PLATÃO Platão foi um filósofo da Grécia antiga, e um dos mais importantes pensadores da história. Ele nasceu em Atenas (427/347 a.C.), seu nome verdadeiro era Arestócles, seu apelido era Platão devido, segundo dizem, a largura dos seus ombros. Com o objetivo de entrar para a política, Platão foi estudar filosofia no círculo de Sócrates, assim, estaria melhor preparado para a vida política.Por muito tempo Platão foi discípulo de Sócrates. O interesse pela carreira política acabou quando Sócrates foi levado a julgamento e condenado a morte. (...) O fato de Atenas ter condenado à morte seu filho mais nobre não só lhe deixou marcas para toda a vida como também determinou a direção de toda a sua atividade filosófica. Para Platão, a morte de Sócrates deixou bem clara a contradição que pode existir entre as efetivas relações dentro de uma sociedade e a verdade e o ideal. (GAARDNER, 1995, p. 96) Após a morte de seu mestre, Platão deixou Atenas e viajou por vários anos. Ele foi ao Egito, a Itália, a Sicília. Em 387 a.C., Platão voltou para Atenas onde fundou uma escola de filosofia e ciências que ficou conhecida como “Academia”, por situar-se no parque dedicado ao herói Academos. Lá se estudavam assuntos como matemática, astronomia, ciências biológicas, ciências políticas e ginástica. O método de ensino utilizado na academia de Platão era o de diálogo vivo. Muito dos textos filosóficos escritos por ele também tinham a forma de diálogos, como peças teatrais que se preocupavam basicamente com a apresentação, a crítica e o conflito de idéias filosóficas. Os personagem discutiam a filosofia interpretando lados opostos de uma questão. São exemplos de obras de platão: Crátilo, Críton, Crítias, Demódoco, Fedro, Hiparco, Mênon, Parmênedes, Político, Protágoras, Sísifo, Sofista são exemplos de diálogos. Apologia de Sócrates: trata do discurso de defesa de Sócrates no tribunal em que ele foi submetido em Atenas – Esse tribunal condenou Sócrates a tomar um cálice de veneno. A filosofia de Platão deixou marcas profundas em toda a filosofia européia. Ele escreveu sobre diversos temas, são exemplos de sua filosofia: a) O Mundo das Idéias Platão acreditava que tudo o que podemos tocar “flui”, ou seja, tudo que existe na natureza, ou que pertença ao mundo dos sentidos “flui”, desintegram com o tempo. Entretanto, a algo que nunca se modifica, tudo aquilo que é formado a partir de uma forma eterna imutável. “Para Platão, este aspecto eterno e imutável não é, portanto, um “elemento básico” físico. Eternos e imutávveis são os modelos espirituais ou abstratos, a partir dos quais todos os fenômenos são formados”. (GAARDNER, 1995, p. 99) O ponto fundamental desta questão é que há um número limitado de formas, ou imágem padrão para tudo que vemos aqui neste plano. Platão acreditava numa realidade autônoma por trás do “mundo dos sentidos”. A esta realidade ele deu o nome de mundo das idéias. Nele estão as “imagens padrão”, as imagens primordiais, eternas e imutáveis, que encontramos na natureza. Esta notável concepção é chamada por nós de a teoria das idéias de Platão. (GAARDNER, 1995, p. 100) Na verdade, a idéia é eterna, ela não se apaga com o passar do tempo, mas, as cópias do mundo do sentidos se deterioram com o tempo, ou seja, “fluem. Para Platão, o ser humano é uma soma de um corpo e uma alma. O corpo pertencente ao mundo dos sentidos ou o mundo da matéria “flui”, faz parte de um ciclo, nasce e morre. A alma é imortal, morada da razão, não é materia, e é justamente por isso que ela pode ter acesso ao mundo das idéias. Para ele a alma já existia no mundo das idéias, mas quando entra no corpo humano esquece do mundo das idéias perfeitas, e a partir do momento que o homem vê as formas da natureza ele tem a vaga lembrança do mundo das idéias perfeitas, e passa a viver o anseio do retorno. b) A Alegoria da Caverna A alegoria da caverna é uma forma que Platão encontrou para demonstrar à relação entre as formas da natureza e o mundo das idéias. A alegoria foi exposta na obra “A República de Platão”, mais especificamente no livro VII, em forma de diálogo travado por Sócrates e Glauco. Sócrates chama Glauco a imaginar tal situação: Imagina homens que vivem numa espécie de morada subterrânea, em forma de caverna, que possui uma entrada que se abre em toda a largura da caverna para a luz; no interior dessa morada eles estão, desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo pescoço, de modo a ficarem imobilizados no mesmo lugar, só vendo o que se passa na sua frente, incapazes, em virtude das cadeias, de virar a cabeça. Quanto à luz, ela lhes vem de um fogo aceso numa elevação ao longe, atrás deles. Ora, entre esse fogo e os prisioneiros, imagina um caminho elevado ao longo do qual se ergue um pequeno muro, semelhante ao tabique que os exibidores de fantoches colocam à sua frente e por cima dos quais exibem seus fantoches ao público. Figura, agora, ao longo desse pequeno muro e ultrapassando-o, homens que transportam objetos de todos os tipos como estatuetas de homens ou animais de pedra, de madeira, modelados em todos os tipos de matéria; dentre esses condutores, naturalmente, existem aqueles que falam e aqueles que se calam. Por derradeiro, imagina-se que os homens estejam falando de modo que suas vozes ecoem no fundo da caverna. (VIRTUAL. CLARENTINAS, 2012, p. 1) Figura 1: representação da alegoria da caverna. Encontrado no site: fpslivroaberto.blogspot.com Posteriormente, ele indaga a possibilidade de que um desses homens fosse libertado e imediatamente forçado a se levantar e caminhar para fora da caverna. Num primeiro momento, ele ficaria ofuscado pelo excesso de luminosidade; depois, habituando-se veria as coisas em si mesmas, veria as cores, os animais, as árvores o céu, os contornos precisos de tudo a sua volta. Daí ele saberia que tudo que via na parede da caverna não passavam de imitações baratas. Compreenderia assim, que estas e somente estas são as verdadeiras realidades. Ele pensa nas outras pessoas lá dentro da caverna, então, decide voltar. Ao chegar conta tudo que viu e que as sombras na parede não passam de imitações da realidade, mas, ninguém acredita. Eles apontam para a parede e dizem que aquilo que vêem é tudo o que existe. Ao final acabam matando-o. “O que Platão nos mostra com esta alegoria da caverna é o caminho que o filósofo percorre das noções imprecisas para as idéias reais que estão por trás dos fenômenos da natureza”. (GAARDNER, 1995, p. 105) Ao que tudo indica Platão estava pensando em Sócrates, que foi morto por ter colocado em dúvida a realidade que eles estavam habituados, mostrando a existência de outro caminho, o do verdadeiro conhecimento. Platão defende o ponto de vista de que a relação entre as trevas da caverna e a natureza fora dela corresponde à relação entre as formas da natureza e o mundo das idéias. Ele não acha a natureza em si sombria e triste, mas acha sim que ela é sombria e triste em relação à clareza das idéias. A foto de uma bela jovem não é sombria e triste. Ao contrário. Só que não deixa de ser uma foto. (GAARDNER, 1995, p. 106) c) O Estado e as mulheres para Platão É no livro VIII de “A Republica” que Platão descreve o Estado ideal. Para ele o Estado devia ser dirigido por filósofos. O fundamento de seu pensamento era baseado na constituição do corpo humano. Segundo ele, o corpo humano e dividido em três partes: cabeça, peito e baixo-ventre. A razão pertence à cabeça, ao peito pertence a vontade, ao baixo ventre pertencem o prazer ou desejo. Através da razão tem-se a sabedoria, a vontade deve demonstrar coragem, já os desejos devem ser controlados a fim de que o homem possa se equilibrar. O homem deve unir as três partes como um todo para que ele seja integro, equilibrado. A partir dessa idéia, Platão imagina o Estado como um corpo, cuja cabeça representa os governantes, o peito representa os soldados e o baixo-ventre representa os trabalhadores (comerciantes, artesãos e camponeses). Assim como o corpo precisa das três partes unidas como um todo o Estado também, um Estado justo equilibrado depende de cada parte no seu devido lugar funcionando como um todo. “Toda filosofia de Platão é marcada pelo racionalismo, também o é sua filosofia do Estado. Decisivo para a criação de um bom Estado é que ele seja dirigido pela razão. Do mesmo modo como a cabeça comanda o corpo, os filósofos devem indicar à sociedade o caminho por onde ela deve ir”. (GAARDNER, 1995, p. 106) Para Platão as mulheres eram dotadas da mesma razão que os homens, por isso podiam governar como eles. Entretanto para que elas pudessem exercer tal função deveriam receber a mesma formação que os homens e que fossem dispensadas do serviço de casa e da guarda das crianças. Na verdade Platão acreditava que a educação infantil era importante demais para ser deixada a cargo do particular, a educação infantil deveria ser responsabilidade do estado. Em suma, Platão acreditava num Estado exercido pela razão, onde os sábios é que deveriam estar no comando, que não houvesse entidade familiar e a propriedade privada dos governantes e dos seus soldados, de modo que o interesse público sobressaísse ao particular. CONSIDERAÇÕES FINAIS O fim trágico de seu mestre, Sócrates, imprimiu uma marca em todas as fases de reflexão de Platão, inclusive no que diz respeito à posição de que a democracia tinha de ser substituída pelo governo dos mais sábios e melhores. Platão observou as massas e os governos com tamanha eficiência que, até nos dias de hoje, podemos observar tais características na nossa sociedade. Conforme dizia ele, o povo não está devidamente preparado para selecionar os melhores governantes porque não possui compreensão e apenas repete o que os seus governantes lhe disserem, afinal, para “conseguir que uma doutrina seja aceita ou rejeitada, basta que seja elogiada ou rejeitada numa peça de teatro”. Nos dias de hoje, basta colocar seus ídolos na mídia condenando ou elogiando um fato para que grande parte do povo concordar imediatamente. No tempo de Platão, “imaginar um método para afastar a incompetência e a canalhice dos cargos públicos e para selecionar e preparar os melhores para governar era um problema da filosofia política”. Hoje sabemos que o problema continua. Platão realça que a justiça seria uma coisa simples se os homens fossem simples, mas a cobiça e a luxúria os deixam ambiciosos, competitivos e ciumentos. Cansam-se logo do que possuem e anseiam pelo que não têm. Contudo, notemos a relação das análises de Platão com o povo e governos atuais; não se pode negar a grande semelhança com a população brasileira mesmo com tanto tempo passado, parece ter sido escrito para nós. O ideal de Estado de Plantão pode nos lembrar o antigo sistema de castas da Índia, onde cada um em particular tem sua função especial para o bem do todo. Hoje em dia talvez chamássemos o Estado de Platão de totalitário. E exatamente por causa disso muitos filósofos criticam duramente Platão. Mas não podemos nos esquecer de que ele viveu numa época completamente diferente da nossa. Esse foi Platão. Há mais de dois mil anos as pessoas discutem – e criticam – sua extraordinária teoria das idéias. E o primeiro a fazer isto foi um de seus próprios discípulos na Academia. Ele se chama Aristóteles, o terceiro grande filósofo de Atenas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACCOU, Robert. Platão: A República. 2. ed. São Paulo: Difel, 1973. 2v. (clássicos Garnier). GAARDNER, Jostein. O Mundo de Sofia: Romance da história da filosofia. Tradução por João Azenha Júnior. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. PESSANHA, José Américo Motta, 1932. Platão: Diálogos. 5. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991. PLATÃO. A República, Livro VII. In: virtual.claretianas.com.br/~stella/images/PDF/o_mito_da_caverna.pdf Acessado em 10/10/12 às 21hs. PLATÃO. Ilustração da alegoria da caverna. In: fpslivroaberto.blogspot.com Acessado em 10/10/12 às 22hs. REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Antigüidade e Idade Média. 6. ed. São Paulo: Paulus, 1990. 3v. (coleção filosofia) REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. 2 ed. São Paulo: Loyola, 1998.