Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Cornélio Procópio Notas de aula: Prof. Me. Armando P. Silva Teorema do Valor Médio e Teorema de Rolle Teorema do Valor Médio Inicialmente vamos observar os dois conjuntos de gráficos de funções para estabelecer uma discussão a respeito de suas propriedades. Figura 1 Figura 2 Os gráficos das funções representadas nas Figuras 1 e 2 satisfazem as condições do teorema que enunciamos a seguir: Teorema do Valor Médio (TVM) Seja f uma função que satisfaz as seguintes hipóteses: i) f é continua em a, b ; ii) f é derivável em a, b . Então existe um número c a, b tal que f '(c) f (b) f (a) ba ou de maneira equivalente, f (b) f (a) f '(c)(b a) . A Figura 3 nos dá exemplos de funções onde não se aplica o Teorema do Valor Médio, justamente porque estas não estão nas condições do Teorema. Figura 3 1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Cornélio Procópio Notas de aula: Prof. Me. Armando P. Silva Teorema do Valor Médio e Teorema de Rolle Para compreender o significado do Teorema do Valor Médio faremos uma analogia com a seguinte situação: Se a média de velocidade, em uma viagem de carro de uma cidade a outra, é de 80Km/h, então em algum momento da viagem o velocímetro do carro deve ter marcado 80Km/h. Fazendo uma leitura em termos matemáticos, seja s(t ) a posição do carro em cada instante t . Se a viagem começa em t a (horas) e termina em t b (horas), a velocidade média é dada por: vM (t ) s(b) s(a) . ba A afirmação de que em algum momento da viagem a velocidade instantânea deve ser igual a velocidade média, significa que em algum tempo t * tem-se vM (t ) s(b) s(a) v(t * ) s '(t * ) . ba Dando interpretação similar, porém, agora observando o conjunto de gráficos da Figura 1, podemos perceber que se a função de posição s(t ) de um objeto em movimento passar pelo mesmo lugar um dois instantes diferentes, t a e t b então s(a) s(b) , o que indica que pelo menos uma vez no percurso, o objeto teve velocidade instantânea nula. Na verdade este resultado é dado pelo Teorema de Rolle. Nós o enunciaremos na sequencia, também porque iremos utilizá-lo na demonstração do TVM. O Teorema do Valor Médio estabelece as condições mínimas que uma função s s(b) s(a) deve satisfazer para que a igualdade vM (t ) v(t* ) s '(t* ) seja ba verdadeira. Teorema de Rolle Seja f uma função que satisfaz as seguintes hipótese: i) f é continua em a, b ; ii) f é derivável em a, b ; iii) f (a) f (b) . Então existe um número c a, b tal que f '(c) 0 . Podemos observar que o conjunto de funções representadas graficamente na Figura 1 satisfaz as hipóteses do teorema de Rolle. Demonstração do TVM Vamos construir as funções S e g para compor a demonstração: f (b) f (a) ( x a) , x a, b , cujo gráfico é a reta secante ao gráfico ba de f passando pelos pontos a, f (a) e b, f (b) e S ( x) f ( a ) 2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Cornélio Procópio Notas de aula: Prof. Me. Armando P. Silva Teorema do Valor Médio e Teorema de Rolle g ( x) f ( x) S ( x) , com x a, b note que a função g assim definida, mede, para cada x a, b , a distância vertical entre os pontos ( x, f ( x)) no gráfico de f e ( x, g ( x)) na reta secante S . Veja que g (a) g (b) 0 . A função g satisfaz as condições do teorema de Rolle, então, existe c a, b tal que g '(c) 0 . Além g '( x) f '( x) disso, g '( x) f '( x) S '( x) f (b) f (a) . ba Para x c , g '(c) f '(c) e S '( x) f (b) f (a) , ba assim, f (b) f (a) 0 . Portanto, f (b) f (a) f '(c)(b a) . ba Geometricamente, podemos perceber que a reta tangente ao gráfico de f é paralela ao segmento da reta secante em a, b exatamente em um ponto em que a função g atinge o seu maior valor. Consequências do Teorema do Valor Médio A primeira consequência é a recíproca do fato trivial de que a derivada de uma função constante é igual à zero, ou seja, se a derivada de uma função é zero, a função é constante. A princípio nada nos assegura que este fato seja verdadeiro. Será que não poderia existir uma função desconhecida, estranha, e não constante cuja derivada fosse zero? Bem, com o Teorema do Valor Médio podemos provar que tal função estranha não existe. Nos corolários que seguem consideramos f e g contínuas no intervalo fechado a, b e deriváveis em a, b . Corolário 1 (Funções com derivada zero) Se f '( x) 0 para todo x a, b , então f é uma função constante em a, b , isto é, existe um número real k, tal que, f ( x) k , qualquer que seja o ponto x de a, b . Corolário 2 (Funções com derivadas iguais) Se f '( x) g '( x) , para todo x no intervalo a, b . Então, f e g diferem por uma constante, isto é, existe um número real k , tal que, f ( x) g ( x) k , para todo x a, b . Interpretação Geométrica: Como as duas funções f e g diferem por uma constante, o gráfico de f pode ser obtido a partir do gráfico de g , ou vice-versa, por uma translação vertical. Além 3 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Cornélio Procópio Notas de aula: Prof. Me. Armando P. Silva Teorema do Valor Médio e Teorema de Rolle disso, como estas funções têm a mesma derivada em cada ponto x a, b , seus gráficos têm retas tangentes paralelas nos pontos correspondentes ( x, f ( x)) e ( x, g ( x)) . Por isso estes gráficos são ditos paralelos. Veja Figura 4: f g h Figura 4 Observe que as retas tangentes correspondentes, de cada curva são paralelas, ou seja, suas derivadas são iguais para todo x . Corolário 3 (Funções crescentes e decrescentes) Se f '( x) 0 para todo x a, b , então f é uma função crescente em a, b . Se f '( x) 0 para todo x a, b , então f é uma função decrescente em a, b . Corolário 4 (Teorema do Valor Médio generalizado) Sejam f e g contínuas em a, b e deriváveis em a, b e suponha além disso que g '( x) 0 para a x b . Então existe pelo menos um c entre a e b tal que f '(c) f (b) f (a) g '(c) g (b) g (a) 1 4 Exercício: Mostre que a função f ( x) x3 1 satisfaz as hipóteses do Teorema do Valor Médio no intervalo [0, 2] e encontre todos os valores de c do intervalo (0, 2) , nos quais a reta tangente ao gráfico de f é paralela à reta secante que liga os pontos (0, f (0)) e (2, f (2)) . 4