Terminalidade no Domicílio dificuldades e desafios Dra. Célia Maria Kira Hospital Universitário USP-SP TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Importância Fatores que influenciam no local da morte: (revisão de 58 estudos) fatores relacionados à doença: tumor não-sólido, tempo de doença, estado funcional fatores individuais: variável demográfica, preferência pessoal fatores ambientais: tipo e qualidade de cuidado de saúde (atend. domiciliar, cuidado paliativo), suporte social (cônjuge ou cuidador familiar, cuidadores informais, estado marital, preferência dos cuidadores) Gomes & Higginson 2006, BMJ 332:515-21 TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Importância Fatores que influenciam no local da morte: (revisão de 58 estudos) fatores relacionados à doença: tumor não-sólido, tempo de doença, estado funcional fatores individuais: variável demográfica, preferência pessoal fatores ambientais: tipo e qualidade de cuidado de saúde (atend. domiciliar, cuidado paliativo), suporte social (cônjuge ou cuidador familiar, cuidadores informais, estado marital, preferência dos cuidadores) Gomes & Higginson 2006, BMJ 332:515-21 TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Importância Family perspectives on End-of-Life care at the last place of care óbitos em 2000 nos EUA; 2727 casos local da morte: 68,9% em hospice/casa de saúde; 31,1% no domicílio (dos quais 36,1% sem qq tipo de suporte de saúde) Qualidade de cuidado ao final da vida (visão familiar): garantia de conforto físico e suporte emocional - paciente poder de decisão compartilhada tratar a pessoa morredoura com respeito informação fornecida e suporte emocional familiar (50%) cuidado coordenado entre os locais de atendimento Teno JN et al JAMA 2004, 291(1):88-93 TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO As partes envolvidas Paciente Familia Equipe TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO As partes envolvidas Paciente Familia Familia Equipe TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO As dimensões envolvidas Cuidados, objetivos e valores Traduzido e adaptado de Leland, 2000 Câncer Lynn & Adamson, 2003 Dra Elisa M. Aires - HER Aids e TRAJETÓRIA de MORTE também Doença crônica Lynn & Adamson, 2003 Doença neurológica • Alteração do sono/vigília • Anorexia-caquexia • Astenia • Boca seca • Broncorréia • Confusão mental (demência/delírio) • Convulsão • Constipação • • • • • • • • • • • Dor Dellirium Depressão Diarréia Disfunção urinária Dispnéia Mioclonias Prurido Ronco da morte (“sororoca”) Soluços Sudorese • Alteração do sono/vigília • Anorexia-caquexia • Astenia • Boca seca • Broncorréia • Confusão mental (demência/delírio) • Convulsão • Constipação • • • • • • • • • • • Dor Dellirium Depressão Diarréia Disfunção urinária Dispnéia Mioclonias Prurido Ronco da morte (“sororoca” Soluços Sudorese Princípios de controle de sintomas AVALIAR PLANEJAR E ATUAR PROGNOS TICAR ATENÇÃO AOS DETALHES MENSURAR Princípios de controle de sintomas REAVALIAR PLANEJAR E ATUAR PROGNOS TICAR ATENÇÃO AOS DETALHES MENSURAR dor intensa escala visual de dor: 8 –10 dor moderada escala visual de dor: 5 - 7 dor leve escala visual de dor: 1 - 4 opióides fortes +/- AINH +/- adjuvantes * opióides fracos +/- AINH +/- adjuvantes * analgésicos comuns +/- AINH +/- adjuvantes * * anti-depressivos, neurolépticos, anticonvulsivantes World Health Organization , 1996 PREPARACAO para MORTE PROXIMA A família relembrar e repetir quais são os objetivos do cuidado nesta fase final de vida falar sobre a morte no contexto religioso encorajar a comunicação entre os familiares saber os desejos pessoais do paciente ajudar o paciente e a família a lidar com os sentimentos de culpa ou arrependimento que possam existir Adaptado de WHO/CDS/IMAI, 2004 TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Maiores medos da família o que fazer quando há piora? o que vai acontecer? que a morte seja dolorosa para o paciente: “O MEDO NÃO É DA MORTE E SIM DE COMO VAI OCORRER” na hora do óbito: o que fazer, para quem ligar, para onde ir? atestado de óbito Kira, CM - CIAD, 2008 TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Família: avaliação/estrutura/suporte Esfera psicológica e emocional: perdas anteriores, risco de luto complicado relação familiar prévia, relação hierárquica respeito a autonomia do paciente tipo da doença tempo de doença tempo de sofrimento Burn out (=esgotamento) Kira, CM CIAD, 2008 TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Família: avaliação/estrutura/suporte Esfera espiritual: crença religiosa ou não, do paciente e da família que cuida possibilidade de despedida possibilidade de resgastes pessoais manutenção do papel do paciente enquanto pessoa na sua globalidade: na família, no trabalho, na sociedade Kira, CM CIAD, 2008 TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Família: avaliação/estrutura/suporte Esfera social: recursos financeiros do paciente/família possibilidade de ajuda dentro da família recursos na comunidade situação previdenciária Kira, CM CIAD, 2008 TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Família: morte e luto Tratamento curativo últimas semanas últimas horas LUTO Tratamento sintomático MORTE TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO O trabalho em equipe… Trabalho em equipe: quando o pensar é diferente e a equipe não fala a mesma linguagem o suporte mútuo discussão das dificuldades/facilidades a humildade e a flexibilidade TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO A Equipe Treinamento em: comunicação controle de sintomas, controle da DOR: medicações (ef. colaterais, doses de resgastes, doses máximas) Hipodermóclise morte e luto gerenciamento Dificuldades: alterações cognitivas; recursos sócio-economicos; relação familiar o uso do opióide procedimentos (sondas, soros, curativos complexos) Dificuldades: relação/comunicação intrafamiliar; recursos sócio-economicos escassos; os maiores medos + óbito em casa desmistificação do uso do opióide “socorro” noturno/ fins de semana a questão do atestado de óbito Dificuldades e desafios: relação/comunicação na equipe call center gerenciamento de casos prevenção do Burn out visitas domiciliares: frequencia e por quem retornos telefônicos Hipodermóclise kit conforto captação de recursos/parcerias/voluntariado Midazolam supositório de 15 mg Metoclopramida supositório de 10 mg Escopolamina gel 300mg/ml Haloperidol supositório de 0,5 mg Dexametasona supositório de 2 mg TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Caso clinico 1: N., dona de casa, 69 anos, casada, 03 filhas, residia num Projeto Singapura. Veio para o PAD apos ~ 2 meses de internação (PCR + estado vegetativo persistente), com SNE e traqueostomia Em casa era cuidada pelas filhas durante o dia e pelo marido a noite. Conflitos entre o pai e filhas. Evoluiu com sialorréia, dor intermitente (mímica facial) e com Insuf arterial periférica rapidamente galopante. piora da dor, insonia, agitação psicomotora, odor fétido. Também piora do sofrimento familiar e da relação intrafamiliar. Efetivação irregular das ações orientadas pela equipe. TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Caso clinico 1: PROBLEMAS: Controle da dor – “medo” da morfina Controle da agitação, insonia Curativos e odor fétido Relação intrafamiliar Nao homogeneidade das cdtas dentro da equipe Frequencia das VDs TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Caso clinico 2: M., faxineira, 59 anos, casada, 02 filhas, 03 netos. Portadora de CA de mama tratada (Cir + QT + RXT). Encaminhada ao PAD em virtude das metástases na coluna (não mais deambulava). Dormia num sofá na sala, que era o seu mundo. Ja usava morfina para a dor com bom controle. Evoluiu com piora da dispneia (metas pleuropulmonares). Queria morrer em casa, próxima a família e aos seus pertences. Não queria receber procedimentos invasivos. marido e filha em grande sofrimento verbalizando que não conseguiriam lidar com um óbito em casa. Insistiam que a equipe mudasse os desejos finais da paciente. TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO Caso clinico 2: PROBLEMAS: Controle da dispneia Discordancia entre os desejos da paciente e da familia Mudança de local da morte Suporte familiar Relação intrafamiliar PLENITUDE “ perdoa-me ” “ te perdôo ” “ obrigado ” “ te amo ” “ adeus ” Twycross RG, 2003 Obrigada!!! [email protected]