controle biológico na teoria e na prática a realidade dos

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CONTROLE BIOLÓGICO NA TEORIA E NA PRÁTICA: A REALIDADE DOS
PEQUENOS AGRICULTORES DA REGIÃO DE CASCAVEL-PR
1
DELAI, Lucas da Silva; 1 ALVES Victor Michelon; 1 GREJIANIN, Gustavo;
Michelle Marques & 1,2 SEREIA Diesse Aparecida de Oliveira
1
1
PIRANHA,
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
1,2
Orientadora.
RESUMO
O Controle biológico é uma alternativa sustentável ao uso de agrotóxicos em
lavouras, minimizando os efeitos nocivos ao meio ambiente e mostrando-se eficiente
no combate de pragas, normalmente feito através do uso de extratos vegetais e do
uso de bactérias e vírus não prejudiciais à saúde do homem. O presente trabalho
apresenta um levantamento feito com pequenos agricultores dos distritos de São
Salvador e Espigão Azul na região de Cascavel (PR), acerca do uso e eficiência de
produtos alternativos e os principais tipos de agrotóxicos utilizados para o combate a
pragas comuns da região. Os resultados do trabalho demonstraram que todos os
agricultores atualmente utilizam agrotóxicos para o controle de pragas, apesar de
reconhecerem os riscos ao ambiente e a saúde. O uso do controle biológico foi
descartado devido a maior facilidade de manejo e eficiência dos agrotóxicos
oferecidos pelo mercado.
Palavras-chave: Controle biológico, Agrotóxicos, Pragas agrícolas.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de métodos alternativos para o controle de pragas na
agricultura vem sendo incentivado pelos efeitos de pesticidas sobre organismos nãoalvo, pelos resíduos em alimentos, pelos problemas de contaminação ambiental,
principalmente de recursos hídricos e pelo surgimento de falhas no controle de
patógenos (resistência de populações de patógenos).
Os resultados catastróficos no controle de pragas agrícolas no Brasil nos
últimos sessenta anos devem-se à importação do modelo inspirado na Revolução
Verde, que é baseado no uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes químicos, bem
como o uso de sementes híbridas. O controle biológico no Brasil é favorecido pelo
clima e pela sua rica biodiversidade, resultando em uma enorme gama de
antagonistas nativos de pragas, representados por seus parasitóides, predadores e
patógenos. Além disso, os pequenos agricultores estariam mais propensos à adoção
de métodos alternativos de controle de pragas e doenças, pois essa prática
agregaria valor ao produto final, resultando em uma maior aceitação no mercado
(Alves et al, 2008).
O Brasil vem mantendo um significativo quadro de pesquisadores atuando
nas áreas do controle biológico. Atualmente, universidades, institutos de pesquisa e
empresas privadas vêm trabalhando no desenvolvimento de bactérias, vírus, fungos
e nematóides como novos biopesticidas (Melo et al, 1998).
Os fungicidas, por serem aplicados em muitos casos no solo, têm atingido e
contaminado águas superficiais e subterrâneas. Esses e outros motivos como, por
exemplo, a pressão da sociedade por produtos livres de agroquímicos, tem exigido
dos pesquisadores e da indústria maior empenho em programas de controle
biológico (Melo et al., 1998).
MATERIAL E MÉTODOS
As pesquisas foram realizadas nos distritos de São Salvador e Espigão Azul
na região do município de Cascavel-PR, entre os dias 02/09/09 a 04/09/09, através
da aplicação de questionários. O trabalho foi focado apenas em pequenos
agricultores de soja, milho e trigo, com um máximo de 30 hectares de área plantada,
resultando em 17 agricultores. Foram levantadas questões referentes ao tamanho
da área cultivada; os tipos de cultivos realizados; as principais pragas presentes na
lavoura; se houve casos de grandes prejuízos decorrentes de perdas do cultivo
ocasionados pela incidência de pragas; quais são os principais métodos de controle
de pragas utilizados; se há ou já houve emprego de controles alternativos para esse
fim; qual é o conhecimento dos agricultores sobre esses métodos; qual sua opinião a
respeito do uso e eficiência do controle biológico, como também dos produtos
químicos por eles empregados; e sobre o conhecimento dos riscos ambientais e a
saúde tanto dos próprios agricultores, como dos consumidores, conseqüentes de um
uso indiscriminado de substâncias agrotóxicas na lavoura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os cultivos realizados nessas pequenas lavouras são de milho, soja e trigo,
sendo que 17,64% dos agricultores realizam as três culturas; 23,53% cultivam
somente milho; 23,53% cultivam somente soja 17,65% cultivam soja e milho;
17,65% cultivam soja e trigo.
Quanto às pragas enfrentadas na lavoura, 35,29% dos agricultores relataram
problemas somente com a lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis); 23,53% relataram
que além da lagarta da soja, têm problemas com a lagarta do cartucho (Spodoptera
frugiperda); 23,53% relatam apenas a ocorrência da lagarta do cartucho; 11,77%
enfrentam a lagarta da soja e a lagarta do trigo (Pseudaletia sequax); e apenas
5,88% dos agricultores afirmaram a ocorrência das três pragas citadas
anteriormente. Apesar da grande ocorrência dessas pragas, apenas 29,41% dos
agricultores já tiveram perdas significativas na lavoura, decorrentes dessas pragas,
havendo a necessidade do replantio. Durante o trabalho foi observado que apesar
da grande o corrência de pragas, os maiores causadores de perdas da safra são
fatores climáticos, como seca, geada, chuva excessiva, granizo e fortes ventos, que
são característicos da região.
Quando questionados sobre os meios utilizados no controle de pragas, todos
afirmaram usar agrotóxicos. Constatou-se que 29,41% utilizam herbicidas,
inseticidas e fungicidas, enquanto 17,65% usam apenas inseticidas e herbicidas;
17,65% aplicam inseticidas e fungicidas; 23,53% utilizam apenas inseticidas; e
11,76% apenas herbicidas. Os principais herbicidas utilizados têm como princípio
ativo o glifosato; para inseticidas o fipronil e o acefato; e para fungicidas o tiram.
Entre os mais variados tipos de controle biológicos existentes, o único meio já
utilizado pelos agricultores foi o vírus AgNPV (Baculovírus anticarsia) no combate à
lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), somando pouco mais de 29% do total dos
entrevistados, sendo que esses deixaram de utilizar o método. Esses agricultores
avaliaram o desempenho dos agrotóxicos como sendo melhor do que os controles
alternativos no combate as pragas e todos os entrevistados atualmente utilizam
métodos de controle com base em agrotóxicos.
Em relação ao conhecimento por parte dos agricultores sobre métodos de
controle biológico, constatou-se que apenas 29,41% já utilizaram o método do vírus
AgNPV; 11,76% conhecem bem os métodos alternativos de controle, porém nunca
os utilizaram; 17,65% declararam saber pouco sobre o assunto; e 41,18% disseram
nunca ter ouvido falar sobre o assunto.
Durante as entrevistas, os agricultores relataram que grande produtividade,
praticidade oferecida pelos produtos, e a inserção das sementes transgênicas na
região são os principais fatores levados em consideração no momento da escolha
do método de controle.
Todos os agricultores afirmaram conhecer os possíveis riscos causados tanto
ao meio ambiente quanto para o homem pelo uso indiscriminado de agrotóxicos.
CONCLUSÃO
Os resultados demonstram que o uso de produtos químicos é comum entre
todos os entrevistados, apesar de todos reconhecerem os danos causados pelo uso
contínuo destes, tanto para o ambiente quanto para a saúde da população em geral,
os fatores como grande produtividade, praticidade oferecida pelos produtos, e a
inserção das sementes transgênicas na região são cruciais no momento de escolher
a melhor maneira de prevenir pragas na lavoura. Destaca-se a importância de
implantar programas de conscientização acerca da importância do controle biológico
para preservação do ambiente.
REFERÊNCIAS
Alves, S.B.; Lopes, R.B. (2008). Controle Microbiano de Pragas na América
Latina: Avanços e Desafios. FAELQ: Piracicaba – SP, 414 pp.
Melo, I.S.; Azevedo, J.L. (1998). Controle Biológico - volume 1. EMBRAPA:
Jaguariúna – SP, 262 pp.
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