ESPERANÇA DE PACIENTES ONCOLÓGICOS Maysa Mayran Chaves Moreira1 Camila Fernandes Augusto2 Débora Rabelo Magalhães3 Camila Brasil Moreira4 Andrea Bezerra Rodrigues5 INTRODUÇÃO: Mesmo com o constante avanço de novos tratamentos para o câncer e a cura atingida em muitos casos, o câncer ainda é visto como uma doença terrível e misteriosa que causa a sensação de um destino inevitável, a morte. No entanto, esse diagnóstico também tem sido recebido com sentimentos de esperança. Todas as definições de esperança tem um ponto em comum: lidar com a expectativa de um bem que ainda está por vir, uma percepção de uma condição futura em que um objetivo desejado será atingido. (1) Segundo um especialista no assunto, o médico Jerome Groopman, a esperança pode dar ânimo ao paciente para que ele continue a lutar pela sua melhora. Ela inspira coragem para superar o medo durante um processo difícil de tratamento. Há dados evidenciando que os pacientes esperançosos recuperam mais rapidamente a saúde e tem uma taxa de sobrevida maior. (2) O medo, a frustração, a raiva, o humor depressivo e a fadiga ameaçam a esperança e podem levar à depressão. Esses sentimentos afetam o aspecto físico, psicológico, social e espiritual do indivíduo, resultando no oposto, a desesperança. Ela faz com que a pessoa se sinta “andando sem sair do lugar”, sem perspectiva de uma vida melhor. A desesperança é particularmente difícil de interpretar em situações onde não há mais esperança de cura ou recuperação. (3) O enfermeiro por estar em contato próximo ao paciente pode estimular o desejo pela vida, oferece suporte emocional, verificar a compreensão do paciente, tirando dúvidas sobre sua doença e oferecendo informações sobre seu tratamento. O desejo do enfermeiro em estar presente e compartilhar esses momentos difíceis para estabelecer a confiança, permite a exploração das esperanças e desejos que são importantes para a pessoa à medida que progride a doença.(3,4) OBJETIVOS: Avaliar a esperança de pacientes oncológicos em tratamento mediante a aplicação da Escala de Esperança de Herth (EEH). METODOLOGIA: Estudo descritivo, exploratório, com abordagem quantitativa. Realizado em uma unidade de internação oncológica de um hospital geral, de grande porte, localizado no município de São Paulo. A amostra foi composta por 30 pacientes que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: ter idade superior a 18 anos; estar sendo submetido a tratamento oncológico com quimioterapia, terapia biológica, radioterapia ou transplante de medula óssea; concordar em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para a coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos. O primeiro deles é um questionário elaborado pelas autoras da pesquisa, constando: gênero, idade, estado civil, grau de instrução, profissão, religião, doença oncológica e dados referentes ao tratamento. O outro instrumento é a Escala de Esperança de Herth (EEH), uma escala de auto relato de origem americana, de fácil e rápida aplicação, auxiliando pesquisadores na avaliação dos estados de esperança entre os pacientes. A escala foi traduzida e validada no Brasil pelas enfermeiras Alessandra Cristina Sartore e Sonia Aurora Alves Grossi.(3,4)A validação ocorreu na cidade de São Paulo e a amostra foi composta por 131 indivíduos, Página 1 1 Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará – UFC. E-mail: [email protected] 2 Enfermeira pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. 3,4 Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará – UFC. 5 Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo – USP. Professor Adjunto I do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará – UFC. 00426 divididos em três grupos, sendo 47 pacientes oncológicos, 40 pacientes diabéticos do tipo 2 e 44 acompanhantes destes pacientes. A EEH possui 12 itens originais escritos de forma afirmativa onde a graduação dos itens varia de 1 a 4 pontos, com as opções de concordo completamente, concordo, discordo e discordo completamente, o escore total da escala varia de 12 a 48, sendo que, quanto maior o escore, mais alto o nível de esperança. Os dados foram coletados após aprovação do Comitê de Ética do Hospital Israelita Albert Einstein e os dados foram submetidos à análise estatística descritiva. RESULTADOS: A maior parte da amostra foi composta pelo gênero masculino (60%), com idade entre 60 e 70 anos (46,7%), nível superior completo (63,3%), religião católica (63,3%), casados (66,7%), com o diagnóstico de leucemia mieloide aguda (LMA) (30%), e sendo submetida à quimioterapia (46,7%). A maioria dos pacientes (56,7%) estavam otimistas quanto à vida, e 43,3% dos pacientes tinham planos a curto e longo prazo. Na terceira pergunta, que 53,3% dos pacientes discordou que se sente sozinho. A maioria dos pacientes (66,7%) também viam possibilidades em meio às dificuldades, sendo que 43,3% possuíam uma fé que os confortava. Quanto a ter medo do futuro, questão da escala, metade dos pacientes concordou. Segundo a sétima pergunta, 53,3% dos pacientes podem lembrar de tempos felizes e prazerosos. Menos da metade dos pacientes (46,7%), no entanto, concordou que se sentem muito fortes. Porém, quanto à capacidade de dar e receber afeto e amor, 63,3% dos pacientes mantiveram a afirmativa. A maioria (56,7%) também relatou que sabia onde queria chegar, demonstrando foco nos resultados. Sessenta e três por cento dos pacientes acreditava no valor de cada dia e 56,7% se sentiam úteis afirmando que suas vidas tinham valor. CONCLUSÃO: Conclui-se neste estudo que a média dos pontos para a Escala de Esperança de Hearth na amostra estudada foi de 38,3 pontos, e a pontuação variou entre 29 e 48 pontos. A grande maioria dos pacientes optou pelas respostas entre concordo e concordo completamente, o que indica um bom nível de esperança. CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: O enfermeiro pode interferir no processo de descoberta da doença e na evolução do paciente oncológico e, com isso, estimular o sentimento de esperança, que pode servir de elo para a continuidade do tratamento, na maioria das vezes, com consequências físicas, psicológicas e sociais difíceis de serem contornadas. Além disso, conhecer e identificar o sentimento de esperança dos pacientes que cuida com todas as interfaces contidas nesse conceito, pode facilitar as intervenções para as necessidades expressas por cada paciente. REFERÊNCIAS 1 - Gianini MMS. Câncer e gênero: enfrentamento da doença [tese]. [São Paulo(SP)]: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2007. 2 - Groopman J. O remédio da esperança. Veja. 2004; 37(39):11-5. 3 - Sartore AC. Adaptação cultura e validação do Herth Hope Index para a língua portuguesa: estudo em pacientes com doenças crônicas [tese]. [São Paulo(SP)]: Universidade de São Paulo; 2007. 4- Sartore AC; Grossi SAA. Escala de esperança de Herth – Instrumento validado e adaptado para a língua portuguesa. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2008 Jun [citado 2009 Mar 10]; 42(2): 227-32. Disponível em: http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342008000200003&lng=pt&nrm=iso Página 2 1 Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará – UFC. E-mail: [email protected] 2 Enfermeira pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. 3,4 Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará – UFC. 5 Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo – USP. Professor Adjunto I do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará – UFC. 00427 DESCRITORES: Emoções. Oncologia. Cuidados de Enfermagem. ÁREA TEMÁTICA: 5. Processo de Cuidar em Saúde e Enfermagem. Página 3 1 Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará – UFC. E-mail: [email protected] 2 Enfermeira pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. 3,4 Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará – UFC. 5 Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo – USP. Professor Adjunto I do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará – UFC. 00428