A com(tra)posição arte-filosofia1 Bruno Pucci2 Resumo: A intenção é analisar a questão acima dentro das temáticas: “arte, mímesis e filosofia” e “razão e expressão”. Parto da oposição entre o conhecimento dialético, regido pela lógica da identidade e da nãoidentidade, e o conhecimento mimético, regido pela lógica da semelhança, e tento argumentar, a partir sobretudo de Adorno, como essas duas lógicas se contrapõem e, ao mesmo, tempo se compõem fecundamente na obra de arte, bem como no ensaio filosófico. E como essa com(tra)posição é benéfica particularmente à filosofia, danificada pela crescente racionalidade instrumental positivista, e pelo marcante pensar abstrato. O momento expressivo da filosofia tentativa sempre renovada de pronunciar o inefável e de “emprestar voz ao sofrer” é fruto da intervenção tanto do procedimento técnico como do comportamento mimético. E o “conteúdo de verdade” do escrito filosófico é a manutenção em seu seio dos resíduos miméticos Neste pequeno ensaio abordamos alguns tópicos que, na contraposição e na composição de seus conteúdos, querem expor a indispensável contribuição da expressão estética ao discurso filosófico. São eles: a oposição entre o pensamento dialético e o pensamento mimético; ao mesmo tempo, a composição fecunda entre essas duas formas de conhecimento; e como essa tensão é benéfica à arte e, sobretudo à filosofia. Utilizaremos para tanto a colaboração de diferentes pensadores, particularmente Theodor Adorno. 1 Esta Comunicação foi apresentada no Colóquio Internacional “Mimesis e Expressão”, na FAFICH-UFMG, Belo Horizonte, em abril de 1999 2 Professor titular da Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP, professor titular aposentado da Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, pesquisador do CNPq, coordenador do Grupo de estudos e pesquisa “Teoria Crítica e Educação”, com auxílio à pesquisa da FAPESP. E-mail: A oposição entre o pensamento dialético e o pensamento mimético3. O pensamento dialético, na versão hegeliana, é regido pela lógica da linearidade da dimensão temporal, onde os momentos antitéticos se contrapõem e se compõem sucessivamente, expressando, através da negação, a tentativa da razão de apreensão da realidade e de apreensão de si mesma, nesse processo conflituoso e ao mesmo tempo harmonizador. Seu instrumento operacional são os conceitos. Só os conceitos podem realizar o que os conceitos impedem. (...) O que se pode determinar na deficiência de todos os conceitos precisa da intervenção de outros conceitos4. E os conceitos, no uso de suas funções, para serem dialéticos, para serem críticos, têm que superar (aufheben) o momento subjetivo-intuitivo do estético. A busca de um sistema racional sem lacunas, a exigência de se ser completo e de se ter continuidade no itinerário totalizador do espírito, a fúria metódica que não deixa fora nada, a intolerância contra o ambivalente –que não pode ser subsumido de modo impecável –, constituem o procedimento do pensamento dialético hegeliano. O conhecimento mimético, por sua vez, se processa a partir de um outro tipo de lógica, a lógica de “reconhecer e produzir semelhanças”. Era o dom dos oráculos, das pitonizas, dos astrólogos, o fundamento da clarividência, que, segundo Benjamin, migrou gradativamente, no decorrer dos milênios, para a linguagem e para a escrita, nelas produzindo um arquivo completo de 3 Jeanne Marie Gagnebin, no ensaio Do conceito de Mímesis no Pensamento de Adorno e Benjamin, trabalha, de maneira precisa e agradável, as categorias “pensamento dialético e pensamento mimético”. Cf. GAGNEBIN, J.M. Sete aulas sobre Linguagem, Memória e História. Rio de Janeiro, Imago, 1997, pág. 81-105. 4 ADORNO, T. W. Dialéctica negativa. Versión caslellana de José Maria Ripalda. Madrid: Taurus Ediciones, 1975, p. 58 (Utilizei, nos extratos citados da Dialética Negativa neste ensaio, a tradução de Newton Ramos-de-Oliveira, UNESP-Araraquara). semelhanças extra-sensíveis5. É o conhecimento produzido pelas manifestações estéticas, particularmente pela poesia, pela literatura. É a experimentação do lúdico, da imagem, do não sucessivo, das rupturas, do aberto, da fantasia. Escapa à lógica interna e formal das categorias filosóficas, mesmo que dialéticas. A contraposição entre o pensamento dialético e o pensamento mimético procede de um longo percurso histórico na construção da cultura dos homens, onde imagem e conceito progressiva e violentamente se romperam, até atingir o paroxismo na civilização contemporânea. É assim que Adorno se expressa na Teoria estética: O princípio peripatético de que apenas o semelhante conhece o semelhante, liquidado pela crescente racionalidade até se transformar num valor limite, distingue o conhecimento que é a arte e o conhecimento conceitual: o essencialmente mimético aguarda o comportamento mimético. Se as obras de arte nada imitam a não ser a si mesmas, só pode compreendê-las quem as imita6. Na análise da capacidade suprema de o homem “reconhecer e produzir semelhanças”, Benjamin levanta a dúvida de que talvez não haja nenhuma das funções superiores do homem que não seja decisivamente co-determinada pela faculdade mimética7. Essa intuição/dúvida benjaminiana nos apresenta a perspectiva de que o pensamento dialético possa ser contagiado internamente pela faculdade mimética. Por outro lado Adorno, em diversos momentos de sua 5 BENJAMIN, W. A doutrina das semelhanças. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. In ––. Obras Escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Editora Brasiliense, 6ª ed., 1993, p. 112. 6 ADORNO,T.W., Teoria estética. Tradução de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1988, p. 145. 7 Cf. idem, p. 108. Teoria estética, nos mostra que a construção é, na obra-de-arte, o representante da lógica e da causalidade, transferida para fora do conhecimento objetivo 8. As alternativas acima postas, nos levam ao segundo tópico deste ensaio: A composição fecunda entre o pensamento dialético e o pensamento mimético. Para Adorno, deve existir no pensamento dialético um momento mimético, como no pensamento mimético deve existir um momento racional. As obras de arte estão perpassadas de momentos intelectivos. Necessitam ser interpretadas. Precisam da filosofia para compreender a si mesmas, para dizer o que elas não conseguem dizer. Apresentam-se como enigmas, para serem decifradas. Por que não falam, são incapazes de fornecer respostas a seu caráter enigmático. A reflexão filosófica se aproxima continuamente delas na tentativa de captar seu conteúdo de verdade, a resolução objetiva do enigma. Eliminar da arte a reflexão pela “politização da estética”, por sua transformação em design e indústria cultural, ou por outra razão qualquer, é fazê-la capitular diante do heterônomo. Somente uma arte que se supere a si mesma como crítica radical da própria desestetização social pode renascer para a vida 9 Por sua vez, a filosofia precisa da arte para corrigir sua própria rota, desgastada pela profusão de categorias dos mais diferentes ismos10 e resgatar seus traços de admiração, de estranheza, de emoção. Baumgarten (1714-1762) 8 Idem. p.72 KURZ, R. O fantasma da arte. Tradução de José Marcos Macedo. In Folha de São Paulo. 04 de abril de 1999, Caderno Mais!,p.5. 10 Cf. ADORNO,T.W., Teoria estética, p.147. 9 falava da gradual aquisição do hábito de pensar com beleza: Os talentos mais eminentes e universais de todos os tempos Orfeu e os iniciadores da filosofia poética; Sócrates, chamado o Irônico; Platão, Aristóteles, Grotius, Descartes, Leibniz ensinam a posteriori que a aptidão para pensar de modo belo e a aptidão para pensar de modo lógico se ajustam bem e podem coexistir em um único espaço, não demasiadamente estreito; o mesmo vale também para a disciplina mais rigorosa dos filósofos e dos matemáticos11. Por sua vez, Schiller (1759-1805) evocava o bem que a arte faz aos sentidos e à razão: Todos os outros exercícios dão à mente uma habilidade particular qualquer, mas colocamlhe para isso também um limite particular; somente o estético conduz ao ilimitado.(...) Depois de uma bela música ficamos com a sensação ativa, de uma bela poesia, com a imaginação viva, de uma bela obra pictórica e belo edifício, com o entendimento desperto12. Adorno reserva na Teoria estética diversos aforismos para tratar especificamente de cada um dos momentos constitutivos da obra de arte, a mimesis e a racionalidade. Há uma contraposição entre elas: a mimesis é o momento do pré-espiritual, da magia, do não-conceitual, da inspiração do gênio; a racionalidade é o momento do espírito, da construção, do metier, da experimentação. Ao mesmo tempo que se contrapõem, se interpenetram fecundamente. Mimesis e racionalidade pertencem-se mutuamente uma à outra na obra de arte. Adorno assim se expressa no aforismo homônimo: A arte é o 11 BAUMGARTEN, A. G. Estética. Tradução de Míriam Sutter Medeiros. In DUARTE, R.(Org.) O Belo Estético: textos clássicos de estética. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1997, p. 87. 12 SCHILLER, J. C. F. Über die ästhetische Erziehung des Menschen in einer Reihe von Briefen. Tradução de Verlaine Freitas. In DUARTE, R.(Org.) O Belo Estético: textos clássicos de estética. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1997, p. 123 e 125. refúgio do comportamento mimético. Nela, o sujeito expõe-se, em graus mutáveis da sua autonomia, ao seu outro, dele separado e, no entanto, não inteiramente separado. A sua recusa das práticas mágicas, dos seus antepassados, implica participação na racionalidade. Que ela, algo de mimético, seja possível no seio da racionalidade e se sirva dos seus meios, é uma reação à má irracionalidade do mundo racional enquanto administrado13. E por que não dizer também que a racionalidade e a mimesis podem pertencer-se mutuamente uma à outra na composição filosófica? Os aforismos estético-filosóficos das “Minima Moralia” são uma manifestação impar disso. A “Dialética Negativa”, em diferentes momentos, se deixa fertilizar pela infiltração do estético. Diz ele, em um dos aforismos: (...) a filosofia não pode sobreviver sem seu esforço lingüístico. (...) apenas como linguagem o semelhante conhece o semelhante. (...) A dialética, cujo sentido literal é organon do pensar, seria a tentativa de salvar de maneira crítica o componente retórico, ou seja, de aproximar a coisa e a expressão até indiferenciá-la. (...) Contra a opinião vulgar, o componente retórico se coloca na dialética a favor do conteúdo. (...) Um conhecimento que quer o conteúdo, quer a utopia. (...) O colorido que não pode ser apagado procede do não ser. Quem o serve é o pensar, uma parte do ser que, por via negativa, alcança o que não é. A proximidade só começa na distância mais extrema; a filosofia é o prisma que capta seus coloridos14. Vale a pena ainda, neste tópico, levantar outra observação: A dialética mimesis–racionalidade não pode ser interrompida, nem a favor de uma e nem a 13 14 ADORNO,T.W., Teoria estética, p. 68. ADORNO, T. W. Dialéctica negativa, p. 62-63. favor de outra, pois isso engendraria a morte da arte e da filosofia e/ou a integração de ambas na ideologia. Assim, por exemplo, se a técnica passa a ser absolutizada na obra de arte, e mesmo na filosofia; se a construção se torna total e anula aquilo que a incendeia e que lhe é contrário a expressão, então a arte, e também a filosofia, se irmanam à reificação cientificista e debilitam a virtualidade crítica nelas presente15. A obra-de-arte e o pensamento filosófico, puramente construídos, estritamente objetivos, transformar-se-iam, em virtude de sua mimesis de formas funcionais, em algo decorativo, em pensamento edulcorado16. Ao contrário, tanto na obra-de-arte, como na filosofia, a exposição da dialética move-se mais pelos extremos. É o que Adorno afirma nas “Minima Moralia”17 e neste belíssimo extrato da Teoria estética: Na arte moderna (podemos acrescentar, na filosofia moderna) foi frutuoso o que se dirigiu para um dos extremos (entre o mimético e o racional) não o que ficou no meio; quem se esforçasse por realizar a síntese entre os dois seria recompensado por um consenso suspeito. A dialética desses momentos assemelha-se à dialética lógica, em que é apenas num que o outro se realiza, não no meio. A construção não é correção ou certeza objetivante da expressão, mas deve, por assim dizer, acomodar-se sem planificação aos impulsos miméticos 18. Há nesta observação uma diferença clara entre “ir aos extremos” na tensão dialética entre o mimético 15 Cf. ADORNO, T. W.O ensaio como forma. Tradução de Flávio R. Kothe. In COHN, G. Theodor W. Adorno. São Paulo: Editora Ática, 1986, p. 171-2. 16 Cf. ADORNO,T.W., Teoria estética, p. 73. 17 ADORNO,T.W. Minima moralia: reflexões a partir da vida danificada. Tradução de Luiz Eduardo Bicca. São Paulo: Editora Ática, 1992, p. 74 18 ADORNO,T.W., Teoria estética, p.58. e o racional e hipostasiar, absolutizar, dicotomizar um dos momentos do processo. A abordagem da composição fecunda entre o pensamento dialético e o pensamento mimético nos encaminham ao terceiro tópico deste nosso ensaio. Como a com(tra)posição arte filosofia é benéfica à arte e, sobretudo à filosofia. Pensamos que a categoria expressão, tão bem desenvolvida por Adorno nas análises da obra de arte e da reflexão filosófica, possa ser o eixo condutor deste tópico. A expressão contém no interior de si a sensibilidade do artista e o rigor do pensador, faz parte constituinte da obra de arte e da composição filosófica, é, ao mesmo tempo, produto da mimesis e da racionalidade. De um lado, a filosofia faz bem à arte, pois, é na aparente irracionalidade do momento expressivo que a obra de arte manifesta o esforço da razão estética. Diz Adorno na Teoria estética: A mímese é na arte o pré-conceitual, o contrário do espírito e, por outro lado, aquilo a partir do qual ele se incendeia. Nas obras de arte, o espírito tornou-se o seu princípio de construção, mas só satisfaz o seu ‘telos’ onde se eleva a partir do que deve ser construído, dos impulsos miméticos e neles se integra em vez de se lhes impor de um modo autoritário19. A verdadeira expressão da arte é “sem palavras”, no sentido ambíguo do termo: prevalece nela o momento averbal, ao mesmo tempo que a imagem que dela brota gera estranheza, inquietação, negação. É por isso que a 19 ADORNO,T.W., Teoria estética, p.139. face manifesta da expressão estética é a dissonância, o choro a que faltam as lágrimas. A dor, expressão viva do sofrimento dos vivos, se transforma mimeticamente em si mesma, como denúncia, na obra-de-arte20 e como exigência na composição filosófica: A necessidade de emprestar uma voz ao sofrer é a condição de toda verdade21. Adorno argumenta que a mediação do pensamento na obra de arte se processa duplamente. A primeira é aquela que faz com que a obra de arte seja diferente de sua simples aparência. O outro momento, que ele chama de “segunda reflexão”, se dá quando o conceito se debruça, enquanto medium, sobre o pormenor artístico para sondá-lo minuciosamente. Só uma filosofia que conseguisse apreender estas figuras micrológicas e o que elas têm de mais profundo na construção do todo estético, manteria suas promessas22. De outro lado, a arte faz bem à filosofia. Esta, em sua angústia solitária de tentar exprimir conceitualmente o não-conceituado, o não-conceituável, precisa da arte para se recuperar enquanto sabedoria, sabor das coisas. Na quase impossível busca da verdade, o pensamento encontra pelo estético a possibilidade de expressar o inefável. O filósofo Schelling (1775-1854), certamente desiludido com as expressões vazias e/ou por demais precisas do pensamento de sua época, especulava sobre o retorno da filosofia à arte, sua fonte de vida. Dizia ele: Se somente a arte consegue tornar objetivo com validade universal o que o filósofo só é capaz de apresentar subjetivamente, então, (...), é de se esperar que a filosofia, assim como na infância da ciência 20 Cf. ADORNO,T.W., Teoria estética, p. 393 p. 130, 138. ADORNO,T.W., dialéctica negativa, p.203. 22 ADORNO,T.W., Teoria estética, p. 393 21 nasceu da poesia e foi nutrida por ela, e com ela todas aquelas ciências que ela levou à perfeição, após o seu acabamento reflua como muitas correntes singulares ao oceano universal da poesia, de onde partiram23. Banhada, quem sabe, nas águas férteis da arte, a filosofia descobrirá nos objetos que estão diante de si nuanças, cores, odores nunca dantes constatados, nem expressos. Adorno, ao projetar as imagens de seus textos ensaísticos, nos faz ver que a presença do mimético no filosófico não é puramente um enfeite que vem de fora (algo “ornamental, comercial, feio”), e nem uma vestimenta multicolor com se cobre o conteúdo; é algo imanente à própria idéia da filosofia. E seu momento expressivo integral, que é mimético e não-conceitual, só se objetiva através da exposição24. Mas não só. A expressão na filosofia, que é carne de sua carne, é o resultado da precisão obsessiva do pensador no trato com os procedimentos técnicos. É um esforço escrupuloso e responsável do escritor de “aproximar a coisa e a expressão até indiferenciá-la”. Ao contrário de um deixarse levar pelo curso familiar da fala, a linguagem filosófica escrita exige, da parte de quem escreve, rigor e pureza na articulação lingüística, e da parte de quem lê, a suspensão dos juízos habituais e um esforço conceitual de compreensão 25. É porque expressão e rigor não lhe são possibilidades dicotômicas. Ambas se necessitam com reciprocidade, nenhuma existe sem a outra. (...). O pensamento só se conclui quando expresso na exposição verbal. A expressão impõe o rigor 23 SCHELLING, F. W. J. System des transzendentalen Idealismus. Tradução de Romero Alves Freitas. In DUARTE, R.(Org.) O Belo Estético: textos clássicos de estética. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1997, p.147 24 ADORNO,T.W., Dialéctica negativa, p. 20-21. 25 ADORNO,T.W., Mimina moralia, p. 88. ao expressado. O que é dito com desleixo é mal pensado26. Em outro texto já teria dito: Quem (...) sob o pretexto de servir com abnegação a uma causa, negligencia a pureza da expressão, está por isso mesmo traindo a própria causa27. Este ensaio é antes de tudo uma montagem de expressões estéticofilosóficas de pensadores e poetas que acreditam que a filosofia – promessa negada, mas ainda possível pode coabitar a mesma casa com a arte – promessa de felicidade , e juntas, fundidas, mas não confundidas, na diferença de suas especificidades, podem compor uma música alternativa à balada sonolenta e repetitiva que invade nossas vidas. 26 27 ADORNO,T.W., Dialéctica negativa, p.20-21. Cf. ADORNO,T.W., Mimina moralia, p.74