Bolcheviques e Mencheviques Os socialistas revolucionários acreditavam que apenas os camponeses com apoio de outros setores sociais, poderiam derrubar o regime. Influenciado por correntes europeias, no entanto, voltou sua atenção para o proletariado. O resultado foi a criação, em 1898 do Partido Operário Social Democrata Russo. A crise social e política da Rússia no início do século XX levou o partido a se dividir em dois grupos. Os bolcheviques (que significa “representantes da maioria”), liderados por Vladimir Lênin e inspirados nas ideias de Marx e Engels, acreditavam na aliança entre os camponeses e o proletariado para derrubar o czarismo e implantar o socialismo. Os mencheviques (que significa “representantes da minoria”) buscavam uma passagem gradual para o socialismo por meio de uma aliança dos operários e camponeses com a burguesia. O rompimento definitivo entre os dois grupos ocorreu em 1912. Os bolcheviques formaram um novo partido e passaram a defender abertamente a queda do czarismo por meio de uma revolução proletária, além de criticar, após 1914, a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial. A revolução de Fevereiro Em fevereiro de 1917, rebeliões populares, greves gerais, revoltas armadas de soldados contra seus comandantes criaram uma situação revolucionária na Rússia. A grande liderança desse processo foi o soviete de Petrogrado liderado pelos Mencheviques e socialistas revolucionários, reformistas que tinham muita influência no meio camponês. A maior parte da liderança bolchevique, nessa época, estava presa ou exilada. O soviete de Petrogrado pressionou o parlamento russo para nomear um novo governo. Formou-se assim um governo de coalizão que aglutinava mencheviques e vários partidos reunidos em torno de um governo de um programa liberal. O czar foi obrigado a renunciar. A monarquia czarista foi substituída por uma república liberal, dirigida pelo menchevique Kerensky, que proclamou as liberdades fundamentais e anistiou os presos políticos. A crise se agravou e houve aumento dos preços. A insistência em manter a Rússia na Primeira Guerra gerou violenta oposição, liderada pelo partido Bolchevique. Soldados e camponeses reivindicavam paz, terra e pão. A crise social e política anunciava a eclosão de um novo processo revolucionário. A revolução de Outubro Ao voltar do exílio, Lênin alertou para a urgência de se realizar a revolução socialista. O programa bolchevique priorizava a distribuição de terras aos camponeses, a direção das fábricas pelos comitês operários, a autonomia para as nacionalidades oprimidas pelo Império Russo, a saída imediata da Rússia da Guerra e a entrega do poder aos sovietes. Os bolcheviques tomaram o Palácio de Inverno em outubro de 1917, depuseram o governo de Kerensky e convocaram o II congresso de Sovietes. Os sovietes, sob a liderança de Lênin e Trotsky, assumiram o poder. O novo governo decretou importantes medidas revolucionárias: Ainda em 1917 retiraram-se da Guerra. Em março do ano seguinte o novo governo o tratado de Brest Litovsk, pelo qual a Rússia perdia a Polônia, a Bessarábia e os territórios bálticos (Letônia, Estônia, Lituânia e Finlândia. Estradas de ferro e bancos foram nacionalizados, terras foram divididas e distribuídas entre os camponeses e a produção nas indústrias passou a ser controlada pelos operários. Expropriaram toda a burguesia e estatizaram as empresas estrangeiras que atuavam no país. Foi criado o exército vermelho, comandado por Leon Trotsky e encarregado de combater os inimigos da revolução (oficiais czaristas, aristocratas, burgueses, apoiados por forças francesas, norte americanas, japonesas e inglesas), que formaram o exército branco. As dificuldades geradas pela guerra contra os adversários da revolução e os rumos tomados pelo Partido Bolchevique, entre outros fatores, em pouco tempo conduziriam a Rússia para o totalitarismo. A guerra civil e o comunismo de guerra Em 1918 começou uma guerra civil contra a Revolução Bolchevique. De um lado, o exército branco, apoiado por países estrangeiros como Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Japão e também anarquistas. Do outro lado o exército vermelho comandado por Trotsky. Em agosto de 1918 a situação era desesperadora. Enquanto as forças estrangeiras atacavam a Rússia de todos os lados, os camponeses médios e ricos, descontentes com o novo regime, se recusavam abastecer a cidade. A fome rondava o país. Lênin estabeleceu então o comunismo de guerra. Confiscou colheitas no campo para abastecer os soldados e a população urbana, suspendeu a liberdade de imprensa, de greve e de associação, os partidos mencheviques e socialista revolucionário foram proibidos, e o czar e sua família que estavam presos foram executados. A guerra terminou em 1921 com a vitória do exército vermelho e a sobrevivência do estado socialista. A Rússia, porém, estava arruinada. A produção agrícola e industrial havia diminuído, as principais cidades tinham se esvaziado, as minas estavam abandonadas e os transportes desmantelados. A nova política econômica Para recuperar a economia, o X congresso do Partido Comunista da Rússia aprovou, em 1921, a Nova Política Econômica, conhecida como NEP. Medidas fundamentais: Formação de cooperativas nacionais Autorização para pequenas e médias empresas privadas funcionarem Permissão para os camponeses venderem seus produtos no mercado livre. As grandes indústrias, o sistema financeiro, os transportes e as comunicações continuaram controlados pelo estado. Não queriam restaurar o capitalismo mas salvar a Rússia. A ideia da NEP era desenvolver aspectos capitalistas da economia para depois socializar a riqueza produzida. O isolamento da União Soviética obrigou o governo a financiar o desenvolvimento econômico do país. O estado promoveu o desenvolvimento da indústria de base, formou cooperativas agrícolas para ampliar a produção no campo, e investiu na educação e na qualificação de mão da mão de obra. A ditadura de Stalin Com a morte de Lênin em 1924, iniciou-se uma luta política entre Trotsky e Stalin. Trotsky propunha que a União Soviética promovesse a revolução socialista mundial. Stalin defendia que era necessário primeiro consolidar a revolução no país. Stalin venceu e governou a união Soviética, como um ditador, até sua morte, em 1953. A ditadura de Stalin começou, de fato em 1927, com a repressão aos Kulaks. Ao propor a coletivização da agricultura, seu objetivo era acabar com essa classe, obrigando os a aderir às fazendas coletivas. Foram presos, executados ou deportados para regiões distantes. Essa classe foi eliminada da União Soviética. Houve muita repressão também para trair os “supostos” traidores da revolução. Entre 1936 e 1939 o governo montou processos para puní-los. O terror implantou-se pelo país. O saldo final foi 5 milhões de presos e cerca de 500 mil executados. Toda a velha guarda bolchevique, que dirigiu a revolução tinha sido eliminada.