12 E STA D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 1 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 5 CIÊNCIA&SAÚDE E-MAILS: [email protected] e [email protected] TELEFONES: (31) 3263-5120/5779 O HERPES DEFINIÇÃO COMO É TRANSMITIDO DIAGNÓSTICO SINTOMAS ■ Herpes simples é uma doença ■ O vírus é transmitido por meio das ■ O método diagnóstico mais útil na prática médica é a avaliação clínica, ■ Tanto no herpes labial quanto no genital, o quadro da doença se caracteriza ONDE ATACA ■ O herpes labial pode ter como sintoma inicial coceira e ardência no local infectocontagiosa crônica dividida em dois tipos: o HSV do tipo 1 (HSV-1), que ocorre mais frequentemente na boca, e o HSV-2, que ocorre na parte genital. superfícies mucosas ou das soluções de continuidade na pele. Os principais locais incluem a mucosa oral, ocular, genital e anal. por febre, cefaleia, dores musculares e fraqueza. não sendo descartados exames laboratoriais, genéticos e biópsia. Rosto Simples Zóster Abdômen, acompanhando o trajeto do nervo Nervo trigêmeo, próximo da orelha até a testa Contorno dos lábios Nádegas onde surgirão as lesões. A seguir, formam-se pequenas bolhas agrupadas como num buquê sobre área avermelhada e inchada. As bolhas rompemse liberando líquido rico em vírus e formando uma ferida. É a fase de maior perigo de transmissão da doença. ■ A ferida começa a secar, formando uma crosta que dará início à cicatrização. ■ A duração da doença é de cerca de cinco a 10 dias. ■ O herpes genital também tem início com coceira e ardência no local em que aparecerão pequenas bolhas agrupadas na região genital. Essas bolhas se rompem, deixando feridas que são dolorosas e acompanhadas de íngua local. Na primeira vez que aparecem levam de duas a quatro semanas para cicatrizar. Geralmente, outra erupção pode aparecer semanas ou meses depois da primeira, mas quase sempre é menos severa e dura menos tempo. FATORES QUE DESENCADEIAM O HSV ■ Imunodepressão ■ Alterações hormonais ■ Radiação ultravioleta (UV) ■ Alguns tipos de alimentos, como chocolates, sementes oleaginosas e abacaxi Órgãos genitais CUIDADOS DURANTE A CRISE ■ Evite furar as vesículas ■ Evite beijar ou falar muito próximo de outras pessoas, principalmente crianças, se a localização for labial ■ Evite relações sexuais se for de localização genital ■ Lave sempre as mãos depois de manipular as feridas, pois o vírus pode ser transmitido para outras partes do corpo TRATAMENTO ■ É feito à base de medicamento, que deve ser receitado sob orientação e acompanhamento do dermatologista, especialista capacitado para diagnosticar e tratar a doença. TERMÔMETRO DE QUE ALGO NÃO VAI BEM Herpes labial, genital ou zóster podem indicar que organismo está em desequilíbrio. Primeiro remédio para prevenir a doença na boca diminui a recidiva e cicatriza as lesões cutâneas CAROLINA COTTA Herpes quase sempre nos lembra as pequenas bolhas em torno dos lábios que incomodam pela vermelhidão, ardência e coceira. E pelo constrangimento. Mas esse é apenas um dos tipos da doença, causada por um vírus que parece banal, mas pode evoluir se não tratada. Apesar do nome comum, há grande diferença entre o herpes simples, que forma vesículas na região labial ou genital, e o herpes zóster. SegundoodermatologistaWalmar Roncalli de Oliveira, do HospitaldasClínicasdaFaculdadedeMedicinadaUniversidadedeSãoPaulo (HC/FMUSP), o herpes labial, genital e zóster são provocados por uma classe de vírus chamada herpesvírushumanos(HSV),masapesar de apresentarem mecanismos deaçãosemelhantes,elesguardam diferenças clínicas importantes. O herpes simples tipo 1 está associado,principalmente,aoherpes labial,damucosaoraledaface.Jáo herpes simples tipo 2 está mais ligadoaoherpesgenital.Entretanto, hácasosdeherpeslabialassociado aoherpessimplestipo2evice-versa. Já o herpes zóster é uma doença mais grave, sem relação com o herpes simples, sendo provocada pelo vírus Varicella zoster, o mesmo da catapora. HERPES LABIAL É alta a incidên- cia de herpes labial. Segundo Roncalli, de 20% a 40% da população mundial apresenta herpes labial recidivante e alguns doentes podem apresentar vários surtos de infecçõesduranteoano.“Acreditase que 90% dos adultos apresentem sorologia positiva para o herpes simples tipo 1 (HSV-1)”, alerta. O baixo nível socioeconômico estáassociadoàaltaprevalênciada doença.Outrosfatoresderiscosão ser do sexo feminino, ter idade avançada e apresentar infecções frequentesdotratorespiratóriosuperioredoençassistêmicasquediminuem a quantidade de linfócitos,ascélulasdedefesadoorganismo.AprimeirainfecçãopeloHSV1 é mais comum em crianças e adultosjovens,masoherpeslabial recidivante atinge mais adultos. Diversos fatores podem desencadear uma crise de herpes labial. As vesículas podem aparecer depoisdeumtraumalocal,exposição solar intensa, febre, infecções do tratorespiratóriosuperior,período pré-menstrual,estressepsicológico, cirurgias odontológicas e procedimentos dermatológicos estéticos, como laser e dermoabrasão. “Omecanismoexatoquedeterminaessareativaçãoédesconhecido, porém é frequentemente associado à diminuição da resposta imunológica. Muitos casos de reativaçãoviral,entretanto,nãosãoassociados a nenhum fator desencadeante”, explica o médico do HC/FMUSP. O estresse emocional e físico pode desencadear crises de herpes labial e genital porque provoca diminuição da resposta imunológica do doente portador da infecção, facilitando a reativação do vírus. “A pessoa deve evitar a automedicaçãoporcausadosprováveis efeitos colaterais dos medicamentos, devendo sempre procurar o dermatologistaparareceberorientação”, alerta Walmar Roncalli. Nosdoentesquejáapresentam a infecção, a crise pode ser evitada por meio do tratamento profilático com drogas antivirais como o aciclovir,famciclovirevalaciclovir. “Recentemente,foilançadonoBrasil o Resist, medicamento baseado no aminoácido lisina, com importante ação profilática no controle dos surtos de herpes labial e poucos efeitos colaterais”, adianta. O tratamentovisaevitarareplicação do vírus e, assim, diminuir o tempoeagravidadedosurto,umavez que ainda não existe medicamento que efetivamente destrua o vírusdoherpessimples.Éimportante tratar porque em casos extremos o herpes pode comprometer o sistema nervoso central. As lesões também podem sofrer infecçõesbacterianassecundárias,agravando o quadro. A prevenção, por outro lado, é difícil, não só pela altíssima prevalência. “Muitas pessoas têm infec- ção sem desenvolver lesões na peleoumucosas.Essessãooschamados portadores assintomáticos, doentesqueeliminam,frequentemente, grande quantidade de partículas virais na ausência de lesões clínicas, podendo infectar outras pessoas por meio do beijo, sexo oral ou compartilhamento de copo e talheres”, alerta o especialista. HERPES GENITAL Pequenas alterações genéticas diferenciam o vírus que causa o herpes genital daquele que provoca o labial. Segundo Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, osvírusdoherpessão,inclusive,de famíliasdiferentes.Aincidênciado vírus causador do herpes genital muda de um lugar para o outro. Onde há menos educação para o sexoseguroebaixanoçãodehigiene, ele está mais presente. Há pessoasquenãomanifestamossintomas e outras que têm crises recorrentes, com a formação de lesões bem características nos genitais. Um exame de sangue é capaz de identificarquemestáinfectadopelo vírus, mesmo quando não há sintomas. A transmissão pode ocorrernosexooral,anal,napenetraçãovaginal,principalmenteseo sexoforfeitosempreservativo.Segundo Estevão, as lesões em que a quantidade de vírus é muito grande facilitam a transmissão. Mas o vírus não está apenas nas lesões, pode estar presente também nas secreções genitais. Gestantes portadoras de herpes genital podem contaminar o recém-nascido durante o parto, determinando sequelasneurológicaseoftalmológicasextremamentegraves,àsvezes irreversíveis. HERPES ZÓSTER Mais comum entreidosos,oherpeszósteréuma consequênciatardiadacatapora,já que é causado pelo menos vírus. Segundo João Bastos Freire Neto, presidente da Sociedade Brasileira deGeriatriaeGerontologia(SBGG), oVaricelazostercontinuaadormecido em nosso organismo, estável, próximo à região dos gânglios do sistema nervoso. “A partir dos 50 anos, o organismo passa por um processo chamado imunossenescência, que é o envelhecimento do sistema imunológico. Algumas funçõesseperdemnesseprocesso, uma delas a de manter a vigilância sobre o vírus, que corre o risco de ser reativado”, explica. Quando isso ocorre, o vírus causa uma lesão depele,deaspectolinear,jáquesegue o trajeto do nervo. “É uma lesão avermelhada, com vesículas e uma dor muito forte, já que o que dói é o nervo, e não as lesões”, explica. O herpes zóster tem mais efeito sobre a qualidade de vida porque pode evoluir para dor crônica, mas se um nervo mais importante for atingido, como o nervo óptico, as complicações podem levar à perda da visão. No ano passado, foi lançada vacina que diminui o risco de herpes zóster em até 60%. Também pode diminuir em até70%aevoluçãopradorcrônica. “A população pode se vacinar a partir dos 50 anos, mas principalmente depois dos 60. Um em cada trêsidosospodeterherpeszóster”, alerta o geriatra. ■ NOVO TRATAMENTO Aindanãohácuradefinitivapara o herpes labial, mas é possível controlar a doença. Pacientes com crises recorrentes ou severas podem recorrer às drogas antivirais parainibirareplicaçãodovíruse,assim, diminuir o tempo e a intensidadedainfecção.Porém,osmedicamentos anti-herpéticos têm uma ação limitada no controle das recidivaseousofrequentepodedeterminar casos de resistência viral. O mais novo deles, o cloridrato de lisina, por outro lado, pode ser administrado de forma regular, prolongada e segura pelo fato de o aminoácido estar presente em nossa alimentação, sendo seguro em doses diárias de até 20 vezes as quantiasdesuplementaçãodiária. “Isso permite usar a lisina com segurança nas infecções, com administração por longos períodos na profilaxia das infecções recidivantes”, explica o dermatologista Walmar Roncalli, do HC/FMUSP. De acordo com o dermatologista, o medicamento tem resultadosimportantesquandoadministrado durante o curso do herpes labial recorrente, mas deve ser ministrado precocemente, no início dos primeiros sintomas, e também de maneira preventiva. “Por apresentar mecanismo de ação supressivo da replicação viral, ele é empregado, principalmente, de forma profilática, diminuindo a frequência das recidivas.”