File - Portefólio de João Leite

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Trabalho Realizado Por:
João Manuel Freixo Rodrigues Leite
Porto, 13 de Novembro de 2013
Biblioteca de Alexandria
Sumário
Introdução .......................................................................................................... 3
Um Pouco de História… ..................................................................................... 4
O Museu de Alexandria ...................................................................................... 5
A Biblioteca de Alexandria ................................................................................. 7
O Fim do Museu e da Biblioteca ........................................................................ 9
A Nova Biblioteca de Alexandria ...................................................................... 10
Conclusão ........................................................................................................ 11
Referências Bibliográficas ................................................................................ 12
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Biblioteca de Alexandria
Introdução
Este trabalho será realizado no âmbito da unidade curricular Sistemas
de Arquivo e de Biblioteca.
Dos vários temas sugeridos pela professora aquele que mais me
interessou foi a Biblioteca de Alexandria, devido ao que foi falado na aula e
pela sua importância na altura.
Neste trabalho abordarei um pouco da história da cidade de Alexandria,
do Museu e da Biblioteca, e o seu contributo para a sociedade da época.
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Biblioteca de Alexandria
Um Pouco de História…
Antes de falar da Biblioteca de Alexandria temos que perceber um pouco
da história que envolve esta biblioteca.
Filipe II (382-336 a.C.), outrora rei da Macedónia, conquistou a Grécia
decorria o ano de 338 a.C.. Quando se preparava para partir à conquista do
império persa foi assassinado e o seu filho Alexandre, o Grande, (356-323 a.C.)
tornou-se então rei e continuou as obras do seu pai e partiu à conquista “do
Mundo”.
Assim, lutou para alastrar a cultura e a mentalidade humanista do povo
grego e, para isso, nos povos conquistados implementou a língua, os costumes
e a arte grega.
Alexandre e o seu exército conquistaram a Europa, desde o rio Danúbio
até ao sul da Grécia; a Ásia, desde a India até ao mar Negro e Cáspio; parte do
Mediterrâneo Oriental e conquistaram também parte de África, mais
concretamente o Egipto (332 a.C.), possivelmente a sua maior conquista.
Muitas das cidades que foram conquistadas foram baptizadas de
Alexandria, mas a principal e a mais conhecida é a cidade de Alexandria
localizada a norte do Egipto. Esta foi a mais importante porque se situava junto
ao mar Mediterrâneo, o que permitia estar no centro das rotas navais, fluviais e
terrestres dos 3 principais continentes da época (Europa, África e Ásia),
tornando-se assim a o maior centro de comércio do mundo.
Após a morte de Alexandre o seu Imperio foi entregue a dois dos seus
generais: Seleuco, que ficou com a parte norte do Império e Ptolomeu I, com a
parte sul, onde se localizava o Egipto.
Ambos continuaram o seu trabalho de forma satisfatória, mas foi
Ptolomeu I e os seus descendentes que o desempenharam melhor. Ptolomeu I
reconstruiu a cidade de Alexandria, no Egipto, tornando-a a principal cidade de
todo o helenismo. Primeiro foi construído o Museu e, posteriormente a
Biblioteca de Alexandria onde centralizou todo o saber das seguintes áreas:
literatura, história, filosofia, arte, religião, medicina, astronomia e matemática.
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Biblioteca de Alexandria
O Museu de Alexandria
Quando assumiu o poder de Alexandria, Ptolomeu I, estava determinado
a transforma-la na capital intelectual do helenismo para isso tentou tirar a
supremacia cultural a Atenas, para isso convidou vários poetas, sábios e
filósofos.
A grande maioria dos seus convidados aceitou o seu convite, como é o
caso dos poetas, médicos de renome, matemáticos e astrónomos. Mas os
filósofos, as grandes celebridades da época e o principal grupo de intelectuais
que Ptolomeu queria atrair para a sua cidade, rejeitaram o seu convite.
Demétrio de Falero foi o único filósofo que aceitou o seu convite.
Demétrio já trazia reputação de Atenas, onde desempenhou um
importante cargo de governador, foi também de Atenas que levou consigo o
ideal e o nome “Museu” para Alexandria. Este ideal e nome “Museu” remontam
ao pitagorismo, ordem fundada por Pitágoras, onde as Musas (mulheres)
serviam de fonte de inspiração aos intelectuais para estudarem os segredos do
mundo.
Foi esta sabedoria helenista que Demétrio trazia de Atenas que ajudou
Ptolomeu a expandir o Museu, ou também conhecido como Mouseion.
Quando começou a trabalhar no Museu de Alexandria, Demétrio ficou
encarregue de desenvolver a cultura das letras, das ciências e das artes.
Devido aos bons recursos que a cidade tinha, os sábios de Alexandria
fizeram um grande estudo sobre o mundo e o homem baseado nos factos e na
observação. Estes sábios, além de se ocuparem a adquirir mais conhecimento,
optaram também por ensinar aquilo que sabem. E é por isto que o Museu de
Alexandria não se assemelha aos museus que conhecemos hoje em dia, o
Museu daquela época assemelhava-se a uma Universidade, a um instituto de
investigação, onde era adquirido e ensinado o saber.
No que toca à arquitectónica, pouco se sabe sobre o Museu uma vez
que as suas ruinas nunca foram encontradas, aquilo que se sabe é graças a
pequenas descrições feitas por escritores ao longo dos tempos.
Segundo o que é documentado, o Museu era constituído por dez
laboratórios, sendo cada um dedicado a um assunto diferente, salas de aulas e
de dissecação, um observatório astronómico, quartos para os sábios residentes
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Biblioteca de Alexandria
e uma sala comum para refeições. Junto ao Museu também se encontravam
jardins botânicos e um jardim zoológico.
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Biblioteca de Alexandria
A Biblioteca de Alexandria
Como já foi referido, o Museu de Alexandria teve grande importância na
cultura helenista.
Para servir de complemento ao Museu, Ptolomeu II fundou a Biblioteca
de Alexandria no ano de 252 a.C..
A Biblioteca foi construída no quarteirão real da cidade, nas imediações
do porto e junto ao palácio real. Esta proximidade deve-se à importância que a
Biblioteca tinha para Ptolomeu II.
Ptolomeu II em conjunto com Demétrio de Falero queriam reunir todo o
conhecimento literário da época na Biblioteca para que dessa forma facilitarem
o trabalho que os sábios estavam a desenvolver no Museu. Para isso Demétrio
adquiriu grandes quantidades de livros. E a partir desta altura começou uma
busca ambiciosa por novos volumes.
Além de todos os volumes comprados, os sábios do Museu também iam
escrevendo os seus livros e desta formam iam contribuindo também para o
desenvolvimento da Biblioteca.
No final do reinado de Ptolomeu a Biblioteca contava com 400 mil
volumes.
Mas este número era pouco e o seu sucessor, Ptolomeu III usou todos
os métodos possíveis para aumentar o espólio. Todos os navios que atracavam
no porto de Alexandria eram revistados e os livros que eram encontrados eram
confiscados. Ptolomeu III também pediu emprestado a Atenas as principais
obras e as suas copias oficiais que ainda estavam nas mãos dos Atenienses para eles eram obras com um valor cultural incalculável e por este motivo
mostraram-se cautelosos em deixa-las sair da sua posse. Para isso Ptolomeu
III pagou-lhes uma caução, acto que os fez ceder. Mas Ptolomeu III dava maior
valor aos livros do que ao dinheiro, por isso optou por perder a caução para
desta ficar com os originais em sua posse, entregando a Atenas as cópias.
Com tantos livros para gerir era necessário alguém qualificado para a
função, e por isso o cargo de bibliotecário era de grande responsabilidade e de
grande reputação. É por esse motivo que ainda hoje se sabe o nome de grande
parte destes bibliotecários como é o caso de Apolónio de Rodes, Eratóstenes e
Calímaco.
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Biblioteca de Alexandria
De todos os bibliotecários, Calímaco foi o mais importante pois foi ele
que elaborou o primeiro catálogo – denominado por Pinakes – da Biblioteca de
Alexandria. Calímaco redigiu então um catálogo em 120 volumes, dividido em 8
categorias (Oratória / História / Leis / Filosofia / Medicina / Poesia lírica /
Tragédia / Miscelânea), classificando as obras por géneros literários e por
ordem de mérito.
No seu apogeu a Biblioteca continha aproximadamente 700 mil livros, o
que para a época era algo de extraordinário. Pode-se então afirmar que a
Biblioteca continha tudo o que a literatura grega produzia.
Mas nem só da gestão de livros vivia a Biblioteca, esta também tinha a
importante função de traduzir as obras que lá chegavam. A principal tradução
foi a Bíblia, que ficou conhecida como Septuagenta ou “Bíblia dos Setenta”.
Estas actividades realizadas pelos sábios da Biblioteca tiveram um forte
impacto na sociedade. Este trabalho levou à criação de ferramentas literárias
que permitiram que a influência da Biblioteca ultrapassasse fronteiras,
possibilitando que desta forma houvesse uma aproximação entre as diferentes
culturas.
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Biblioteca de Alexandria
O Fim do Museu e da Biblioteca
Cerca de 150 anos após a sua fundação, o Museu e a Biblioteca de
Alexandria passaram uma grande crise. Isto deveu-se ao facto de Ptolomeu
VIII, o Imperador da altura, ter expulsado os sábios do Museu uma vez que
estes tinham criticado o seu líder. Os sábios confrontados com esta situação
arranjaram outro meio de se sustentar e andavam de terra em terra a partilhar
o seu conhecimento.
Apesar de ter cometido este erro Ptolomeu VIII tentou manter a
hegemonia da Biblioteca, para isso proibiu a exportação do papiro para
Pérgamo, que na altura era a grande rival de Alexandria. Pérgamo, confrontada
com esta situação, passou a utilizar o pergaminho e isto permitiu o
desenvolvimento do livro.
O cristianismo, religião que a Biblioteca ajudou a difundir, foi outra das
causas que conduziu à ruína do Museu e da Biblioteca.
Hipátia foi a última grande professora de Alexandria que se opunha aos
dogmas e a crenças da religião cristã, e foi devido a esta oposição que foi
assassinada por um grupo de fanáticos religiosos.
Mais tarde com a implementação da cultura árabe houve uma grande
destruição de livros da Biblioteca, pois esta cultura tinha como tradição queimar
livros. Foi queimada uma quantidade tão grande, o que permitiu o aquecimento
dos banhos da cidade durante meio ano.
Apesar dos acontecimentos anteriormente referidos, a história mais
conhecida sobre a destruição da Biblioteca de Alexandria é o incêndio causado
por Júlio César. Esta tem vindo a ser contestada mas prevalece ao longo dos
anos. Esta teoria diz que Júlio César ateou o fogo à frota egípcia que se
encontrava estacionada no porto e este acabou por chegar à biblioteca
acabando por a destruir.
Apesar destes trágicos acontecimentos algumas obras foram salvas,
como é o caso da Bíblia que durante os tumultos dos grupos cristãos foi
guardada por estes, outras foram vendidas e algumas até roubadas.
O Museu e a Biblioteca ao desaparecerem tiraram importância à cidade
de Alexandria, e isso ditou a perda do estatuto de capital a favor do Cairo.
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Biblioteca de Alexandria
A Nova Biblioteca de Alexandria
Com o intuito de recuperar a memória e o legado de outrora, o governo
egípcio, em conjunto com a UNESCO, decidiram construir uma nova Biblioteca
de Alexandria: uma construção meramente simbólica para homenagear a
anterior.
Esta nova biblioteca foi inaugurada em Outubro de 2002 e renomeada
de Bibliotheca de Alexandrina ou então Nova Biblioteca de Alexandria.
Esta Nova Biblioteca utiliza práticas da sua antecessora, e conta com
professores e investigadores de diversas áreas.
O contributo dado pela UNESCO foi muito importante não só a nível
financeiro mas também porque interveio junto de governos de todo o mundo,
para que estes doassem alguns livros que tivessem em sua posse e fosse do
interesse da Bibliotheca.
A ideia inicial era que a Bibliotheca contivesse 8 milhões de livros, mas
essa quantidade não foi possível de angariar. Deste modo foi criada uma
biblioteca cibernética onde é possível aceder a outras bibliotecas
A Nova Biblioteca de Alexandria está situada junto à Universidade de
Alexandria e em frente ao mar Mediterrâneo, ficando assim desta forma
praticamente no mesmo lugar que a antiga. O novo complexo é composto por
um Centro de Conferências, um planetário, um museu científico e histórico e
uma escola de estudos de informação.
A Bibliotheca tem uma arquitectónica ambiciosa, pois o edifício é um
círculo inclinado na direcção do mar e submerso parcialmente numa piscina,
para que desta forma se assemelhe ao sol. O objectivo é que esta Nova
Biblioteca ilumine toda a civilização.
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Conclusão
A realização deste trabalho permitiu-me aprofundar um pouco mais os
meus conhecimentos sobre a história e funcionamento da Biblioteca de
Alexandria.
Esta foi a biblioteca mais importante da Antiguidade, pois conseguiu
reunir todo o conhecimento gerado pela civilização grega. Teve também a
capacidade de juntar os mais importantes sábios da época.
O fim da Biblioteca e de tudo que a rodeava foi trágico, devido à perda
dos seus livros e todo o conhecimento lá presente. Se este saber não se
tivesse perdido o mundo de hoje estaria 5% mais evoluído do que esta agora.
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Biblioteca de Alexandria
Referências Bibliográficas
POMBO, Olga – Museu de Alexandria. [Consult. 07 Nov. 2013].
Disponível em WWW: <URL:
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/museu/filipe.ht
m>.
SIMIONI, Eduardo – A Lenda da Biblioteca de Alexandria e sua História.
[Consult.
07
Nov.
2013].
Disponível
em
WWW:
<URL:
http://www.sitedecuriosidades.com/curiosidade/a-lenda-da-biblioteca-dealexandria-e-sua-historia.html>
SOUSA, Rogério - Alexandria: a encruzilhada do conhecimento. Porto:
Faculdade de Letras Biblioteca Digital, 2009.[Consult. 07 Nov. 2013].
Disponível na Internet: <URL:
http://aleph20.letras.up.pt/exlibris/aleph/a20_1/apache_media/V78B64SB
J3D4ES3T1MJQ6LFAXMMB3U.pdf> ISBN 978-972-8932-46-6
VIEIRA, Vergílio Alberto – A biblioteca de Alexandria / Vergílio Alberto
Vieira. Lisboa: Caminho, 2001. ISBN 972-21-1442-5
BIBLIOTHECA Alexandrina – The New Library of Alexandria. Egipto:
Bibliotheca Alexandrina. [Consult. 07 Nov. 2013]. Disponível em WWW: <URL:
http://www.bibalex.org/Home/Default_EN.aspx>
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