessiva e oclusão alterada pela manhã. Um mês após o final do tratamento o paciente foi encaminhado para realizar nova polissonografia com o AIO, que apontou a diminuição do IAH para 0,2 eventos/hora. Os resultados demonstraram que o aparelho intra oral BRD foi eficaz para o tratamento da SAOS moderada e, portanto, pode ser indicado tanto para casos de SAOS moderada como para SAOS leves. 29 Figura 12: Aparelho BRD em posição Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://4.bp.blogspot.com/- 2skUXiC9em8/UDmVOTqKwTI/AAAAAAAAAxA/IZBTTHqXhhc/s1600/AIO.jpg&imgrefur l=http://buenoortodontia.blogspot.com/2012_08_01_archive.html&usg=__Qw5pVHQyJVtlKSR4ZeGQg-P0wA=&h=385&w=580&sz=24&hl=ptBR&start=1&zoom=1&tbnid=8HA9D4bazfWHUM:&tbnh=121&tbnw=161&ei=M2RkULP 5KKLw0gGo8YDIAQ&prev=/search%3Fq%3Daparelho%2Bronco%2Bapneia%2BBRD %26tbnh%3D124%26tbnw%3D203%26hl%3DptBR%26sig%3D105397714946459730097%26biw%3D1366%26bih%3D628%26tbs%3 Dsimg:CAQSEgnwcD0PhtrN9SG04yGemErSWg%26tbm%3Disch&itbs=1&iact=hc&vpx =101&vpy=180&dur=53&hovh=183&hovw=276&tx=199&ty=107&sig=10539771494645 9730097&page=1&ved=1t:429,r:0,s:0,i:50 Marklund (2006) realizou um estudo com objetivo de identificar se haviam preditores de efeitos colaterais com o uso de aparelhos intra-orais para tratamento de apnéia obstrutiva do sono. O autor avaliou pacientes que utilizaram aparelhos do tipo monobloco e foram avaliados no início do tratamento e após 5,4 anos em média através de questionários e modelos de estudo. Houve redução de sobressaliência associada com sobremordida excessiva, sobressaliência inicial menor que 3 mm, congestão nasal e utilização de aparelho confeccionado em monobloco flexível. Ainda uma pequena redução na sobremordida foi associada a pequena abertura mandibular. Os autores concluíram que os efeitos colaterais podem ser previstos com base na 30 análise das características iniciais do paciente e com base no aparelho que vai ser utilizado. Otsuka et. al (2006) observaram que os aparelhos intra-orais para tratamento da apnéia obstrutiva do sono tem taxas de sucesso que variam de 50 a 80%, dependendo da definição do que é sucesso no tratamento e do tipo de aparelho que é utilizado. No entanto, devido a “certos insucessos” com a utilização desses aparelhos, alguns autores procuraram relacionar o insucesso com características cefalométricas, para verificar se havia alguma correlação positiva. Alguns autores observaram correlações com inclinação do plano mandibular, dimensão antero-posterior de nasofaringe, altura facial anterior e posterior, posição do osso hióide e comprimento de tecido do palato mole, entretanto, com grande variação entre os resultados. Portanto, os autores avaliaram retrospectivamente as características cefalométricas de pacientes que responderam e que não responderam positivamente ao tratamento com aparelhos intra-orais para protração mandibular. As passagens de ar superior e inferior e a área da orofaringe eram significativamente menores nos pacientes que responderam positivamente ao tratamento, apresentando inclusive aumento nos eventos de apnéia. Além disso, os pacientes que não responderam positivamente apresentaram aumento no índice de massa corporal. Os autores concluíram que os profissionais devem observar as dimensões de passagem de ar e controlar as variações de massa corporal, como preditores do sucesso da terapia da apnéia obstrutiva do sono. Almeida et al. (2006) realizaram um estudo dividido em duas partes no qual, inicialmente avaliaram cefalometricamente o resultado a longo prazo da terapia com dispositivo oral em 75 pacientes com apnéia obstrutiva. Foram realizadas radiografias cefalométricas laterais em oclusão cêntrica antes e após o tratamento que durava, em média, 7,3 anos. Os resultados mostraram alterações significativas em muitas variáveis, como por exemplo o aumento no plano mandibular e ângulo ANB, diminuição no overbite e overjet, incisivos maxilares retroinclinados e mandibulares protruídos, molares superiores girados distalmente e mandibulares mesialmente e erupcionados. O grupo que inicialmente apresentava overbite acentuado teve diminuição significativa deste. As alterações na dentição pareceram ser progressivas ao longo do tempo. Após 31 a análise de todos os resultados aos autores chegaram a conclusão que após o longo uso dos dispositivos orais estes causam alterações na posição dos dentes que podem também afetar a posição mandibular. Na segunda parte do estudo Almeida et al. (2006) analisaram os modelos de estudo. Desta amostra fizeram parte 70 pacientes com média de idade de 50 anos. Foi utilizado um sistema de análise de modelos 3D no início e após o acompanhamento. As mensurações mostraram alterações significativas ao longo do tempo, entre elas: a largura do arco mandibular aumentou mais do que a largura do arco maxilar, a curva de Spee ficou achatada na região de pré-molar, o segmento do canino ao segundo molar inferior se movimentou para frente em relação ao arco maxilar, a mordida abriu e o overjet diminuiu. Apesar de todas estas alterações em nenhum dos casos o tratamento foi suspenso. Os efeitos colaterais podem ser considerados adversos ou benéficos, dependendo da situação inicial do paciente. Mesmo os efeitos adversos não devem ser considerados uma contra-indicação a terapia uma vez que as alterações oclusais são mais aceitas pelos pacientes quando comparadas as conseqüências da SAOS. Hammond R. J. et al. (2007) realizaram um estudo de acompanhamento das alterações dentárias e esqueléticas com uso prolongado do dispositivo de avanço mandibular (DAM), aparelho acrílico de 2 blocos, na apnéia obstrutiva do sono. A amostra incluiu 64 pacientes com SAHOS que utilizaram o DAM por tempo médio de 25,1 meses com variação de 10,7 a 64,5 meses. Os pacientes responderam um questionário especialmente projetado para a avaliação em relação aos efeitos colaterais do uso do DAM. Para identificar as alterações dentárias e esqueléticas causadas pelo DAM ao longo do tempo foram realizadas cefalometrias e medições dos modelos de cada paciente. Os efeitos colaterais mais relatados foram o desconforto mandibular, a salivação excessiva e a boca seca. Subjetivamente o ronco diminuiu em 56 pacientes o que corresponde a 88% da amostra e os valores de sonolência diurna diminuíram significativamente do início ao final do acompanhamento. Pequenas alterações oclusais subjetivas foram verificadas por 8 pacientes (12,5%). A redução do overbite e overjet foi verificada, e a análise cefalométrica mostrou alterações estatisticamente significantes, mas clinicamente insignificantes limitadas ao movimento 32 anterior dos incisivos inferiores. A terapia com este tipo de DAM atestou a satisfação do paciente, apesar de alguns efeitos colaterais que parecem ser mínimos frente aos benefícios da terapia. Otsuka, Almeida e Lowe (2007) consideraram que os efeitos colaterais dos aparelhos intra-orais para protração mandibular ainda não eram totalmente compreendidos, apesar de grande parte dos pacientes relatar ou apresentar estes efeitos. Portanto, estes autores realizaram estudo clínico prospectivo para avaliar se os aparelhos protratores mandibulares alteram a função oclusal de pacientes tratados pelo ronco ou apnéia obstrutiva do sono. Foram analisadas a área de contato oclusal e força de mordida de 12 pacientes no período da noite e de manhã, com o auxílio de sensores de pressão intra-orais que transmitiam os resultados para um software. Houve redução significativa tanto na área de contato como na força de mordida na comparação entre o início do tratamento com o reestudo, realizado de 2 a 8 semanas após o início do tratamento. Além disso, os autores observaram que os valores obtidos no período da manhã sempre foram menores daqueles obtidos no período da noite. Os autores concluíram que mesmo em curto período de tempo de uso os aparelhos já promovem alterações significativas e, portanto, estes pacientes devem ser acompanhados periodicamente. Chen et. al (2008) realizaram um estudo dos efeitos colaterais no posicionamento dentário da utilização a longo prazo dos aparelhos protratores mandibulares no tratamento da apnéia obstrutiva do sono. Para tanto, os autores desenvolveram um modelo de estudo tridimensional através da digitalização dos modelos de estudo iniciais e em média 7 anos após o início do tratamento dos 70 pacientes utilizados na amostra da pesquisa. Entre as diversas medidas utilizadas os autores observaram aumento significativo na dimensão transversal do arco inferior com relação ao arco superior, redução no apinhamento em ambos os arcos, redução na curva de spee na região de pré-molares, o segmento inferior de segundo molar a canino moveu-se anteriormente em relação ao mesmo segmento no arco superior, tendência de abertura da mordida e a sobressaliência apresentou redução. Os autores concluíram que as alterações oclusais observadas podem ser consideradas benéficas 33 ou prejudiciais e isso depende muito do padrão oclusal inicial de cada paciente. Eles ainda salientaram que os pacientes com maloclusão de Classe II de Angle foram os maiores beneficiados com a terapia e que por mais que o padrão oclusal de um paciente não seja favorável para a instalação de um aparelho protrator mandibular, não se deve nunca deixar de realizar o tratamento, pois o benefício com a redução do quadro de apnéia obstrutiva do sono é muito maior que o prejuízo causado por pequenas alterações oclusais. Ueda et. al (2009) realizaram um estudo para verificar se dois distintos tipos de exercícios mandibulares eram capazes de evitar maiores alterações oclusais e/ou reduzir efeitos oclusais deletérios. Os exercícios mandibulares eram os seguintes: exercício gabarito e movimentos de alongamento. Para o exercício de gabarito, os pacientes foram instruídos a morder e segurar uma peça padrão de plástico entre os dentes anteriores e deslizar a sua mandíbula para trás e para frente por 5 segundos cada e morder firmemente durante 10 segundos na posição de mandíbula relaxada. Eles foram instruídos a repetir estes movimentos por 3 minutos. Os movimentos de alongamento envolveu exercícios verticais e laterais da mandíbula. Nas excursões verticais os pacientes faziam abertura máxila da mandíbula e depois ocluiam. Nas excursão laterais os pacientes deslizavam a mandíbula para à direita ou à esquerda, e depois voltavam a mandíbula em oclusão. Os pacientes foram instruídos fazer cada exercício cerca de 5 vezes, repetido de 3 em 3 minutos.Para isso, os autores avaliaram 10 pacientes que utilizavam aparelhos intra-orais para tratamento da apnéia obstrutiva do sono. Os pacientes foram avaliados previamente a realização dos exercícios através de sensores que mensuravam a área de contato oclusal e a força de mordida, realizaram um tipo de exercício durante um mês e foram novamente analisados. Após esta avaliação havia um mês de intervalo até o início do segundo método de exercícios, que seguiu o mesmo protocolo de análise. Os resultados demonstraram que ambos os métodos de exercício promoveram aumento na área de contato oclusal e na força de mordida no período da manhã, quando comparados ao período em que não foi realizado exercício. Não houve diferença significativa entre os dois tipos de exercício. Portanto, exercícios mandibulares podem auxiliar na redução de tensões musculares e 34 acelerar o reposicionamento mandibular, consequentemente reduzindo as alterações oclusais em paciente com predisposição. Os autores salientaram ainda que as alterações oclusais podem ser consideradas pequenas perto do benefício proporcionado pelo tratamento da AOS e que é fundamental que estes pacientes sejam observados por períodos maiores de tempo, já que o tratamento da AOS com aparelhos intra-orais é provavelmente pela vida inteira. Pirelli et. al (2010) no seu artigo observaram a importância do diagnóstico da apnéia obstrutiva do sono em crianças e da correlação deste problema com malformações ou alterações maxilares como desvio de septo e deficiência maxilar transversal. Neste sentido, os autores realizaram um estudo para verificar se a expansão rápida da maxila tem influência sobre o aumento da capacidade ventilatória das vias aéreas superiores e se é capaz de reduzir o número de eventos de apnéia obstrutivas em crianças. Os pacientes foram avaliados antes do início do tratamento (T0), após 4 meses do início do tratamento (T1) e 8 meses após o início do tratamento. Os resultados demonstraram que houve aumento significativo na largura da fossa nasal, com liberação de septo quando havia desvio significativo, restabelecendo a função das vias aéreas superiores e reduzindo significativamente a AOS, avaliada através de polissonografias nos três períodos de análise. As imagens de tomografia computadorizada revelaram que houve expansão não somente no arco maxilar mas também na cavidade nasal. Os autores concluíram que o ortodontista tem papel fundamental no tratamento da AOS, e que pacientes jovens com AOS e deficiência maxilar transversal devem necessariamente receber tratamento com expansão rápida da maxila a fim de aumentar a capacidade ventilatória das vias aéreas superiores, reduzindo o quadro de AOS e possivelmente evitando que este paciente tenha que realizar outra terapia mais radical no futuro. Nabarro e Höfling (2008) realizaram um estudo com 16 pacientes para avaliar a efetividade do aparelho ortopédico Bionator de Balters no tratamento do ronco e da apnéia. O diagnóstico da SAOS dos pacientes foi realizado através de polissonografia prévia. Destes pacientes apenas 9 apresentaram boa aceitação do aparelho e finalizaram o tratamento. Foi realizada nova polissonografia e através desta os autores 35 observaram redução no IDR (índice de distúrbio respiratório) inicial de 11,5 para o final de 4,2. Após a finalização do estudo os autores concluíram quer a utilização do aparelho ortopédico Bionator de Balters pode ser considerada um método de tratamento da SAOS em casos leves ou moderados, apesar de ser um método pouco tolerado pelos pacientes uma vez que quase 44% dos pacientes não finalizaram o tratamento. Godolfim L. R. (2009) realizou acompanhamento de 171 pacientes para avaliar o controle da dor na ATM no tratamento do ronco e apnéia do sono com aparelhos orais. Na amostra 49 mulheres e 122 homens com idade média de 50,4 anos todos tratados com aparelho oral PLG (figura 13). Os pacientes foram acompanhados em consultas quinzenais e a partir daí começaram a ativação de 1mm a cada 15 dias até atingir 80% da protrusão máxima. Dos pacientes que completaram o protocolo, 83% não apresentaram dor em nenhum momento e completaram a titulação até os 80%. O número de pacientes com dor na região das ATM´s após o término do protocolo de ativação foi de apenas 2%. Obtidos os resultados o autor chegou as seguintes conclusões: a dor na região das ATM´s pode ser facilmente controlada e revertida com procedimentos simples, reduzindo-se o avanço mandibular inicial nos casos que apresentaram dor após o período de adaptação e nos demais casos titulando o aparelho em 1mm a cada 15 dias até atingir a protrusão máxima. Apesar disso ainda se fazem necessários estudos sobre a eficácia em parâmetros ainda pouco estudados como a obesidade, forma facial, protrusão mandibular, tipo de maloclusão, tamanho e posição da língua, forma das arcadas dentárias e outros. 36 Figura 13: Aparelho PLG Fonte:http://www.google.com.br/imgres?q=aparelho+PLG+ronco+e+apneia&num=10&h l=ptBR&biw=1366&bih=628&tbm=isch&tbnid=c2Qs71lwVflSAM:&imgrefurl=http://www.fl ickr.com/photos/43850108%40N03/7211649816/&docid=t62HpOdrXyTM&imgurl=http:// farm8.staticflickr.com/7090/7211649816_5f61050cbc_z.jpg&w=640&h=425&ei=yl9kUP9N4eo8ASe_IGABg&zoom=1 Caldas et al. (2009) realizaram revisão sistemática sobre a efetividade dos aparelhos intrabucais de avanço mandibular no tratamento do ronco e da síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS). Concluíram que os aparelhos intramurais de avanço mandibular estão amplamente indicados para o tratamento do ronco e da SAHOS como terapia principal, ou alternativa naqueles pacientes que não podem suportar a terapia da pressão positiva das vias aéreas (CPAP). Khoury et al. (2010) relataram o caso clínico de um paciente do sexo masculino de 43 anos que apresentava Classe I de Angle com boa mobilidade mandibular, sem desvios de abertura ou protrusiva significativos. Depois de realizada a polissonografia, o paciente apresentou SAOS moderada com Índice de Apnéia e Hipopnéia de 24 eventos por hora. O paciente foi submetido a dois tipos de terapia AIO (aparelho intraoral) e CPAP (aparelhos de pressão positiva). Inicialmente foi realizada a medida de protrusão máxima (8mm) e determinada como medida inicial de montagem 50% da 37 protrusão máxima. O aparelho sofreu ativação até chegar a 7mm em consultas quinzenais. O paciente foi encaminhado para realizar a segunda polissonografia onde na primeira parte da noite utilizou o AIO e na segunda o CPAP. Os resultados mostram que os dois tipos de terapia tiveram comportamentos semelhantes, sendo os dois eficientes e obtendo a resolução completa do caso. Os autores concluíram que a eficácia foi semelhante para ambos tratamentos em curto prazo e que quando avaliados o funcionamento neurocognitivo e melhora na qualidade de vida também apresentam resultados semelhantes. Martinho et al. (2004) realizaram um estudo clínico retrospectivo em 223 pacientes, com idade média de 48 anos, com distúrbios respiratórios do sono, sendo que todos os pacientes já apresentavam polissonografia. Os pacientes foram dividos em 2 grupos: Grupo I – pacientes roncadores não apnéicos e SAHOS leve e Grupo II – SAHOS moderada e grave. Dos pacientes avaliados 44,8% (100 pacientes) tiveram indicação de algum procedimento cirúrgico, 24,2% uso do CPAP, 6,3% uso de AIO e 24,7% medidas gerais (controle da obesidade e das doenças associadas, incluindo tratamento clínico das rinopatias). Os procedimentos cirúrgicos indicados para os 100 pacientes foram os seguintes: amigdalectomia, úvulopalatofaringoplastia, radiofreqüência de palato, avanço do músculo genioglosso, avanço maxilomandibular, avanço subapical de mento, septoplastia, turbinectomia, cauterização de cornetos e radiofreqüência de cornetos. Após a realização de todos os procedimentos os autores chegaram as seguintes conclusões: a indicação cirúrgia otorrinolaringológica para SAHOS deve ser criteriosa e deve ser baseada na gravidade da doença e na presença de alterações anatômicas das vias aéreas superiores e do esqueleto craniofacial, sendo este tratamento de cunho curativo ou coadjuvante a outra terapias. 38 3 DISCUSSÃO O ortodontista quando realiza seu questionário inicial com o paciente - apnéico, muitas vezes se depara com queixas tanto por parte do paciente quanto do cônjuge ou outro familiar, de que o ronco deste é insuportável e que ele precisa de uma solução. Esses casos são cada vez mais comuns nos consultórios odontológicos e o ortodontista tem sido considerado como o profissional da área odontológica responsável pelo tratamento destes pacientes, fazendo parte de uma equipe multidisciplinar que inclui médicos, fonoaudiológos, nutricionistas e psicólogos (Lowe 2006). Após o exame clínico inicial o paciente necessita ser encaminhado a um especialista em Medicina do Sono para realizar avaliação e posteriormente fazer uma polissonografia, que é essencial para o diagnóstico da Síndrome da Apnéia e Hipopnéia Osbstrutiva do sono. Com este exame em mãos é possível saber o Índice de Apnéia e Hipopnéia (IAH) do paciente. Dependendo do IAH e do exame clínico é possível iniciar o planejamento do tratamento (Ito et al. 2005). A classificação do IAH, segundo a American Sleep Disorders Association, é a seguinte: IAH < 5 corresponde ao ronco ou Síndrome da Resistência das Vias Aéreas Superiores (SRVAS); IAH que varia entre 6-15 Síndrome da Apnéia e Hipopnéia Obstrutiva do Sono Leve; IAH entre 16-30 SAHOS Moderada e IAH > 30 SAHOS Grave. Segundo Bustamante (2006) nos casos de SAHOS leve normalmente os Aparelhos Intra-Orais de Avanço Mandibular são o tratamento de primeira escolha, associado a medidas como o tratamento de doenças sistêmicas como o alcoolismo, tabagismo, a obesidade e o uso descontrolado de drogas sejam elas lícitas como fármacos ou ilícitas. São nesses casos que o ortodontista aparece como profissional fundamental, planejando o tipo de aparelho ideal para cada paciente e, instalando e monitorando o aparelho de protração mandibular que deverá ser utilizado. 39 Os aparelhos intra-orais para tratamento da AOS podem ser confeccionados em monobloco ou em dois blocos (ajustáveis) e de acordo com a literatura, os aparelhos ajustáveis tem maior aceitação e promovem menores efeitos colaterais. Todos os aparelhos funcionam com projeção mandibular, aumentando a área total da orofaringe e modificando a forma da velofaringe, aumentando dessa forma a capacidade ventilatória (Zhao, Liu e Gao, 2008). Os aparelhos ajustáveis, permitem o aumento gradual da projeção mandibular, com isso é descrita maior adaptação dos pacientes nos períodos iniciais do tratamento e uma redução gradual do IAH. Após muitos anos de uso dos aparelhos intra-orais, estes promovem também alguns efeitos colaterais que em alguns casos são indesejados e em outros são benéficos como citam Chen et al. (2008), tudo vai depender do padrão oclusal inicial do paciente. Na maioria dos casos de uso dos AIO´s observa-se aumento significativo na dimensão transversal do arco inferior com relação ao arco superior, redução no apinhamento em ambos os arcos, redução na curva de spee na região de pré-molares, o segmento inferior de segundo molar a canino move-se anteriormente em relação ao mesmo segmento no arco superior, e existe a tendência de abertura da mordida e a redução da sobressaliência. Nos pacientes Classe II observa-se que estes efeitos colaterais em muitos casos são benéficos para o paciente. Segundo Almeida et al. (2006) mesmo os efeitos adversos não devem ser considerados uma contra-indicação a terapia uma vez que as alterações oclusais são mais aceitas pelos pacientes quando comparadas as consequências da SAHOS. Em muitos casos de SAHOS moderada os aparelhos intra bucais também são indicados como tratamento de primeira escolha como citam Rossi et al. (2011), Khoury et al. (2010), Dal-Fabbro et al. (2010), Machado et al. (2004), Almeida et al. (2006), Shoaf (2006), Giannasi et al. (2010) e são muito eficientes. Em alguns casos de SAHOS moderada o CPAP é indicado como forma de tratamento, no entanto, esse aparelho apresenta baixo índice de aceitação por parte dos pacientes, uma vez que é necessário o paciente dormir com a máscara e com o dispositivo ligado por todo o período de sono. Nas situações de rejeição ao CPAP, os aparelhos intra-orais 40 aparecem mais uma vez como alternativa não invasiva ao tratamento da AOS, mesmo nos casos moderados. Nos casos de SAHOS grave o tratamento de eleição são as cirurgias. Segundo Mello et al. e Ferraz et al. as cirurgias ortognáticas de avanço mandibular são indicadas em muitos dos casos de SAHOS grave. Segundo Martinho et al. outras técnicas cirúrgicas como, amigdalectomia, úvulopalatofaringoplastia, radiofreqüência de palato, avanço do músculo genioglosso, avanço subapical de mento, septoplastia, turbinectomia, cauterização de cornetos e radiofreqüência de cornetos também são indicadas para estes casos, mas devem ser muito criteriosamente indicadas, devido a invasividade, possibilidade de recidiva e também pela aceitação do paciente. 41 4 CONCLUSÃO Com base na revisão de literatura realizada é possível concluir que o ortodontista tem papel fundamental no tratamento da apnéia obstrutiva do sono (AOS), desde os casos leves até os mais graves. Nos casos de AOS leve o ortodontista deve optar pelo tratamento com aparelhos intra-orais confeccionados em dois blocos e ajustáveis. Nos casos de AOS moderada os aparelhos intra-orais são opção quando há recusa à utilização do CPAP. Nos casos de AOS severa a cirurgia ortognática muitas vezes está indicada, associada a outros tipos de procedimentos cirúrgicos. Os pacientes em tratamento com aparelhos intra-orais devem ser mantidos em observação constante, pois podem desenvolver efeitos colaterais, que normalmente são considerados relevantes mas eventualmente podem ser prejudiciais e o ortodontista é o profisisonal indicado a diagnosticar e controlar essas alterações. 42 REFERÊNCIAS AHRENS A.; Mc GRATH C.; HÄGG U. Subjective efficacy of oral appliance design features in the management of obstructive sleep apnea: A systematic review. American Journal Orthodontics Dentofacial Orthopedics , St. Louise, v.138, p.559-576, 2010. ALMEIDA et al - a; Tratamento da síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono com aparelhos intrabucais. 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