UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY COORDENAÇAO GERAL DE PÓS-GRADUAÇAO E PESQUISA CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS ACERCA DA DETECÇÃO DO CÂNCER DE PRÓSTATA ELENIR PERIERA DE PAIVA RIO DE JANEIRO 2008 ii UFRJ CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS ACERCA DA DETECÇÃO DO CÂNCER DE PRÓSTATA Elenir Pereira de Paiva Orientadoras: Profª Drª. Maria Catarina Salvador da Motta e Drª. Rosane Harter Griep Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para obtenção do Título de Doutor em Enfermagem. RIO DE JANEIRO Julho/2008 iii FOLHA DE APROVAÇÃO ELENIR PEREIRA DE PAIVA CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTRICAS ACERCA DA DETECÇÀO DO CÂNCER DE PRÓSTATA Tese de Doutorado apresentada para a obtenção do título de Doutor da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ . Rio de Janeiro, 22 de Julho de 2008. Aprovada por: ____________________________________________________________ Drª. Maria Catarina Salvador da Motta/Presidente. UFRJ ____________________________________________________________ Drª . Enirtes Caetano Prattes Mello/1ª Examinadora. UNIRIO ____________________________________________________________ Drª. Maria de Fátima Batalha de Menezes/2ªExaminadora. INCA ____________________________________________________________ Drª. Maria Helena do Nascimento Souza/3ª Examinadora. UFRJ ____________________________________________________________ Drª. Rosane Harter Griep/4ª Examinadora. FIOCRUZ ____________________________________________________________ Drª. Maria Yvone Chaves Mauro/Suplente. UERJ ____________________________________________________________ Drª. Ana Inês de Souza/Suplente. UFRJ iv Paiva, Elenir Pereira de Conhecimentos, Atitudes e Práticas Acerca da Detecção do Câncer de Próstata. Elenir Pereira de Paiva: Rio de Janeiro: UFRJ/EEAN, 2008. xv, 100f.: il.: 30cm. Orientador: Drª Maria Catarina Salvador da Motta Tese (Doutorado)- UFRJ/EEAN/Programa de Pós-graduação em Enfermagem, 2008. Referências bibliográficas: f. 89-98. 1. Neoplasias da Próstata. 2. Saúde do Homem. 3. Enfermagem em saúde Pública, Conhecimentos, Atitudes e Prática em saúde. I. Motta, Maria Catarina Salvador da. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós-graduação em Enfermagem. III. Título. CDD 610.73 v RESUMO CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTRICAS ACERCA DA DETECÇÀO DO CÂNCER DE PRÓSTATA ELENIR PEREIRA DE PAIVA Orientadora: Drª. Maria Catarina Salvador da Motta Co-Orientadora: Drª. Rosane Harter Griep Resumo da Tese de Doutorado apresentada à Banca Examinadora da Escola de Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos - UFRJ, necessários à obtenção do grau de Doutor em Enfermagem. Esta tese analisou a relação entre conhecimentos, atitudes e práticas acerca da detecção do câncer de próstata. Trata-se de inquérito domiciliar que abrangeu homens com idade entre 50 anos e 80 anos, residentes em uma área adscrita do Programa de Saúde da Família do Município de Juiz de Fora – MG. Os dados foram coletados entre os meses de abril e junho de 2007 através de formulário multidimensional com variáveis sóciodemográficas, ocupacionais, hábitos de vida, realização de exames para detecção precoce, acesso e utilização dos serviços de saúde, história familiar e pessoal para o câncer de próstata, além de perguntas acerca de conhecimentos, atitudes e práticas relacionadas à detecção do câncer de próstata. Associações estatísticas entre conhecimentos, atitudes e práticas e as variáveis para detecção precoce do câncer de próstata foram avaliadas através do teste qui-quadrado com níveis de significância de 5%. Foram entrevistados 160 homens cuja média de idade foi de 61,5 anos (DP= 8,0). A descrição sócio-demográfica mostrou que 69,4% eram casados e 88,8% tinham filhos, a renda familiar média foi de R$308,00 (DP=276,4), sendo que 86,3% informaram utilizar o Programa de Saúde da Família. Em relação às crenças avaliadas, observou-se que 95% dos homens acreditam que o câncer pode ser curado se detectado precocemente. De acordo com as definições prévias de conhecimento, atitude e prática adequadas, 63,8% dos homens apresentaram conhecimento adequado, 40,6% atitudes e 28,1% práticas adequadas. Encontrou-se associações significativas entre conhecimentos, vi atitudes e práticas dos entrevistados em relação ao rastreamento do câncer de próstata. Os homens com conhecimento adequado tiveram prevalência 7,6 vezes (IC95%=2,423,6) mais elevado de referirem práticas adequadas. Aqueles com atitudes adequadas tiveram prevalência quase duas vezes mais elevada (RP=1,8; IC=1,1-3,0) de referirem práticas adequadas.. Sugere-se medidas voltadas à redução das barreiras encontradas e oportunizar este grupo com práticas educativas. As contribuições deste estudo vão além da produção do conhecimento, na medida em que pretende servir de subsídios para orientar ou definir ações no âmbito dos serviços de saúde, visando aumentar a adesão aos exames de detecção precoce para o câncer de próstata, assim contribuir significativamente para a redução da proporção de diagnósticos em estágios mais avançados desta doença. Esta tese corrobora a prevenção e a detecção precoce, estratégias básicas para o controle do câncer de próstata, têm como requisito essencial um conjunto de atividades educativas constantes, persistentes e dinâmicas para os homens, segundo seu padrão de valores, escolaridade, entre outras variáveis. Palavras chave: Neoplasias da próstata, saúde do homem, enfermagem em saúde pública, Conhecimentos, Atitudes e Prática em Saúde. RIO DE JANEIRO JULHO/2008 vii ABSTRACT PAIVA, EP. KNOWLEDGE, ATTITUDES AND PRACTICES ABOUT DETECTION OF PROSTATE CANCER (Tese de Doutorado – Escola de Enfermagem Anna Nery/Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008) This Thesis analyses the relation between knowledge, attitudes and practices about detection of prostate cancer. We use questionnaire which were applied at home. We approached men from 50 to 80 years old who lived in Juiz de Fora, Minas Gerais, Brazil. The data were collected from April to June in 2007. The questions were about social-demographic and occupational aspects, life habits, habits of medical exam realization to detect prostate cancer precociously, access and utilization of health services, personal and family history, besides questions on attitudes and practices related to prostate cancer detection. Statistics associations between knowledge, attitudes and practices, and other variable aspects to precocious detection of prostate cancer were evaluated through a specific type of test which presented 5% of significant level subjectes were 160 men interviewed. They are 61.5 years old in average (DP = 8.0). The social-demographic description showed that 69.4% were married and 88.8% had children. The average of family income was R$308,00 (DP = 276.4), 86.3% use family health program, 95% of men believed that prostate cancer can be cured if detected precociously. According to prior knowledge, attitudes and practice definitions, 63% of men presented adequate knowledge, 40.6% attitudes and 28.1% proper practices. We found significant associations between knowledge, attitudes and practices from subjectes and prostate cancer occurrence. Men who presented more knowledge about the disease were able to talk about practices more precisely (7.6 times) than others (CI 95% = 2.4 – 23.6). The ones who presented suitable attitudes had more capacity to talk about practices, as well (RP = 1.8; CI = 1.1 – 3.0). Our suggestions are to creat opportunities of health educative practices and to try to reduce barriers identified. This study’s contribution goes on besides the production of knowledge, because it intends to serve as orientation as well as definer of actions into health services. It can help to avoid the number of prostate cancer’s diagnosis in advanced stage, stimulating the habits of making medical exams in order to detect precociously this disease. Based on the analyzed experience, it is possible to reinforce our thesis: prevention, precocious viii detection and prostate cancer control’s basic strategies have as essential factor persistent, dynamic and educative activities to men according to their standard of values, including education degree among others. KEY-WORDS: Prostatic Neoplasms, Men’s Health, Public Health Nursing, Knowlwdge, Attitudes and Practices. RIO DE JANEIRO 2008 ix RESUMEM PAIVA, EP.CONOCIMIENTOS, ATITUDES Y PRÁCTICAS RESPECTO A DETECCIÓN DEL CÁNCER DE PRÓSTATA. (Tese de doutorado – Escola de Enfermagem Anna Nery/Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008) Esta tesis analizó la relación entre conocimientos, atitudes y prácticas respecto a la detección del cáncer de próstata. Hicimos encuestas en los hogares de hombres con edad entre 50 y 80 años, que viven en Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Los datos fueron recogidos entre los meses de abril y junio de 2007 a través de un cuestionario específico con variables socio-demográficas, ocupacionales, hábitos de vida, la costumbre de hacer o no exámenes para detectar precozmente la enfermedad, acceso y utilización de los servicios de salud, historia familiar y personal para el cancer de próstata, además de preguntas respecto a conocimientos , atitudes y prácticas relacionadas a la detección de este tipo específico de cáncer. Asociasiones estadísticas entre conocimiento, actitud y práctica y las variables para la detección precoz del cáncer de próstata fueron evaluadas a través de un teste específico con niveles de significación de 5%. Fueron encuestados 160 hombres cuya media de edad fue de 61,5 años (DP = 8,0). La descripción sociodemográfica enseñó que 69,4% eran casados y 88% tenían hijos, la renta familiar media fue de 308,00 (DP = 276,4). De ellos, 86,3% participaban del programa de salud de la familia. Respecto a las creencias evaluadas, observamos que 95% de los hombres creen que el cáncer puede ser curado si es detectado precozmente. De acuerdo con las definiciones previas de conocimientos, actitudes y prácticas adecuadas, 63,8% de los hombres presentan conocimiento adecuado, 40,6% actitudes y 28,1% prácticas también adecuadas. Encontramos asociaciones significativas entre conocimientos, actitudes y prácticas de los encuestados respecto al rastreo del cáncer de próstata. Los hombres con conocimientos adecuados hablaron con más propiedad (7,6% - IC 95% = 2,4 – 23,6) de las prácticas adecuadas. Aquellos con actitudes adecuadas enseñaron mejor dominio de prácticas adecuadas (RP = 1,8; IC = 1,1 – 3,0). Nuestra sugerencia consiste en medidas educativas respecto a las prácticas y la reducción de barreras encontradas. Las contribuciones de este estudio van más allá de la producción de conocimiento, ya que su contenido sirve de orientación y definición de acciones en el ámbito de los srvicios x de salud, buscando aumentar la prácitca de exámenes de detección precoz para el cáncer de próstata, y de este modo, contribuir significativamente para la reducción de la proporción de diagnóstico en el período más avanzado de esta enfermedad. La experiencia analizada sirve para reforzar la tesis de que la prevención y detección precoz, estrategias básicas para el control del cáncer de próstata, depende de un conjunto de actividades educativas constantes, persistentes y dinámicas para los hombres, de acuerdo con sus valores, niveles de educación y otras variables. PALABRAS CLAVE: Neoplasias de la Próstata, Salud del Hombre, Enfermería en Salud Pública, Conocimientos, Actitudes y Prácticas de Salud RIO DE JANEIRO 2008 xi Índice de Tabelas Tabela 1 – Distribuição sócio-demográfica da amostra estudada ............................ 40 Tabela 2 – Hábitos relacionados à saúde entre os homens da amostra..................... 41 Tabela 3 – Descrição de variáveis relacionadas à saúde entre os homens da amostra ................................................................................................................. 42 Tabela 4 – Problemas relacionados à próstata referidos entre os homens da amostra ................................................................................................................. 43 Tabela 5 – Crenças referidas sobre os aspectos relacionados à detecção e ao tratamento do câncer de próstata entre os entrevistados ......................................... 43 Tabela 6 – Descrição dos conhecimentos acerca do câncer de próstata avaliados................................................................................................................ 44 Tabela 7 – Conhecimento sobre determinadas práticas/fatores que poderiam aumentar as chances de ter câncer de próstata na avaliação dos entrevistados......... 45 Tabela 8 – Descrição de opiniões (atitudes) em relação à detecção do câncer de próstata entre os entrevistados .......................................................................... 46 Tabela 9 – Práticas em relação aos exames de rastreamento do câncer de próstata entre os entrevistados................................................................................ 47 Tabela 10 – Barreiras (dificuldades) para avaliação do exame entre os entrevistados .......................................................................................................... 48 Tabela 11 – Associação entre conhecimentos, atitudes e a prática adequada entre os entrevistados ............................................................................................. 49 Tabela 12 – Associação entre conhecimentos e atitude adequada entre os entrevistados ......................................................................................................... 50 Tabela 13 – Associação entre variáveis sócio-demográficas e conhecimentos entre os entrevistados ............................................................................................ 51 Tabela 14 – Associação entre variáveis sócio-demográficas e atitudes entre os entrevistados...................................................................................................... 52 Tabela 15 – Associação entre variáveis sócio-demográficas e práticas entre os entrevistados...................................................................................................... 53 Tabela 16 – Associação entre freqüência com que vai ao médico e práticas entre os entrevistados ............................................................................................. 54 xii Tabela 17 – Associação entre freqüência com que vai ao médico e atitude entre os entrevistados ............................................................................................. 54 xiii SUMÁRIO CAPÍTULO I ____________________________________________________________ Introdução 1.1- Apresentação do problema do estudo......................................... 1 1.2- Aproximação ao objeto de estudo .............................................. 7 1.3- Objetivos ................................................................................... 8 1.4- Justificativa ............................................................................... 9 CAPÍTULO II ____________________________________________________________ Pressupostos Teóricos 2.1- O câncer de próstata .................................................................... 14 2.2- Detecção do câncer de próstata.................................................... 16 2.3- Tratamento e prognóstico ............................................................ 19 2.4 - A masculinidade e a prevenção do câncer de próstata................. 23 CAPÍTULO III ____________________________________________________________ Modelo Conhecimentos, Atitudes e Práticas (CAP) 3.1- Conceitos básicos....................................................................... 26 3.2- Os pressupostos do Modelo CAP ............................................... 28 3.3- O Modelo CAP e o câncer de próstata ........................................ 29 3.4-O Enfoque da Consistência Contingente e a Educação em Saúde 30 CAPÍTULO IV ____________________________________________________________ Material e Métodos 4.1- Delineamento do estudo ............................................................. 34 4.2- População do estudo................................................................... 34 4.3- Instrumentos de coleta de dados ................................................. 35 4.4- Pré-testes e estudo piloto ............................................................ 36 4.5- Seleção e treinamento dos entrevistadores .................................. 36 4.6- Elaboração do manual do entrevistador ...................................... 37 4.7- Definições das variáveis ............................................................. 37 4.7.1- Conhecimentos, atitudes e práticas ...................................... 37 4.7.2- Definições das co-variáveis ................................................. 40 4.8- Processamento dos dados ........................................................... 40 4.9- Questões éticas........................................................................... 40 4.10- O Sistema de Saúde de Juiz de Fora ......................................... 41 xiv CAPÍTULO V ____________________________________________________________ Resultados ............................................................................................... 45 CAPÍTULO VI ____________________________________________________________ 6. Discussão ............................................................................................. 62 CAPÏTULO VII ____________________________________________________________ 7. Considerações finais e recomendações..................................................71 ____________________________________________________________ REFERÊNCIAS ____________________________________________ 76 ANEXOS __________________________________________________ 94 xv LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS CA – Câncer CAP - Conhecimentos, atitudes e práticas. CACON- Centros de Alta Complexidade em Oncologia CMC: Central de Marcação de Consultas DUEN- Departamento de Urgência e Emergência Norte ESF: Estratégia de Saúde da Família ETR: Exame de Toque Retal HBP: Hiperplasia Benigna de Próstata INCA-Instituto Nacional de Câncer IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MS-Ministério da Saúde OMS- Organização Mundial de Saúde PSF: Programa de Saúde da Família PSA: Antígeno Prostático Específico SMSJF: Secretaria Municipal de Saúde de Juiz de Fora SBU- Sociedade Brasileira de Urologia RIO DE JANEIRO Julho/2008 xvi DEDICATÓRIA Ao Fabiano, Gabriela e Manuela, Manuela, pelo amor, apoio, dedicação e presença constantes. Aos meus pais, pelo amor e dedicação. Aos meus irmãos e suas famílias como mais um estímulo, com muito amor. A DEUS por este crescimento. xvii AGRADECIMENTOS À Drª. Maria Catarina Salvador da Motta, pela orientação e oportunidade de crescimento profissional, e sobretudo pela amizade, carinho e estímulos constantes. À Drª.Rosane Harter Griep, pela amizade e pela sua valiosa contribuição e colaboração em todos os momentos desta tese. À Escola de Enfermagem Anna Nery- Universidade Federal do Rio de Janeiro, por esta oportunidade inestimável de enriquecimento profissional. Aos funcionários da secretaria acadêmica, em especial a Sônia Xavier e Jorge pela atenção, carinho e disponibilidade. Aos funcionários da Biblioteca da Pós-graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery, em especial, á Lúcia, pela colaboração e disponibilidade. Às minhas colegas de curso em especial a Mariângela pela atenção e carinho em todos os momentos. Aos amigos do DUEN como estímulo e carinho. CAPÍTULO I INTRODUÇÃO 2 2 1. INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação do problema de estudo Este estudo investigou conhecimentos e atitudes acerca do câncer de próstata e sua relação com a prática de detecção precoce em homens residentes de uma área adscrita ao Programa de Saúde da Família no Município de Juiz de Fora – MG. A magnitude do câncer de próstata é refletida pelas estatísticas publicadas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2005a e 2005b). O número de casos novos estimados para o Brasil em 2005 foi de 46.330, representando um risco estimado de 51 casos para 100.000 habitantes. No que se refere à mortalidade, observase que as taxas têm sido crescentes e que, ao longo dos anos, tem sido a terceira causa de óbito entre os homens, (gráfico 1). No entanto, a mortalidade é considerada relativamente baixa, o que em parte reflete o bom prognóstico da doença (INCA, 2005). Gráfico 1 Evolução temporal da mortalidade* por câncer, homens, Brasil, 1979-2002 20,0 18,0 16,0 Traquéia, Brônquio e Pulmão 14,0 12,0 10,0 Estômago 8,0 6,0 Próstata 4,0 2,0 Cólon e Reto 0,0 * Ajustada pela População Padrão Mundial, 1960. Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/Conprev/Divisão de Informação 2 3 3 Diversos fatores têm sido apontados como determinantes para o aumento das taxas de câncer de próstata, dentre eles, destacam-se: a maior expectativa de vida; e as constantes campanhas de identificação da doença, que passaram a revelar mais homens com a doença, além das influências ambientais e alimentares, tais como o alto consumo energético, ingestão de carne vermelha, gorduras e o leite (SROUGI, 2003, INCA, 2005). Embora essa doença seja passível de detecção precoce, muitas vezes deixa de ser identificada e, quando ocorre o diagnóstico, já se encontra em estágios avançados, comprometendo o seu prognóstico (SROUGI, 2003). De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU, 2002), um em cada seis homens com idade acima de 45 anos pode ter a doença sem que conheça o diagnóstico. A alta freqüência, que faz do câncer de próstata um problema de saúde pública, aliada à possibilidade de detecção, através de procedimentos relativamente simples, deveria fazer desta doença uma prioridade na atenção à saúde masculina (SBU, 2002). Neste sentido, a atenção envolveria ações preventivas de caráter primário, que englobam ações focadas nos fatores de risco ou predisponentes e secundário que abrange diagnóstico precoce e abordagem terapêutica adequada para prevenir a incapacidade e mortalidade que a doença possa ocasionar (CZERESNIA, 2003). No âmbito da prevenção primária, os fatores de risco são, na maioria, desconhecidos e inevitáveis, o que dificulta medidas preventivas mais específicas para o câncer de próstata (SROUGI, 2003). No entanto, dois marcadores de risco são reconhecidamente importantes: a idade e a história familiar. Com relação à idade, a probabilidade da ocorrência do câncer de próstata em homens com menos de 39 anos é de um em cada 10.000 homens; um em 103 homens entre os 40 e 59 anos e um em 8 homens entre os 60 e 79 anos (NETTO Jr, 1999). Assim, o aumento exponencial dos casos acima dos 50 anos faz com que o rastreamento seja indicado a partir desta idade (INCA, 2005). No que se refere à história familiar, homens que têm pai ou irmão com a doença têm risco aumentado em cerca de três a dez vezes em relação aos homens em geral (CORMIER et al, 2002; MS, 2005). É tão importante este marcador, que o risco é aumentado proporcionalmente ao número de parentes de primeiro grau acometidos: 2,2 3 4 4 vezes quando se trata de um parente; 4,9 vezes quando são dois parentes e de 10,9 vezes quando são três parentes (SROUGI, 2003). Além destes dois fatores, não podemos deixar de mencionar a importância da raça/etnia na determinação do câncer de próstata. Este câncer é 60% mais freqüente em negros, cuja chance de morrer em conseqüência dele é o dobro da observada em brancos (SROUGI, 2003). Outros fatores, tais como o consumo excessivo de álcool, tabagismo e a vasectomia já foram associados à maior incidência dessa doença. Substâncias geradas durante o preparo de alguns alimentos, como as aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, têm sido abordadas como fatores que poderiam aumentar o risco da mesma (INCA, 2002; SROUGI, 2003). Embora o câncer de próstata não tenha uma etiologia claramente elucidada, a causa mais provável parece ser a estimulação prolongada do tecido prostático pela testosterona. Além disso, a dieta rica em gordura animal, a hereditariedade, as características étnico-raciais e a influência ambiental seriam fatores adjuvantes para o surgimento da hiperplasia prostática (HENRIG & SROUGI, 1998; ROBBINS et al, 1998). Levando em conta todos estes fatores, o Ministério da Saúde elaborou a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer de Próstata (INCA, 2005), cujo principal objetivo é reduzir a incidência e a mortalidade por este câncer no Brasil. O programa propõe o desenvolvimento de ações contínuas que levem à conscientização da população quanto aos fatores de risco para câncer, que promovam a detecção precoce daqueles passíveis de rastreamento e que propiciem o acesso a um tratamento eqüitativo e de qualidade em todo o território nacional para a doença. Embora ainda permeada de polêmicas acerca das recomendações (GOMES et al, 2008), a detecção precoce do câncer de próstata é preconizada através do rastreamento de homens assintomáticos, por meio da realização do Exame de Toque Retal (ETR) e pela dosagem do antígeno prostático específico (PSA) (OLIFFE et al, 2006; INCA, 2002; BOEHM et al, 1995). Estes dois exames são considerados fundamentais no diagnóstico precoce da doença, permitindo melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes já que viabilizam tratamento menos agressivo e mutilante (BOEHM et al, 1995), além de reduzirem os custos decorrentes do mesmo (CLARO & SROUGI, 2001). O tumor é de crescimento muito lento, logo, sua identificação em fase precoce possibilita índice de cura em 75% a 87% em dez anos 4 5 5 (NETTO Jr., 1999). No entanto, ainda existem controvérsias em relação à efetividade do rastreamento para os homens em geral (SBU, 2003; OLIFFE et al, 2006), embora alguns estudos observacionais tenham mostrado seus benefícios. A Sociedade Americana do Câncer preconiza o rastreamento populacional para o câncer de próstata pelo toque retal e dosagem de PSA com periodicidade anual, em homens com idade igual ou superior a 50 anos. No caso de história familiar de presença da doença, a recomendação é a de que o exame seja feito a partir dos 45 anos (AMERICAN CANCER SOCIETY, 1999). No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (2005) recomenda que o controle do câncer de próstata seja baseado em ações educativas voltadas, em primeiro lugar, à população masculina, alertando sobre os sinais e sintomas iniciais do câncer de próstata, estimulando-os a procurar uma unidade de saúde tão logo sejam notados; mas também aos profissionais de saúde, atualizando-os sobre os sinais de alerta para suspeição do câncer de próstata e os procedimentos de encaminhamento para o diagnóstico precoce dos possíveis casos. Sabe-se, por outro lado, que o câncer de próstata sintomático, na maioria das vezes, encontra-se tardiamente diagnosticado, já que as glândulas periféricas é que são mais propensas à degeneração maligna, gerando os sintomas tardios (SROUGI, 2003). A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) promove, anualmente, campanha nacional utilizando-se dos meios de comunicação em massa, para conscientizar a população sobre a doença e as formas de sua detecção precoce, bem como implementar as ações governamentais para a garantia da acessibilidade aos medicamentos e diminuição do tempo entre diagnóstico e tratamento. No entanto, a maioria das campanhas baseia-se em propostas do princípio de transmissão de informação sobre os riscos que o câncer acarreta, a fim de introduzir na prática o exame de detecção nos serviços de forma efetiva. Embora o próprio conceito de prevenção remeta a uma ação orientada para que o sujeito não adoeça e que possa desfrutar de melhor qualidade de vida, é necessário envolvê-lo com informações relevantes para que se insira ativamente e possa incorporar hábitos preventivos (CZERESNIA, 2003). No entanto, reconhece-se que apenas a transmissão de informação tem se mostrado insuficiente para atender a estas propostas (ABREU, 2002; MARTINS, 2001). É necessário observar as ações de saúde dentro de um contexto ou modelo comportamental que identifiquem fatores que 5 6 6 predisponham e que reforcem a realização do exame. Este conhecimento poderia subsidiar de maneira mais efetiva as estratégias educativas voltadas para a população. Neste sentido, avaliar o relacionamento entre conhecimentos, atitudes e práticas (CAP) dos homens em relação ao câncer de próstata pode se constituir em uma metodologia útil para o planejamento e avaliação do alcance das práticas de educação em saúde (CANDEIAS e MARCONDES, 1979) por parte dos serviços de saúde pública. O modelo CAP parte do pressuposto de que um comportamento em saúde prende-se a um processo seqüencial: tem origem na aquisição de um conhecimento cientificamente correto, que pode explicar a formação de uma atitude favorável e a adoção de uma prática de saúde (LEON, 1996). A teoria deste modelo discute que duas grandes correntes teóricas poderiam explicar o comportamento: uma defende que as pessoas atuam pelas circunstâncias, pela situação; outra diz que as pessoas atuam por seus valores e suas crenças (GILLET, 1985). O modelo CAP, por sua vez, baseia-se na segunda teoria. No entanto, além do conhecimento, barreiras como o custo, o acesso aos serviços de saúde e até mesmo fatores culturais podem determinar práticas mais ou menos favoráveis de saúde. Além destes, diversos fatores podem ainda motivar ou favorecer a disposição para determinadas práticas em saúde. Esta motivação pode ser interna através de sintomas como a dor ou desconforto, ou mesmo externa por meio do estímulo de campanhas veiculadas através da comunicação de massa (SROUGI, 2003, MCCOY et al,1995). No caso específico do câncer de próstata, outros fatores complexos são fundamentais quando se pensa em ações de prevenção, tais como os preconceitos e medos que envolvem a realização do exame de toque retal. Além destes, é conhecido o fato de que os homens historicamente buscam menos os cuidados de saúde do que as mulheres (GOMES et al, 2008). Portanto, a adesão às praticas de rastreamento do câncer de próstata pode se constituir em um importante marcador do autocuidado masculino em saúde. 6 7 7 1.2. Aproximação ao Objeto de Estudo O câncer de próstata inquieta-me há algum tempo, particularmente desde que iniciei o trabalho como enfermeira na Secretaria Municipal de Saúde de Juiz de Fora (SMS-JF), atuando no Departamento de Urgência e Emergência Norte (DUEN), onde trabalho desde 1998. Observo que não temos programa organizado direcionado a atender a população masculina para detecção precoce do mesmo. Durante a jornada de trabalho, presto assistência aos homens que chegam ao serviço com dificuldades urinárias, onde a conduta se faz apenas através da realização do cateterismo vesical, sem maiores investigações sobre as causas destes distúrbios. Este usuário é encaminhado ao serviço especializado de Urologia após o procedimento, sem que se possa acompanhar o desfecho do caso. Neste mesmo local, trabalhei com grupos de homens em atividades deTese de doutorado – Escola de Enfermagem Anna Nery/Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008) educação em saúde na Unidade Ambulatorial, orientando aqueles que desejavam realizar cirurgia de vasectomia. Um dos temas abordados nesta atividade incluía a prevenção de câncer de próstata, em que a questão da masculinidade e o medo do toque retal sempre emergiam na fala do grupo. Percebia, então, que a prática do exame de próstata era cercada de estigma e crenças que comprometiam o rastreamento da doença. Outro aspecto da motivação deste estudo diz respeito ao fato de existirem poucos investimentos em políticas públicas destinadas à atenção da saúde do homem no contexto dos serviços do Sistema Único de Saúde. Vários estudos constatam que os homens, em geral, padecem mais de condições severas e crônicas de saúde do que as mulheres e também morrem mais pelas principais causas de morte (COURTENAY et al, 2000; LAURENTI et al, 2005; LUCK et al, 2000). 7 8 8 1.3. Objetivos do Estudo 1.3.1 Geral • Analisar conhecimentos, atitudes e práticas em relação ao câncer de próstata em homens com idade entre 50 e 80 anos, usuários de uma unidade do PSF no Município de Juiz de Fora - MG. 1.3.2. Específicos • Estimar a ocorrência de câncer de próstata como morbidade referida entre os homens do estudo; • Identificar a freqüência de realização do exame de detecção do câncer de próstata entre os homens do estudo; • Analisar barreiras associadas à realização do exame de detecção precoce. • Verificar a associação entre conhecimentos, atitudes e práticas acerca dos exames de detecção precoce do câncer de próstata. 8 9 9 1.4. Justificativa O câncer de próstata é notadamente reconhecido como um importante problema de saúde pública. Portanto, este estudo que envolve conhecimentos, atitudes e práticas poderá subsidiar o planejamento de ações de educação em saúde para a prevenção desta patologia. Entender os fatores envolvidos nos comportamentos, crenças, cultura e tabus dos usuários frente ao rastreamento proposto e preconizado (SBU, INCA) como a melhor forma de abordagem para detecção precoce pode favorecer estratégias voltadas a práticas de prevenção mais adequadas. Neste rastreamento, o exame físico feito por meio do toque retal, ainda constitui etapa indispensável ao diagnóstico precoce. Porém, devido ao caráter invasivo, do ponto de vista físico e emocional, e à disseminação do medo que envolve o exame entre os próprios homens, limita-se a adesão à sua prática. Entende-se que só será possível mudar este contexto adverso na medida em que se disseminarem conhecimentos adequados sobre o exame, buscando formação de uma atitude positiva em relação à detecção precoce. No entanto, quando se pensa nos serviços de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores desafios ainda diz respeito à desigualdade de acesso, refletido muitas vezes pela desigualdade social da população (LIMA et al, 2002; BARROS & BERTOLDI, 2002). Sabe-se que o acesso não se dá de forma homogênea nas diversas regiões do país e nem nos diversos segmentos populacionais (ARAÚJO & LEITÃO, 2005). No que diz respeito ao gênero, estudos (FIGUEIREDO, 2006) já demonstraram que as mulheres utilizam mais regularmente os serviços de saúde do que os homens. As mulheres buscam os serviços por motivos ligados aos exames de rotina e prevenção e os homens principalmente por motivo de doença (PINHEIRO et al, 2002), ou seja, as mulheres buscam os serviços para a saúde e os homens para a doença. Diversos aspectos têm sido apontados como justificativa para estas diferenças entre os gêneros. Entre eles, destaca-se o fato de que, culturalmente, a identidade masculina está relacionada à desvalorização do autocuidado e a pouca preocupação com a saúde (GOMES et al, 2007). Além disso, os homens preferem serviços de saúde que atendam mais objetivamente às suas demandas, tais como farmácias e prontos-socorros que garantiriam atendimento mais rápido e propiciariam que os mesmos expusessem suas necessidades com maior facilidade (FIGUEIREDO, 2006). A falta de vínculo e acolhimento por parte das unidades de saúde pode levar ao 9 10 10 afastamento dos homens para o cuidado com a saúde (SCHIMITH & LIMA, 2004), além de fatores como a inadequação de horários de atendimentos que não se pautam no contexto do trabalhador (FIGUEIREDO, 2006). Assim, entende-se que este estudo pode contribuir com o debate de propostas e ações de saúde voltadas para a saúde masculina, uma vez que busca entender comportamentos em saúde fora do âmbito das Unidades Básicas de Saúde, ou seja, no próprio domicílio dos usuários. Os resultados do estudo poderão subsidiar reflexões acerca da necessidade dos profissionais de saúde que atuam na atenção básica, no repensar de sua prática no sentido de valorizar os sentimentos da clientela sobre as questões de saúde ao promover ações não só de recuperação da saúde como também de prevenção e controle. Neste sentido, acredita-se que será possível prestar assistência à saúde do homem, considerando todas as dimensões do ser humano não só os aspectos físicos, mas também o afetivo e o sexual. Nos últimos anos, a tecnologia revolucionou o conhecimento sobre o diagnóstico precoce, o tratamento e a assistência ao câncer de próstata. No entanto, as taxas de mortalidade pela doença no Brasil ainda são crescentes (SROUGI, 2003). Embora haja ações de estímulo à adesão ao rastreamento promovido anualmente em algumas unidades de saúde do município de Juiz de Fora, não se encontrou estudos que avaliem a abrangência, a efetividade e a assimilação dos conhecimentos difundidos. Portanto, esta investigação pode ser útil nesta avaliação e poderão subsidiar abordagens mais assertivas no planejamento das próximas ações ou no desenvolvimento de campanhas. Ainda não se têm respostas definitivas para o câncer de próstata, até mesmo por que dúvidas ainda persistem a respeito das suas causas e acerca da melhor abordagem para a sua detecção precoce e para o seu tratamento. Estas e outras questões serão respondidas na medida em que pesquisas nesta área sejam desenvolvidas e que biomarcadores mais específicos sejam identificados para subsidiar protocolos de assistência mais adequados para esta patologia (SROUGI, 2003). Enquanto isso, as medidas de rastreamento hoje indicadas devem ser estimuladas. Portanto, intervenções em nível de saúde pública são necessárias. Estas devem ser capazes de atingir e sensibilizar os homens em relação ao câncer de próstata, permitindo 10 conhecimentos necessários que estimulem práticas positivas de 11 11 rastreamento, principalmente entre aqueles grupos de maior risco. Neste sentido, as ações de saúde, bem como a avaliação da efetividade se fazem necessárias. Destacamos a escassez na produção científica da Enfermagem on-line acerca do câncer de próstata. Embora tenhamos identificado 241 trabalhos na base MEDLINE, na base de dados LILACS, que abrange a produção da Enfermagem na América Latina, identificaram-se apenas oito trabalhos, sendo que três deles são dissertações de mestrado defendidas no Brasil e uma monografia de pós-graduação. A primeira dissertação teve como objetivo avaliar o paciente operado de próstata por hiperplasia benigna, com o propósito de estabelecer um perfil diagnóstico de enfermagem para esta clientela, utilizando a taxonomia II da NANDA internacional (SANTANA, 2004). Na segunda, o objetivo foi levantar o número de clientes acometidos por afecções prostáticas atendidos em um hospital geral, e averiguar o conhecimento dos clientes a respeito da doença e, com isso, verificar as necessidades expressadas por essa população (BOERY, 1997). Já a terceira dissertação tratou da intervenção do enfermeiro no que tange ao autocuidado voltado ao idoso submetido à prostatectomia (SILVA, 2000). Na base da BENF, encontrou-se uma monografia de pós-graduação da cidade de Juiz de Fora (MG). A autora pesquisou sobre os tipos de câncer que são responsáveis, com maior freqüência, pela morte na população em todas as faixas etárias e em ambos os sexos naquela cidade, procedendo a uma comparação com dados de outras cidades da Região Sudeste (GOMES, 1996). Estes resultados ilustram a carência de estudos sobre a temática e a ausência de investigações acerca do CAP e o câncer de próstata na Enfermagem Nacional, o que aponta para o ineditismo deste trabalho. A maioria dos estudos encontrados versa sobre a atuação especializada de médicos urologistas e/ou proctologistas. A revisão da literatura permitiu identificar que há um número reduzido de trabalhos científicos destinados à saúde do homem. Consideramos assim o presente estudo de extrema relevância para a prevenção do câncer de próstata, bem como para a área da saúde pública e da enfermagem. Esta tese parte do pressuposto de que a detecção precoce do câncer de próstata é um desafio complexo e ainda insuficientemente explorado no âmbito das pesquisas da Enfermagem. O estudo do relacionamento entre conhecimentos, atitudes e as práticas pode ser uma estratégia útil no entendimento de fatores envolvidos no autocuidado masculino. 11 12 12 Em se tratando de ensino, formação e atualização profissional, tem-se a expectativa de que as conclusões deste estudo auxiliem na formulação da prosposta de educação em saúde, neste particular, a ênfase recai no cuidado com a saúde dos homens com enfoque na detecção precoce para o câncer de próstata, no intuito de que se atenda realmente aos propósitos de difundir a assistência aos demais setores do SUS de Juiz de Fora. No campo da pesquisa, tem-se o intento de contribuir para ampliar conhecimentos de novos estudos sobre o tema. Espera-se, contribuir para o estímulo à pesquisa de enfermeiros, compreendendo a prática assistencial como fonte inesgotável para novas investigações, pois é dela que surgem as inquietações que perpassam o cuidar, “objeto” de nossa profissão. Entende-se que é com a produção de novos conhecimentos que se tem a possibilidade de vislumbrar novos caminhos e, até mesmo, respostas para as inquietações surgidas na prática de assistir o outro. 12 13 13 CAPÍTULOII PRESSUPOSTOS TEÓRICOS 13 14 14 2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS 2.1. O Câncer de Próstata Inicialmente, o câncer de próstata não apresenta sintomas, sendo que um único sinal clínico da doença pode ser a presença de nódulo ou endurecimento da glândula percebido ao exame de toque retal. Alguns pacientes apresentam sintomas obstrutivos e cerca de 25% daqueles com retenção urinária podem ter câncer de próstata (SROUGI, 2003). Apesar dos esforços do INCA para estimar a incidência do câncer de próstata no Brasil, os indicadores produzidos provavelmente situam-se abaixo da realidade. Isso devido à precariedade do sistema de registro e notificação no nosso país, bem como a falta de rastreamento/diagnóstico da doença que envolve grande número de brasileiros que não possuem nenhum acesso aos serviços de saúde (SROUGI, 2003). Um dos fatores reconhecidamente mais associados ao aumento do câncer de próstata é a idade. Este tumor é raro antes dos 50 anos, com sua incidência duplicando a cada década de vida. O diagnóstico de certeza é realizado através do estudo histopatológico do tecido obtido pela biópsia da próstata, que deve ser considerado sempre que houver anormalidades no toque retal e/ou na dosagem do PSA (Antígeno Prostático Específico). O aumento da expectativa de vida e o emprego de um marcador tumoral, o PSA, permitiram que aumentasse o número de casos diagnosticados a partir de 1990 (CLARO & SROUGI, 2001). Os maiores riscos do câncer de próstata residem no fato de a doença não apresentar sintomas em sua fase inicial, justamente quando as chances de cura são maiores. Para Hering e Srougi (1998), a etiologia da doença é ainda desconhecida, sabendo-se que o progredir da idade e a presença de testosterona no sangue representam os fatores de risco mais importantes para seu desenvolvimento. Além disso, dieta rica em gordura animal e a hereditariedade são mencionadas como fatores adjuvantes para o surgimento da hiperplasia prostática. Outros fatores importantes são raciais, com influência tanto em sua freqüência quanto em sua agressividade. Hering e Srougi (1998) em seus estudos afirmam que a doença nos negros é mais freqüente e agressiva. A partir dos 40 anos, 80% a 90% dos homens apresentam um crescimento benigno progressivo da próstata, que estrangula o canal uretral e cria graus 14 15 15 variados de dificuldades para expelir a urina. Segundo Hering e Srougi (1998), a Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) é o crescimento da glândula ao redor da uretra, dentro das zonas transicional e central. Em geral o aumento glandular envolve uma área concêntrica ao redor da região central, porém, muitas vezes, o crescimento é assimétrico, ocorrendo em formato de lobos, lateral ou posteriormente ou ainda comprometendo a base vesical - lobo mediano. Robbins et al (1998), constataram que a HBP ocorre em cerca de 20% dos homens a partir dos 40 anos de idade, com aumento para 70% entre homens com 60 anos ou mais e atingem 90% naqueles acima de 70 anos. Outro ponto importante acerca do câncer de próstata é seu caráter indolente. O risco de um homem, durante toda a vida, desenvolver neoplasia maligna da próstata é de aproximadamente 30%; o risco de que o tumor se torne clínico é de 10%; e a possibilidade de óbito é de 3%. Este fato comprova a existência de uma quantidade considerável de tumores clinicamente desprezíveis (em torno de 90%), com os quais, e não pelos quais os pacientes morrerão (FERREIRA & NARDI, 1999). Bennet et al (1998) destacam que o câncer prostático incipiente é assintomático, sendo que a doença invasiva localmente pode causar obstrução urinária, produzindo sintomas semelhantes aos da Hiperplasia Benigna da Próstata ou obstruir os ureteres, podendo levar à hidronefrose. Muitos pacientes apresentam como sintomas metastáticos a dor óssea ou as fraturas patológicas. As neoplasias da próstata são representadas em 95% pelos adenocarcinomas e o restante inclui sarcomas, carcinoma epidermóide e carcinoma de células transicionais, sendo que se disseminam por contigüidade e por via hematogênica (FERREIRA & NARDI, 1999). Os antecedentes familiares têm particular importância para o câncer de próstata, pois elevam o risco em três vezes ou mais para os descendentes. O risco de um homem com história familiar desenvolver câncer de próstata é duas vezes maior naqueles que têm pelo menos um familiar direto, pai ou irmão, acometido pela neoplasia. Quando houver dois ou três parentes de primeiro grau portadores do câncer, a possibilidade aumenta para cinco vezes, respectivamente (CORMIER et al, 2002; FERREIRA & NARDI, 1999; INCA, 2002). A influência que a dieta pode exercer sobre a gênese desta patologia ainda é incerta, porém as evidências são convincentes de que uma dieta rica em frutas, 15 16 16 verduras, legumes, grãos e cereais integrais podem evitar o câncer. Dietas ricas em fibras, selênio, vitamina A, D, C e E, derivados da soja, licopeno podem diminuir o risco de aparecimento dessa doença (INCA, 2002; FERREIRA & NARDI, 1999; SROUGI, 2003). No entanto dietas ricas em gordura animal podem aumentar as taxas de androgênios e estrogênios e relacionar-se com o aumento dos tumores de próstata, ao contrário da gordura vegetal e dos frutos do mar. Calcula-se que cerca de 75% a 80% dos tumores não se expressam clinicamente, e apenas 20% a 25% manifestarão sintomas, sendo que, destes, 10% são focais, 40% são iniciais e talvez curáveis e 50% são avançados (FERREIRA & NARDI, 1999). Alguns fatores podem estar associados ao câncer de próstata como o consumo excessivo de álcool, tabagismo e a vasectomia (SROUGI, 2003). Alertam (Robbins et al 1998; INCA, 2002), embasados em levantamentos clínicos e epidemiológicos, que a idade avançada, a raça, os fatores hormonais, genéticos e ambientais desempenham um papel relevante no desenvolvimento/progressão desses tumores de próstata. Com base nas literaturas citadas, observar-se que, em relação ao câncer de próstata, ainda não se tem um conhecimento sólido sobre sua prevenção; acredita-se que para que isto aconteça, novos estudos ainda devam ser desenvolvidos. 2.2. Detecção do câncer de próstata Entende-se por detecção precoce no caso do câncer da próstata o rastreamento de homens assintomáticos por meio da realização do exame de toque retal (ETR) e pela dosagem do antígeno prostático específico (PSA). Embora esses exames possam detectar o câncer da próstata em seus estágios iniciais, as evidências científicas não permitem concluir se tal detecção reduz a mortalidade por esse câncer ou melhora a qualidade de vida dos pacientes. Além de a detecção e o tratamento precoce prevenirem a progressão do câncer e o aparecimento de metástases, também é provável que sejam detectados tumores que teriam um crescimento muito lento e que não causariam problemas à saúde do homem (INCA, 2006). A morbidade que se segue ao diagnóstico do câncer de próstata deve ser avaliada, tendo em vista a freqüente ocorrência de complicações irreversíveis, que afetam a qualidade de vida do homem após o tratamento específico. A fração prostática da fosfatase ácida (FAP) e o antígeno prostático específico (PSA), podem sugerir a existência da doença e indicar a realização de ultra16 17 17 sonografia pélvica (ou prostática transretal se disponível). Esta ultra-sonografia, por sua vez, poderá mostrar a necessidade de se realizar a biópsia prostática transretal. A presença de alterações no Exame de Toque Retal (ETR) é uma indicação para a biópsia, independente dos níveis séricos de PSA do paciente. As alterações incluem nódulos, enduração focal, um endurecimento difuso e, em alguns casos, a assimetria da glândula (FERREIRA & NARDI, 1999). De acordo com Dangelo (1998), em virtude de estar situada anteriormente ao reto, a próstata pode ser palpada pelo exame de toque retal. É o exame mais utilizado, apesar de suas limitações, uma vez que somente as porções posterior e lateral da próstata podem ser palpadas, deixando 40% a 50% dos tumores fora de seu alcance. Vale lembrar que nem todo nódulo endurecido na próstata é câncer, por outro lado, não se deve esquecer que o toque normal não exclui a presença de câncer, lembrando que aproximadamente 20% dos cânceres se originam de porções mais centrais insensíveis ao toque. O PSA teve seu uso clínico introduzido em 1989 e provocou grande alteração no diagnóstico precoce da doença (SBU, 2002). A dosagem do PSA surgiu como teste promissor na detecção precoce do câncer de próstata, porém a relação custobenefício deve ser cuidadosamente avaliada. A primeira dificuldade na avaliação da sensibilidade e especificidade do teste é a falta de consenso sobre o ponto de corte ideal e clinicamente significativo, com autores propondo valores que vão de 2,5ng/ml a 10ng/ml. Considerando um ponto de corte em 4,0ng/ml, a sensibilidade estimada varia de 35% a 71% e a especificidade, de 63% a 91% (INCA, 2002). Os especialistas afirmam que indivíduos com taxas de PSA entre 2,5 e 4,0ng/ml devem ser vistos com certo cuidado, pois pesquisas recentes mostraram que alguns deles já apresentam câncer de próstata (SROUGI, 2003). Estudos que estimaram seu valor preditivo positivo apontam para valores em torno de 28%, o que significa que cerca de 72% dos pacientes com dosagem do PSA alterada são submetidos à biópsia desnecessária (INCA, 2002). Como o antígeno dosado é produzido pelas células epiteliais da próstata e não especificamente pela célula cancerosa, a dosagem do PSA pode estar alterada em outras patologias que não o câncer de próstata, como na hiperplasia benigna, assim como após a ejaculação e a realização de cistoscopia (INCA, 2002). A melhor forma de diagnosticar o câncer de próstata é a combinação entre exame de toque retal e dosagem de PSA, já que o primeiro exclusivamente falha 17 18 18 em 30% a 40% dos diagnósticos, o segundo, exclusivamente, falha em 20% e a associação perde apenas 5% dos casos (SROUGI, 1997). A prevenção é a melhor alternativa no combate ao câncer de próstata que temos até o momento, embora pareça que sejamos ainda incapazes de fazer algo que mude a predisposição genética dos homens. KOWASKI (1997) define prevenção como: “A agregação de todas as atividades designadas para melhorar a saúde pessoal e pública por meio de estratégias, incluindo a implementação de modificações comportamentais, educação em saúde, medidas de proteção da saúde”. Portanto a prevenção da saúde visa melhorar as condições de saúde do indivíduo e evitar o aparecimento de doenças. A prevenção específica tem como finalidade a proteção do indivíduo contra determinados agravos à saúde. LEAVEL & CLARK (1976) definem que o papel do indivíduo no controle do câncer é conhecer os sintomas iniciais; ao profissional da área de saúde, treinado e capacitado, compete a responsabilidade pela prevenção e detecção inicial; já a comunidade tem a responsabilidade, por meio de órgãos de saúde voluntários e oficiais, intensificar a educação do leigo em relação ao câncer, fornecendo informação e materiais educativos e providenciando o registro de todos os casos. Para atendermos aos princípios que regem o Sistema Único de Saúde vigente em nosso país, precisamos rever a prática acerca da assistência à saúde dos homens e pensar na necessidade de realizar uma intervenção de saúde com esta população específica, a fim de detectar precocemente o câncer e, com isso, melhorar a qualidade de vida de muitos homens. Sabidamente o rastreamento na população geral de doenças de baixa prevalência resulta em grande número de falsos positivos e, no caso do câncer de próstata, o verdadeiro diagnóstico será conseguido por técnicas invasivas (ARROLL, PANDIT & BUETOW, 2003). A este respeito, o INCA (2002) divulgou que, com exceção de dois ensaios clínicos em andamento atualmente na Europa (European Randomized Screening for Prostate Câncer Trial – ERSPC) e nos Estados Unidos (Prostate, Lung, Colorrectal and Ovarian Câncer Screening Trial – PCLO), os estudos disponíveis na literatura para avaliação da efetividade do rastreamento do câncer de próstata apresentam problemas metodológicos em seu desenho. O baixo valor preditivo 18 19 19 positivo dos testes de rastreamento indica uma elevada proporção de resultados falsopositivos, e, conseqüentemente, um alto índice de realização de biópsias desnecessária. Sendo assim, o rastreamento de homens assintomáticos para o câncer de próstata está associado a danos importantes, aqui incluídos os freqüentes resultados falso-positivos dos testes disponíveis, a ansiedade gerada por esses resultados, o número de biópsia desnecessária e as complicações potenciais do tratamento de tumores que não iriam afetar a saúde do indivíduo. A relação entre os benefícios (redução da morbidade e mortalidade) e os danos anteriormente citados ainda é desconhecida (INCA, 2006). Levando-se em consideração as controvérsias sobre a detecção precoce, bem como o fato de que estas estratégias de detecção devem resultar mais em benefício do que em dano, o que se recomenda acerca desta doença é o Rastreamento Oportunístico, que consiste na sensibilização dos homens assintomáticos com idade entre 50 e 70 anos que procuram os serviços de saúde por motivos outros que não o câncer de próstata quanto aos benefícios da detecção precoce, colocando o Sistema de Saúde à disposição desses indivíduos para a realização dos procedimentos necessários ao diagnóstico da doença, a saber, ETR e dosagem de PSA (INCA, 2002). 2.3. Tratamento e prognóstico O tratamento proposto para o câncer de próstata dependerá do estágio da doença (extensão) e do grau histológico (Gleason), principalmente. Se o câncer for localizado, pode-se optar pela prostatectomia radical, em que a sobrevida em dez anos pode atingir 90%, sendo equivalente à da população normal. O índice de recorrência local após cinco anos é de 10% contra 40% quando se se associa a radioterapia. Esta quando utilizada no câncer de próstata localizado ou localmente avançado (fora da próstata, mas sem metástases) apresenta biópsias positivas de 6% a 30% dos casos quando realizadas seis meses e dois anos respectivamente após o tratamento. Nos casos metastáticos, o tratamento é paliativo e o prognóstico bem mais reservado. A hormonioterapia e a radioterapia reduzem o câncer, mas ele geralmente recidiva em alguns anos, verificando-se também o risco de impotência com estes tratamentos (INCA, 2003). Robbins et al 1998, constatam que, assim como o prognóstico, o tratamento é influenciado pelo estágio da doença. A patologia localizada é tratada primariamente com cirurgia, radioterapia ou combinação de ambas, com taxa de sobrevida de 15 anos em 90% dos casos. O tratamento hormonal inclui primariamente 19 20 20 orquiectomia ou administração de estrogênios ou análogos sintéticos do hormônio de liberação do hormônio luteinizante nos casos de doença disseminada. Portanto há de se considerar a individualidade de cada paciente para se escolher um método de tratamento levando-se em conta a idade dos mesmos, o estadiamento do tumor, o grau histopatológico, o tamanho da próstata, as comorbidades, a expectativa de vida, os seus anseios e os recursos técnicos disponíveis. Sob o ponto de vista histológico, as neoplasias da próstata costumam ser classificadas em função do grau de anaplasia celular e de distorção glandular. O sistema de Gleason é o mais utilizado e é realizado somando-se os escores histológicos de duas análises, primária e secundária, que variam de 1 a 5, sendo 1 o caráter mais diferenciado e 5 mais indiferenciado. Logo, seus valores variam de 2 a 10, criando três classes de tumor. Se os valores forem de 2 a 4, o tumor é dito diferenciado; 5 a 6, moderadamente diferenciados e, após 7, indiferenciados. Outro parâmetro de prognóstico é representado pelo volume da lesão primária. Quando ela tem menos que 3 a 4cc, a incidência de metástases é nula em pacientes com lesões de mais de 12cc quase sempre possuem metástases. Nos Estados Unidos, estudos realizados por urologistas mostraram que o tratamento desta doença pode ser realizado pela prostatectomia radical ou radioterapia. Em outro estudo, 72% dos oncologistas consideram a cirurgia radical e a radioterapia como tratamentos equivalentes (ARROLL, PANDIT & BUETOW, 2003). O enfoque da discussão nos estudos são as conseqüências dos tratamentos, sendo que a cirurgia pode levar à impotência sexual, às vezes, incontinência urinária que ocorre em 3% a 35% dos pacientes operados. Finalmente, a radioterapia pode produzir queimaduras no intestino grosso, no ânus e na bexiga, ocasionando grande desconforto aos pacientes (SROUGI, 2003). Portanto, parece claro que, ao se falar em câncer de próstata, logo se pensa em impotência, o estigma parece estar no imaginário dos homens, sendo acometidos ou não pela doença. O tratamento quimioterápico para o câncer de próstata foi avaliado pela primeira vez em 1976, quando se comprovaram 7% de respostas objetivas. Ao longo dos anos, várias estratégias de quimioterapia isoladas ou em combinação foram experimentadas, no entanto os resultados, seja com medicação única ou combinada, foram desapontadores (NETTO Jr, 1999). Contudo o tratamento quimioterápico geralmente não é utilizado rotineiramente, pois o adenocarcinoma da próstata é pouco sensível aos antineoplásicos 20 21 21 disponíveis. O principal problema nesta fase da doença é a dor óssea, secundária a metástases, para a qual as várias abordagens propostas são de natureza paliativa. Os principais tipos de tratamento, a sobrevida relacionada e os principais efeitos adversos estão resumidos no Quadro 1. Quadro 1 – Tipos de tratamento para o câncer de próstata, sobrevida relacionada e efeitos adversos: Tratamento Índices de sobrevida Efeitos adversos Conduta A mortalidade por câncer de próstata em 20 anos Ansiedade, Expectante é de 25% para neoplasias menos agressivas; incidência 35%-71% para neoplasias mais agressivas sintomas maior de urinários obstrutivos Remoção 10% a 20% das neoplasias malignas detectadas Impotência, cirúrgica por PSA apresentam sinais de recorrência em incontinência da glândula dez anos; menos de 5% morrem desse câncer. Radioterapia Dentro de cinco anos após o tratamento, 10% a Impotência, Externa 20% das neoplasias detectadas por PSA incontinência, apresentam sinais de recorrência; menos de 10% micção dolorosa ou morrem desse câncer freqüente, disfunção intestinal Braquiterapia Poucas informações de longo prazo Impotência, incontinência, micção dolorosa ou freqüente, disfunção intestinal. Fonte: (DUDLEY,T & NAGLE, J, 2005) Ao planejar o tratamento para o câncer de próstata, geralmente os especialistas escolhem o método levando em conta o estágio da doença e a perspectiva de vida do homem. Nos estágios T1, geralmente os tumores não são pressentidos no toque retal; no T2, são pressentidos no toque retal, mas ainda estão circunscritos à próstata. O tratamento dos tumores compreendidos nos estágios T1 e T2 se faz por meio de cirurgia, radioterapia e observação. Os estágios T3 e T4 englobam tumores que ultrapassam o envoltório da cápsula e geralmente já têm um prognóstico sombrio, e a conduta geralmente se faz por radioterapia externa. Os tumores classificados como N+ 21 22 22 M+ são tumores metastáticos, em que a estratégia é o tratamento endócrino com hormônios que anulam a testosterona (SROUGI, 2003). Os procedimentos para a classificação TNM são os seguintes: • Categorias T: Exame físico, diagnóstico por imagem, endoscopia, biópsia e exames bioquímicos. • Categorias N: Exame físico e diagnóstico por imagem • Categorias M: Exame físico, diagnóstico por imagem, investigação do esqueleto e exames bioquímicos. Classificação TNM para o Câncer de próstata(adenocarcinomas) Próstata T1 Não paupável ou visível T1a < 5% T1b > 5% T1c Biópsia por agulha T2 Tumor confinado a próstata T2a < metade de um lobo T2b > metade de um lobo T2c Ambos os lobos T3 Através da cápsula prostática T3a Extracapsular T3b Vesícula(s) seminal(s) T4 Fixo ou invade estruturas adjacentes: Colo vesical, esfíncter externo, reto, músculos elevadores do ânus, parede pélvica N1 Linfonodo(s) regional(ais) M1a Linfonodo(s) não regional(ais) M1b Osso M1c Outra(s) localização(ões) Fonte:Inca, 2004 22 23 23 2.4. A masculinidade e a prevenção do câncer de próstata Em geral, os estudos relativos à prevenção do câncer de próstata focam aspectos relativos à parte clínica dos exames envolvidos, não levando em conta os aspectos subjetivos, relacionados principalmente à masculinidade (GOMES et al, 2008). O ato de realização do toque retal é delicado para o homem, pois, neste momento, sua visão da masculinidade torna-se ameaçada. Geralmente, o homem tem um imaginário machista: traz consigo que seu corpo não foi feito para ser penetrado e sim penetrar. A abordagem dos aspectos sexuais nos remete à questão da força da cultura nos padrões de comportamento das pessoas. De acordo com Cavalcanti (1990), “a cultura é extremamente marcante e, tanto quanto a vida biológica, interfere na formação da personalidade do ser humano”. Para o autor, “se quisermos entender o homem, qualquer que seja sua idade, sexo, cultura, tempo ou país em que vive, teremos que estudá-lo no seu grupo sociocultural”. O exame retal digital expõe o homem ao toque genital, que o remete à questão da homossexualidade, comportamento considerado desviante na sociedade, principalmente para a Igreja, que realça a procriação como a finalidade principal da vida sexual. Assim, os homens são educados para exercer a heterossexualidade e repelir qualquer atitude que os aproxime da homossexualidade (CAVALCANTI, 1990). Percebe-se ainda nos dias de hoje que são passados preconceitos e mensagens indevidas referentes à sexualidade por pessoas significativas, como pais, professores e amigos, o que pode levar a sentimentos maléficos de erro, pecado, culpa, vergonha, sujeira, dano, imoralidade, doença, proibição, enfim, a toda sorte de distorções totalmente nocivas à pessoa (BARBOSA, 1994). Como estes valores são apresentados aos homens de forma acentuada durante a vida, na idade de realizar o exame de toque retal percebe-se este temor. Jesus (1999) ressalta que “compreendemos a força dos conceitos sobre a sexualidade que são passados de geração em geração, que, mesmo sofrendo modificações, ainda conserva-se em seu bojo a mesma estrutura de gerações anteriores”. Esta afirmação pode ser complementada pelo autor Vitiello (1996), que faz considerações sobre machismo, pois acredita que herdamos o machismo de nossos antecessores culturais há, pelo menos, seis mil anos. “Usado inicialmente como instrumento preservador do poder masculino, o machismo deu tão certo, como recurso, que até hoje ainda não conseguimos nos livrar adequadamente de suas conseqüências”. 23 24 24 Pelos preceitos machistas, ao homem não é permitida a preocupação com o corpo, a emoção. Em relação ao câncer de próstata, por se tratar de região genital, de uma parte do corpo considerada “reservada”, permeada de preconceitos e tabus, transmitidos de geração em geração, o homem, ainda hoje, século XXI, expressa e verbaliza a vergonha na hora de se referir ao exame de toque retal. Segundo Gomes (2003), o toque, que envolve penetração, pode estar associado tanto à dor física quanto à simbólica, que se associa também à violação. Outro medo que o autor considera é o medo de ereção durante o toque, que pode ser visto como prazer, pois no imaginário masculino, “a ereção pode estar associada ao prazer e não consegue imaginá-la como fisiológica”. Outro dado a ser salientado é que os homens podem apresentar frente ao exame digital constrangimento porque tal procedimento “viola” os preceitos masculinos, em sua condição de ser ativo. Assim, Nascimento (2005) considera que o homem que realiza o exame poderia estar conspirando contra sua masculinidade. Percebe-se que ainda existem muitos mitos em relação às questões subjetivas envolvidas no toque retal e, para desmitificá-las, demandará tempo para que novas pesquisas que enfoquem o assunto sejam realizadas. Lara (2005) explica as barreiras geralmente encontradas no tratamento para o câncer de próstata e as enumera, quais sejam: como a falta de informação dos homens; o preconceito ao toque retal e o medo de procurar o urologista e levar uma “dedada”, a dificuldade de acesso médico especializado; medo de ficar impotente. Investindo na saúde masculina o Ministério da Saúde fez um levantamento com as Sociedades Médicas Brasileiras incluindo antropólogos, psicólogos, membros do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS), a fim de investigar por que os homens vão pouco ao médico. Após ouvirem os especialistas chegou-se a um consenso onde foram apontadas as principais barreiras que os homens enfrentam para ir ao médico que são: culturais, institucionais e médicas. (CAVALCANTI, 2008) O autor coloca a barreira cultural ligada a masculinidade, onde os homens se acham imunes, já as institucionais acontecem porque geralmente eles não são ouvidos nos consultórios, e médicas estariam ligada à falta de postura de alguns profissionais de saúde e as consultas de curta duração não permitindo ao homem se expressar. 24 25 25 O grande desafio desta política é mudar este comportamento, e possivelmente formar centros de chek-up para homens com atendimento no mínimo nas especialidades de cardiologia, urologia e pneumologia. (CAVALCANTI, 2008) Diante do exposto, percebe-se que apesar da evolução o homem tem em sua raiz preceitos antigos que precisam ser trabalhados de forma a desmistificar estas questões visando melhorar a sua qualidade de vida. 25 26 26 CAPÍTULO III MODELO CAP 26 27 27 3. MODELO CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS (CAP) 3.1. Conceitos básicos Antes de se fazer uma abordagem sobre algumas teorias de natureza psicossocial que se propõem a explicar as características das relações entre a tríade conhecimentos, atitudes e práticas (CAP), achou-se oportuno apresentar alguns conceitos que servirão de base para este estudo. Conhecimento, atitude e prática constituem-se conceitos diferenciados, embora correlacionados (MARINHO et al, 2003). O conceito de conhecimento, segundo Pinto (1985), “é a capacidade que o ser vivo possui para representar o mundo que o rodeia e reagir a ele. Para Drucker (1993), conhecimento é a aquisição de um conjunto formado por experiências, valores, informações de contexto e criatividade aplicadas a novas experiências. Já Marinho (2003) diz que é a habilidade para aplicar fatos específicos na resolução de problemas, ou, ainda, emitir conceitos com a compreensão adquirida sobre determinado evento. Percebe-se que, na prática, as pessoas utilizam-se dos conceitos de informação e conhecimento como se fossem sinônimos, no entanto muitas delas pensam que têm conhecimento a respeito de determinado assunto, quando, na verdade, possuem informação sobre o mesmo. Lucci (2003) utilizou-se do texto extraído da obra “Na Era do Capital Humano”, de Richard Crawford (2003), que faz as seguintes colocações sobre conhecimento e informações: “um conjunto de coordenadas da posição de um navio ou um mapa do oceano são informações, a habilidade para utilizar essas coordenadas e o mapa na definição de uma rota para o navio é o conhecimento”. Ou seja, o autor mostra que conhecimento e informações estão articulados e que estes conceitos passam pela vinculação das pessoas, bem como que um depende do outro, ficando a informação estéril se não houver o conhecimento do homem para aplicá-la. Outro fator a ser considerado é que o conhecimento é baseado nas informações prévias. Para gerar conhecimento, faz-se necessário interpretar fatos, além de criar novas associações (MARX e BENTO, 2004). Atitude é essencialmente ter opiniões, sentimentos, predisposições e crenças, relativamente constantes, dirigidos a um objetivo, pessoa ou situação. Relaciona-se ao domínio afetivo e à dimensão emocional. Para Richardson e 27 28 28 colaboradores (1999), as atitudes são predisposições para reagir positiva ou negativamente a respeito de certos objetos, instituições, conceitos e outras pessoas. O conceito de atitude, segundo Rodrigues (1978), é um conceito muito controverso. O autor relata um estudo realizado por Alport, em 1935, que já apresentava muitas definições sobre o termo. Afirma ainda que atitudes sejam variáveis intervenientes não observáveis, mas diretamente inferíveis do comportamento observável, integrando-as a três componentes que são o cognitivo, afetivo e comportamental. Bem (1973) acrescenta mais um componente da atitude, ou seja, divide-a em quatro partes, cognitiva, emocional, comportamental e social, argumentando que as atitudes humanas se fundamentam em quatro atividades do homem: pensar, sentir, comportar-se e interagir com os outros, definindo atitudes como os gostos e as antipatias. Prática “é a tomada de decisão para executar a ação”. Relaciona-se aos domínios psicomotor, afetivo e cognitivo-dimensão social (MARINHO, 2003). Embora se espere que as práticas sejam executadas em consonância cognitiva, muitas vezes isso pode não acontecer. Por exemplo, há sujeitos que adotam práticas, a despeito de conhecer a potencialidade negativa de seus efeitos na saúde. Na prática, observa-se que as pessoas não atuam simplesmente em função do conhecimento que possuem, pois muitos indivíduos adotam práticas que freqüentemente acabam afetando a sua saúde, seja em curto, médio ou em longo prazo (STRIMISKA, 1985). Um exemplo que ilustra bem esta situação diz respeito aos médicos fumantes, que, apesar de possuírem um conhecimento correto de que o cigarro é prejudicial à saúde, tal conhecimento não é suficiente para a mudança de atitude e/ou prática. Isso mostra dissonância cognitiva entre o conhecimento e a prática. Portanto, para que não haja dissonâncias entre atitudes e práticas, é necessário considerar a situação em que o objeto se encontra, os conceitos de apoio estruturais e de coerção social. Somente a partir do controle dos fatores negativos, o sujeito poderá alcançar um CAP positivo. 3.2. Os pressupostos do Modelo CAP A discussão sobre conhecimento principalmente vem sendo usada há muito tempo, por filósofos e, mais recentemente, por psicólogos e outros cientistas do comportamento e tem trazido contribuições e reflexões sobre os fundamentos de 28 29 29 atitudes, buscando as relações consistentes e inconsistentes entre conhecimentos, atitudes e práticas. O modelo CAP foi proposto visando facilitar a fase do diagnóstico no planejamento em educação para saúde. Esta teoria parte do pressuposto de que os conceitos propostos facilitem o diagnóstico educativo e a intervenção em saúde (CANDEIAS & MARCONDES, 1979). Segundo o modelo comportamental de conhecimentos, atitudes e práticas (CAP), um comportamento em saúde prende-se a um processo seqüencial, com origem na aquisição de um conhecimento cientificamente correto, que pode explicar a formação de uma atitude favorável e a adoção de uma determinada prática de saúde (CANDEIAS & MARCONDES, 1979; ABREU, 2002; MARTINS, 2001). De acordo com a premissa do CAP, na área da saúde, se proporcionar um conhecimento correto, possibilitaremos a mudança de atitude das pessoas, as quais, posteriormente, poderão atuar positivamente (LEÓN, 1996; CANDEIAS & MARCONDES, 1979). Entende-se que esses aspectos têm grande relevância para o planejamento em saúde, cabendo aos gestores e profissionais da área buscar um diagnóstico dos conhecimentos, atitudes e práticas em saúde dos usuários e até mesmo dos próprios profissionais, de modo a possibilitar o desenvolvimento de atividades que favoreçam um CAP desejável, do ponto de vista da saúde pública. 3.3. O Modelo CAP e o Câncer de Próstata Analisando artigos sobre conhecimentos, atitudes e práticas, observa-se que as práticas de enfermagem têm priorizado programas de educação em saúde, sendo que o foco destes é aumentar a aceitação do modelo CAP de forma que possa mudar o comportamento dos usuários ante aos fatores de risco para adoecimento. Estudos prévios (MCCOY et al, 1995; LIVINGSTON et al, 2001; MYERS et al, 1994) sobre CAP mostram que a informação sozinha não é suficiente para estabelecer um hábito regular e consistente (anual) do rastreamento para câncer de próstata. Mccoy et al (1995) apontaram a falta de conhecimento como fator determinante para decisão de realizar exames de detecção precoce para o câncer de próstata, pois, em seu estudo, a maioria dos homens referiu não ter conhecimento sobre câncer de próstata e as complicações de seu tratamento. Alguns dados demonstraram associação clara entre conhecimentos, atitudes e crenças que sofreram interferência no processo de delimitação do estadiamento do tumor e índice de mortalidade. A melhora 29 30 30 nos cuidados de saúde destes homens passou pelo estímulo do CAP que mostrou quando e como realizar o rastreamento. O CAP visa o aumento da utilização dos serviços de saúde (avaliação, acesso e aceitação), promovendo educação em saúde com ênfase nos programas de detecção precoce em populações com menor acesso ao sistema (MCCOY et al, 1995). A aderência ao exame de toque retal mostra que, quando os homens obtêm um resultado negativo num primeiro exame, apenas 63% voltam a fazer um segundo exame, contra 22% num terceiro exame (SROUGI, 2003). Neste sentido, percebe-se a necessidade de investimentos em ações de saúde para este grupo específico, pois se trabalharmos de forma a sensibilizar os homens isto poderá levá-los a ter uma atitude e uma prática positiva para a realização dos exames de detecção precoce como e preconizado pelo Ministério da Saúde. 3.4. O Enfoque da Consistência Contingente a Educação em Saúde Considera-se que a educação em saúde é o processo pelo qual os indivíduos mudam ou adquirem conhecimentos, atitudes e práticas condizentes com a boa saúde, tal como definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo Derryberry (1960), “educação em saúde diz respeito a um conjunto de experiências do indivíduo que modificam os seus conhecimentos, atitudes e práticas, assim como o processo e esforços que visam a produzir tais modificações”. Segundo Marcondes (1974), “educação em saúde é um processo essencialmente ativo que envolve uma mudança no modo de pensar, sentir e agir dos indivíduos, visando à obtenção de saúde”. Na área da saúde, existe um grande interesse pelo estudo das relações entre conhecimentos, atitudes e práticas com o fim de promover resultados satisfatórios em pesquisas (MARINHO et al, 2003). De acordo com Candeias & Marcondes (1979), como parte do planejamento da educação em saúde, cabe aos profissionais da área fazer um diagnóstico dos conhecimentos, atitudes e práticas em saúde do educando, antes da intervenção, para, posteriormente, desenvolver atividades programadas que lhe permitam alcançar os conhecimentos, atitudes e práticas desejadas do ponto de vista da saúde pública. Cabe aos responsáveis neste processo educacional fornecer estrutura capaz de intensificar a atitude de forma a levar o indivíduo a tomar uma prática favorável. Cyrino & Pereira (2004) mostram propostas educativas com diferentes 30 31 31 métodos de ensinar, a fim de atingir um conteúdo esperado. Eles trabalham rompendo com o método tradicional de ensinar e aprender, atuando de forma a estimular a gestão participativa dos protagonistas. Postulam que o aprendizado é um processo complexo e que não acontece de forma linear, e sim por acréscimo, de modo a somar alguns novos elementos aos que sabíamos antes. Por ser complexo, estrutura-se mediante redes de conexão que o sujeito faz, “reelaborando associações singulares que se ampliam e ganham novos sentidos à medida que é capaz de desenvolver novas relações de problemas que esclarecem novas questões, abrindo-se para aprendizagens mais complexas” (PENAFORTE, 2001). O enfoque da consistência contingente interpreta consistências entre atitudes e práticas, não meramente a partir da atitude do educando em relação ao objeto (AO), mas, também, a partir da sua atitude em relação à situação em que o mesmo se encontra (AS). Segundo Rokeach, o comportamento ou as práticas dos indivíduos decorrem de uma atitude em relação a dado objeto e de uma atitude em relação às circunstâncias que envolvem esse objeto. Estas circunstâncias podem prender-se a normas sociais, valores culturais e papéis, entre outros fatores. Portanto para entender o comportamento humano torna-se necessário entender duas ordens de atitudes (C=AO+AS). Um exemplo: um indivíduo pode apresentar uma atitude positiva em relação à necessidade de fumar (AO+), mas reconhecer por outro lado, que o fumo o tranquiliza (AS-), permitindo-lhe melhor controle das situações problemáticas que provocam o aumento de tensões emocionais. A enfermagem tem aqui, no que se relaciona com o câncer de próstata, algumas oportunidades reais de atuação, tanto na formação de conhecimento com atuação direta junto à sociedade, quanto na criação de atitudes positivas com relação à sua prevenção, tanto do ponto de vista de objeto (demonstrando a relevância do diagnóstico precoce desta doença) quanto do ponto de vista da situação (informando e demonstrando a inocuidade e simplicidade dos exames para sua prevenção) Sendo assim, a enfermagem pode trabalhar de forma a disseminar os conteúdos em relação ao câncer de próstata, promovendo meios para estimular os homens a realizarem os exames de detecção precoce, ou seja, divulgando informações sobre os exames desmistificando o tabu existente e a falta de conhecimentos sobre o assunto. BOEHM et al (1995), em seu estudo cujos sujeitos eram homens afroamericanos, concluíram que os programas de educação em saúde têm resultados 31 32 32 positivos, na medida em que o participante ganha nova informação a cada encontro. Mostram ainda resultados de estudos prévios, em que a informação sozinha mostrou-se insuficiente para o paciente estabelecer o hábito consistente e regular para o rastreamento (UNDERWOOD,1991). Uma participação individual e regular no programa necessita de um conjunto de informações e comportamentos e que geralmente oferece dificuldades para que as pessoas a encaixem no seu dia-a-dia. Esses desafios são aumentados com a falta de cuidados de saúde por parte dos homens e a insensibilidade dos sistemas governamentais no que tange à temática. 32 33 33 CAPÍTULO IV MATERIAL E MÉTODOS 33 34 34 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Delineamento do Estudo Trata-se de um estudo seccional, desenvolvido através de inquérito domiciliar, que foi realizado em uma área adscrita ao PSF, Unidade de Saúde Francisco Teixeira, localizada no Município de Juiz de Fora - MG. Os inquéritos de saúde podem ser definidos como tipos de estudos descritivos ou analíticos, longitudinais ou transversais sobre diversos aspectos relacionados ao estado de saúde, demanda e utilização de serviços de saúde, através de amostras representativas de uma determinada população (CAMPOS, 1993). A questão central dos inquéritos reside na quantificação dos problemas de saúde e na forma como são “percebidos” pelas pessoas. Entre as diversas funções dos inquéritos de saúde, o principal objetivo é revelar o estado de saúde e doença na população, gerando informações que auxiliam na determinação de processos que levam a agravos, necessidade de serviços de saúde, entre outros (PEREIRA, 2000). Os inquéritos sobre conhecimentos, atitudes e práticas justificam-se pela constatação de que indivíduos são diferentes em relação aos conhecimentos sobre saúde, têm atitudes que não são uniformes e diferem em relação, à prática que adotam para si e seus familiares, aspectos estes que guardam estreito relacionamento. Além disso, as informações resultantes do inquérito são úteis para o planejamento e condução de programas e atividades (PEREIRA, 2000). 4.2. População de estudo e amostra A população de estudo foi constituída por amostra aleatória simples composta de 160 homens com idade entre 50 e 80 anos de idade do total de 457 homens da área adscrita ao PSF citado. O Cálculo do tamanho da amostra foi feito a partir da seguinte fórmula: Onde N= população total de homens na faixa etária considerada na área adscrita (457); z= valor correspondente ao nível de confiança ao quadrado (1,962=3,84); d= precisão absoluta ao quadrado (0,062=0,0036); p= proporção da população com a característica em estudo (0,5). 34 35 35 Como critérios de inclusão, foram escolhidos para participar do estudo homens residentes na comunidade adscrita do PSF com idade entre 50 anos e 80 anos, independente da existência de história anterior de câncer de próstata ou não. Já os critérios de exclusão englobaram: homens com menos de 50 anos, pois não se constituem grupos prioritários para a detecção precoce para este câncer (INCA, 2005; SBU, 2002); homens com idade superior a 80 anos, uma vez que, entre eles, problemas urológicos e o próprio câncer já são muito freqüentes, minimizando chances de detecção precoce (INCA, 2002; FERREIRA & NARDI, 1999; SROUGI, 2003). Para a seleção dos sujeitos, procedeu-se da seguinte forma: analisaram-se todas as fichas cadastrais do PSF (n=854), após separar as dos homens desta região que atendiam aos critérios de inclusão (idade entre 50-80, n=457), sorteou-se uma amostra aleatória simples, que se compôs de 160 homens. As visitas aos domicílios não foram agendadas. Não tivemos perda amostral, quando não encontrávamos o usuário sorteado procedíamos outras visitas até encontrá-los. Algumas visitas foram realizadas a noite e em finais de semana devido horário de trabalho e disponibilidade dos usuários. 4.3. Instrumentos de coleta dos dados Utilizou-se como instrumento de pesquisa um formulário composto de perguntas abertas e fechadas (Anexo A), as quais tiveram como base outras de questionários de estudos internacionais (ARROL et al, 2003; BOEHM et al, 1995; CAMARGO, 2004; CORMIER et al, 2002; DEMARK-WAHNEFRIED et al, 1993; LIVINGSTON et al, 2002; MCCOY et al, 1995; MYERS et al, 1994) e nacionais (MARINHO et al, 2003, GAMARRA, 2003). O conteúdo das questões abrangeu variáveis socioeconômicas e demográficas (idade, escolaridade, situação conjugal, ocupação, renda e religião), além de história de queixas urológicas, história familiar e pessoal para o câncer de próstata, conhecimentos, atitudes e prática relacionada ao exame da próstata, como também a percepção dos usuários quanto ao acesso e organização dos serviços de saúde. Uma versão inicial do instrumento foi enviada para uma enfermeira brasileira, especialista na área de saúde do homem, residente e atuante no Canadá, que avaliou a pertinência e adequação das perguntas e do formulário com um todo, frente 35 36 36 aos objetivos propostos. As sugestões desta pesquisadora foram então incorporadas e uma nova versão do questionário foi elaborada. 4.4. Pré-testes e Estudo Piloto Com o objetivo de aprimorar o formulário, avaliar a clareza na formulação das perguntas e adequação da linguagem entre os homens, três etapas sucessivas de pré-teste foram realizadas. Assim, foi aplicado o questionário para homens de características semelhantes ao da população de estudo. O estudo piloto teve o objetivo de testar a logística do estudo e o desempenho dos entrevistadores. Nesta etapa, aplicou-se o formulário por meio de entrevistas para 30 homens da própria comunidade, o qual fez parte do estudo principal, no entanto esse grupo foi excluído da seleção da amostragem final. 4.5. Seleção e treinamento dos entrevistadores Foi realizado um processo de seleção e capacitação de oito acadêmicos do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora que foram, posteriormente, treinados para aplicação dos formulários. Os critérios de seleção dos alunos relacionaram-se à disponibilidade de horários compatíveis e adequados à presença dos homens nos domicílios, ao interesse pelo estudo, à simpatia e à facilidade de lidar com o público. O treinamento aconteceu em três etapas, com carga horária total de 16 horas. Na primeira, apresentamos os objetivos da pesquisa e da abordagem sugerida para aplicar o formulário. Na segunda, foram feitas simulações da aplicação entre os próprios acadêmicos. Na terceira etapa, realizada depois do estudo piloto, foi apresentado aos entrevistadores o formulário com as correções. Também foi informado o tempo médio de cada entrevista com preenchimento do formulário no estudo piloto. Os entrevistadores foram supervisionados no campo pelo pesquisador, na primeira aplicação no domicílio, buscando apoiá-los e esclarecer possíveis dúvidas de abordagem que pudessem ocorrer na prática do trabalho de campo. 36 37 37 4.6. Elaboração do Manual do Entrevistador O treinamento e o trabalho de campo foram guiados pelo Manual de Aplicação do Formulário do Estudo (Anexo B), cuja elaboração teve o objetivo de explicar passo a passo a aplicação do mesmo. O manual foi considerado oportuno e funcional, tendo em vista que este guia foi proposto com o fim de orientar e sanar possíveis dúvidas que poderiam surgir no campo de pesquisa na ausência da pesquisadora. Com isso, evitou-se perda de oportunidades nos domicílios. 4.7. Definições das variáveis 4.7.1. Conhecimentos, atitudes e práticas Para a classificação e análise do conhecimento, atitude e prática foram adaptadas definições de outros estudos (ARROL et al, 2003; BOEHM et al, 1995; CAMARGO, 2004; CORMIER et al, 2002; DEMARK-WAHNEFRIED et al, 1993; LIVINGSTON et al, 2002; MCCOY et al, 1995; MYERS et al, 1994; OLIFFE, et al, 2006) e utilizaram-se variáveis ou a combinação de variáveis, conforme apresentado no quadro 1. 37 38 38 Quadro 1 – Descrição das definições de conhecimentos, atitudes e práticas adequadas no contexto deste estudo CAP Conhecimento Adequado Inadequado Homens que conheciam algum dos métodos de rastreamento de Homens que não conheciam nenhum dos exames câncer de próstata (exame de toque retal e/ou PSA). de rastreamento. Homens que responderam “sim” à pergunta 29: “O Sr. conhece algum exame que possa detectar esse tipo de câncer?” e que apresentado na pergunta 29.1: “Se sim, quais exames que poderiam detectar o câncer de próstata que o Sr conhece?” as seguintes respostas: “toque retal”, “exame de sangue”, “PSA”, “toque anal”, “toque”. Atitude(opiniões) Homens que consideram muito importante a realização anual dos Homens que responderam “não” à pergunta 39 e exames de rastreamento de câncer de próstata. responderam que o exame deveria ser feito em uma A seguinte combinação de perguntas foi utilizada: freqüência maior do que anualmente, “somente se Para quem respondeu “sim” à pergunta 39: “Na opinião do Sr, a tiver sintomas”, que “não deveriam fazer” ou “não única forma de suspeitar se o homem tem câncer de próstata é sabiam” (pergunta 40) e que responderam à fazendo o exame da próstata? E respondeu “anualmente” à pergunta 42 pergunta 40 “Na opinião do Sr., com que freqüência os homens “indiferente”, da sua idade deveriam fazer os exames para detecção de câncer importante”. de próstata”?. e respondeu “muito importante” como opção de resposta à pergunta 42 “Na sua opinião, fazer o exame de 38 com “pouco as opções importante” “importante”, ou “nada 39 39 próstata é.” Prática Homens que realizaram os exames toque retal e/ou PSA há Homens que realizaram os exames de toque retal ou menos de um ano. As seguintes perguntas foram utilizadas: “Quando foi a última vez que o Sr. realizou o exame de próstata?” (44.2) e “Quando foi a última vez que o Sr. realizou exame de PSA?” (45.1) 39 PSA há mais de dois anos ou nunca o realizaram. 40 40 4.7.2. Definição das co-variáveis As idades foram agrupadas em faixa etária, utilizando-se como ponto de corte a distribuição de tercis: 50 a 56 anos, 57 a 65 anos e 66 e mais. Já a renda familiar per capita foi definida a partir da divisão da renda familiar mensal pelo número de dependentes desta renda. Utilizaram-se os seguintes pontos de corte dessa distribuição da renda per capita: “0 a 95 reais (ou até ¼ do salário mínimo); 96 a 190 reais (ou > ¼ a ½ salário mínimo); 191 a 380 reais (> ½ a 1 salário mínimo) e mais de 380 reais (mais de um salário mínimo). A escolaridade foi agrupada em duas categorias “fundamental incompleto” e “fundamental completo ou mais”. Quanto à situação conjugal, foram divididos em “casados” e “não casados” e, no que tange à religião, os participantes foram agrupados em “católica” e “outras denominações”. 4.8. Processamento dos dados Inicialmente, realizaram-se revisão e codificação manual dos formulários. Os dados foram digitados utilizando-se o programa Epi-info (2005) e foram submetidos às técnicas estatísticas exploratórias: média, desvio padrão (DP) e distribuição de freqüências. Associações estatísticas de análises bivariadas foram feitas por meio do teste de qui-quadrado com níveis de significância de 5%. 4.9. Questões Éticas Para a realização desta pesquisa, solicitou-se autorização à Gerência de Atenção Básica da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora (Anexo C). Cada entrevistador assinou o Termo de Sigilo assumindo o compromisso de manter sigilo das informações fornecidas pelos entrevistados (Anexo D), bem como se comprometendo a realizar encaminhamento do usuário à unidade de saúde de origem quando este apresentar alguma sintomatologia referida durante a entrevista (Anexo E). Procurou-se atender aos requisitos da Resolução nº 196/96, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, para tal, os homens elegíveis eram convidados a participar do estudo e somente respondiam ao formulário após tomarem 40 41 41 conhecimento, por meio da leitura feita pelo entrevistador, do “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” e assinarem (Anexo F). Este documento explica a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios prévios e incômodos que esta possa acarretar (BRASIL, 1996). Além disso, foram garantidos o sigilo das informações fornecidas e o anonimato dos entrevistados, procedendo-se a uma identificação numérica dos participantes. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery – UFRJ e aprovado sob nº 007/07 – protocolo do CEP em 05/02/2007 (Anexo G). A Prefeitura de Juiz de Fora ainda não contava com um Comitê de Ética em Pesquisa. 4.10. O Sistema de Saúde de Juiz de Fora Minas Gerais (MG) foi o primeiro estado da federação que instituiu por lei (Lei nº 12.428, de 12 de dezembro de 1997) um incentivo financeiro aos municípios que assumissem o compromisso de desenvolver e manter em funcionamento programas específicos voltados para o atendimento à saúde das famílias, mediante comprovação na Secretaria de Estado da Saúde. Assim, no Estado, as primeiras experiências de implantação do Programa Saúde da Família ocorreram em 1994, após assinatura do protocolo de intenções entre o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde. Juiz de Fora se situa no Sudeste de Minas, possui uma extensão territorial de 1.429,875km2 e é o segundo município do Estado, sendo o pólo de três importantes regiões do Estado: Zona da Mata, Campo das Vertentes e Sul de Minas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007), o número de habitantes é de 513.348 (sinopse preliminar), com 99% da população concentrada na área urbana. A economia tem por base o comércio, a prestação de serviços e a indústria. O município tem como classificação de Região Administrativa do Estado: Sudeste do Estado de Minas Gerais; Macrorregião da Zona da Mata Mineira; Microrregião 065 (Juiz de Fora). Em 1997 o município de Juiz de Fora aprovou seu Plano Municipal de Saúde, uma das exigências da Lei 8142 para habilitação dos municípios nas novas modalidades de gestão previstas na Norma Operacional Básica (NOB 96). Em 1998 o 41 42 42 município tem aprovado seu pleito e é habilitado na condição de Gestão Plena do Sistema de Saúde, situação que perdura até hoje. A rede assistencial do SUS de Juiz de Fora conta com 40 Unidades Básicas de Saúde na área Urbana e 14 Postos de Saúde na zona rural, responsáveis pela atenção básica. A cobertura da Estratégia de Saúde da Família na cidade é de 54,6%. A atenção primária à saúde é feita por meio das Unidades Básicas de Saúde, que somam 40 UBSs, sendo que 24 destas estão organizadas com base na Estratégia da Saúde da Família e as demais, para o atendimento básico em clínica geral, pediatria, ginecologia, enfermagem, odontologia e assistência social. A rede conta ainda com uma cota de exames complementares e um suprimento de medicamentos básicos, cerca de 70 itens farmacêuticos, que tentam ampliar a resolutividade do nível de complexidade a que se propõem, porém o desabastecimento de medicamentos e insumos diversos não tem sido tão esporádico como gostaríamos (SMS-JF, 2006). Atualmente, na cidade, a Estratégia da Saúde da Família encontra-se estruturada da seguinte forma: com 80 Equipes de Saúde da Família (ESF) e uma ESF na Zona Rural, atendendo a uma população de 177.706 habitantes. As equipes somam 80 médicos, 80 enfermeiros, 13 assistentes sociais, dois técnicos de enfermagem, 52 auxiliares de enfermagem e 500 agentes comunitários de saúde. A atenção secundária é de responsabilidade dos oito Departamentos e das duas Unidades Regionais, Leste e Norte. Destas Regionais, a Norte é uma unidade mista, que oferta atendimento básico e de urgência e emergência. A atenção terciária é propiciada por 16 hospitais conveniados, dos quais dois são públicos (Hospital Universitário, federal, e Hospital Dr. João Penido, estadual) e 14 privados, com ou sem fins lucrativos. Sendo que dez são hospitais gerais e seis são psiquiátricos, perfazendo um total de 988 leitos gerais e 750 psiquiátricos conveniados. A atenção quaternária é oferecida no município através da realização de transplantes renais realizados pelas equipes do Hospital Universitário e da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora. São também responsáveis pelo atendimento às urgências de baixa complexidade e encaminhamentos para outros serviços (Unidades Regionais, Departamentos e Hospital de Pronto Socorro), nos casos de atendimentos mais complexos e urgentes e quando esgotada a sua capacidade resolutiva. 42 43 43 Os Departamentos (Depto. das Clínicas Especializadas, Saúde Bucal, Saúde Mental, Saúde da Mulher, Saúde da Criança e Adolescente, Saúde da Terceira Idade, Saúde do Trabalhador e Terapêuticas não Convencionais) são responsáveis pela atenção secundária. O acesso a estes serviços é restrito e regulado pela Central de Marcação de Consultas (CMC). Os usuários são referenciados pelas UBSs, pelos serviços de urgência e emergência e pelos municípios pactuados. O paciente com câncer poderá receber assistência nos Centros de Alta Complexidade em Oncologia, Serviços Isolados de Quimioterapia ou Radioaterapia, que compõem uma rede (CACON). Estes centros são unidades públicas ou filantrópicas que dispõem de recursos tecnológicos necessários à assistência integral do paciente com câncer. Esta rede de serviços é coordenada pelo INCA através do Projeto Expande, serviços vinculados ao Sistema de Saúde (SUS) que realizam tratamento oncológico no Brasil. A organização do fluxo de atendimento ao paciente é de competência das Secretarias de Saúde estaduais e municipais. A recomendação geral é que o serviço oncológico escolhido deva estar localizado o mais próximo possível à residência do paciente. Em Juiz de Fora, temos três Centros de Alta Complexidade para Oncologia (CACON). Neles são realizados procedimentos cirúrgicos e ambulatoriais. A média de atendimento/mês em cada um destes centros é de 250 pacientes. Não se encontraram dados precisos sobre a incidência do câncer de próstata em Juiz de Fora pois a cidade segue o exemplo da dificuldade do sistema de registro de doenças do restante do país. Foi possível investigar o número de atendimentos nos centros de alta complexidade (CACON), onde ocorrem a nível ambulatorial e hospitalar. Vale ressaltar que estes centros atendem pacientes de Juiz de Fora e de outras localidades que não possuem os mesmos. Em 2007, houve 47 óbitos pela doença de acordo com o Sistema de Notificação de Óbitos. 43 44 44 CAPÍTULO V RESULTADOS 44 45 45 5. RESULTADOS Apresentam-se a seguir os resultados da pesquisa composta de um total de 160 entrevistados. 5.1. Considerações descritivas iniciais Tabela 1 – Descrição sócio-demográfica da amostra (n=160) Variáveis N % sociodemográficas Idade 61,5 (8,0) Variação: 50 a 80 anos Média (DP) 54 50 a 56 33,8 35,6 57 a 65 57 49 30,6 66 e mais Raça/cor 65 40,6 Branca 20,0 Negra 32 Mestiça 63 39,4 Situação conjugal 11 6,8 Solteiros 111 69,4 Casados Separados 22 13,8 16 10,0 Viúvos Escolaridade 107 66,9 Fundamental incompleto 6,3 Fundamental completo 10 Médio 14 8,8 2 1,2 Superior 27 16,8 Não freqüentaram escola Renda familiar (em reais) Média (DP) 308,0 (276,4) Variação: 0 a 2.100 R$0 a 95 (até ¼ SM) 18 11,3 R$96 a 190 (1/4 a ½ SM) 34 21,2 R$191 a 380 (1/2 a 1 SM) 47 29,4 RS> 380 (> 1 SM) 24 15,0 37 não informaram 23,1 Tem plano de saúde Não 123 76,9 Sim 37 23,1 Tem filhos Não 17 10,6 Sim 142 88,8 Não respondeu 1 0,6 Religião Católicos Outras Não têm religião 45 123 34 3 76,9 21,2 1,9 46 46 A população da amostra do estudo compôs-se de 160 homens de 50 a 80 anos de idade, com média de idade=61,5 anos e desvio padrão=8,0. Em relação à raça/cor, 40,6% se autodeclararam brancos; 20,0%, negros e 39,4%, mestiços. A situação conjugal distribuiu-se em: 69,4% são casados; 6,9%, solteiros; 13,8%, separados e 10,0%, viúvos. Identificou-se baixa escolaridade entre os entrevistados, sendo que 66,9% informaram possuir apenas o ensino fundamental incompleto, 6,3% cursaram o ensino fundamental completo, 8,7% concluíram o ensino médio, 1,2% informaram ter curso superior e 16,8% informaram não ter freqüentado escola. A respeito da renda familiar, a média de salário para o mês de junho/julho foi de 308,00 reais (DP=276,4), sendo que 11,3% recebem até ¼ do salário mínimo, 21,3% recebem de ¼ a ½ salário, 29,4% recebem de ½ a um salário mínimo por mês, 15% informaram receber mais que um salário mínimo e 23,1% não informaram a renda familiar. Outro item prende-se à posse ou não de plano de saúde, apenas 23,1% declararam ter plano de saúde. Dos entrevistados 88,8% (tabela 1) informaram ter filhos. Vale ressaltar que a média do número de filhos foi 4,27 (DP=2,70), a variação foi de 1 a 16 filhos. Em relação à religião, 76,9% dos homens afirmaram ser católicos; 21,3%, de outras religiões e 1,9% informou não ter religião. Tabela 2 – Hábitos relacionados à saúde entre os homens da amostra (n=160) Hábitos relacionados à saúde N % Fumo de cigarros 28,1 Fumantes 45 Ex-fumantes 71 44,4 Nunca fumaram 44 27,5 Beber bebidas alcoólicas Sim 91 56,6 Não 69 43,4 Exercícios físicos Sim 50 31,3 Não 110 68,7 Conforme aponta a Tabela 2, em relação ao hábito de fumar cigarros, 28,1% dos entrevistados referiram fumar, 44,4% informaram ser ex-fumantes e 27,5%, 46 47 47 nunca ter fumado. A média de cigarros consumidos foi de 18 cigarros (DP=11,92), sendo que 39,8% dos fumantes referiram fumar mais de duas carteiras por dia. Quanto ao hábito de beber bebidas alcoólicas, 56,6% informaram beber. Vale ressaltar que 51,6% destes homens informaram beber apenas nos finais de semana e 31,8% referiram beber “todos os dias” ou “quase todos os dias” nos últimos 15 dias. A bebida referida como a mais consumida foi a cerveja ou chope (68,1%), seguida de cachaça (15,9%) e vinho (7,2%). Em relação a fazer ou não atividade física, 31,4% referiram realizá-la, sendo que a atividade física mais mencionada foi a caminhada (21,9% destes), mas 68,6% afirmaram não realizar exercícios físicos. Tabela 3 – Descrição de variáveis relacionadas à saúde entre os homens da amostra (n=160) Variáveis relacionadas à utilização dos serviços de saúde Saúde auto-referida Muito boa Boa Regular Ruim Não sabe N % 37 64 50 7 2 23,1 40,0 31,3 4,4 1,2 Freqüência com que procuram médicos ou serviços de saúde Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre 4 22 19 46 69 2,5 13,9 12,0 29,2 42,4 Utiliza o PSF da área Sim Não 138 22 86,3 13,7 Quando vai ao médico do PSF, ele costuma conversar sobre o câncer de próstata Sim Não 42 96 30,4 69,6 Em relação à saúde auto-referida, 23,1% informaram seu estado de saúde como muito bom; 40,0%, como bom; 31,3% informaram ser regular; 4,4%, ser ruim. 47 48 48 Quanto à freqüência com que procuram médicos ou serviços de saúde, observou-se que 2,5% nunca procuram os serviços de saúde, 13,9% raramente procuram, 12,0% às vezes procuram, 29,1% quase sempre e 42,4% sempre procuram os serviços de saúde. Dos entrevistados, 86,3% utilizam o Programa de Saúde da Família (PSF) da área de abrangência do estudo. No entanto, apenas 30,4% destes informaram que os médicos deste serviço de saúde conversam sobre o câncer de próstata durante as consultas. Tabela 4 – Problemas relacionados à próstata referidos entre os homens da amostra (n=160) Problemas Familiar com câncer de próstata Sim Não Problemas de próstata Sim Não Câncer de próstata Sim Não N % 25 135 15,6 84,4 19 141 11,9 88,1 3 157 1,9 98,1 Dos entrevistados, 15,6% informaram ter história familiar de câncer de próstata, 11,9% relataram já ter apresentado algum tipo de problema na próstata como hiperplasia/prostatite/nódulo e três homens (1,9%) referiram estar com o problema ou já ter tido o mesmo. Tabela 5 - Crenças referidas sobre aspectos relacionados à detecção e ao tratamento do câncer (ca) de próstata entre os entrevistados (n=160) O Ca pode ser curado se detectado Concordam Discordam Não sabem % % % 95,0 - 5,0 29,4 57,5 13,1 36,1 36,1 27,8 precocemente Um homem com Ca pode ter uma vida normal O tratamento do Ca é pior que a doença 48 49 49 Um homem pode ter Ca sem sintomas 56,3 25,0 18,7 Se tiver Ca, é melhor deixar quieto, não 20,0 74,4 5,6 34,4 53,1 12,5 34,4 65,0 0,6 tratar O exame de próstata pode afetar a masculinidade Se estiver bem, não é necessário fazer exame Com referência às crenças que envolvem a detecção e o tratamento do câncer de próstata apresentadas na tabela 5, identificou-se que 95% dos homens concordaram que o câncer de próstata pode ser curado se for detectado precocemente e 57,5% discordaram de que um homem com câncer de próstata possa ter uma vida normal. Quanto à afirmativa de que um homem pode ter câncer de próstata e não apresentar nenhum sintoma, 56,3% dos entrevistados concordou com ela. Vale ressaltar que 36,1% concordaram com a afirmativa de que o tratamento é pior do que a doença e 20% concordaram que é melhor não tratar. Outro aspecto que merece ser salientado é que 34,4% dos entrevistados acreditam que o exame afeta a masculinidade e o mesmo percentual equivale aos homens que concordaram que, se o homem estiver bem, não é necessário fazer o exame. Ressalta-se, ainda com base na Tabela 5, o desconhecimento dos entrevistados em relação às afirmativas que dizem respeito ao tratamento e ao câncer de próstata em si, por exemplo, quando se identifica que responderam “não sei” 27,8% à afirmativa “O tratamento do câncer é pior do que a doença” e 18,8%, à afirmativa “Um homem pode ter câncer de próstata sem sintomas”. 5.2. Conhecimentos, Atitudes e Práticas relacionados ao câncer de próstata 5.2.1. Conhecimentos sobre câncer de próstata Tabela 6 – Descrição dos conhecimentos acerca do câncer de próstata avaliados (n=160) Conhecimentos N % Ouviu falar sobre o Ca de próstata Não Sim 4 156 2,5 97,5 Onde/quem falou TV/Radio/Jornal 54 33,8 49 50 50 Amigos PSF Outro serviço de saúde Parentes Outros 53 18 15 9 11 33,1 11,2 9,4 5,6 6.9 Conhece algum exame de detecção do câncer Não Sim 55 105 34,3 65,7 Se sim, quais exames conhece (N=105) Toque retal Exame de sangue Toque retal/exame de sangue 21 46 38 20,0 43,8 36,2 Idade que os homens deveriam se preocupar mais em fazer o exame < 40 anos 40 a 50 > 50 Não sabem 18 121 7 14 11,2 75,6 4,4 8,8 Em relação ao conhecimento sobre o câncer de próstata, 97% afirmaram já ter ouvido falar sobre a doença. Os entrevistados identificaram a imprensa (TV/rádio/jornal) como principal veículo desta informação (33,8%), seguido dos amigos (33,1%). O PSF e outros serviços de saúde, respectivamente, foram referidos apenas por 11,2% e 9,4% dos entrevistados. Além disso, 65,7% deles referiram conhecer algum exame de detecção do câncer de próstata. Desses, 20% conheciam o toque retal; 43,8%, o exame de sangue/PSA e 36,2% conheciam ambos (toque retal e exame de sangue). A grande maioria dos homens (75,6%) referiu a idade adequada para o rastreamento do câncer próstata como sendo de 40 a 50 anos (Tabela 6). 5.2.2. Conhecimentos sobre fatores/práticas Tabela 7 – Conhecimento sobre determinadas práticas/fatores que poderiam aumentar as chances de ter câncer de próstata na avaliação dos entrevistados (n=160) Conhecimento sobre práticas/fatores Fumar cigarros Não Sim Não sabem Ingerir bebidas alcoólicas 50 N % 25 101 34 15,7 63,1 21,2 51 51 Não Sim Não sabem 34 96 30 21,2 60,0 18,8 Comer alimentos gordurosos Não Sim Não sabem 44 90 26 27,5 56,3 16,2 Ter casos de câncer de próstata na família Não Sim Não sabem 50 92 18 31,3 57,5 11,2 A Tabela 7 apresentou o conhecimento que os entrevistados têm sobre determinadas práticas de saúde ou fatores que poderiam aumentar a chance da ocorrência do câncer de próstata. A maioria dos entrevistados considera que o hábito de fumar cigarros (63,1%), de ingerir bebidas alcoólicas (60%) e de comer alimentos gordurosos (56,3%) poderia aumentar as chances da ocorrência do câncer. Além disso, 57,5% consideraram a predisposição genética, já que referiram que ter casos na família poderia aumentar as chances de ter a doença. No entanto, destaca-se nas respostas a alta freqüência daqueles que declararam não saber, variando de 11,2% a 21,2%. Alguns (nove) entrevistados destacaram outros fatores como predisponentes à ocorrência do câncer de próstata, tais como: comer muita pimenta (dois); doenças sexualmente transmissíveis (dois); alimentos com muitos produtos químicos ou agrotóxicos (dois); ir a boates (um); muito esforço físico (um) e comer queijo (um). 5.2.3. Atitudes em relação à detecção do câncer de próstata Tabela 8 – Descrição de opiniões (atitudes) em relação à detecção do câncer de próstata entre os entrevistados (n=160) Opiniões relacionadas à detecção do Ca próstata A única forma de suspeitar do câncer é fazendo o exame da próstata Não Sim Não sabem N % 9 144 7 5,7 90,0 4,3 A freqüência adequada de realização do exame para homens da mesma idade dos entrevistados Anualmente A cada 2 anos 109 17 68,1 10,6 51 52 52 A cada 3 a 5 anos A cada 5 anos Somente quando tiver sintomas Não deveriam fazer Não sabem 4 4 13 3 10 2,5 2,5 8,1 1,9 6,3 Só deveriam fazer o exame os homens que tiverem sintomas urinários Não Sim Não sabem 92 52 16 57,5 32,5 10,0 Importância de regularmente Muito Importante Importante Indiferente Pouco importante Nada importante 87 64 5 2 2 54,3 40,0 3,1 1,3 1,3 fazer o exame de próstata Com base na Tabela 8, conclui-se que 90% dos entrevistados consideram que o exame de próstata é a única forma de suspeição diagnóstica do câncer e 68,1% referiram que a freqüência adequada na faixa etária dos entrevistados seria a anual. No entanto, na opinião de 32,5% dos homens entrevistados, os exames de rastreamento do câncer de próstata deveriam ser realizados somente na presença de sintomas urinários. Em relação à importância dada aos exames de próstata, 54,3% referiu como “muito importante” e 40% como “importante”, apenas 3,1% afirmaram ser “indiferente” e 2,6% consideraram ser “nada importante” ou “pouco importante”. 5.2.4. Práticas em relação ao rastreamento do câncer de próstata Tabela 9 – Práticas em relação aos exames de rastreamento do câncer de próstata entre os entrevistados (n=160) Práticas relacionados ao exame de próstata N % Algum médico informou que deveria fazer exame de próstata Sim 98 61,3 Não 59 36,8 Não sabem/não lembram 3 1,9 Já realizou exame de próstata (toque) Sim 87 54,3 Não 71 44,4 Não sabem/não lembram 2 1,3 Motivo da solicitação (N=87) Tinham sintomas 18 20,9 52 53 53 Casos de câncer na família Rotina de prevenção O próprio participante solicitou Outro Quando foi a última vez que realizou (N=87) Há menos de um ano Entre um e dois anos Entre três e cinco anos Há mais de cinco anos Já realizou PSA Sim Não Não sabem/não lembram Quando foi a última vez que realizou PSA (N=83) Há menos de um ano Entre um e dois anos Entre três e cinco anos Há mais de cinco anos Não sabem/não lembram 2 53 11 3 1,2 61,6 12,8 3,5 51 19 11 6 58,8 21,2 12,9 7,1 83 72 5 51,9 45,0 3,1 54 15 5 5 4 65,5 17,9 6,0 6,0 4,8 No que tange às práticas de rastreamento do câncer de próstata, 61,3% dos homens referiram que algum médico já lhes havia informado que deveriam fazer exame de próstata; 54,3% já realizaram o exame e o principal motivo de solicitação do exame pelo profissional foi apontado por 61,6% dos entrevistados como sendo “rotina de prevenção”. Ressalta-se que pouco mais da metade realizou o exame há menos de um ano (58,8%). Quanto à realização do PSA, 51,9% afirmaram já tê-lo feito e 65,5% informaram ter se submetido a esse exame há menos de um ano. Tabela 10 – Barreiras (dificuldades) para realização do exame entre os entrevistados (n=71) Dificuldades para fazer exame N % O médico nunca solicitou 24 33,8 Nunca acharam importante 8 10,9 Não têm tempo 2 2,8 Não conseguem marcar consulta com especialista 1 1,4 Têm medo de fazer 12 16,9 Consideram que os homens não deveriam fazer 2 2,8 Preferem nunca saber de uma doença como o câncer de 11 15 53 54 54 próstata Nunca apresentaram sintomas 11 15 Não sabe dizer 1 1,4 Conforme mostra a Tabela 10, este estudo procurou identificar também quais foram as principais barreiras para a não-realização do exame de detecção precoce do câncer de próstata. Os principais motivos alegados pelos entrevistados foram: o médico nunca ter solicitado tal exame (15,0%), o medo de fazer o exame (16,9%); a opção de não saber de uma doença como o câncer de próstata e o fato de nunca terem apresentado sintomas (6,9%) e nunca terem achado importante fazer o exame (5,0%). 5.3. Freqüência de conhecimentos, atitudes e práticas adequadas Gráfico 1 - Distribuição de conhecimentos, atitudes e práticas adequadas entre os entrevistados 63.8 70 60 50 40 % 30 20 10 0 40.6 conhecimentos 28.1 atitudes práticas De acordo com as definições prévias de conhecimento, atitude e práticas adequadas, observou-se que 63,8% dos homens apresentaram conhecimento adequado, 40,6% com atitudes adequadas e 28,1% com práticas adequadas. 5.4. Associações entre conhecimentos, atitudes e práticas Tabela 11 – Associação entre conhecimentos, atitudes e a prática adequada entre os entrevistados (n=160) Variáveis Práticas Adequadas N % Conhecimentos 54 Inadequadas n % RP* (IC95%) 55 55 Adequados 41 40,2 61 59,8 7,6 (2,4-23,6) Inadequados 4 6,9 54 93,1 1,0 Adequadas 25 38,5 40 61,5 1,8 (1,1-3,0) Inadequadas 20 21,1 75 78,9 1,0 estudo associações significativas Atitudes *razão de prevalências Encontraram-se no entre conhecimentos, atitudes e práticas dos entrevistados em relação ao rastreamento do câncer de próstata. Entre aqueles que apresentaram conhecimento adequado, encontrouse prevalência 7,6 vezes (IC95%=2,4-23,6) mais elevada para prática adequada, do que a encontrada entre aqueles que demonstraram conhecimento inadequado. Assim como aqueles que tinham atitudes adequadas apresentaram prevalência quase duas vezes mais elevada (RP=1,8; IC=1,1-3,0) para práticas adequadas, quando comparados àqueles de atitudes inadequadas. 5.5. Associações entre conhecimentos, atitudes adequadas Tabela 12 - Associação entre conhecimentos e atitude adequada entre os entrevistados (n=160) Variáveis Atitudes Adequadas N Inadequadas n RP* (IC95%) % % Conhecimentos Adequados 50 49,0 52 51,0 2,0 (1,2-3,3) Inadequados 15 24,6 43 75,4 1,0 Na tabela 12, observa-se que a associação entre conhecimentos e atitudes também foi significativa. Os entrevistados que detinham conhecimentos adequados apresentaram prevalência duas vezes mais elevada (IC95%=1,2-3,3) de referirem atitude adequada. 55 56 56 5.6. Associação entre variáveis sociodemográficas e conhecimentos Tabela 13 – Associação entre variáveis sócio-demográficas e conhecimentos entre os entrevistados (n=160) Variáveis Conhecimento Adequadas Inadequadas N % N % Faixa etária 50 a 56 37 57 a 65 38 66 e mais 27 Raça/cor brancos 48 negros 17 mestiços 37 Situação conjugal Casados 73 Não-casados 29 Escolaridade(N=133) Fund. incompleto 65 Fund. Completo 22 Renda fam. per capita (N=123) R$ 0 a 95,00 11 R$96 a 190,00 12 R$191 a 380,00 34 R$> 380,00 19 Plano de saúde Sim 15 Não 30 Têm filhos (N=159) Sim 89 Não 13 Religião (N=157) 77 Católica Outras 24 *estatisticamente significante Valor de p 67,3 67,9 55,1 18 18 22 32,7 32,1 44,9 0,283 73,8 54,8 58,7 17 14 26 26,2 45,2 41,3 0,099 66,4 59,2 37 20 33,6 40,8 0,383 61,3 84,6 42 4 38,7 15,4 0,025* 61,1 35,3 72,3 79,2 7 22 13 5 38,9 64,7 27,7 20,8 40,5 24,4 22 93 59,5 75,6 0,055* 62,4 76,4 53 4 37,6 23,5 0,254 62,3 70,6 46 10 37,7 29,4 0,373 0,002* Com base na Tabela 13, verifica-se que a escolaridade influenciou a presença de conhecimentos adequados. Entre aqueles de escolaridade fundamental completa, 84,6%, e entre aqueles de escolaridade fundamental incompleta, 61,3% apresentaram conhecimentos adequados (p=0,025). Além disto, identificou-se associação entre níveis de renda familiar per capita e conhecimentos (p=0,002), no entanto, sem poder se estabelecer uma associação linear (quanto maior a renda mais freqüente conhecimentos adequados). Por fim, entre aqueles que tinham plano de saúde 56 57 57 40,4% referiram conhecimentos adequados, entre os que não tinham a freqüência de conhecimento adequado foi 24,4% (p=0,055). A variável faixa etária, raça/cor, situação conjugal, ter filhos e religião foram associadas estatisticamente aos conhecimentos adequados na amostra investigada. 5.7. Associação entre variáveis sociodemográficas e atitudes Tabela 14 – Associação entre variáveis sócio-demográficas e atitudes entre os entrevistados (n=160) Variáveis Faixa etária 50 a 56 57 a 65 66 e mais Raça/cor brancos negros mestiços Situação conjugal Casados Não-casados Escolaridade (N=133) Fund. incompleto Fund. Completo Renda fam. per capita (N=123) R$ 0 a 95 R$96 a 190 R$191 a 380 R$> 380 Plano de saúde Não Sim Têm filhos (N=159) Não Sim Religião (N=157) Católica Outras Atitudes Adequadas n % Inadequadas N % 27 20 18 50,0 35,1 36,7 27 37 31 50,0 64,9 63,3 0,223 25 15 25 38,5 46,9 39,7 40 17 38 61,5 53,1 60,3 0,716 50 15 45,0 30,6 61 34 55,0 69,4 0,087 46 10 43,0 38,5 61 16 57,0 61,5 0,675 7 10 17 12 38,9 29,4 36,2 50,0 11 24 30 12 61,1 70,6 63,8 50,0 0,457 18 47 48,6 38,2 19 76 51,4 61,8 0,257 4 61 23,5 43,0 13 81 76,5 57,0 0,124 53 10 43,1 29,4 70 24 56,9 70,6 0,150 Valor de p Tendo em vista a Tabela 14, nenhuma das variáveis investigadas (faixa etária, raça/cor, situação conjugal, escolaridade, renda familiar, plano de saúde, ter 57 58 58 filhos e religião) esteve associada estatisticamente à classificação das atitudes dos entrevistados. 5.8. Associação entre variáveis sociodemográficas e práticas Tabela 15 – Associação entre variáveis sócio-demográficas e práticas entre os entrevistados (n=160) Variáveis Práticas n Adequadas % Inadequadas n Valor de p % Faixa etária 50 a 56 57 a 65 66 e mais Raça/cor brancos negros mestiços Situação conjugal Casados Não casados Escolaridade (N=133) Fund. incompleto Fund. Completo Renda fam. per capita (N=123) R$0 a 95 R$96 a 190 R$191 a 380 R$> 380 Plano de saúde Não Sim Têm filhos (n=159) Não Sim Religião (n=157) Católica Outras 14 17 14 25,9 29,8 28,6 40 40 35 74,1 70,2 71,4 0,898 21 9 15 32,3 28,1 23,8 44 23 48 67,7 71,9 76,2 0,565 37 8 33,3 16,3 74 41 66,7 83,7 0,027* 28 12 26,2 46,2 79 14 73,8 53,8 0,046* 8 6 10 10 44,4 17,6 21,3 41,7 10 28 37 14 55,6 82,4 78,7 58,3 30 15 24,4 40,5 93 22 75,6 59,5 0,055* 4 40 23,5 28,2 13 102 76,5 71,8 0,686 35 9 28,5 26,5 88 25 71,5 73,5 0,820 0,056* * estatisticamente significante De acordo com os dados da Tabela 15, entre os casados identificou-se proporção mais elevada de práticas adequadas (33,3%) do que entre não casados (16,3%); (p=0,027). Entre aqueles de escolaridade fundamental completo, 46,2%, e 58 59 59 entre os de escolaridade até fundamental incompleto, 26,2%, referiram práticas adequadas (p=0,046). A renda também esteve associada às práticas adequadas, identificando-se freqüências mais elevadas entre os extremos da renda per capita (p=0,056). Além disto, ter plano de saúde esteve associado às práticas adequadas (p=0,055) 5.9. Associação entre freqüência com que vai ao médico e práticas Tabela 16 – Associação entre freqüência com que vai ao médico e práticas entre os entrevistados (n=160) Variáveis Adequadas n % Prática Inadequadas n % Valor de p Freqüência com que vão ao médico Nunca/Raramente Às vezes Quase empre/Sempre 4 3 39 15,4 15,8 33,8 22 16 76 84,6 84,2 66,2 0,760 Tendo em vista a Tabela 16, observa-se que não é possível estabelecer associação entre a freqüência com que vão ao médico e suas práticas. 5.10. Associação entre freqüência com que vai ao médico e atitude Tabela 17 – Associação entre freqüência com que vai ao médico e atitude entre os entrevistados (n=160) Variáveis Adequadas n % Atitude Inadequadas n % Valor de p Freqüência com que vão ao médico Nunca/Raramente Às vezes Quase sempre/Sempre 9 8 48 34,6 42,1 41,5 17 11 67 65,4 57,9 58,4 0,799 Observou-se na tabela 17, que não há associação entre a freqüência com que vão ao médico e atitudes, ou seja, identificou-se proporções semelhantes sob o 59 60 60 ponto de vista estatístico (p=0,799) de práticas adequadas entre quem referiu nunca/raramente (34,6%); às vezes (42,1%) e quase sempre/sempre (41,5%). 60 61 61 CAPÍTULO VI DISCUSSÃO DISCUSSÃO 61 62 62 6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A proposta do PSF busca ressaltar uma nova concepção de assistência à saúde, através de ações preventivas, intervenção sobre os fatores de risco e do desenvolvimento da promoção e qualidade de vida. Propõe ações a serem realizadas com ênfase em atividades educativas, prevenção de riscos e agravos específicos, além de ações básicas de atenção à saúde aos grupos prioritários em um determinado território (TEIXEIRA, 2002; BRASIL, 2000abc). O perfil da amostra é exatamente este, ou seja, uma população com baixa renda e escolaridade que precisa ser vista como prioritária. Ainda em relação à situação socioeconômica da amostra, a baixa renda familiar mensal específica (média de R$ 308 reais) reflete sobre outras questões. Segundo Hegarty et al (2000), pessoas em condições socioeconômicas nada favoráveis têm maior dificuldade de acesso ao sistema de saúde: conseqüentemente, estão mais expostas aos agravos de saúde, podendo o câncer ser um deles. Os exames de rastreamento para o câncer de próstata são, com certeza, a etapa mais importante do tratamento do mesmo, principalmente em países em desenvolvimento, pois é nessa fase inicial da doença que se tem a oportunidade de oferecer aos homens um método de tratamento eficaz e mais barato, contribuindo para a manutenção da qualidade de vida. Deste modo, não é possível dissociar o papel dos responsáveis pela adoção de políticas públicas e o dos profissionais da área da atuação no aspecto da educação em saúde da população. Complementando o perfil socioeconômico da amostra, a análise da escolaridade demonstra situação nada favorável, já que 66,9% dos entrevistados têm formação fundamental incompleta, 16,8% não freqüentaram escola. Ressalta-se que apenas dois entrevistados tinham curso superior. Gomes et al (2008) destacam que as pessoas tomam decisões de acordo com suas visões de mundo, a forma como vêem as coisas. Neste sentido, Gomes et al (2008) sugerem que as percepções dos sujeitos devam ser levadas em conta no planejamento dos programas de rastreamento. Por se tratar de uma comunidade específica, os recursos para realização da detecção devem representar uma prioridade no planejamento das ações de saúde. Lucumí-Cuesta et al (2005) associam a falta de informação sobre a prevenção ou sobre o tratamento do câncer de próstata a baixos níveis de escolaridade. Colocam que a desinformação atinge em maior intensidade a população masculina com 62 63 63 menor nível de escolaridade e poder socioeconômico, o que demanda ações educativas voltadas principalmente para este grupo. A alta taxa de fecundidade identificada (média de 4,27 filhos) pode ser vista como reflexo da associação de baixa renda e baixa escolaridade, pois, segundo enfoque de Hegarty et al (2000), esses dois fatores criam um grupo com pouco acesso ao sistema de saúde. De um modo geral acredita-se que estes homens não obtiveram informação a respeito de planejamento familiar, e os recursos destinados à saúde estão aquém do necessário. Nesse sentido, é fundamental que se lance mão de alternativas para procurar corrigir esta distorção. Nota-se que a situação conjugal não foi estaticamente significativa para o conhecimento e atitude, mas foi para a prática. A explicação para esse achado pode sustentar-se no fato de a união estável funcionar como um fator de proteção para estes homens, no qual as mulheres contribuem para que eles tenham mais cuidados com a saúde. Embora vários estudos mostrem uma ampla discussão sobre a masculinidade na área da saúde em geral, ainda há insuficiência de estudos sobre o empenho masculino voltado para o estilo de vida saudável e a promoção da saúde (COURTENAY, 2000). Em relação aos hábitos de vida da amostra, encontraram-se ainda muitos homens fumantes e usuários de bebidas alcoólicas, o que os expõe mais aos fatores de risco para o câncer de próstata (NETTO Jr, 1999; SROUGI, 2003). A pequena parcela dos participantes do estudo que pratica exercícios físicos (31,3%) completa as características de indivíduos com pouca saúde: fumantes, etilistas e sedentários. Sobre hábitos de vida, Czeresnia (2003) destaca: “a prevenção se volta para uma ação orientada para que o sujeito não adoeça e possa desfrutar de melhor qualidade de vida, para tal, é necessário envolvê-lo com informações relevantes para que se insira ativamente e possa incorporar hábitos preventivos”. De acordo com O National Institute dos Estados Unidos da América – NL (2004) esta instituição pontua que existem 2 fatores de risco para o câncer de próstata: o fumo e genes específicos do homem. Porém somente o fumo pode ser evitado. Portanto a adoção de hábitos saudáveis de vida parece uma forma de se prevenir qualquer câncer, inclusive o de próstata. Dentre esses, podemos citar: controlar o peso, beber com moderação, limitar o uso do açúcar e do sal e praticar exercícios físicos. Em geral, dietas consideradas saudáveis ocupam um lugar significativo para boa saúde e prevenção de doenças. Neste aspecto, Srougi (2003) informa que, em estudo 63 64 64 realizado na Universidade de Harvard (Estados Unidos), verificou-se que a ingestão abundante de tomate e seus derivados parecem diminuir em 35% os riscos para o câncer de próstata. Afirma também que o tomate é rico em licopeno, um β-caroteno natural precursor da vitamina A. Fagundes et al (2002), trazem recomendações sobre a prevenção do câncer de próstata através de uma dieta saudável. Dentre as recomendações, destacamse as seguintes: aumentar o consumo de fibras de 25 a 30 gramas/dia, com limite superior a 35 gramas; consumir uma a duas porções de peixe por semana; consumir no mínimo cinco porções de verduras e frutas ao dia. A complementação dietética e de vitaminas também é colocada como forma de prevenção para o câncer de próstata (SROUGI, 2003). Neste sentido, faz-se necessária a divulgação aos homens sobre todas as questões que envolvem hábitos saudáveis. Na amostra estudada nesta pesquisa, no que tange à saúde dos entrevistados, a maioria declarou possuir uma saúde boa (40,0%) ou regular (31,3%), bem como que vai ao médico com grande freqüência (sempre), o que difere do esperado para o gênero estudado, pois geralmente os homens não demonstram preocupação com autocuidado. Eles padecem mais em condições severas e crônicas de saúde do que as mulheres e também morrem mais pelas principais causas de morte. (COURTENAY, 2000; LAURENTI, 2005; LUCK et al, 2000). Entretanto, apesar de as taxas masculinas assumirem um papel significativo nas taxas de mortalidade, observa-se ainda que a presença dos homens é menor na atenção primária (FIGUEIREDO, 2006; PINHEIRO, 2002). Ao analisarmos a utilização dos serviços de saúde, percebe-se que a assistência à saúde nas Unidades Básicas de Saúde tem enfoque direcionado a mulheres, crianças e idosos. A assistência à saúde dos homens ocorre de forma indireta, quando são incluídos em grupos de atenção preventiva, como hipertensos, diabéticos ou durante atendimentos de urgência e emergência. Figueiredo (2006) aponta este aspecto e enfatiza que as unidades de saúde são vistas como espaços femininos pela comunidade, onde o trabalho desenvolvido pelos profissionais também é direcionado neste sentido. Isso pode ser visto com muita clareza em relação ao câncer de próstata, pois as UBSs geralmente não possuem programas específicos destinados à saúde do homem, principalmente com enfoque para o câncer de próstata. 64 65 65 A maioria dos homens entrevistados relatou freqüência a médicos ou serviços de saúde sempre ou quase sempre, embora tenha classificado seu estado de saúde como bom ou regular, e referiu não conversar sobre o câncer de próstata com o seu médico. Este fato traduz a falta de informação para o usuário estudado nesta pesquisa no que se refere a uma patologia que incide sobre sua faixa etária, neste caso, a quantidade não traduziu qualidade no atendimento no que se relaciona à doença estudada. Mccoy et al (1995) encontraram dados semelhantes em seu estudo, em que os médicos não informaram a seus pacientes sobre a necessidade de rastreamento para o câncer de próstata. Na amostra, a prevalência de 1,9% de homens com câncer de próstata vêm abaixo da esperada e descrita em outros trabalhos, girando entre 6% e 7%, após transportar estatísticas americanas para o Brasil (SROUGI, 2003), o que nos permite afirmar que o número de não diagnósticos ocorre por falta de práticas de rastreamento e/ou a subnotificação dos mesmos. Este dado é extremamente preocupante e necessita de medidas de correção imediatas, pois se sabe que o câncer de próstata vem aumentando nos últimos anos (SROUGI, 2003; SBU, 2003; NETTO Jr, 1999). Segundo dados do INCA (2005), o câncer de próstata é o tipo de neoplasia mais prevalente em homens, considerado o câncer da terceira idade, uma vez que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Sabe-se que a doença tem relação direta com antecedentes familiares, em que as chances de um irmão desenvolver esta doença são de 16% em relação a 8% quando não há casos na família (CLARO & SROUGI, 2001). Este fato reforça a necessidade de realizar políticas públicas ações governamentais, visando à prevenção desta doença. Desta forma, os gestores de saúde e profissionais da área deveriam buscar um diagnóstico que contemplasse conhecimentos, atitudes e práticas em saúde dos usuários e até mesmo dos próprios profissionais, de modo a possibilitar o desenvolvimento de atividades educativas que favoreçam um CAP desejável, do ponto de vista da saúde pública. Observou-se na amostra que nem todos ouviram falar sobre a doença e, por se tratar de uma área que recebe cobertura do PSF, acredita-se que todos os homens já deveriam ter sido informados sobre o assunto. Isso reforça a importância de se discutir a este respeito e implantar atividades rotineiras nas unidades de saúde que contemplem o câncer de próstata. 65 66 66 Cabe destacar que a mídia e amigos ofereceram maior proporção de informação do que a equipe de saúde, 66,9% contra apenas 20,6%. Com isso, conclui-se possivelmente que a informação não esteja sendo passada ao usuário ou não esteja sendo bem entendida pelo mesmo. É possível que esse fato se deva à rotina dos serviços de saúde, onde os usuários recebem uma avalanche de informações, sem que se priorize a mensagem concreta. Corroboram essa afirmativa Baraúna (2000) e Lucci (2003), que apontam que o bloqueio às informações deve-se ao seu fornecimento abundante e desordenado. Neste caso, seria prudente que as informações fossem transmitidas em vários momentos e aos poucos afim de se atingir o objetivo proposto. O objetivo do estudo foi focado em conhecimentos, atitudes e práticas, porém considerou-se importante investigar crenças, pois os achados poderiam subsidiar as discussões do estudo e, desta forma, permitir mais aprofundamento sobre o assunto. Em relação às crenças referidas pelos homens do estudo, observou-se que a grande maioria (95%) acredita que o câncer pode ser curado se diagnosticado precocemente. Em um estudo sobre conhecimentos e crenças sobre câncer de próstata desenvolvido por Cormier et al (2002) encontrou-se resultados semelhantes, pois os autores descrevem que a maioria dos sujeitos do acreditam que o câncer pode ser encontrado nos exames de rastreamento. Eles destacam que, considerando o impacto do tratamento, 85% dos participantes pensam que um homem com câncer de próstata pode levar uma vida normal, porém 25% consideraram o tratamento pior que a doença. A amostra deste estudo revelou que 57,5% dos homens acreditam ser difícil ter uma vida normal estando com câncer, e 27,8% não souberam opinar se o tratamento é pior do que a doença. Alguns acreditam que, se desenvolverem câncer, é melhor não se tratar. Outro fator relevante foi que muitos homens (53,1%) responderam que o exame para detecção do câncer não afeta a masculinidade, enquanto que 34,4% acreditam que sim. Para Lucumí-Cuesta et al (2005), a questão da masculinidade, pode ser vista como “a possibilidade de admitir fraqueza ou debilidade, ou sentir que a enfermidade possa reduzir sua capacidade produtiva, poderia colocar em risco a invulnerabilidade atribuída ao homem e, conseqüentemente, sua masculinidade”. Sabese que o momento do exame de próstata, mais precisamente o toque retal, coloca o homem em situação constrangedora. 66 67 67 Na amostra deste estudo, encontraram-se muitos homens (32,5%) que acreditam que, se não houver sintomas, não há necessidade de realização do exame. Nesta linha de pensamento, Gomes et al (2008) aprofundam a discussão sobre o toque retal, considerando também a dor e o medo. Acreditam que esse exame pode suscitar ao homem ser tocado em sua parte “inferior” e que o toque envolve penetração e pode estar associado à dor e também à violação. Neste sentido, faz-se necessário observar estas questões ao se planejar atividades de rastreamento. Os homens entrevistados nesta pesquisa ainda mostraram-se desinformados em relação à idade de realizar o exame para detecção, a qual não está muito clara também mesmo entre os autores, pois alguns afirmam ser aos 50 anos (INCA, 2005; FERREIRA & NARDI, 1999); outros, a partir dos 45 (SBU, 2002) e outros após os 50 (CLARO & SROUGI, 2001). Assim, cabe aos profissionais decidir e traçar as ações, haja vista que existem variações, mas quase todas as indicações contemplam o período compreendido após a quinta década de vida Cabe destacar que a grande maioria dos entrevistados (97,5%) informou já ter ouvido falar sobre câncer de próstata, e 34,3% informaram não conhecer exames para detectar a doença. Mccoy et al (1995), em seu estudo sobre conhecimentos, atitudes, práticas e crenças, discutiram sobre a necessidade de desenvolver programas culturais de rastreamento/educação na saúde pública, mas que sejam inovadores para possibilitar maior acesso a pessoas que não podem pagar. Como já foi dito anteriormente, a amostra deste estudo contempla uma população com baixa renda e a maioria (76,9%) não possui plano de saúde, portanto cabe à equipe de saúde da família assistir estes homens de forma a esclarecer fatos relativos não só ao câncer de próstata, mas também com ações preventivas que englobem outras doenças. A maioria dos homens entrevistados nesta pesquisa (54,3%), informou já ter realizado o exame de próstata para detecção precoce (ETR), destes, 58,8% o fizeram há menos de um ano e 51,9% já fizeram o PSA isolado há menos de um ano, este é um dado que mostra a pequena cobertura de rastreamento nesta população. De acordo com as recomendações do INCA (2005) os exames de rastreamento devem ser realizados anualmente, com isso, verifica-se que, no cenário do estudo, estão perdendo oportunidades de prevenção. Estes dados apontam para a necessidade de 67 68 68 responsabilidade e comprometimento pelo planejamento de ações de saúde, pois os exames de detecção precoce são primordiais para o combate ao câncer de próstata. Neste estudo, alguns homens ainda afirmaram não acreditar nos exames preventivos como única forma de detecção precoce para este câncer (5,7% - Tabela 8). Portanto, as atividades educativas desenvolvidas pela equipe de saúde devem contemplar questões a este respeito, buscando discutir sobre os benefícios do exame de detecção precoce, adotando estratégias que minimizem qualquer medo ou estigma em relação a este exame que ainda possa existir. Além da perspectiva de conseguir diagnosticar um maior número de pacientes com câncer, pode surgir a discussão sobre a validade de realizar campanhas de detecção precoce. Um fato evidenciado na amostra deste estudo foi o de os homens acreditarem na evolução silenciosa do câncer, este fator, unido a práticas educativas, poderá levá-los à realização do exame. Outro fator positivo para a realização do exame foi o de alguns homens acreditarem que deveriam fazê-lo independentemente de apresentar sintomas. Encontraram-se várias barreiras em relação aos exames da próstata, uma delas foi o profissional médico nunca tê-los solicitado, este fato representa perda de oportunidade de prevenção para saúde pública. Outra foi que os entrevistados referiram medo de realizar o toque, este fato não é incomum entre os homens, de uma maneira geral. Neste sentido, Gomes et al (2008) consideram que, “mesmo que o homem não sinta a dor, no mínimo, experimenta o desconforto físico e psicológico de estar sendo tocado, numa parte interdita”. Mccoy et al (1995) encontraram barreiras semelhantes em seu estudo, pois os participantes referiram não haver necessidade em fazê-lo por diversas razões como: ausência de sintomas, o médico não recomendar, o médico não informar as causas e ausência de coragem (medo). Estes resultados mostram que tanto o homem latino como o americano tem tabus semelhantes em relação aos exames de detecção precoce. Além disso, esse resultado poderia estar associado ao fato de muitos homens não se sentirem com o direito ou não possuir conhecimento suficiente para requerer o exame de detecção precoce durante as consultas médicas. Portanto, oportunidades de prevenção podem estar sendo perdidas no serviço de saúde, uma vez que os homens que vão ao mesmo saem sem que seja solicitado o exame. O fato de os médicos não solicitarem o exame, como foi apontado na amostra deste estudo por 68 69 69 33,8% dos entrevistados, e o de nunca o terem realizado, o que foi declarado por 44,4% dos participantes, corroboram com esta interpretação. A ausência de sintomas referentes ao câncer de próstata é uma barreira que pode ser tomada como um indicador de desconhecimento das ações preventivas destes homens, já que eles acham que, para realizar o exame, é preciso estar doente. É comum entre as populações de países em desenvolvimento o entendimento de que não há necessidade de ir ao médico quando não se sente nada (SENSKY, 1996). Ao serem analisados conhecimentos, atitudes e práticas constatou-se que 63,8% dos homens demonstraram conhecimento adequado em relação ao câncer de próstata; 40,6%, atitude adequada e 28,1%, prática adequada. Esses dados apontam para a responsabilidade pelo planejamento de ações de saúde, haja vista que uma característica peculiar deste câncer é que ele atinge um número elevado de indivíduos sem lhes causar nenhum mal (SROUGI, 2003). A indolência do câncer por nós estudado não pode ser confundida com baixa gravidade, visto que um número importante de indivíduos acometidos desenvolve poucos ou nenhuns sintomas e morrem portando a doença e não por causa dela. Porém, os números elevados de incidência e mortalidade impõem relevância ao tema. Vale ressaltar a importância de se realizar o exame anualmente, pois 70% a 80% dos pacientes podem ser curados da doença quando esta é descoberta a tempo, alojada na glândula (SROUGI, 2003). Observou-se que a relação entre conhecimento e prática do exame evidencia a necessidade de dinamizar o processo educativo junto à população com vistas a aumentar a prática do mesmo. A investigação de fatores que determinaram a adequação do conhecimento e da atitude sobre o exame de detecção precoce da amostra foi de grande importância. Entende-se que o investimento em atividades para melhorar o conhecimento e a atitude poderia estar ajudando a aumentar a prática. De acordo com a lógica do modelo CAP, um comportamento em saúde prende-se a um processo seqüencial: a aquisição de um conhecimento correto leva a uma atitude favorável, que, por sua vez, conduz à prática saudável. Com isso, espera-se que o conhecimento correto leve a uma mudança de comportamento (GILLET, 1985). Os dados apresentados nesta pesquisa demonstram associação entre conhecimentos e práticas e conhecimentos e atitudes adequadas. 69 70 70 Para que se adote uma prática adequada em saúde, pressupõem-se uma atitude adequada, e esta, por sua vez, prende-se a um conhecimento prévio (LEON, 1996). Em um estudo realizado na Flórida, observou-se que a falta de conhecimento foi apontada como fator determinante para o exame câncer de próstata (LIVINGSTON et al, 2002). Essa afirmação suporta-se na análise bivariada, que mostrou que um homem com conhecimento adequado tem duas vezes mais chances de desenvolver atitudes adequadas e 7,6 vezes mais chances de ter uma prática adequada em relação aos demais com conhecimento inadequado. Cabe ressaltar que a área estudada é adscrita ao PSF, portanto merece maior atenção dos profissionais em relação à saúde preventiva dos homens, sabe-se que as atividades do PSF devem dar prioridade a elas, porém ainda percebe-se que há uma lacuna em relação às práticas preventivas masculinas, portanto faz-se necessário trabalhar para mudar este pensar. Observou-se nesta pesquisa que os homens têm opiniões coerentes a respeito do assunto, porém grande parte deles ainda não inclui a prática do exame como rotina de prevenção anual conforme é indicado (INCA, 2006). 70 71 71 CAPÍTULO VII VII CONSIDERAÇÕES FINAIS 71 72 72 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES As contribuições deste estudo vão além da produção do conhecimento, na medida em que pretende servir de subsídio para orientar ou definir ações no âmbito dos serviços de saúde, visando aumentar a adesão aos exames de detecção precoce para o câncer de próstata, e assim contribuir significativamente para a redução da proporção de diagnósticos em estágios avançados desta doença. Com base na experiência analisada, surge uma observação para reforçar a tese de que a prevenção e a detecção precoce, estratégias básicas para o controle do câncer de próstata, têm como requisito essencial um conjunto de atividades educativas constantes, persistentes e dinâmicas para os homens, segundo seu padrão de valores, escolaridade, entre outras variáveis. Consideramos que tais atividades educativas devam priorizar a necessidade urgente de mudança de comportamento tanto por parte dos homens quanto dos serviços priorizando os exames de rastreamento. Neste sentido, a Enfermagem pode se inserir dando sua contribuição para o desenvolvimento de práticas educativas que são elementos centrais da promoção da saúde e qualidade de vida. Aqui destacamos a incorporação da comunidade na atenção à saúde, através do planejamento de ações, articulados com setores organizados da comunidade e outros setores governamentais. Desta maneira, então, gostaríamos de fortalecer o papel da enfermagem como prática social e sem dúvida, a atuação da enfermeira no contexto da detecção para o câncer de próstata, como construtora de conhecimentos e produtora de práticas profissionais coerentes com a prestação de cuidados no interesse da promoção da saúde e consequentemente melhoria da qualidade de vida. Provavelmente permanecerão indagações ao final desta investigação, já que o estudo não tem a intenção de esgotar o tema, mas sim também o de produzir questionamentos acerca do assunto. Como limitação do estudo aponta que a população em questão tem um perfil muito específico, e que algumas das informações adquiridas por este grupo não devam ser generalizadas. Outro item a ser considerado como limitações do estudo é o fato de não se sabe se os homens foram sinceros nas suas respostas devido às entrevistadoras serem mulheres jovens, em sua maioria, pois pode ter havido um viés 72 73 73 em suas respostas, apesar de ter acontecido uma capacitação para aplicação do questionário. Deixamos a expectativa de que novos estudos possam surgir sobre a temática, ou que este mesmo seja aplicado em população com características diferentes para assim podermos confrontar estes dados. Pode-se considerar que o estudo atingiu seus objetivos e provocou mais indagações a respeito do assunto. Ademais, mudanças de concepções não surgem da noite para o dia e, o ponto de partida somos todos nós. Faz-se necessário uma compreensão diferenciada sobre todas as atividades que envolvam a saúde masculina. É preciso que se construam espaços potenciais e de intercâmbio e renovação no dia-a-dia dos serviços e nas instituições formadoras. Por último cumpre ressaltar que se deseja que os achados deste estudo fortaleçam a linha de pesquisa do NUPENSC, uma vez que discute atitudes preventivas. Além disso, deixamos à expectativa de que essas conclusões sirvam como estímulos a outros pesquisadores, não sejam só da Enfermagem, mas também de outras áreas, para que possamos levar a efeito outros trabalhos, sob perspectiva interdisciplinar, certamente mais profunda para o conhecimento e fundamento a novas iniciativas. Com base nos achados, sugerimos que a Prefeitura Municipal de Juiz de Fora implemente um plano de educação em saúde e prevenção do câncer de próstata, no qual os seguintes aspectos sejam contemplados: • Oportunizar experiências educativas com grupos de homens nos serviços de saúde e centros comunitários de modo a favorecer a divulgação de conhecimentos, esclarecendo de dúvidas sobre o câncer de próstata e outros assuntos correlacionados à saúde masculina. • Promover programas de educação continuada para os profissionais das diferentes categorias nos serviços, ampliando o conhecimento dos mesmos para os objetivos de um programa de detecção precoce para o câncer de próstata • Sensibilizar a equipe de saúde a fim de que realize o rastreamento aproveitando a oportunidade para o homem que chegar ao serviço e estiver dentro do limite de idade proposto pela SBU. Neste sentido, ressalta-se que a 73 74 74 falta de capacitação e a desmotivação dos profissionais contribuem para a ineficiência dos programas • Capacitar os profissionais para a adequação das atividades educativas aos homens, priorizando os que apresentam barreiras como acesso, baixa escolaridade, dificuldades em solicitar o exame. • Promover uma maior interface do trabalho das equipes de saúde da família, de modo a sensibilizar e oportunizar os homens para o rastreamento proposto pela SBU. • Disponibilizar capacitação para as equipes das unidades básicas sobre o câncer de próstata. • Utilizar a mídia como forma de divulgação dos programas de prevenção e ainda como veículo de educação para a saúde, levando em consideração o impacto que esta oferece. • Realizar trabalho de sensibilização cotidiana dos profissionais de saúde para a motivação e implementação de outra lógica nos serviços, que contemple as atividades de prevenção e promoção da saúde, além da assistência à doença. 74 75 75 REFERÊNCIAS 75 76 76 REFERÊNCIAS ABREU M.P. 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Se sim, até que série o Sr. estudou? 1- fundamental incompleto (1ª a 4ª série do antigo primário) 2 – fundamental completo (8ª série do antigo ginasial) 3 – médio incompleto (segundo grau incompleto ou técnico incompleto) 4 – médio completo (segundo grau completo ou técnico completo) 5 – superior incompleto 6 – superior completo ou mais 7. Em relação ao trabalho do Senhor, no momento, o Sr. está: 1–empregado 2-desempregado 3-aposentado 4-encostado (aposentado por motivo de licença) 5-licenciado por motivos de saúde 6.Outro. Qual? __________________________ 8. Qual é a atividade remunerada que o Sr exerce atualmente, ou a última que exerceu antes de se aposentar ou se licenciar? ___________________________________________ [__] [__/__] [__] [__] [__] 9. Qual é sua renda familiar atual (ou seja, somando os rendimentos de todos os membros dos familiares que moram com o Sr)? ___________ reais. 8-não sabe informar 10. Quantas pessoas (contando com o Sr.) dependem desta renda para viver? 11. O Sr. tem plano de saúde? 1- Não 2- Sim 12. Quantas pessoas moram com o Sr. atualmente? 13. Qual é a religião do Senhor atualmente? 1- católica 2- protestante 3- evangélica 4- espírita 6-outra qual?:_____________________ 7- não tem religião 14 - De acordo com a classificação do IBGE, o Sr. diria que sua raça/cor é: 1- branca 2-negra 3-amarela 4-mista/mestiça/parda 5-outra 6- não sei 94 [__/__] [__] [__/__] [__] [__] 95 95 Parte 2 – Comportamentos relacionados à saúde. Agora eu vou fazer algumas perguntas sobre alguns hábitos de vida do Sr. 17. Em relação ao hábito de fumar cigarros, o Sr. diria que é? 1- fumante 2- ex-fumante 3 – nunca fumou (pule para pergunta n° 18) 17.1. Caso seja fumante ou ex-fumante, quantos cigarros o Sr. fuma/fumava por dia? [__] [__/__] 17.2. Caso seja ex-fumante, há quanto tempo deixou de fumar? _____anos ____ meses _____ dias 18. O Sr. bebe bebidas que contenham álcool (cerveja, cachaça, vinho, etc)? 1- Não (pule para a pergunta nº 19) [__/__] [__] 2- Sim 18.1. Se sim, com que freqüência o Sr. bebe bebidas alcoólicas? 1- todos os dias 2-quase todos os dias (de 7 a 14 dias) 2- só nos finais de semana 3 –de 2 a 7 dias 4 – 1 a 2 dias 5 – nenhuma vez 6 – não lembro/não sei 18.2.Em geral, quando o Sr. bebe, qual o tipo de bebida que o Sr consome mais freqüentemente? 1-vinho 2-cachaça 3-choop ou cerveja 4-outro. Qual?_________________ 19. O Sr. faz atividades físicas ? 1- Não (pule para a pergunta nº 20) 2- Sim 19.1. Se sim, qual? [__] [__] [__] _________________________ Parte 3 – Utilização de serviços de saúde Muito obrigada pelas suas respostas até agora. Eu vou fazer agora algumas perguntas sobre a utilização de serviços de saúde 20. Quando o Sr tem algum problema de saúde, qual dos serviços de saúde listados abaixo o Sr. costuma procurar com mais freqüência? 1- Unidade de Saúde do Programa de Saúde da Família 2 - Emergência do Hospital. Qual? ___________________ 3 - Posto de Saúde 4 - Médicos particulares ou de planos de saúde/convênios 5 - Farmácia 5 - Outro. Qual? _______________________ 6 - Nunca precisei consultar um médico/serviço de saúde. (Pule para a pergunta nº 24) 21. Com que freqüência o Sr. costuma procurar médicos ou serviços de saúde para resolver problemas de saúde? 1 – nunca 2 - raramente (uma vez a cada 5 anos ou menos) 3 - às vezes (uma vez a cada 2 a 4 anos) 4- quase sempre (uma vez por ano) 5 - sempre (quase todo mês ou todo mês) 22. Quando foi a última vez que o Sr. foi a um médico ou serviço de saúde para resolver um problema seu de saúde? 1 – há menos de 6 meses 2 – entre 6 meses a menos de 1 anos 3 – entre 1 ano e menos de 2 anos 4- entre 2 e 5 anos 5 – entre 5 e 10 anos 6 – há mais de 10 anos 7 – não sei/não lembro 23. Nesta última vez que o Sr. foi a um médico ou serviço de saúde, qual foi o principal motivo? 1 – porque estava doente. Qual doença? __________________________ 2 – por acidente 3 – para verificar se a saúde estava bem. 4 – para tomar vacina 5 – para verificar a pressão arterial 6 – para fazer curativo 6 – outro motivo. Qual? ________________________________ 7 – não sei/não lembro 24. Na opinião do Senhor, comparado a outros homens da sua idade, como o Sr. classificaria o seu próprio estado de saúde? 1-muito bom 2-bom 3 – regular 4-ruim Parte 4 – História familiar e pessoal de câncer de próstata As próximas perguntas dizem respeito sobre a história de câncer de próstata na sua família 24. O senhor conhece alguém da sua família que tem ou teve câncer de próstata? 95 [__] [__] [__] [__] [__] [__] 96 96 1- Não 2- Sim 24.1. Se sim, qual o grau de parentesco destes familiares? 1-pai 2-irmãos 3- avós 4- tios 5-primos 6-outro. Qual? ____________ 25. Algum médico já falou para o Sr. que o Sr. tinha ou tem algum problema de próstata? 2- Sim. Que tipo de problema? _____________________________________ 26. Se sim, atualmente o Sr. está? 1 – curado 2 – em tratamento 3 – tratou mas não está curado 4 – não tratou e o problema resolveu sozinho 5 – ainda vai começar o tratamento 6 – outra situação. Qual? ____________ [__] 1- Não [__] [__] Parte 5: Dados sobre o CAP Gostaria de continuar contando com a colaboração do Sr. e lhe fazer novas perguntas sobre o câncer de próstata 5.1. Conhecimento sobre câncer de próstata 27. O Sr. já ouviu falar sobre o câncer de próstata? 1-Não 2-Sim [__] 28. De quem ou onde o Senhor já ouviu falar sobre o câncer de próstata? 1- PSF 2-Outro serviço de saúde 3-Amigos 4-Parentes 5- Televisão/rádio/jornal 6. Outros. Qual ? __________________________________ 29. O Sr. conhece algum exame que possa detectar este tipo de câncer? 1-Não [__] [__] [__] [__] 2-Sim 29.1. Se sim, quais exames que poderiam detectar o câncer de próstata o Sr. conhece? ____________________________________________ 30. Na opinião do Sr., a partir de que idade os homens deveriam se preocupar mais em fazer exames de próstata? _________ anos 31. Agora eu vou ler alguns hábitos ou situações e o Sr poderia me dizer quais os que os que aumentam o risco dos homens desenvolverem câncer de próstata? 1- fumar cigarros 1.Não 2.Sim 3.Não sei 2 – beber muito 1.Não 2.Sim 3.Nao sei 3 - ter casos de câncer de próstata na família 1.Não 2.Sim 3.Nao sei 4- não fazer sexo 1.Não 2.Sim 3.Nao sei 5 - comer muitos alimentos com gordura animal 1.Não 2.Sim 3.Nao sei 6 – outro. Qual? _____________________ 1.Nao 2.Sim 3.Nao sei [__] [__] [__] [__] [__] [__] 5.2. Crenças sobre câncer de próstata Agora eu vou ler algumas afirmativas e o Sr., por favor, me diga se concorda ou discorda Concordo Discordo 32- O câncer de próstata pode ser curado se for detectado precocemente 1. [__] 2. [__] 3. [__] 33 – Um homem com câncer de próstata pode ter uma vida normal 1. [__] 2. [__] 3. [__] 34- No câncer de próstata, o tratamento é pior do que a própria doença 1. [__] 2. [__] 3. [__] 35 – Um homem pode ter câncer de próstata sem sentir dor ou quaisquer outros sintomas 1. [__] 2. [__] 3. [__] 36 – Se o Sr. tivesse câncer, seria melhor nem saber, deixar quieto, sem tratamento 1. [__] 2. [__] 3. [__] 37 – Se o senhor estiver bem de saúde, não há necessidade de ter a próstata examinada 1. [__] 2. [__] 3. [__] 38 – O Sr. acha que o exame de próstata pode afetar a 1. [__] 2. [__] 3. [__] 96 Não sei 97 97 masculinidade, ou seja, pode tornar o homem menos homem 5.3. Atitudes para o rastreamento do câncer de próstata 39-Na opinião do senhor, a única forma de suspeitar se o homem tem câncer de próstata é fazendo o exame da próstata. 1- Não 2-Sim 3-Não sei [__] 40 - Na opinião do Sr., com que freqüência os homens na sua idade deveriam fazer exames para detecção de câncer de próstata? 1- anualmente 2- a cada 2 anos 3- a cada 3 a 5 anos 4- a cada 5 anos 5 – somente se tiverem sintomas 6-não deveriam fazer 7-Não sei 41 – Deveriam fazer exame de próstata apenas os homens que apresentam algum sintoma urinário? 1-Não 2-Sim 3-Não sei [__] 42 – Na opinião do Sr., qual a importância que o senhor considera em fazer exames de próstata para a saúde masculina: [__] 1-muito importante importante 2-importante 3-indiferente [__] 4-pouco importante 5-nada 5.4. Prática para o rastreamento do câncer de próstata 43-Algum médico ou outro profissional de saúde já lhe informou que o Sr deveria fazer exame de próstata? 1- Não 2-Sim 3-Não sei/não lembro [__] 44 – O Sr. já realizou alguma vez o exame de próstata? 1- Não (pule para a pergunta nº 45) 2-Sim 3-Não sei/não lembro 44.1. Se sim, qual foi o principal motivo que o médico solicitou seu exame de próstata? 1- tinha sintomas (dor, ardência, etc., para urinar) 2- teve casos de câncer de próstata na família 3-somente rotina de prevenção 4- o Sr solicitou 5 – Outro motivo. Qual? _______________________________ 44.2.– Se sim, quando foi a última vez que o Sr. realizou exame de próstata? (toque) [__] 1- há menos de 1 anos anos 5-Não sei/não lembro 2-entre 1 e 2 anos 3- entre 3 e 5 anos 2-Sim [__] 4- há mais de 5 45.– O Sr. já realizou o exame de PSA (exame de sangue para detectar câncer de próstata)? 1- Não (pule para a pergunta nº 46) [__] [__] 3-Não sei/não lembro 45.1. Se sim, quando foi a última vez que o Sr. realizou exame de PSA? 1- há menos de 1 ano anos 5-Não sei/não lembro 2-entre 1 e 2 anos 3- entre 3 e 5 anos 4- há mais de 5 [__] 46 – Quando o Sr. vai ao médico do PSF, ele costuma conversar com o senhor sobre o câncer de próstata? 1-Não 2-Sim 3- não utiliza o PSF [__] PERGUNTA QUE DEVERÁ SER FEITA SOMENTE PARA AQUELES QUE 97 98 98 NUNCA REALIZARAM O EXAME DE PRÓSTATA 47- O Sr. poderia me dizer qual o principal motivo pelo qual o Sr nunca realizou o exame de próstata? 1- o médico nunca solicitou 2- nunca achou importante 3 - não têm tempo/folga no trabalho 4 - não consegue marcar consulta com urologista 5 - tem medo de fazer 6 - considera que os homens não deveriam fazer este tipo de exame 7 - prefere nunca saber de uma doença como o câncer de próstata 8 - nunca apresentou sintomas 9 - outro. Qual? _____________________ 10- não sabe dizer 98 [__] 99 99 ANEXO B Manual do Aplicador UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM EM SAÚDE PÚBLICA PREFEITURA MUNICIPAL DE JUIZ DE FORA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE MANUAL DO APLICADOR PESQUISA SOBRE CONHECIMENTOS ATITUDES E PRÁTICAS ACERCA DO CÂNCER DE PRÓSTATA DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE FRANCISCO TEIXEIRA – JUIZ DE FORA - MG JUIZ DE FORA MARÇO 2007 99 100 100 ÍNDICE 1. APRESENTAÇÃO 2. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA 2.1.Objetivos da pesquisa 2.2.Locais de aplicação do formulário 2.3.Instrumentos da pesquisa 3. METODOLOGIA 3.1.O que é amostra? 3.2.Como foi determinado o desenho amostral? 3.3.Como selecionar os moradores? 3.4.Quem fará parte da pesquisa? 3.5.Quem será excluído da pesquisa? 3.6.O que fazer quando o domicílio estiver fechado? 4. SOBRE O FORMULÁRIO 4.1.Partes do formulários 4.2.Como fazer as perguntas do formulário? 4.3. Como deve ser o preenchimento do formulário? 4.4. Como corrigir erros de preenchimento do formulário? 5. COMO COLETAR AS MEDIDAS DIRETAS 6. SIGILO DAS INFORMAÇÕES 100 101 101 1. APRESENTAÇÃO De acordo com a literatura, o número de câncer de próstata aumentou nos últimos anos, e, com isso, percebeu-se a necessidade de investigar mais detalhadamente o problema e as políticas de saúde no município. No município de Juiz de Fora, não há ainda um controle mais efetivo deste grande problema de saúde pública. Este tipo de estudo, chamado de inquérito domiciliar, já foi feito em diversos outros municípios do país e é bastante comum nos países desenvolvidos. O objetivo principal desta pesquisa é conhecer a magnitude do câncer de próstata em uma área do PSF de Juiz de Fora, buscando informações que possam subsidiar o planejamento de ações de saúde no município, através da Secretaria Municipal de Saúde, no sentido de realizar a detecção precoce do câncer de próstata. O câncer de próstata triplicou nos últimos anos, sendo que três fatores são descritos como determinantes deste aumento: 1- maior expectativa de vida da população; 2- maior conhecimento dos leigos sobre as doenças da próstata e as constantes campanhas de identificação destas que passaram a revelar mais pacientes com a doença e 3 - influências ambientais e alimentares, tais como o alto consumo energético, ingestão de carne vermelha, gorduras e o leite. A idade é considerada marcador de risco importante para o câncer de próstata. A probabilidade do aparecimento do câncer em homens com menos de 39 anos é um em cada 10.000 homens; um em 103 homens entre os 40 e 49 anos e um em oito homens entre os 60 e os 69 anos (NETTO JR, 1999). Assim, o aumento exponencial dos casos em idades acima dos 50 anos faz com que o rastreamento seja indicado a partir desta idade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Enfim, os programas de saúde devem abranger os fatores de risco como um todo. É importante atentar para o problema e trabalhar muito na educação em saúde, promovendo hábitos saudáveis entre a comunidade. Para tanto, o seu papel como aplicador é fundamental. É você quem vai apresentar a pesquisa aos moradores, e o sucesso da pesquisa dependerá basicamente de convencê-los da importância da mesma e da sua credibilidade. 101 102 102 2. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA Este estudo faz parte de uma tese de doutorado da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro e é assessorado por duas professoras da escola. A Prefeitura Municipal nos disponibilizou o campo para a pesquisa em questão, onde contamos com os recursos do posto de saúde e com todos os seus servidores, inclusive os agentes de saúde que têm participação fundamental na pesquisa. Como vocês podem perceber, estamos numa equipe, o que nos dá maior chance de sucesso no trabalho! Depois da coleta das informações nos domicílios, estas serão digitadas no computador e será feita a análise. Espera-se que estas forneçam subsídios para implementação e reorganização de programas de assistência à saúde no município, trazendo, com certeza, benefícios aos usuários dos serviços de saúde na cidade. Sendo assim, sem a colaboração dos aplicadores e da comunidade, o estudo tornar-se-á inviável. 2.1. Geral Objetivo da Pesquisa • Analisar conhecimentos, atitudes e práticas em relação ao câncer de próstata em homens com idade entre 50 e 80 anos, usuários de uma unidade do PSF no Município de Juiz de Fora - MG. Específicos • Estimar a ocorrência de câncer de próstata como morbidade referida entre os homens do estudo. • Identificar a freqüência de realização do exame de detecção do câncer de próstata entre os homens do estudo. • Analisar barreiras associadas à realização do exame de detecção precoce. • Verificar a associação entre conhecimentos, atitudes e práticas acerca dos exames de detecção precoce do câncer de próstata. 2.2. Locais de Aplicação do Formulário Com a finalidade de pesquisar sobre o câncer de próstata do município, serão sorteados os domicílios de uma área coberta pelo PSF que representarão à amostra da pesquisa. 2.3. Instrumentos da Pesquisa Para podermos coletar as informações nos domicílios, serão utilizados: 102 103 103 - Um formulário individual, com diversas perguntas que deverão ser feitas a cada indivíduo com idade entre 50 e 80 anos, dos domicílios sorteados. 3. COMO FAZER? - METODOLOGIA Metodologia é a forma, o método que utilizaremos para obtenção dos dados para a pesquisa. No caso desta pesquisa, selecionamos uma amostra de pessoas que irão responder ao formulário para, então, conhecermos as principais características da população estudada. 3.1. O que é amostra? Nem sempre dispomos de recursos, tanto financeiros como de pessoal para fazer pesquisas com todos os moradores. Um bom exemplo disso é o Censo Demográfico que é feito a cada dez anos no país. Vocês, provavelmente, já receberam representantes do Censo que fizeram diversas perguntas em sua casa. Pois é, o Censo entrevista todos os domicílios e só é feito a cada dez anos e tem a preocupação de contar todos os moradores. Existe um método estatístico mais rápido e mais barato, que, apesar de não fornecer dados exatos do que ocorreria na população total, apresenta dados bem parecidos e que podem ser utilizados com bastante confiabilidade. Este método chamase amostragem. Em uma amostra, são selecionados somente alguns elementos da população. Com base nas informações obtidas a partir desta amostra, e através do uso de procedimentos estatísticos adequados, podem-se generalizar os resultados para a população como um todo. Para que a amostragem seja válida, é importante atentar para o seguinte: - Todo domicílio precisa ter a mesma probabilidade de fazer parte do estudo. Isso significa dizer que o pesquisador ou o aplicador não pode selecionar este ou aquele domicílio por achar que lhe é mais conveniente, ou porque o morador é mais simpático, ou porque fica mais perto da casa do aplicador, ou o morador tem cachorro, etc. É muito importante respeitar a forma como devem ser obtidas as casas. Caso contrário, este estudo pode ser inclusive invalidado! 3.2. 103 Como foi determinada a quantidade de pessoas para participar do estudo? 104 104 Existem cálculos que determinam a quantidade de pessoas que devem fazer parte de uma amostra. Para esta pesquisa, o cálculo apontou que precisávamos de, no mínimo, 160 homens com idade entre 50 e 80 anos, para termos uma boa amostra. Para que pudéssemos planejar o estudo, usamos os dados do censo dos agentes de saúde da área, que mostrou termos uma população de 854 homens. Na idade em questão são 457 com o cálculo da amostra foi de 160 homens no mínimo. 3.3. Como selecionar os moradores do domicílio? Já vimos antes que todos os domicílios devem ter a mesma probabilidade de participar da amostra. Então, diz-se que a amostra é aleatória. No caso desta pesquisa, decidimos proceder da seguinte forma: - As fichas de cadastro dos domicílios devem ser numeradas em ordem seqüencial (1,2,3,4,5,6,......). - Serão sorteados 290 números (de uma tabela padronizada de números aleatórios) - Cada número sorteado corresponderá ao número do domicílio. - O aplicador deverá então proceder à visita aos domicílios sorteados, entrevistando e anotando no formulário. 3.4. Quem fará parte da pesquisa? Farão parte da pesquisa, ou seja, deverão ser entrevistados, homens com idade entre 50-80 anos. 3.5. Quem será excluído da pesquisa? Serão excluídos os indivíduos do domicílio sorteado que não tiverem a idade estabelecida, apesar de morarem na mesma casa. Serão excluídos da pesquisa todos os domicílios que não forem sorteados. 3.6. O que fazer quando o domicílio estiver fechado? Existem diversas situações. Vamos analisar agora: a) Os moradores estão trabalhando: volte em outro horário, em que seja possível encontrá-los. Faça isso três vezes, até conseguir entrevistar todos os adultos do domicílio, se não conseguir encontrá-los, considere perda. Anote na primeira folha do formulário o que aconteceu, enumerando o motivo de as visitas não terem tido sucesso. b) Os moradores mudaram-se para outro local e não há maiores informações – considere perda. c) Os moradores recusam-se a participar da pesquisa. Explique sobre a pesquisa e tente convencê-los. Caso ainda assim não queiram, considere perda. d) Domicílio abandonado ou vazio: perda. e) O domicílio foi demolido ou virou comércio, considere perda. 104 105 105 4. Sobre o Formulário de Perguntas 4.1. Partes do formulário O formulário é constituído pelas seguintes partes: Parte 1- Dados pessoais Parte 2- Comportamentos relacionados à saúde Parte 3- Utilização dos serviços de saúde Parte 4- História familiar e pessoal do câncer de próstata Parte 5- Dados sobre conhecimentos, atitudes e práticas (CAP) 4.2. Como fazer as perguntas do formulário? - A coleta de dados do formulário é etapa essencial da pesquisa. Se as informações registradas no questionário forem incompletas ou não corresponderem à realidade, os objetivos do estudo não serão alcançados. Os dados devem ser coletados de maneira uniforme por todos os aplicadores. Então, observe os passos a serem seguidos: Inicialmente, explique ao entrevistado os objetivos da pesquisa, sobre como será o desenrolar da entrevista e os procedimentos que serão executados com ele. Explique que a participação é voluntária, a não-participação não acarretará em nenhum prejuízo pessoal. Fale da importância da pesquisa para o município e para futuros programas a serem desenvolvidos com a população adulta do local. Leia as perguntas do formulário. Não induza às respostas. Deixe que o entrevistado simplesmente responda ao que tenha sido perguntado. - 105 106 106 4.3. - Como deve ser o preenchimento do formulário? No formulário, temos perguntas fechadas, em que a resposta deverá ser necessariamente uma das opções apresentadas. Por exemplo, temos a pergunta número 04 do formulário individual: 04. Qual é sua situação conjugal? ( 2 ) 1.Casado/amancebado 2. Solteiro 3. Viúvo 4. Separado/desquitado/divorciado A resposta deve ser colocada dentro dos parênteses. Suponhamos que o entrevistado respondeu que era solteiro, então deve ser colocado o número 2. - Temos outras situações em que, além das respostas fechadas, pode-se complementar as opções existentes. Veja o exemplo da pergunta número 5: 5. O Senhor tem filhos? 1. Não 2. Sim [ Se sim, quantos? ________________________________ [ ] ] Existem outras perguntas com respostas abertas, ou seja, deve-se escrever a resposta do entrevistado. Veja o exemplo da pergunta número 8 do formulário: 8. Qual é a atividade remunerada que o Sr. exerce atualmente, ou a última que exerceu antes de se aposentar ou se licenciar? ____________________________________ Não preencha o formulário com caneta vermelha, não rasure, não manche o papel. As respostas devem ser escritas com letra legível, utilizando caneta esferográfica azul ou preta. 4.4. Como corrigir erros de preenchimento do formulário? Se, porventura, o aplicador errar a resposta, deve usar corretivo líquido e colocar a opção correta de forma legível e clara. Deve existir sempre um número dentro do parêntese. Caso existam dois, a resposta será anulada. 5. Sigilo das informações As informações coletadas na pesquisa são de caráter confidencial e serão utilizadas exclusivamente no preparo de séries estatísticas e de cadastros, não podendo, em hipótese alguma, ser divulgadas de modo individualizado, nem servir de prova ou meio de coação contra o respondente, como estabelecido na lei que regulamenta os censos nacionais. O entrevistado tem o direito de indentificar-se ou não na pesquisa. Cabe ao aplicador respeitar este direito. No entanto, pode-se explicar ao entrevistado que sua 106 107 107 identificação possibilitará o acompanhamento ao longo do tempo, visando aprimorar o atendimento em saúde no município. Todo aplicador deverá assinar o TERMO DE SIGILO DO APLICADOR, no qual ele se compromete a manter sigilo das informações prestadas pelos indivíduos entrevistados. Por outro lado, todo entrevistado deverá assinar o TERMO DE CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO DE PESQUISA CIENTÍFICA, que conterá informações sobre a pesquisa e garantirá o sigilo das informações prestadas. Nele, ficará caracterizado que a participação na pesquisa é voluntária. 107 108 108 ANEXO C 108 109 109 ANEXO D Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Pesquisa de Doutorado em Enfermagem Elenir Pereira de Paiva Termo de sigilo do entrevistador Eu, abaixo assinado, ____________________________________________________, identidade _________________________, na qualidade de entrevistador da pesquisa “Conhecimentos, atitudes e práticas acerca do câncer de próstata no município de Juiz de Fora – MG, comprometo-me por meio deste termo a respeitar os seguintes princípios éticos: 1. Não fornecer, em nenhuma hipótese, cópia das informações obtidas por meio da Pesquisa a elementos estranhos ao Grupo de pesquisa. 2. Não manusear em público os questionários preenchidos. 3. Não divulgar ou tecer comentários, por nenhum meio, de dados individuais relativos aos respondentes, no decorrer ou após o encerramento da pesquisa. 4. Cumprir as instruções contidas no formulário e as recebidas durante o treinamento. Tenho clareza que a adesão voluntária a estes princípio éticos é indispensável ao bom andamento da Pesquisa. Assinatura do entrevistador 109 110 110 ANEXO E Termo de encaminhamento Durante a pesquisa, caso se perceba que o entrevistado apresenta sintoma relativo à patologia em questão ou outra sintomatologia, será ressaltada a importância de se fazer diagnóstico de saúde, de forma que a conduta do pesquisador será de se responsabilizar pelo encaminhamento ao posto de saúde de referência. _________________________________________ 110 111 111 ANEXO F Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Eu, Elenir Pereira de Paiva, sou aluna do curso de doutorado da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro e estou desenvolvendo uma tese de doutorado que tem como título: Conhecimentos, Atitudes e Práticas acerca do câncer de próstata entre homens de uma área do PSF no Município de Juiz de Fora - MG, cujo objetivo é analisar conhecimentos, atitudes e práticas em relação ao câncer de próstata em homens com idade entre 50 e 80 anos. Gostaria de contar com a sua colaboração, recebendo um de nossos entrevistadores em sua residência e respondendo às perguntas contidas em um questionário. Suas respostas serão de fundamental importância para este estudo, pois elas poderão nortear ações de saúde para diversas pessoas. Informo que a participação do Sr. é voluntária e o Sr. pode interromper o questionário a qualquer momento, sem riscos ou prejuízos. Além disso, informo que os dados serão tratados com absoluto sigilo e anonimato. Suas respostas serão lidas por uma equipe que não terá acesso ao seu nome e não serão divulgadas individualmente. Gostaria de informar-lhe que, se o Sr. quiser sair do estudo, se não se sentir esclarecido sobre o mesmo, por favor, me interrompa. Quaisquer outras dúvidas que o Sr. tenha, pode entrar em contato comigo, que sou a pesquisadora responsável por este estudo: Elenir Pereira de Paiva Contato: Enfermeira da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora. Telefones: (32) 3222-1115. e-mail: [email protected] Comprometo-me, por meio deste termo, a respeitar os princípios éticos: tratar suas respostas de forma anônima e confidencial, não fornecer em hipótese nenhuma cópia das informações obtidas a pessoas estranhas ao grupo de pesquisa. Não fazer perguntas que fujam das colocadas no formulário. Após a leitura destas explicações, o senhor poderá fazer qualquer pergunta necessária para o entendimento do estudo. Desde já, agradeço a sua participação. _________________________________ Após ter sido devidamente informado, estou esclarecido sobre os aspectos que envolvem esta pesquisa. Assim, dou meu consentimento de participação, na certeza da garantia do anonimato. Juiz de Fora (MG), ___/___/___ Assinatura do participante:______________________________. 111 112 112 ANEXO G Parecer do Comitê da Escola 112