UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ DANIELA CRISTIANE CATTELAN “A EFICÁCIA DA FISIOTERAPIA NO PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO DE PACIENTES OBESOS MÓRBIDOS COM INDICAÇÃO A CIRURGIA BARIÁTRICA AVALIADA ATRAVÉS DA PIMÁX.” CASCAVEL 2004 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 DANIELA CRISTIANE CATTELAN “A EFICÁCIA DA FISIOTERAPIA NO PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO DE PACIENTES OBESOS MÓRBIDOS COM INDICAÇÃO A CIRURGIA BARIÁTRICA AVALIADA ATRAVÉS DA PIMÁX.” Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Fisioterapia, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – campus de Cascavel. Orientadora: Profª. Erica Fernanda Osaku CASCAVEL 2004 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 TERMO DE APROVAÇÃO DANIELA CRISTIANE CATTELAN “A EFICÁCIA DA FISIOTERAPIA NO PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO DE PACIENTES COM INDICAÇÃO A CIRURGIA BARIÁTRICA.” Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora como requisito parcial para obtenção do título de graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. .................................................................................................................. Orientadora Profª Erica Fernanda Osaku Colegiado Fisioterapia - UNIOESTE .................................................................................................................................. Profª Claúdia Cláudia Rejane Lima de Macedo Colegiado Fisioterapia - UNIOESTE ............................................................................................................................... Dra. Erika Marine Bruneri Fisioterapeuta Cascavel, 10 de novembro de 2004. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 À minha família... Pessoas verdadeiras, cuja simplicidade do amor verdadeiro, foi a base de todas às escolhas acertadas que já fiz. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 AGRADECIMENTOS Agradeço... ... a Deus que me acompanhou durante esta jornada; ... à minha orientadora, Érica Fernanda Osaku, por aceitar dirigir-me, pela confiança, pela dedicação e paciência, durante a realização deste trabalho; ...à minha co-orientadora Cláudia, que além de dedicar parte do seu tempo para auxiliar-me nesse trabalho, ensinou-me, ainda, o quão importante é o respeito e a igualdade; ... à professora Francyelle P. dos Santos Suzin, pelo seu profissionalismo brilhante e pela pessoa humana que é e que a faz exemplo de uma verdadeira mulher. ... aos meus professores, pelo conhecimento compartilhado durante a graduação; ... à amiga Sabrina, que sempre esteve presente, não só neste estudo, mas também me ajudando de todas as formas possíveis e compartilhando dos momentos complicados e de triunfo; ... à fisioterapeuta Dra. Carla Ingrid Iavat, proprietária da Vital Clínica, que, com muita gentileza, cedeu as dependências de sua clínica para que fosse possível a realização deste estudo; ... a todos aqueles que, embora não citados aqui, contribuíram de alguma maneira no decorrer de mais esta etapa completada de minha vida. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 RESUMO A obesidade mórbida, que, segundo a Organização Mundial da Saúde, é definida por Índice de Massa Corpórea igual ou superior a 40kg/m2, ou entre 35 e 40Kg/m2 desde que associado a co-morbidades como, por exemplo, a dispnéia, promove o comprometimento do sistema respiratório. Entre as alterações encontradas neste sistema, pode-se citar o desfavorecimento da biomecânica diafragmática, a redução dos volumes pulmonares e a paralisação da musculatura diafragmática. Este trabalho foi realizado com o objetivo de comparar a condição respiratória, através do desempenho da musculatura inspiratória, dos indivíduos obesos mórbidos com indicação de cirurgia bariátrica e que realizam fisioterapia no período pré-operatório com aqueles que não a realizam. Para isto, foram selecionados, a partir da indicação médica ou não à realização da fisioterapia pré-cirurgia, dois grupos de pacientes, que foram divididos em um grupo controle composto por 3 pacientes e um grupo de tratamento composto por 11 pacientes. Nesta amostra, foi aplicado um tratamento de 30 sessões de fisioterapia, com 2 horas de duração cada uma, 5 vezes por semana. Após o tratamento, os pacientes foram reavaliados por meio de manovacuometria, para a análise da força da musculatura inspiratória. Após as 30 sessões, verificou-se a melhora da força da musculatura inspiratória na totalidade dos pacientes submetidos ao tratamento. Conclui-se, então, que as técnicas fisioterápicas empregadas têm relevância para a mecânica respiratória, o que favorece um melhor preparo cirúrgico bariátrico dos pacientes, minimizando as funções alteradas e sendo importante coadjuvante no tratamento da obesidade mórbida. Palavras-chave: obesidade mórbida, cirurgia bariátrica, força muscular inspiratória. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 ABSTRACT The morbid obesity that, according to World-wide Organization of the Health, 40kg/m2 is defined by index of equal or superior corporal mass, or between 35 and 40Kg/m2 since that associated the comorbidities as, for example, the dyspnoea, it promotes the various problems to the respiratory system. Between alterations in this system, it can be cited the disturb of the diaphragmatic biomechanics, the reduction of the pulmonary volumes and the stoppage of the diaphragmatic musculature. This work was carried through with the objective to compare the respiratory condition, through the performance of the inspiratory musculature, of the morbid obese individuals with indication of bariatric surgery and that they carry through physiotherapy in the period pre-surgery with that they do not carry through it. For this, they had been selected, from the medical indication or not to the accomplishment of the physiotherapy pre-surgery, two groups of patients, that they had been divided in a group has controlled composition for 3 patients and a group of treatment composed for 11 patients. In this sample, a treatment of 30 sessions of physiotherapy was applied, with 2 hours of duration each one, 5 times per week. After the treatment, the patients had been reevaluated by means of manovacuometria for the analysis of the force of the inspiratory musculature. After the 30 sessions, it was verified improves it of the force of the inspiratory musculature in the totality of the patients submitted to the treatment. It is concluded, then, that the used physiotherapic techniques have relevance for the respiratory mechanics, what it favors one better surgical bariatric preparation of patients, minimizing the modified functions and being an important coadjuvant in the treatment of morbid obesity. Keywords: morbid obesity, bariatric surgery, inspiratory musculature force. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES………………………………………………………. 10 1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 1.1 Justificativa............................................................................................. 1.2 Objetivos do Estudo.............................................................................. 1.2.1 Geral...................................................................................................... 1.2.2 Específicos............................................................................................ 11 16 17 17 17 18 18 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................. 18 2.1 Fisiologia do Sistema Respiratório...................................................... 21 2.1.1 Elementos do Aparelho Respiratório e o Fluxo 22 Aéreo.......................... 23 2.1.2 Estrutura e Função 23 Pulmonar............................................................... 24 2.1.3 Ventilação 25 Pulmonar............................................................................. 26 2.1.3.1 26 Fases.................................................................................................. 26 2.1.3.1.1 27 Inspiração........................................................................................ 27 2.1.3.1.2 27 Expiração........................................................................................ 28 2.1.4 Complacência 28 Pulmonar....................................................................... 28 2.1.5 Complacência do Tórax e dos 29 Pulmões................................................ 29 2.1.6 Volumes e Capacidades 29 Pulmonares................................................... 30 2.1.6.1 Volume 30 Corrente................................................................................ 31 2.1.6.2 Volume 31 Residual................................................................................ 32 2.1.6.3 Volume de Reserva 34 Inspiratório......................................................... 34 2.1.6.4 Volume de Reserva 36 Expiratório.......................................................... 37 2.1.6.5 Capacidade 37 Vital................................................................................ 39 2.1.6.6 Capacidade Residual 40 Funcional......................................................... 41 2.1.6.7 Capacidade Pulmonar 42 Total............................................................... 43 2.1.7 Músculos Inspiratórios da 45 Respiração.................................................. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 9 Respiração.................................................. 46 2.1.7.1 Músculo 47 Diafragma............................................................................ 47 2.1.7.1.1 48 Descrição........................................................................................ 51 2.1.7.1.2 52 Origem............................................................................................. 52 2.1.7.1.3 53 Inserção........................................................................................... 54 2.1.7.1.4 Função............................................................................................ 56 2.1.7.1 Músculos Intercostais 57 Externos.......................................................... 57 2.2 Obesidade............................................................................................... 59 2.2.1 59 Definição............................................................................................... 61 2.2.2 63 Classificação......................................................................................... 64 2.2.3 64 Mortalidade............................................................................................ 64 2.2.4 65 Diagnóstico............................................................................................ 66 2.2.4.1 Diagnóstico 67 Quantitativo.................................................................... 67 2.2.4.2 Diagnóstico Qualitativo....................................................................... 2.2.4.3 Diagnóstico Etiológico........................................................................ 2.2.5 Fisiopatologia........................................................................................ 2.2.5.1 Ingestão Calórica............................................................................... 2.2.5.2 Gasto Calórico.................................................................................... 2.2.5.3 Formação de Gorduras...................................................................... 2.2.5.4 Oxidação de Gorduras....................................................................... 2.2.6 Obesidade Mórbida............................................................................... 2.2.6.1 Definição............................................................................................ 2.2.7 A Obesidade e o Sistema Respiratório................................................. 2.2.7.1 Síndrome da Apnéia Obstrutiva do sono........................................... 2.2.7.2 Síndrome da Hipoventilação.............................................................. 2.2.7.3 Complacência e Resistência das Vias Aéreas................................... Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 10 2.2.8 Tratamento Obesidade..................................................................... 2.2.8.1 Cirurgia Bariátrica............................................................................... 2.2.8.1.1 Critérios para Seleção do Paciente................................................. 2.2.8.1.2 Critérios para Exclusão do Paciente............................................... 2.2.8.1.3 Derivações Gastrojejunais.............................................................. 2.2.8.1.3.2 Complicações PósCirúrgicas...................................................... 2.2.8.1.4 Gastroplastia Vertical com Bandagem......................................... 2.2.8.1.5 Derivações Bileopancreáticas com Gastrectomia Distal................. 2.2.8.1.6 Implicações no Sistema Respiratório.............................................. 2.3 Tratamento Fisioterapêutico................................................................. 2.3.1 Aquecimento......................................................................................... 2.3.2 Exercício Físico Aeróbico...................................................................... 2.2.3 Alongamentos Musculares.................................................................... 2.3.4 EPAP..................................................................................................... 2.3.5 Respiron................................................................................................ 2.3.6 Desaquecimento................................................................................... 3 METODOLOGIA......................................................................................... 3.1 Critérios de Inclusão.............................................................................. 3.2 Critérios de Exclusão............................................................................. 3.3 Materiais e Métodos............................................................................... 3.3.1 Materiais................................................................................................ 3.3.2 Métodos................................................................................................. 3.5 Avaliação da Variável de Interesse....................................................... 3.5.1 Teste..................................................................................................... 3.5.1.1 Materiais............................................................................................. 3.5.1.2 Técnica de Mensuração.................................................................... 3.5.1.2.1 Mensuração da PImáx.................................................................... da 69 70 71 71 71 72 73 73 73 74 75 4 RESULTADOS............................................................................................ 77 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 11 5 DISCUSSÃO............................................................................................... 81 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 85 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 86 ANEXO 1 – TERMO DE CONSENTIMENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO............................................................................................. E 91 APÊNDICE 1 – PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA...... 93 ANEXO 2 – MANOVACUÔMETRO............................................................... 95 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FÍGURA 1 ANATOMIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO............................. FÍGURA 2 FASE INSPIRATÓRIA DA RESPIRAÇÃO................................. FÍGURA 3 – FASE EXPIRATÓRIA DA RESPIRAÇÃO.................................. FÍGURA 4 – TÉCNICA DE CAPELLA........................................................... FIGURA 5 – TÉCNICA DE MANSON............................................................ FIGURA 6 – TÉCNICA DE SCOPINARO...................................................... TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE SEGUNDO O ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC) E RISCO DE DOENÇA (OMS)......................... TABELA 2 – DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO DA OBESIDADE.................. TABELA 3 – DIAGNÓSTICO QUALITATIVO DA OBESIDADE..................... TABELA 4 – COMORBIDADES PREVALENTES NOS 14 PACIENTES OBESOS MÓRBIDOS COM INDICAÇÃO À GASTROPLASTIA REDUTORA................................................................................................... TABELA 5 – CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DOS 14 PACIENTES OBESOS MÓRBIDOS COM INDICAÇÃO À GASTROPLASTIA REDUTORA................................................................... TABELA 6 – MÉDIA DAS PRESSÕES INSPIRATÓRIAS MÁXIMAS ESPERADAS EM FUNÇÃO DA IDADE DE ACORDO COM O SEXO......... GRÁFICO 1 – PERCENTUAIS DO AUMENTO DA PIMÁX, EM 30 DIAS DE ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO, EM 11 PACIENTES (P1 A P11) OBESOS MÓRBIDOS COM INDICAÇÃO À CIRURGIA BARIÁTRICA................................................................................................. GRÁFICO 2 – PERCENTUAIS DO AUMENTO DA PIMÁX, EM INTERVALO DE 40 DIAS, EM 3 PACIENTES (P1 A P3) OBESOS MÓRBIDOS COM INDICAÇÃO À CIRURGIA BARIÁTRICA, SEM TREINAMENTO............................................................................................. 22 24 25 58 61 62 35 38 40 77 78 79 79 80 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 1 INTRODUÇÃO A obesidade é o distúrbio nutricional mais importante do mundo desenvolvido, uma vez que aproximadamente 10% de sua população é considerada obesa (COLLINS et. al., 1995). Em geral, um aumento de 20% acima do peso médio aceito para a idade leva a um aumento nas taxas de mortalidade de 20% para homens e de 10% para mulheres (ZILBERSTEIN, NETO e RAMOS, 2002). Hoje, considera-se a obesidade importante causa de complicações médicas precoces e mortes prematuras (AULER Jr., GIANNINI e SARAGIOTTO, 2003). Antes, vista somente como um evento decorrente de um distúrbio alimentar; hoje, sabe-se que são inúmeras as suas causas e também as conseqüências. Entre essas podemos citar o alto índice de morbidade e mortalidade (FARIA et. al., 2002). Entre outros fatores, o sedentarismo exerce papel fundamental na indução e manutenção de tal distúrbio nas sociedades ocidentais (COUTINHO, 1999). Os principais tipos de obesidade incluem a hipotalâmica, a endocrinológica, a nutricional, a pertinente à inatividade física, genética e a induzida por drogas. Dentro de tais esquemas de classificação existem vários subtipos. Sendo assim, esta multiplicidade significa que o exercício regular é somente um aspecto da prevenção ou tratamento, embora provavelmente interaja com vários mecanismos regulatórios e metabólicos, por exemplo, hiperinsulinemia, atividade da ATPase, atividade do sítio receptor periférico e lipólise (COSTA et. al., 2003). No Brasil, dados de uma pesquisa realizada por um grande laboratório farmacêutico durante três anos e divulgada pela imprensa leiga, analisando os Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 14 hábitos alimentares e a equivalência peso/altura de 280 mil funcionários das 200 maiores empresas do país, revelou que a obesidade afetava 46% dos indivíduos estudados e, nestes, cerca de um terço se encaixava na definição de obesidade mórbida. Em termos nacionais, estima-se que 30% da população brasileira está acima do peso ideal (BUCHALLA, 2001). O organismo humano sofre conseqüências relevantes desta patologia, entre elas, o comprometimento do sistema respiratório. A princípio aconteceria a ventilação superficial pelo desfavorecimento da biomecânica diafragmática, que por sua vez leva a ocorrência de outras alterações como a hipoxemia, vasoconstrição pulmonar e hipercapnia (AULER Jr., GIANNINI e SARAGIOTTO, 2003). Obesos apresentam ainda, como prejuízos da função pulmonar, redução dos volumes pulmonares e anormalidades restritivas à expirometria. Além disso, a obesidade pode levar ao desenvolvimento da síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono, que por sua vez se constitui em fator de risco significante para doença cardiovascular e morte prematura (HALPERN e MANCINI, 2002). Como a obesidade é uma condição médica crônica de etiologia multifatorial, o controle de tal condição não se encontra nas dietas de abstenção, mas num plano terapêutico traçado de maneira minuciosa, que leva em consideração alterações fisiológicas, anatômicas e psíquicas; ou seja, o plano precisa observar os detalhes para então formar a imagem do todo. Existem casos em que, ao plano terapêutico, é associada à cirurgia bariátrica, a qual se caracteriza por intervenção realizada no aparelho digestório com o intuito de promover a restrição alimentar e ou a disabsorção. A restrição alimentar é obtida através da redução do reservatório gástrico, o qual muitas vezes resulta da divisão do estômago em duas porções, sendo uma delas de tamanho Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 15 consideravelmente menor. Já a disabsorção é conseguida por meio de um desvio intestinal, que se caracteriza pelo deslocamento de uma porção do intestino delgado em direção ao novo reservatório alimentar. Este procedimento cirúrgico, na maioria das vezes, promove uma redução drástica, acelerada e permanente do peso corporal, sem maiores esforços aparentes, com resolução excelente das comorbidades e baixo índice de mortalidade (1 a 3 a cada 100 cirurgias). A ânsia de dormir gordo e acordar magro torna tal conduta extremamente visada pela população obesa (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). Mesmo sendo tentadora, esta opção só é indicada para a população obesa que apresenta risco de vida pela sua condição. Enquadram-se neste parâmetro indivíduos obesos mórbidos, que, segundo a Organização Mundial da Saúde, apresentam Índice de Massa Corpórea (IMC) igual ou superior a 40kg/m2, e aqueles indivíduos cujo IMC encontra-se entre 35 e 40Kg/m2 desde que apresentem uma comorbidade associada, como hipertensão arterial, apnéia do sono, diabetes, problemas articulares, dentre outras (SEGAL e FANDIÑO, 2002). Ainda uma outra definição de obesidade mórbida é emprega por critérios de peso corpóreo. Nesta, indivíduos portadores de obesidade mórbida são aqueles com aumento de 100% acima do peso ideal, ou 45-50kg de excesso com relação ao peso ideal. Isso, geralmente, inclui homens pesando mais de 120-130 kg e mulheres pesando mais de 100-110 kg (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). É recomendável, ainda, que o paciente obeso apresente obesidade estável há pelo menos dois anos, baixo risco operatório, fracasso dos regimes alimentares ou medicamentosos há mais de um ano e que seja cooperativo e compreenda satisfatoriamente o procedimento cirúrgico a que será submetido. Ele deve apresentar ausência de doenças endócrinas descompensadas, assim como Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 16 dependência ao álcool e drogas (SEGAL e FANDIÑO, 2002). Este procedimento cirúrgico apresenta desvantagens que devem ser consideradas: vômito e regurgitação no período de adaptação; comprometimento da absorção de ferro, cálcio e vitaminas; presença de diarréia e fezes com péssimo odor (problemas sociais); e possibilidade de complicações tardias, como anemia, osteoporose, úlcera, desnutrição protéica, fístulas, hérnias incisionais e queda de cabelo. Ainda, como toda cirurgia de grande porte, torna o paciente suscetível a infecção cirúrgica e hospitalar, a embolia pulmonar, a trombose e a parada cardiorespiratória (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). Visando-se a uma melhor qualidade de vida e a um melhor preparo e recuperação dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, é que se indica que os mesmos realizem atividades que promovam o fortalecimento da sua musculatura inspiratória. Deve-se lembrar que, segundo Guyton (2002), durante a inspiração, a contração do músculo diafragma traciona para baixo as superfícies inferiores dos pulmões, aumentando o diâmetro vertical da caixa torácica, proporcionando então uma melhor ventilação pulmonar, a qual, como citado anteriormente, encontra-se comprometida nos indivíduos obesos. Assim, espera-se que atividades direcionadas a essa musculatura, que se encontra debilitada, promovam o seu condicionamento, fazendo-a trabalhar mais eficazmente. Tem-se defendido que o trabalho direcionado para o fortalecimento da musculatura inspiratória é necessário para que a mesma desenvolva de maneira mais eficaz a sua função (HALPERN e MANCINI, 2002). Este evento seria, então, o responsável por garantir a adequação da ventilação pulmonar, da hematose, da saturação e da pressão parcial de oxigênio no sangue, bem como a nutrição das células de todo o corpo humano. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 17 Considerando todo o conjunto de alterações que geralmente ocorrem em indivíduos obesos, principalmente aquelas de natureza pulmonar, justifica-se a necessidade de avaliações periódicas da sua função, com o objetivo de monitorar as condições mecânicas do aparelho respiratório desses indivíduos, auxiliando na orientação de medidas preventivas. Essas avaliações tornam-se muito mais importantes quando se trata de indivíduos obesos submetidos a algum tipo de atividade física e, desde que possível, é recomendável a realização de testes complementares pré e pós-treinamento físico (COUTINHO, 1999). Isso posto, nota-se a relevância da realização da fisioterapia nos indivíduos obesos. Todavia, para a avaliação das possíveis mudanças que essa terapêutica pode causar nesses indivíduos, torna-se necessária a exploração de técnicas de mensuração física, especialmente de elementos da mecânica respiratória tal como: a avaliação da força muscular respiratória (COSTA et. al., 2003). A intervenção terapêutica, no presente estudo, fisioterapia, interfere diretamente no trabalho e na ação muscular respiratória e, uma das maneiras de se quantificar os efeitos dessa técnica da forma que aqui foi utilizada, consiste na mensuração da força muscular respiratória, avaliada por meio da Pressão Respiratória Máxima, a saber, Pressão Inspiratória (PImáx), através do manovacuômetro. A PImáx tem sido considerada um método simples, prático e preciso na avaliação da força dos músculos inspiratórios, tanto em indivíduos sadios como em pacientes com disfunção respiratória ou neurológicas. O conjunto dessas técnicas de medidas respiratórias dentre outras, tem-se constituído em parâmetros eficientes de avaliação e acompanhamento dos exercícios físicos e de muitos procedimentos técnicos empregados na fisioterapia respiratória (COSTA et. al., 2003). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 18 1.1 Justificativa Entende-se que abordar profundamente esta temática seja importante, pois, se o resultado obtido for positivo em relação ao que se estará buscando verificar, estar-se-á permitindo alcançar maiores chances de acerto e sucesso das atividades tanto da equipe multiprofissional que tratará do paciente, quanto dele próprio, que terá maiores chances de recuperação e de preparo para passar pelo plano de tratamento instituído. Se a equipe e o paciente estiverem conscientes de que o manejo adequado da condição de obesidade depende não somente dos profissionais aos quais ele se submete, mas também da sua boa vontade e colaboração com o plano estabelecido, pode-se conseguir atingir todos os pontos considerados indispensáveis para que uma terapêutica seja eficaz. Neste sentido, julga-se que a realização deste trabalho possa vir a dar uma contribuição significativa com relação ao assunto em pauta, na medida em que ele se realize de uma forma metódica e científica. Através da realização deste estudo e da comprovação dos resultados previstos, pode-se, então, demonstrar de maneira confiável o quão indispensável é a conscientização do paciente, assim como da equipe que o acompanha, a respeito da fisioterapia na obtenção de um prognóstico mais favorável. É de fundamental importância o esclarecimento do paciente, uma vez que, a partir deste ponto, consegue-se que o mesmo perceba, que a sua condição e recuperação também dependem de sua colaboração ao plano terapêutico estabelecido e não somente da equipe que o acompanha. Deve-se, ainda, relatar que, a partir deste estudo, alcançar-se-ão maiores Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 19 chances de sucesso no procedimento cirúrgico bariátrico, à medida que a equipe multidisciplinar compreenda que o fisioterapeuta é parte relevante na mesma. 1.2 Objetivos do Estudo 1.2.1 Geral Comparar a condição respiratória, através do desempenho da musculatura inspiratória, dos indivíduos obesos mórbidos com indicação à cirurgia báriátrica, que realizam fisioterapia no período pré-operatório em relação àqueles que não a realizam. 1.2.2 Específicos • Identificar o desempenho da musculatura inspiratória; • Melhorar o condicionamento cardiopulmonar. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Fisiologia do Sistema Respiratório 2.1.1 Elementos do Aparelho Respiratório e o Fluxo Aéreo O sistema respiratório é dividido em dois componentes: a caixa torácica e o pulmão. Dentro da caixa torácica encontramos um sistema de tubos que comunicam o parênquima pulmonar com o meio exterior (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1991). Este sistema de tubos constitui as vias aéreas, e apresenta como características ser ramificado e torna-se mais estreito, mais curto e mais numeroso à medida que ele penetra mais profundamente no pulmão (WEST, 1996). Nele podemos distinguir uma porção condutora: que compreende as fossas nasais; nasofaringe; laringe; traquéia; brônquios e bronquíolos; e uma porção respiratória: representada pelas porções terminais da árvore brônquica e que contêm os alvéolos, únicos locais onde se dão as trocas gasosas. Entre essas duas porções existe uma outra, curta, chamada de transição. A porção condutora exerce as importantes funções de limpar, umedecer e aquecer o ar inspirado, para proteger o delicado revestimento dos alvéolos pulmonares (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1991). Segundo Sá Filho (1994), o aparelho respiratório tem inicio no nariz, o que constitui uma característica da espécie humana, e ocupa um bloco retangular com Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 21 os seios, ficando entre a abóbada palatina e a base do crânio. O ar que foi inspirado, ao passar pelo nariz é então umedecido, aquecido e purificado de partículas maiores. Isso se deve aos pêlos existentes em tal cavidade. Segundo Guyton (2002), a via respiratória pode ter início, ainda, na boca, caso a demanda de ar ultrapasse a quantidade que pode ser inspirada comodamente pelo nariz. Além dos pêlos, localizados no interior da cavidade nasal, pode-se encontrar projeções, chamadas de cornetos. Estas são responsáveis por causar a turbulência do ar, forçando assim o seu deslocamento em várias direções diferentes, antes de se completar sua passagem pelo nariz. Tal evento promove a precipitação de poeira e outras partículas suspensas no ar. As partículas ao colidirem com os cornetos, ou com outras superfícies da cavidade nasal, são englobadas pela camada de muco que cobre a superfície. Está, por sua vez, é dotada de células epiteliais, cujos cílios penetram no muco e se movimentam na direção da faringe, movendo lentamente o muco e as partículas englobadas em direção ao esôfago, onde serão deglutidas (LOBO et. al., 1973). Passando pela cavidade nasal o ar segue em direção a faringe, a qual divide-se posteriormente em esôfago e traquéia. Nela, os alimentos são separados do ar. Este entra na traquéia e aqueles penetram no esôfago. Essa separação se dá através de reflexos nervosos. O alimento ao tocar a superfície da faringe, induz, reflexamente, o fechamento das cordas vocais e a abertura da traquéia, pela epiglote. Isso permite a passagem do alimento ao esôfago. Além desses acontecimentos, devido à presença de receptores situados na mucosa nasal, podem ocorrer reflexos de proteção como, por exemplo, o espirro (GUYTON, 2002). A traquéia divide-se em brônquios principais direito e esquerdo, os quais por Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 22 sua vez dividem-se em brônquios lobares, e a seguir em segmentares. Este processo continua para baixo até os bronquíolos terminais, que são as menores vias aéreas sem os alvéolos. Todos esses brônquios constituem as vias aéreas de condução, cuja função é conduzir o ar inspirado para as regiões de troca gasosa do pulmão. Pelo fato das vias de condução não conterem os alvéolos é que elas não tomam parte na troca gasosa. Elas constituem o espaço morto anatômico e o seu volume é em torno de 150ml (WEST, 1996). Os bronquíolos terminais dividem-se em bronquíolos respiratórios, os quais têm alvéolos ocasionais, que brotam das suas paredes. Em seguida surgem os chamados ductos alveolares, que são completamente revestidos com alvéolos (LOBO et. al., 1973). Esta região toda alveolada do pulmão, onde a troca gasosa ocorre, é conhecida como zona respiratória. Está constitui a maior parte do pulmão, sendo o seu volume cerca de 2,5 a 3 litros. A porção do pulmão distal a um bronquíolo terminal forma uma unidade anatômica denominada ácino ou lóbulo (WEST, 1996). Os pulmões, não estão fixados diretamente às costelas. Ao invés disso, eles são suspensos pelos sacos pleurais. Esses apresentam uma parede dupla: a pleura parietal que reveste a parede torácica; e a pleura visceral ou pulmonar que reveste a face externa dos pulmões. Essas paredes pleurais envolvem os pulmões. Entre elas existe uma fina película líquida que reduz o atrito durante os movimentos respiratórios (WILMORE e COSTILL, 2001). Além disso, esses sacos estão conectados aos pulmões e à superfície interna da caixa torácica, fazendo com que os pulmões adotem a forma e o tamanho da mesma quando o tórax se expande e contrai (WILMORE e COSTILL, 2001). Estas relações estabelecidas entre as estruturas: pulmões, sacos pleurais e Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 23 caixa torácica são responsáveis por determinam o fluxo aéreo para dentro e para fora dos pulmões. 2.1.2 Estrutura e Função Pulmonar O pulmão é para troca gasosa. Ele tem como função primordial possibilitar que o oxigênio se mova a partir do ar para dentro do sangue venoso e o dióxido de carbono se mova para fora. O pulmão também realiza outras funções de menor destaque. Ele metaboliza alguns compostos, filtra materiais tóxicos da circulação, e atua como reservatório de sangue (WEST, 1996). Tanto o oxigênio quanto o dióxido de carbono, transportam-se através do ar e do sangue por difusão simples, isto é, a partir de uma área onde a pressão parcial de oxigênio (concentração de oxigênio no sangue multiplicada pela pressão total do mesmo existente neste) é alta para uma onde está é baixa (GUYTON, 2002). Segundo West (1996), a lei de difusão de Fick diz que: “a quantidade de gás que se move através de uma lâmina de tecido é proporcional à área da lâmina, mas inversamente proporcional à sua espessura”. A barreira sangue-gás é extremamente fina, possuindo uma área entre 50 e 100m2. Sendo assim ela é bem apropriada à sua função de troca gasosa. A enorme superfície de difusão encontrada no interior da cavidade torácica, que tem um tamanho relativamente pequeno quando comparada a está superfície, se dá através do envolvimento do grande número de alvéolos pelos capilares sangüíneos. Existem em torno de 300 milhões de alvéolos no pulmão humano, cada Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 um com mm de diâmetro (LOBO et. al., 1973). Os gases são trazidos para um dos lados da interface alvéolo/capilar, pelas vias aéreas, enquanto o sangue é conduzido ao outro, pelos vasos sangüíneos. 2.1.3 Ventilação Pulmonar A ventilação pulmonar, comumente denominada respiração, é o processo pelo qual mobilizamos ar para dentro e para fora dos pulmões. FIGURA 1 – ANATOMIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 25 FONTE: GUYTON, 2002. 2.1.3.1 Fases 2.1.3.1.1 Inspiração Durante a inspiração, o volume da cavidade torácica aumenta e o ar é puxado para dentro dos pulmões (WEST, 1996). Este evento decorre de um processo ativo que envolve o diafragma e os músculos intercostais externos. As costelas e o esterno são movidos pelos músculos intercostais externos. O esterno move-se para cima e para baixo, num movimento semelhante ao de uma alavanca de bomba. Já as costelas movem-se para dentro e para fora, num movimento semelhante ao de uma alça de balde. Ao mesmo tempo, o diafragma se contrai, descendo e achatando-se em direção ao abdômen e tracionando para baixo o plano inferior dos pulmões. (WILMORE e COSTILL, 2001). Na respiração corrente normal, o nível do diafragma move-se cerca de 1 centímetro mais ou menos (WEST, 1996). Essas ações expandem as três dimensões da caixa torácia, expandindo e distendendo os pulmões. Quando os pulmões são expandidos, o ar no seu interior tem um maior espaço para preencher, de modo que a pressão intrapulmonar diminui. Como resultado, a pressão intrapulmonar é inferior à pressão do ar fora do corpo. Como o trato respiratório apresenta uma abertura para o exterior, o ar entra nos pulmões para reduzir essa diferença de pressão. É dessa forma que o ar é levado para os pulmões durante a inspiração (WILMORE e COSTILL, 2001). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 26 O ar inspirado flui para baixo até os bronquíolos terminais por fluxo bruto, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 como água através de uma mangueira. Além desse ponto, a área de seção transversa das vias aéreas é tão enorme, em virtude do grande número de ramos, que a velocidade do gás para frente torna-se muito pequena (GUYTON, 2002). FIGURA 2 – FASE INSPIRATÓRIA DA RESPIRAÇÃO FONTE: GUYTON, 2002. 2.1.3.1.2 Expiração Em repouso, a expiração geralmente é um processo passivo que envolve o relaxamento dos músculos inspiratórios e a retração elástica do tecido pulmonar. Quando o diafragma relaxa, ele retorna a sua posição normal, arqueada para cima. Quando os músculos intercostais externos relaxam, as costelas e o Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 28 esterno descem novamente às suas posições de repouso. Enquanto isso ocorre, a natureza elástica do tecido pulmonar faz com que ele se contraia, retornando a sua posição de repouso. Isso aumenta a pressão intratorácica e, por essa razão, o ar é forçado para fora dos pulmões (WILMORE e COSTILL, 2001). FIGURA 3 – FASE EXPIRATÓRIA DA RESPIRÇÃO FONTE: GUYTON, 2002. 2.1.4 Complacência Pulmonar A alteração de volume por unidade de alteração da pressão é conhecida como complacência. No ser humano adulto normal, a complacência total de ambos os pulmões é, em média, cerca de 200ml de ar por centímetro de água de pressão Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 29 transpulmonar. Isto é, toda vez que a pressão transpulmonar aumenta 1 centímetro de água, o volume pulmonar tem expansão de 200ml (WEST, 1996). Esta complacência torna-se muito diminuída caso a pressão venosa pulmonar seja aumentada e o pulmão fique ingurgitado de sangue (WEST, 1996). 2.1.5 Complacência do Tórax e dos Pulmões A complacência do sistema respiratório (pulmões e caixa torácica) é medida enquanto ocorre expansão dos pulmões de uma pessoa relaxada ou paralisada. Ela é quase exatamente a metade da complacência dos pulmões isolados, 110ml/cm. Além disso, quando os pulmões são expandidos até grandes volumes, ou comprimidos até pequenos volumes, as limitações impostas pelo tórax tornam-se extremas; próximo a esses limites, a complacência do sistema pulmão-tórax pode ser inferior a um quinto da complacência dos pulmões isolados (GUYTON, 2002). 2.1.6 Volumes e Capacidades Pulmonares 2.1.6.1 Volume Corrente Definido como o volume de ar que é inspirado ou expirado a cada respiração Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 30 normal (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 1996). Pode ser definido ainda, como o volume de ar que entra no pulmão a cada inspiração. Este equivale à cerca de 500ml (WEST, 1996). 2.1.6.2 Volume Residual Se refere volume de gás que permaneceu no pulmão após uma inspiração máxima e equivale a cerca de 1200ml (PELOSI et. al., 1998). 2.1.6.3 Volume de Reserva Inspiratório Volume máximo adicional de ar que pode ser inspirado além do volume corrente normal; em geral, este volume é igual à aproximadamente 3000ml (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 1996). 2.1.6.4 Volume de Reserva Expiratório O volume de reserva expiratório corresponde ao volume máximo adicional de ar que pode ser eliminado por expiração forçada, após uma expiração normal. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 31 Esse é cerca de 1100ml (GUYTON, 2002). 2.1.6.5 Capacidade Vital É o volume de ar exalado após uma inspiração e também uma expiração máximas (WEST, 1996). Este corresponde à cerca de 4600ml (GUYTON, 2002). 2.1.6.6 Capacidade Residual Funcional De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (1996), a capacidade residual funcional equivale ao volume de ar que permanece nos pulmões após a expiração corrente normal. Segundo West (1996), a capacidade residual funcional é de aproximadamente 2300ml. 2.1.6.7 Capacidade Pulmonar Total Esta está relacionada à soma da capacidade vital ao volume residual (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 1996). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 32 Segundo Guyton (2002), ela corresponde a um volume de aproximadamente cerca 5800ml (GUYTON, 2002). 2.1.7 Músculos Inspiratórios da Respiração 2.1.7.1 Músculo Diafragma 2.1.7.1.1 Descrição Consiste em uma delgada folha de músculo em forma de cúpula que é inserido nas costelas inferiores. Ele é suprido pelo nervo frênico a partir dos segmentos cervicais 3, 4 e 5. Quando ele se contrai o conteúdo abdominal e forçado para baixo e para frente, e a dimensão vertical da cavidade torácica é aumentada. Além disso, as margens costais são levantadas e movidas para fora, causando um aumento no diâmetro transverso do tórax (WEST, 1996). Ele é o músculo mais liso de todo o organismo, e limita a parte superior da cavidade abdominal e a inferior da cavidade torácica. Ele é côncavo embaixo e convexo em cima e sua parte intermediária é aponeurótica ou tendinosa e se chama centro frênico. Ao seu redor é onde se encontram suas porções musculares (DÂNGELO e FATTINI, 1999). Este músculo é mais alto na parte da frente do que na de trás, já que as costelas são mais altas na parte anterior do que na parte posterior. Sua abóboda não é regular, sendo o seu lado esquerdo mais baixo que o direito. Ele é um Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 33 músculo saliente, assimétrico e como, já citado anteriormente, o mais importante da inspiração (FUCCI, BENIGNI e FORNASARI, 1984). 2.1.7.1.2 Origem Segundo Fucci, Benigni e Fornasari (1984), o diafragma se forma de fibras musculares e tendinosas, provindas dos elementos anatômicos que formam o orifício costal inferior, podendo-se reconhecer e diferenciar várias partes: a) A parte vertebral é a mais grossa e é denominada de pilares do diafragma: um deles se encontra à direita e é mais amplo e largo; o outro é menor e fica à esquerda. O pilar direito sobe e se une ao esquerdo, formando um orifício chamado de aórtico, pois, através dele, passa a artéria aorta. Sobre este orifício, vaise formar um outro que tem como base os dois mesmos pilares e se chama orifício esofágico. b) Outra parte é chamada de fibras lombares ou pilares lombares. Eles vêm da primeira vértebra lombar e vão até a 12ª costela. c) Outra porção, chamada costal, vai da 12ª costela e vai até a 7ª. d) Além disso, ele tem fibras esternais na face inferior do esterno. 2.1.7.1.3 Inserção Todas as suas fibras convergem para o centro frênico, que tem forma de trevo, em cuja folha direita existe um orifício por onde passa a veia cava inferior. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 34 Este centro é a parte mais alta do diafragma, pois se encontra à altura do 5º espaço intercostal, embora isto seja variável, pois pode ser encontrado de 3 a 5 cm acima, no 3º espaço intercostal, como também a outros tantos centímetros abaixo. Normalmente, ele se move para cima e para baixo uns dois ou três centímetros (GARDNER, DONALD e RONOAN, 1978). 2.1.7.1.4 Função Ao contraír-se, segundo Souchard (1989), o diafragma fecha o orifício torácico superior e se torna rígido, assumindo uma forma quase reta. Com isto, sua dimensão passa a ser maior, o que aumenta o diâmetro, no sentido crânio-caudal, da caixa-torácica e afeta a inspiração. Nesta atividade, ele atua de duas formas: a) Ao alinhar-se, ele aumenta o diâmetro crânio-caudal. b) Ao tornar-se rígido, ele amplia o orifício torácico inferior. Ao se alinhar, o diafragma também produz um outro efeito: comprime o fígado, dirigindo o sangue que existe nele para o coração e melhorando o retorno venoso. 2.1.7.1 Músculos Intercostais Externos Os músculos intercostais conectam costelas adjacentes e são inclinados para baixo e para frente. A sua contração, que traciona as costelas para cima e para Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 35 frente, causa um aumento em ambos os diâmetros: lateral e ântero-posterior do tórax. Os músculos intercostais são supridos por nervos intercostais que saem da medula espinhal ao mesmo nível. A paralisia de tal musculatura isoladamente não afeta seriamente a respiração porque o diafragma é muito ativo (WEST, 1996). 2.2 Obesidade A obesidade é uma doença universal de prevalência crescente e que vem adquirindo proporções alarmantemente epidêmicas, sendo um dos principais problemas de saúde pública da sociedade moderna (HALPERN e MANCINI, 2002). No Brasil, a situação não é diferente, observando-se crescimento maior que 90% da população obesa nos últimos 30 anos (FARIA et. al., 2002). Caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo, a obesidade é uma doença crônica cuja prevalência vem crescendo acentuadamente nas derradeiras décadas e as despesas com suas complicações atingem cifras de bilhões de dólares (AMARAL e CHEIBUB, 1991). Tal condição compartilha com os transtornos psiquiátricos de pesado preconceito tanto entre a população leiga, quanto entre os profissionais da área da saúde (AMARAL e CHEIBUB, 1991). Com relação ao feitio psicossocial da obesidade, numerosos relatos dão conta da estigmatização dos indivíduos obesos, aumentando a possibilidade de tais desenvolverem distúrbios psicossociais. Além disso, existe falta de respeito generalizada pelos indivíduos obesos, a Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 36 ponto de existir estudos em que aproximadamente 80% dos pacientes, em tal condição, relatam terem sido tratados de forma desrespeitosa por profissionais da área da saúde (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). Além do aspecto psicossocial, os indivíduos obesos têm um risco aumentado de desenvolverem inúmeras doenças, como diabetes mellitus, dislipidemia, doenças cardio e cerebrovascular, alterações da coagulação, doenças articulares degenerativas, neoplasias estrogênio-dependentes, neoplasia de vesícula biliar, esteatose hepática com ou sem cirrose, apnéia do sono entre outras (HALPERN e MANCINI, 2002). As inúmeras disfunções orgânicas, decorrentes da obesidade, são responsáveis pelo aumento do índice de morbidade e mortalidade e pela piora da qualidade de vida dos indivíduos obesos. O avanço tecnológico atual que induz a um estilo de vida sedentário, e fatores como o aumento do tabagismo, do consumo de álcool e do nível de estresse, vêm favorecendo o aumento da população obesa em nosso país (GUEDES e GUEDES, 1998). Segundo vários estudos realizados é cada vez mais evidente a prevalência tanto da obesidade, quanto do sobrepeso nos diferentes segmentos da população brasileira. Aproximadamente 32% da população adulta brasileira apresentam algum grau de sobrepeso (IMC > 25 kg/m2), sendo que, destes, 8% apresentam obesidade (IMC > 30 kg/m2). Nos últimos 15 anos, houve um grande aumento da população de indivíduos obesos no Brasil, sendo este mais significativo entre os homens (BENÍCIO et. al., 2004). Estando a obesidade relacionada a um maior risco de doenças, e maior propensão a problemas econômicos, sociais e psíquicos, ou seja, a diminuição da Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 37 qualidade e da expectativa de vida, torna-se imperativo um tratamento eficaz para essa doença (FARIA et. al., 2002). 2.2.1 Definição A obesidade é conceituada como sendo o acúmulo de energia sob a forma de gordura. É uma doença multifatorial, dispendiosa, vitalícia e potencialmente letal (FARIA et. al., 2002). Pode ser definida, ainda, com excesso de tecido adiposo no organismo, sendo tal, potencialmente deletério para a boa saúde e bem-estar dos indivíduos (MITCHELL et. al., 1978). Segundo conceito generalizado, o excesso de tecido adiposo dá-se por uma ingestão calórica que sobrepassa o gasto calórico. Nestas circunstâncias, seria de se supor, que na fisiopatologia da obesidade dois fatores apenas deveriam ser considerados, a saber: a ingestão e a queima calórica. Sabe-se que, no entanto, outros fatores intervêm na gênese da obesidade, como a capacidade de fazer gorduras e uma menor oxidação dessas (GARRIDO Jr., 2002). 2.2.2 Classificação Mesmo em uma população geneticamente homogênea, o peso é muito variável. Assim uma classificação singular da obesidade torna-se bastante complexa. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 38 A diferença entre a normalidade e a obesidade é arbitrária, mas um indivíduo é considerado obeso quando a quantidade de tecido adiposo aumenta em uma extensão tal que a saúde física e psicológica são afetadas e a expectativa de vida é reduzida (MANCINI, 2001). No mundo moderno, com a grande miscigenação de grupos étnicos e raciais há uma ampla heterogeneidade genética. Está é manifestada por diferentes alturas, circunferências corporais (tórax, cintura, quadris) e pesos de constituição. É indesejável focalizar um único número de quilogramas para a altura em centímetros como o peso “normal”, particularmente porque não está claro qual deve ser o critério de peso “normal” (GARRIDO Jr., 2002). Diz-se, um indivíduo ser obeso, quando no caso do sexo masculino ele apresentar mais do que 20% de gordura na composição corporal e no sexo feminino mais do que 30% (SEGAL e FANDIÑO, 2002). Na prática clínica, na maior parte dos estudos e na classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) utiliza-se o Índice de Massa Corporal (IMC) para tal classificação, calculado dividindo-se o peso corporal, em quilogramas, pelo quadrado da altura, em metros quadrados (VANÍTALLIE, 1979). A classificação da obesidade segundo a Organização Mundial da Saúde está representada na tabela 1. TABELA 1: CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE, SEUNDO O ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC) E RISCO DE DOENÇA (OMS) IMC (Kg/m2 ) CLASSIFICAÇÃO OBESIDADE RISCO DE OENÇA (grau) < 18,5 18,5-24,9 25-29,9 Magreza Normal Sobrepeso 0 0 I Elevado Normal Elevado Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 39 30-39,9 Obesidade > 40,0 Obesidade grave FONTE: SEGAL E FANDIÑO 2002. II III Muito elevado Muitíssimo elevado Indivíduos com IMC < 18,5 Kg/m2, têm baixo peso e risco aumentado de doenças; um IMC < 25 Kg/m2, é considerado normal; a faixa entre 25 e 29,9 Kg/m2, é denominada pré-obesidade ou sobrepeso e os riscos de complicações são ainda baixo. A partir do IMC de 30 Kg/m2, existe obesidade propriamente dita e a morbidade e a mortalidade aumentam exponencialmente; a obesidade com IMC de 40 Kg/m2, é denominada obesidade grave ou mórbida (MANCINI, 2001). Alguns autores denominam super-obesos os indivíduos com IMC de 55kg/m2, devido às dificuldades particulares do manejo pessoal e à extensa gama de complicações clínicas que incidem nesse pacientes (HALPERN e MANCINI, 2002). 2.2.3 Mortalidade Com relação à mortalidade associada à obesidade foram encontraram taxas aumentadas em duas vezes para homens e mulheres que estão 50% acima do peso ideal. A obesidade é em si um fator de risco para mortalidade e especialmente os jovens obesos tendem a morrer antes daqueles que se enquadram na média do peso ideal, caindo por terra, desta forma, o termo "obeso saudável" (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). Há evidencias marcantes de que a obesidade acarreta risco excessivo para a saúde; de fato, a mortalidade aumenta de forma aguda quando o índice de massa corporal ultrapassa 30 Kg/m2, principalmente quando há distribuição central de Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 40 tecido adiposo concomitantemente (MANCINI, 2001). Morte súbita misteriosa é 13 vezes mais comum em mulher obesa com IMC de 40 Kg/m2, quando comparada a mulher de peso normal (MANCINI, 2001). 2.2.4 Diagnóstico A fronteira entre obesidade e peso normal (peso de um indivíduo associado à menor mortalidade para sua altura) é variável, podendo existir altercações entre as pessoas avaliadas. No entanto, muito se utiliza para tal procedimento os diagnósticos quantitativos e qualitativos. 2.2.4.1 Diagnóstico Quantitativo O índice de massa corpórea (IMC ou BMI, de body mass index), também conhecido por Índice de Quetelet, que é o peso (em Kg) dividido pelo quadrado da altura (em m), é o mais utilizado na prática clínica e em estudos epidemiológicos (MANCINI, 2001). O IMC tem cálculo simples e rápido, apresentando boa correlação com a adiposidade corporal. Porém, além de não distinguir gordura central de periférica, o IMC não distingue massa gordurosa de massa magra, podendo superestimar o grau Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 41 de obesidade em indivíduos musculosos (FARIA et. al., 2002). Segundo Mancini (2001), o IMC também apresenta limitações no que se refere a pessoas edemaciadas ou com presença de cifose importante. Tais indivíduos podem apresentar um IMC falso elevado. A impedância bioelétrica, outro método de avaliação quantitativa da obesidade, vem ganhando aceitabilidade na prática clínica pelo desenvolvimento de aparelhos menores e mais baratos, o que permite uma avaliação com maior precisão da massa adiposa e da massa de tecidos magros. Tal recurso substitui com vantagem o método da somatória da medida da espessura das pregas cutâneas, que possui como desvantagem apresentar variabilidade inter e intra-examinador, inaceitáveis. Os valores aceitados como normais são: para homens menores que 25%, no que se refere à porcentagem de tecido adiposo na constituição corporal; e para mulheres, os valores considerados ideais devem estar abaixo de 33% (HALPERN e MANCINI, 2002). Os métodos mais utilizados, atualmente, para o diagnóstico quantitativo da obesidade são apresentados na tabela 2. TABELA 2: DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO DA OBESIDADE MÉTODOS MAIS UTILIZADOS PARA DIAGNOSTICAR OBESIDADE (QUANTITATIVO) Tabela de peso x Altura Índice de massa corpórea Somatória das medidas de pregas cutânea Impedância bioelétrica de freqüência única Espectroscopia bioelétrica de freqüência múltipla Condutibilidade elétrica corpórea total (Tobec) Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 42 Absorpciometria dual de raios x (DXA) Tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética Potássio corpóreo total (K) Água duplamente marcada (D2 O) FONTE: SEGAL E FANDIÑO, 2002. 2.2.4.2 Diagnóstico Qualitativo O diagnóstico qualitativo da obesidade é realizado através da análise da distribuição de gordura corporal, a qual pode estabelecer um prognóstico de risco para a saúde, mais fidedigno que o próprio grau de obesidade (MANCINI, 2001). O excesso de gordura, de uma pessoa obesa, pode estar mais concentrado na região abdominal ou no tronco, o que define obesidade tipo andróide, superior, central, abdominal ou em maçã, mais freqüente, mas não exclusiva no sexo masculino. Pode ainda, estar mais concentrado na região dos quadris, o que define obesidade tipo ginóide, inferior, periférica ou subcutânea, glúteo-femoral, ou em pêra, mais freqüente no sexo feminino (FARIA et. al., 2002). A obesidade tipo andróide apresenta maior correlação com complicações cardiovasculares e metabólicas, que a obesidade ginóide. Está, apresenta como doenças associadas às complicações vasculares periféricas e problemas ortopédicos e estéticos (HALPERN e MANCINI, 2002). Outra forma de avaliar qualitativamente um obeso é com o cálculo da relação cintura-quadril, definida pela divisão do maior perímetro abdominal, entre a última costela e a crista ilíaca, pelo perímetro dos quadris em nível dos trocânteres femorais, com o indivíduo em decúbito dorsal (HALPERN e MANCINI, 2002). Índices superiores a 0,8 em mulheres e 0,9 em homens definem distribuição Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 43 central de gordura e, estatisticamente, se correlacionam com maior quantidade de gordura visceral ou portal, medidas por métodos de imagem como tomografia ou ressonância magnética (FARIA et. al., 2002). Mais recentemente, a medida da circunferência da cintura tem mostrado ser suficiente para estabelecer riscos, sendo considerados limites normais a circunferência menor que 95 cm para homens e menor que 80 cm para mulheres. O risco de existir um fator de risco coronariano aumenta substancialmente quando a medida em homens ultrapassa 104 cm e em mulheres 88 cm. A tabela 3 mostra alguns métodos utilizados para este diagnóstico (HALPERN e MANCINI, 2002). TABELA 3: DIAGNÓSTICO QUALITATIVO DA OBESIDADE MÉTODOS MAIS UTILIZADOS PARA DIAGNOSTICAR OBESIDADE (QUALITATIVO) Medida do maior perímetro abdominal entre a última costela e a crista ilíaca Relação cintura-quadril Absorpciometria dual de raios X (DXA) Ultra-sonografia Tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética FONTE: HALPERN E MANCINI, 2002. 2.2.4.3 Diagnóstico Etiológico Síndromes genéticas raras como Prader-Willi, Bardet-Biedl, Cohen e Alstrôm apresentam obesidade em seu quadro clínico, estando, em geral, também associadas a retardo mental e hipogonadismo (BENÍCIO et. al., 2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 44 Foram identificadas famílias com defeitos genéticos levando a deficiência na produção de leptina e do seu receptor, fato responsável pela obesidade grave na infância (MITCHELL, 1978). Hipotireoidismo, hiperinsulinização no tratamento de diabetes mellitus, insulinoma, alterações hipotálamo-hipofisárias (secundárias a destruição por tumores, cirurgia, radioterapia ou infecção do sistema nervoso, mas raramente idiopáticas) se constituem em causas endócrinas de ganho de peso, que nem sempre justificam a obesidade em sua plenitude (BENÍCIO et. al., 2004). Estas formas de obesidade genética ou de causa orgânica óbvia representam uma minoria absoluta em relação ao total de obesos. 2.2.5 Fisiopatologia Embora seja clássica a noção de que os obesos ingerem mais calorias do que os não obesos, não há um consenso geral entre os autores de que isto seja verdadeiro. A fisiopatologia da obesidade não está ainda totalmente esclarecida. Segundo Garrido Jr. (2002), acredita-se hoje que as principais razões para um indivíduo se tornar obeso sejam: 1) Comer mais (particularmente gordura); 2) Queimar menos calorias; 3) Fazer gorduras mais facilmente; 4) Oxidar menos gorduras. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 45 Evidentemente, a maior propensão à obesidade está sujeita a influência de fatores genéticos e ambientais, os quais se alteram de indivíduo para indivíduo (FARIA et. al., 2002). 2.2.5.1 Ingestão Calórica Há uma disposição em se acreditar que existe maior consumo de alimentos gordurosos em populações de obesos, e tudo leva a crer que a maior tendência à obesidade no mundo com livre acesso a comida está ligada a uma maior ingestão de alimentes gordurosos (MACBRYDE e BLACKLOW, 1975). Existem escassas dúvidas de que as calorias contidas nas gorduras levam a uma adipogênese muito mais eficiente que as calorias contidas nas proteínas e nos hidratos de carbono. Parasse haver, portanto, uma tendência a maior ingestão de alimentos gordurosos na população de indivíduos obesos em relação aos normais. Esta maior ingestão de gorduras parece também estar associada a um maior consumo de doces e álcool. Esta tríade: gorduras, açúcar e álcool colaboram decisivamente para o crescimento da obesidade que vem sendo observado no mundo (FANDIÑO et. al., 2004). Além do consumo alimentar outro fator importante a se considerar na gênese da obesidade é o habito alimentar do indivíduo. Não há a menor dúvida de que um hábito alimentar compulsivo está associado à tendência de ganho de peso (CRUZ e MORIMOTO, 2004). O hábito alimentar compulsivo é definido como aquele tipo de alimentação em que o indivíduo ingere grandes quantidades de alimentos, movido por uma força quase incontrolável, com um consumo por vezes enorme de calorias e, seguido por Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 46 sensação de culpa. Este hábito alimentar compulsivo parece ser desencadeado por fatores psíquicos, mas também tem base neuroendócrina, visto que a regulação da fome e da saciedade é feita por uma série de mediadores: nutrientes, hormônios e também neurotransmissores (GARRIDO Jr., 2002). Na experiência clínica comparando-se os hábitos compulsivos em indivíduos pesados (IMC maior que 25Kg/m2), obesos (IMC maior que 30KG/m2) e obesos mórbidos (IMC maior que 40 Kg/m2), encontra-se uma prevalência de 46,5%, 51,1% e 70%, respectivamente (GARRIDO Jr., 2002). 2.2.5.2 Gasto Calórico A calorigênese é o processo que se refere, ao gasto calórico. Para que se entenda de forma clara este evento é necessário que se saiba, quais os compartimentos em que o mesmo está dividido. Um deles, o metabolismo basal, constitui a queima calórica do indivíduo dormindo, e representa o dispêndio de energia em condições basais, o que difere do metabolismo de repouso, que se refere a calorigênese gerada pelo organismo em repouso, mas já desperto. Os metabolismos basal e de repouso dependem da massa magra (fundamentalmente dos músculos), do sexo (homens apresentam maior metabolismo que mulheres), da idade (idosos dispendem menos calorias), havendo também uma porcentagem de 10% a 15% de dependência em relação aos aspectos genéticos (CRUZ e MORIMOTO, 2004). Deve-se salientar que o metabolismo basal é maior nos obesos que nos Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 47 normais, fundamentalmente porque ele depende de massa muscular, que está aumentada de maneira absoluta nos indivíduos obesos, embora percentualmente esteja diminuída (MACBRYDE e BLACKLOW, 1975). O emagrecimento, no entanto, faz com que os obesos nivelem seu peso ao dos não obesos, e isto leva a um decréscimo no metabolismo basal, havendo evidências de que pelo menos uma parte dos ex-obesos, também chamados obesos reduzidos ou emagrecidos, apresenta uma queima calórica basal menor que os indivíduos não obesos com o mesmo peso (FANDIÑO et. al., 2004). A calorigênese exercício-induzida é obtida através de qualquer atividade física, programada ou espontânea, e é variável de indivíduo para indivíduo (MITCHELL, 1978). A questão relativa à atividade física ainda é sujeita a debates, embora haja uma tendência a se acreditar que boa parte dos obesos tenha uma diminuição na atividade física do dia-a-dia, não dirigida especificamente para a prática de exercícios. A calorigênese dieta-induzida apresenta dois componentes: o obrigatório e o facultativo. O primeiro é dependente do trabalho efetuado pelo organismo nas diversas fases da atuação sobre o nutriente: mastigação, deglutição, absorção e transformações metabólicas. Já o componente facultativo representa o acréscimo sobre a queima calórica obrigatória, na verdade, um gasto calórico supérfluo (MACKBRYDE e BLACKLOW, 1975). Alguns autores acreditam que a queima calórica de 24h é deficiente em alguns indivíduos, e também, que este seja um dos fatores responsáveis pela predisposição à obesidade. Mais ainda, os mesmos autores mostraram que não só a queima calórica por unidade de massa magra é variável de indivíduo para indivíduo, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 48 como também está agregada a família, isto é, a calorigênese seria geneticamente determinada (GARRIDO Jr., 2002). Assim sendo, indivíduos com menor calorigênese apresentariam maior tendência à obesidade. Alguns estudos mostraram uma tendência sete vezes maior de ganho de peso em indivíduos com menor calorigênese em relação aos indivíduos com calorigênese aumentada (APPOLINARIO, 1998). Em relação à termogênese alimentar, a literatura se divide: determinados autores crêem ser ela reduzida nos obesos; outros não admitem esta ocorrência. Deve-se salientar, no entanto, que a menor termogênese alimentar nos obesos parece ser conseqüência e não causa da obesidade. Tal fato foi comprovado por um estudo que promoveu o isolamento térmico artificial da parede abdominal em normais, e, a partir de tal circunstância, observou a ocorrência de redução na termogênese alimentar e no peso, o que por sua vez levou a restauração desta queima induzida pelo alimento (APPOLINARIO, 1998). Em conclusão, há uma variabilidade genética na queima calórica e uma atividade física diferente entre os indivíduos. Pessoas que geneticamente têm menor calorigênese e os menos ativos estão sujeitos a se tornarem obesos. 2.2.5.3 Formação de Gorduras A adipogênese depende da agilidade da lípase lipoprotéica (ALLP) e, assim sendo, é aceitável que alguns obesos possam deparar-se com níveis aumentados desta enzima. Certos estudos sugerem este fato, isto é, confirmaram ALLP Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 49 aumentada em animais geneticamente obesos e, mais ainda, tenacidade de agilidade aumentada em obesos emagrecidos, o que oferece tendência óbvia a uma volta ao peso anterior (GARRIDO Jr., 2002). Sabe-se agora, que além da atividade da lípase lipoprotéica a formação da célula adiposa adulta e o acúmulo de gordura na mesma estão sujeitos a uma variedade de acontecimentos bastante complexos, desde as células primordiais até a maturação dos adipócitos. Há evidências de que alterações nas séries destes eventos podem ocasionar obesidade, como, por exemplo, a de receptores para ativadores da proliferação de peroxisomas (MACKBRYDE e BLACKLOW, 1975). 2.2.5.4 Oxidação de Gorduras Um outro fator relevante na maior ou menor deposição de tecido adiposo é a oxidação de gorduras, que pode ser diferente entre os indivíduos. A oxidação de gorduras – maior ou menor – pode ser revelada pelo quociente respiratório (QR = CO2 expirado/ O2 inspirado), obtido através de calorimetria indireta (GARRIDO Jr., 2002). A oxidação pura de gorduras produz um QR de 0,7, e a oxidação pura de hidratos de carbonos produz um QR de 1,0. Alguns autores evidenciaram quocientes respiratórios diferentes de um indivíduo para outro e, mais ainda, prospectivamente mostraram tendência a ganho de peso de 2,5 vezes maior entre os indivíduos com QR em torno de 0,87, quando comparados com indivíduos com QR em torno de 0,82 (CRUZ e MORIMOTO, 2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 50 Em suma, parece haver uma tendência genética à maior ou menor oxidação de gorduras, assim como de indivíduos com menor oxidação serem obesos. 2.2.6 Obesidade Mórbida 2.2.6.1 Definição A definição de obesidade mórbida por critérios de peso corpóreo, estabelece como indivíduos portadores de tal patologia aqueles com aumento de 100% acima do peso ideal ou 45-50kg de excesso com relação ao peso ideal. Isso, geralmente, inclui homens pesando mais de 120-130kg e mulheres pesando mais de 100-110kg (BALSIGER et. al., 2000). De acordo com a Organização Mundial da Saúde, obesidade mórbida é assim considerada quando o índice de massa corporal (IMC) de um indivíduo for maior ou igual a 40 Kg/m2, o que está relacionado a um risco muito elevado de co-morbidades (FARIA et. al., 2002). A Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica considera um IMC de até 25 como normal (eutrófico), entre 25-30 de IMC como sobrepeso, entre 30-35 de IMC como obesidade grau I, entre 35-40 de IMC como obesidade grau II e acima de 40 de IMC como obesidade grau III ou "obesidade clinicamente mórbida" (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). Ainda, no que diz respeito às coomorbidades, uma definição mais ampla de obesidade mórbida deve obrigatoriamente incluir pacientes que tenham coMonografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 51 morbidades graves relacionadas diretamente com a obesidade, como artropatia mecânica, hipertensão, diabetes tipo II, doença cardíaca, dislipidemia e apnéia do sono dentre outras (BALSIGER et. al., 2000). Pacientes obesos mórbidos têm risco magnificado de desenvolverem doenças crônicas, o que acarreta aumento expressivo da mortalidade (250% em relação a pacientes não obesos). É justamente o avanço do conhecimento médico sobre o aumento da morbimortalidade de tais pacientes que enfatiza a necessidade de intervenção médica no tratamento da obesidade (HALPERN e MANCINI, 2002). Portanto, a obesidade mórbida representa risco iminente à vida devendo ser tratada de maneira definitiva (FARIA et. al., 2002). 2.2.7 A Obesidade e o Sistema Respiratório A obesidade promove diversas alterações fisiopatológicas, as quais comprometem virtualmente todos os sistemas do organismo, entre eles o respiratório, podendo apresentar-se como barreira no diagnóstico e na terapêutica (MANCINI, 2001). À medida que um indivíduo torna-se mais obeso, o trabalho muscular necessário para ventilação aumenta. Se o movimento da parede torácica for suficientemente limitado, ocorre retenção de CO2, que pode levar a letargia e a sonolência. Narcose pelo CO2 também pode levar a períodos de apnéia, que geralmente ocorrem durante o sono, e exacerbar o problema de retenção de CO2 (BENÍCIO et. al., 2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 52 Além disso, pode ocorrer policitemia, que pode estimular trombose. Em casos graves de doença respiratória, pode-se desenvolve hipertensão pulmonar, aumento cardíaco e insuficiência cardíaca congestiva (BENÍCIO et. al., 2004). A deposição crescente de gordura revestindo a cavidade torácica e, tanto dentro como sobre a cavidade abdominal, promove alterações progressivas na função pulmonar (HALAKA, et. al., 1995). Acredita-se, então, que a obesidade gera restrição pulmonar devido à diminuição da excursão diafragmática pelo aumento da adiposidade abdominal ou do peso na parede torácica, levando a uma redução dos volumes pulmonares quando comparados com os valores previstos (HALAKA et. al., 1995). A obesidade grave está associada com reduções na capacidade residual funcional (CRF), no volume de reserva expiratório (VRE) e na capacidade pulmonar total (CPT), as quais são atribuídas ao efeito de massa e à pressão sobre o diafragma (MANCINI, 2001). A alteração mais importante envolve a diminuição da (CRF). Na obesidade elevada ou moderada encontra-se uma CRF mais baixa, causada pelo processo mecânico simples de “compressão” da cavidade torácica, e uma redução nas dimensões anatômicas pela massa de tecido adiposo de revestimento. O diafragma encontra-se elevado pelo abdômen distendido. A redução da CRF ocorre tanto pela redução do volume de reserva expiratório (VRE), como pela redução do volume residual (VR) (LUCE, 1980). A CRF pode estar reduzida de tal forma no paciente obeso, que pode ocasionar oclusão das pequenas vias aéreas (MANCINI, 2001). Tal evento pode levar a anormalidades na distribuição ventilação/perfusão, nos gases do sangue arterial, nos mecanismos pulmonares e na difusão dos gases Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 53 (LUCE, 1980). Na posição vertical, o volume de reserva expiratório e a capacidade residual funcional (CRF) estão diminuídos, então o volume corrente pode diminuir de acordo com a capacidade de oclusão, determinando alterações da ventilação e perfusão ou mesmo os shunts, com hipoxemia subseqüente. Na posição deitada, a CRF usualmente cai, agravando as trocas gasosas (HALAKA, 1995). Outra alteração respiratória importante que acompanha a obesidade é um aumento no trabalho mecânico da respiração e o elevado custo do oxigênio da mesma. Essas alterações ocorrem porque os músculos intercostais movimentam uma massa aumentada de revestimento do tórax e com isso o músculo diafragma, ao contrair-se e descer, irá atuar contra a pressão de um abdômen distendido (PELOSI et. al. 1998). Esta dificuldade na movimentação do diafragma, limitada pelo volume abdominal aumentado, trará como conseqüência a sua paralisação. Estando o diafragma paralisado, ele se moverá para cima, em vez de para baixo, com a inspiração, isto porque a pressão intratorácica cai. Este evento é conhecido como movimento paradoxal (WEST, 1996). Assim, pacientes obesos, em geral, apresentam defeitos discretos na troca de gases, com redução da PaO2 e aumento da diferença alvéolo-arterial de O2. Obesos apresentam consumo de oxigênio e produção de dióxido de carbono aumentado, tanto em repouso, quanto durante exercício físico. A atividade metabólica do tecido adiposo, o maior dispêndio energético para manter a normocapnia, são explicações levantadas para o consumo elevado de oxigênio (AULER Jr., GIANNINI e SARAGIOTTO, 2003). Mancini (2001) sugere que tal evento se deve, ainda, ao aumento do Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 54 trabalho de carga sobre os tecidos de suporte. Apesar destas mudanças nas variáveis respiratórias, os testes usuais, como a capacidade vital forçada, volume expiratório forçado no primeiro minuto e fluxo expiratório máximo são geralmente normais na obesidade (COSTA et. al., 2003). Por outro lado, Halaka et. al. (1995) encontraram limitação ao fluxo respiratório entre 50% e 75% da capacidade vital, em pacientes obesos. Embora não existam referências sobre a força muscular respiratória em indivíduos obesos, esta provavelmente estará alterada, porém não necessariamente diminuída. Todavia, a obesidade pode estar relacionada com apnéia do sono e síndrome da hipoventilção, que se acredita ser responsável pela redução dos volumes pulmonares, causando hipoxemia e hipercapnia (LOPATA, 1982). 2.2.7.1 Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono Cerca de 5% dos pacientes com obesidade grau III apresentam a síndrome da apnéia obstrutiva do sono, que se caracteriza por episódios freqüentes de apnéia ou hipopnéia (sendo significante a ocorrência de ou mais episódios por hora ou > 30 por noite de sono) durante o sono (MANCINI, 2001). Um episódio de apnéia obstrutiva é definido como dez segundos ou mais de total interrupção do fluxo aéreo, a despeito de esforço respiratório contínuo contra uma via aérea fechada (LOPATA, 1982). Já a hipopnéia é definida como uma redução de 50% no fluxo aéreo ou uma Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 55 redução suficiente para levar à diminuição de 4% na saturação de O2., roncos (mais ruidosos a medida que a via aérea diminui de calibre) acompanhados de engasgos e tosse quando a patência é restaurada, sintomas diurnos como sonolência com aumento do risco de acidentes de tráfego, diminuição da concentração e da memória, cefaléia matinal devido à retenção de CO2 e vasodilatação cerebral e alterações fisiológicas como hipoxemia, hipercapnia, vasoconstrição pulmonar sistêmica, policitemia (MANCINI, ALOE e TAVARES, 2000). 2.2.7.2 Síndrome da Hipoventilação A síndrome da hipoventilação se refere à presença de apnéias sem esforço respiratório. Esses episódios, que são associados com uma progressiva dessensibilização dos centros respiratórios à hipercapnia noturna, inicialmente limitam-se ao sono, mas eventualmente podem ter como conseqüência à falência respiratória, condição que, quando presente, leva a morte súbita do indivíduo (MANCINI e ALOE, 1998). A síndrome da hipoventilação apresenta como característica principal a obesidade marcante (obesidade grau III). Junto a esta pode-se observar a hipersonolência, a hipóxia, a hipercapnia, a insuficiência ventricular direita e a policitemia (PELOSI et. al., 1998). 2.2.7.3 Complacência e Resistência das Vias Aéreas Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 56 Além das alterações funcionais, pacientes obesos podem apresentar também alterações importantes da mecânica ventilatória. Há um conceito geral de que a complacência respiratória total, dos indivíduos obesos, está diminuída pelo comprometimento torácico e pulmonar, sendo o componente torácico mais importante. A redução da complacência da parede torácica é atribuída à gordura ao redor das costelas e do tórax. Admite-se que o volume sangüíneo pulmonar é responsável pela diminuição da complacência pulmonar (COSTA et. al., 2003). Alguns autores relatam diminuição na complacência total do sistema respiratório e na complacência da parede torácica, enquanto outros sugerem que não existe correlação entre a complacência da parede torácica e a obesidade (BENÍCIO et. al., 2004). Pelosi et al (1998) afirma que à medida que aumenta o IMC, a complacência respiratória total declina, caindo em cerca de 30% do previsto em casos mais graves. 2.2.8 Tratamento da Obesidade A obesidade mórbida representa risco iminente à vida, e por tal motivo deve ser tratada de maneira definitiva (FARIA et. al, 2002). O objetivo ideal do tratamento da obesidade deve ser o de se obter melhora na saúde e na qualidade de vida, com a diminuição de peso expressiva e duradoura Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 57 que gere redução nos fatores de risco e co-morbidades e ainda melhore a função nas atividades da rotina diária (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). Como a obesidade é uma categoria médica crônica de etiologia multifatorial, sua terapêutica abarca vários tipos de abordagens. Um guia dietético, um programa de exercícios físicos e o uso de medicamentos anti-obesidade são os pilares fundamentais do adequado tratamento (SEGAL e FANDIÑO, 2002). Contudo, a terapêutica consagrada para a obesidade mórbida permanece produzindo resultados insatisfatórios, com 95% dos pacientes reavendo seu peso primitivo em até 2 anos. (SEGAL e FANDIÑO, 2002). Sendo, ainda, a obesidade uma condição de vida limitante, busca-se resultados mais satisfatórios do seu tratamento, quanto a melhora da qualidade de vida dos indivíduos obesos. É também, por tal necessidade que estes são freqüentemente encaminhados para cirurgias abdominais, como a gastroplastia, para tratamento da obesidade, após falha de outras modalidades terapêuticas, como a dieta (AULER Jr., GIANNINI e SARAGIOTTO, 2003). Carecendo de uma intervenção mais eficaz no direcionamento clínico de obesos graves, a recomendação das operações bariátricas acende nos dias atuais. 2.2.8.1 Cirurgia Bariátrica A refratariedade de muitos pacientes com obesidade mórbida à dieta, à psicoterapia, à modificação do comportamento, a drogas e a programas de exercício conduziu ao pessimismo médico a respeito da probabilidade de sucesso terapêutico Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 58 em longo prazo. Como resultado, tratamento cirúrgico para tal condição foi tentado (DOMÍNGUEZ et. al., 1998). Segundo Garrido Jr. et al (2002), a cirurgia para tratamento da obesidade grave vem sendo empregada há quase 50 anos. O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, consenso de 1991, afirma que para esses pacientes, o tratamento cirúrgico é a melhor opção para a manutenção da perda de peso em longo prazo (FARIA et. al., 2002). No entanto, o tratamento cirúrgico não é um procedimento cosmético e não envolve a remoção cirúrgica de tecido adiposo (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). Tal conduta, como tratamento da obesidade, justifica-se somente quando o risco de permanecer obeso exceder os riscos, a curto e longo prazo, da cirurgia bariátrica (CRUZ e MORIMOTO, 2004). Este fato é relevante, uma vez que o índice de mortalidade peri-operatória, descrito em pacientes com obesidade mórbida, tem sido alto (6,6%) quando comparado ao índice de mortalidade de pacientes não obesos submetidos a cirurgia do trato gastrointestinal (2,6%) (AULER Jr., GIANNINI e SARAGIOTTO, 2003). Estes resultados podem ser explicados pelo fato de a obesidade levar a uma série de distúrbios fisiopatológicos, incluindo distúrbios cardiovasculares, respiratórios, endócrinos e metabólicos, que podem influenciar negativamente no resultado pós-operatório (BRAGA, SILVA e CREMONESI, 1999). Apesar de sua natureza invasiva e da relevante taxa de mortalidade a cirurgia bariátrica tem demonstrado taxa de sucesso consistente (redução de 50% no excesso de peso) em conseguir e manter a redução de peso a longo prazo (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 59 Os princípios de tal cirurgia envolvem a redução do tamanho do reservatório gástrico, associado ou não a procedimento de indução de má absorção. Como resultado deste procedimento, o hábito alimentar do paciente melhora, reduzindo a ingestão maciça, assegurando que o paciente coma em pequena quantidade e mastige bem cada porção de alimento (PATIÑO, 2003). 2.2.8.1.1 Critérios para Seleção do Paciente Segundo Cruz e Morimoto (2004), os critérios para a seleção do paciente incluem: • Índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 40kg/m² ou acima de 35kg/m² quando associado a co-morbidades que possam ser reduzidas com a perda de peso; • Várias tentativas de perda de peso sem resultado; • Condições psicológicas para cumprir a orientação dietética no pós-operatório, o que deve ser avaliado com a ajuda do serviço de psicologia. • Pacientes que avaliados por médico experiente em matéria de tratamento da obesidade, tenham pequena probabilidade de sucesso com medidas não cirúrgicas. Entre as co-morbidades associadas à obesidade a conferência do consenso de 1985 do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos delineou uma lista de que inclui hipertensão, cardiomiopatia hipertrófica, hiperlipidemia, diabetes, colelitíase, apnéia do sono, hipoventilação, artrite degenerativa e desajustes Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 60 psicossociais. Duas complicações (co-morbidades) da obesidade que podem levar a risco de vida são a coronariopatia e o diabete melito (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). Além dessas complicações outras merecem ser consideradas: doença coronariana; obstrução venosa ou linfática de membros inferiores e hipertensão pulmonar da obesidade (PATIÑO, 2003). 2.2.8.1.2 Critérios para Exclusão do Paciente Segundo Mancini e Aloe (1998), são contra-indicações absolutas para tratamento cirúrgico a dependência química, a falta de colaboração por parte do paciente e algumas doenças psiquiátricas (esquizofrenia, desordens psiquiátricas limítrofes e depressão não controlada). Também são contra-indicados pacientes com síndrome de obesidade terminal (diabetes grave + hipertensão não controlada + hiperlipidemia), o que se deve a delicada condição de saúde desses indivíduos (FARIA et. al., 2002). Por este motivo, para essa classe de pacientes, deve-se proceder com o internamento prévio a realização do procedimento cirúrgico bariátrico, para tratamento das complicações de modo a diminuir o risco cirúrgico (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 61 2.2.8.1.3 Derivações Gastrojejunais Nos dias atuais, a técnica cirúrgica mais utilizada é a de Fobi-Capella; uma técnica mista, de caráter restritivo e disabsortivo. Nela ocorre diminuição da câmera gástrica, pois o estômago é dividido em duas porções com o uso de grampeadores, e anastomose gastrojejunal. O novo reservatório criado tem volume de 30ml a 50ml, o que corresponde a 5% do estômago (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO E RAMOS, 2002). Essa nova bolsa criada é ligada a um segmento do intestino delgado, enquanto a maior parte do estômago continua fora do trânsito alimentar (CRUZ e MORIMOTO, 2004). Este procedimento leva a uma redução de cerca de 40% do peso em um ano e a manutenção desta perda após um ano. Segundo Jr Garrido, (2002), com a redução ponderal observa-se que a dispnéia e a apnéia do sono cessam ou melhoram muito, assim como certas artralgias. A hipertensão arterial passa a exigir menos medicação, os diabéticos a dispensar a insulina e controlar glicemia sem medicação ou com hipoglicemiantes orais. A qualidade de vida e a auto-estima seguem a melhora da saúde física (FARIA et. al., 2002). FIGURA 4 – TÉCNICA DE CAPELLA Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 62 FONTE: SITE ASBS. 2.2.8.1.3.2 Complicações Pós-Cirúrgicas Os efeitos colaterais potenciais desse procedimento são a má absorção de ferro e menos freqüentemente de vitamina B12, evitado pela suplementação (PATIÑO, 2003). Imediatamente após a cirurgia pode haver a formação de compilações serosas no local do corte cirúrgico, atelectasias pulmonares, lesões do baço, flebites, trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar e deiscência das suturas (PARDO et. al., 2003). O risco aumentado de trombose venosa profunda e embolia pulmonar estão relacionados ao fato de a obesidade pode levar a estase venosa nos membros inferiores e a diminuição da atividade fibrinolítica, que conduz a um estado de hipercoagulabilidade (MANCINI, 2001). Passadas as primeiras semanas pós-cirúrgicas, as complicações encontradas podem ser as hérnias incisionais, obstrução intestinal por hérnia interna ou aderências, dor, vômitos (estas duas normalmente decorrentes de complicações Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 63 com o anel de silicone), obstrução da anastomose gastrojejunal, assim como ocorrência de úlceras em tal localidade (GARRIDO Jr., 2002). 2.2.8.1.4 Gastroplastia Vertical com Bandagem Em 1980 foi introduzida por Manson a técnica cirúrgica de gastroplastia vertical com bandagem (COUTINHO, 1999). Edward E. Manson, professor de cirurgia da Universidade de Iowa nos Estados Unidos, baseava tal procedimento na restrição mecânica à ingestão de alimentos (GARRIDO Jr., 2002). O procedimento, inicialmente, consistia no fechamento de uma porção do estômago através de uma sutura, resultando na diminuição relevante do reservatório gástrico. Um anel de contenção era colocado no orifício de saída, tornando o esvaziamento desta pequena câmara mais lento (SEGAL e FANDIÑO, 2002). Atualmente, as gastroplastias que se baseiam em tais princípios, são também conhecidas como procedimentos de "partição gástrica", e se caracterizam por promoverem a restrição gástrica anatômica, dividindo o estômago em um pequeno segmento superior ("câmara ou bolsa superior") com volume menor ou igual a 30 ml, o qual se comunica com o restante do estômago por um estreito canal ou estoma (é o princípio da ampulheta) através do uso grampeadores. Esses foram recursos que vieram para facilitar esses procedimentos, a ponto destes chegarem a ser conhecidos como "grampeamento gástrico" (SEGAL, 1999). Tais operações restritivas são simples, rápidas e com baixos índices de Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 64 complicações e mortalidade. Por serem procedimentos de complexidade intermediária dispensam a realização de by-pass gastrointestinal (SEGAL, 1999). Contudo, este procedimento apresenta alta incidência de recidiva da obesidade após 10 anos de seguimento, motivo pelo qual ela vem sendo substituída mundialmente (AMERICAM SOCIETY OF BARIATRIC SURGERY, 1998). Resultados de longo prazo, como os demonstrados por trabalho realizado na Clínica Mayo sobre a gastroplastia vertical com banda com seguimento de três anos em 70 pacientes, mostraram que apenas 38% tinham mantido a perda de peso em torno de 50%. Apesar desses resultados, muitos grupos nos Estados Unidos continuam a utilizar esse procedimento baseado na sua segurança e baixa incidência de efeitos colaterais metabólicos (ZILBERSTEIN, GALVÃO NETO e RAMOS, 2002). FIGURA 5 - TÉCNICA DE MANSON FONTE: SITE ASBS. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 65 2.2.8.1.5 Derivações Bileopancreáticas com Gastrectomia Distal São conhecidas também como operação de Scopinaro, por terem sido desenvolvidas pelo professor Nicola Scopinaro, da Universidade de Gênova, na Itália (GARRIDO Jr., 2002). Consistem em uma gastrectomia parcial de 80% (elemento restritivo) associada à anastomose em Y de Roux com alça jejunal longa, estando a ênteroêntero anastomose situada a 50 cm da válvula ileocecal (elemento disabsortivo) (SEGAL e FANDÑO, 2002). Duas modalidades cirúrgicas reconhecidas pela IFSO (International Federation for the Surgery of Obesity) vêm sendo realizadas. São elas a operação proposta por Nicola Scopinaro e uma variação sua, o "Duodenal Switch" Ambas são derivações bílio-pancreáticas e são operações mal-absortivas, nas quais a restrição volumétrica não representa papel principal (COUTINHO, 1999). Segundo Zilberstein, Neto e Ramos (2001), com está modalidade cirúrgica há descrições de diminuição de episódios de compulsão alimentar e a perda ponderal e a manutenção associadas à técnica são similares à GVB com Y de Roux. Em publicação recente, Scopinaro relata 72% de perda do excesso de peso em 18 anos de seguimento. Esses são os melhores resultados da literatura na seqüência de longo prazo (AMERICAM SOCIETY OF BARIATRIC SURGERY, 1998) Apesar de sua eficiência, a operação induz a vários efeitos colaterais potenciais, como exemplo a má absorção de ferro, cálcio, vitamina B12 e de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) que requerem suplementação parenteral. Por tal motivo, foram introduzidas modificações como o by-pass gástrico distal e o switch Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 66 duodenal (GARRIDO Jr., 2002). FIGURA 6 - TÉCNICA DE SCOPINARO. FONTE: SITE ASBS. 2.2.8.1.6 Implicações no Sistema Respiratório A realização da anestesia, conduta de rotina de qualquer gastroplastia redutora, leva a uma redução em 50% da capacidade residual funcional em obesos (MANCINI, 2001). Tal evento acaba por agravar ainda mais está alteração, que como vista anteriormente, já é freqüente nos obesos mórbidos. Benseñor e Auler (2004) descreveram a redução na capacidade residual funcional, originada pela anestesia geral e pela paralisia muscular decorrente da ventilação mecânica, efeitos que surgem como conseqüência do relaxamento da musculatura diafragmática. Pelosi et al (1998) propuseram que a redução da oxigenação e do volume pulmonar relacionam-se de forma inversa ao IMC e, também, que tal redução pode Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 67 ocorrer na CRF. A redução da CRF diminui a capacidade do paciente obeso tolerar períodos de apnéia (MANCINI, 2001). Indivíduos obesos dessaturam rapidamente após indução de anestesia a despeito de pré-oxigenação. Isso é resultado tanto de uma reserva de O2 menor, causada por uma CRF diminuída, como também pelo aumento do consumo de O2 causado pela obesidade (MANCINI, 2001). Além destes eventos, o emprego de altas frações de oxigênio, na mistura gasosa administrada, durante o procedimento anestésico produz atelectasias, e tal efeito parece ser exacerbado em obesos, sobretudo nos obesos classificados como mórbidos (PELOSI et. al., 1999). 2.3 Tratamento Fisioterapêutico As condutas fisioterapêticas empregadas, no presente estudo, serão descritas a seguir. 2.3.1 Aquecimento O aquecimento deve ser realizado com o objetivo de produzir alterações metabólicas e fisiológicas no organismo, as quais permitirão melhor adaptação ao esforço que será desenvolvido durante a fase de resistência. Ele, ainda, evita lesões potenciais dos sistemas músculo-esquelético e cardiorrespiratório (OLIVEIRA e VANDERLEI, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 68 Além disto, proporciona poderoso estímulo para a dilatação das artérias periféricas e coronárias (FOSS e KETEYIAN, 2000). Por outro lado, a realização de atividade física de forma brusca e intensa, sem aquecimento prévio, pode induzir a uma variedade de sinais e sintomas indesejados, como por exemplo, a hipoglicemia e a queda da pressão arterial. 2.3.2 Exercício Físico Aeróbio No presente estudo os exercícios aeróbicos foram realizados na esteira e bicicleta ergométricas. O exercício físico tem efeito benéfico que parece resultar de interações complexas de efeitos psicológicos e fisiológicos. Além disso, é adequado salientar a diminuição do estresse, a melhora da função cardiorrespiratória, a remoção de fatores como o tabagismo e a reeducação alimentar (BENETTI e NAHAS, 2000). Muitos das respostas benéficas proporcionadas pela atividade física aeróbica se devem a melhora da circulação sistêmica. Esta ocorre, entre outras razões, pelo fato de o exercício contribuir para a redução do hematócrito (ao aumentar a volemia) e ocasionar elevação da plasticidade do eritrócito, promovendo acréscimo do fluxo sanguíneo e melhor distribuição do oxigênio na interface célulacapilar (FOSS e KETEYIAN, 2000). Podem, ainda, ocorrer modificações significativas tanto anatômicas como fisiológicas do sistema cardiovascular, com aprimoramento do sistema de transporte, extração e utilização do oxigênio (FROELICHER e MYERS, 1999). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 69 Estudos demonstram que este tipo de exercício pode contribuir para o aumento da circulação sanguínea colateral (BOSCO et. al., 2004). 2.3.3 Alongamentos Musculares Pessoas obesas geralmente apresentam uma certa dificuldade para a movimentação, o que as leva a movimentarem-se ainda menos. A prática de atividades físicas também é reduzida por esse motivo. Tais fatores levam a um maior grau de deficiência orgânica e física, assim como a alterações no estilo de vida (HALPERN e MANCINI, 2001). No intuito de se melhorar a função músculo-esquelética é que usamos os alongamentos. O alongamento é uma das técnicas mais utilizadas na terapêutica fisioterápica para aumentar a flexibilidade muscular e, quando realizado no primeiro instante de um treinamento, reduzir o risco de lesões músculo-tendinosas (WILMORE e COSTILL, 2001). Os alongamentos desenvolvem vantagens múltiplas facilitando os movimentos, diminuindo as pressões articulares, rearmonizando as tensões e agindo sobre a circulação sangüínea e linfática (REDONDO, 2001). Ainda, segundo Redondo (2001), na prática, normalmente são escolhidos os alongamentos globais e simétricos, a fim de melhor harmonizar as tensões e evitar as compensações que favorecem as torções. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 70 2.3.4 EPAP A pressão positiva durante a expiração é a forma mais simples de se ofertar PEEP em respiração espontânea. Tal recurso se caracteriza por ser um sistema de demanda composto por uma válvula unidirecional acoplada a uma máscara (de preferência siliconada) e a um mecanismo de resistência expiratória. Nesse, a fase inspiratória é realizada sem nenhuma ajuda externa ou fluxo adicional, e a expiração é realizada contra essa resistência, tornando-a positiva em seu final. Segundo Azeredo (2002), o principal objetivo da terapia com EPAP é impedir a evolução clínica da hipoxemia, restaurando a (CRF) e melhorando, portanto, a estabilidade alveolar e conseqüentemente as trocas gasosas. 2.3.5 Respiron O respiron é um equipamento incentivador inspiratório a fluxo, usado para se conseguir a expansão pulmonar. Este inspirômetro de incentivo é um aparelho que fornece uma informação retroativa (feedback) ao paciente enquanto este realiza exercícios respiratórios de padrão de sustentação máxima da inspiração (AZEREDO, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 71 O feedback, neste recurso, é visual e, é conseguido através do movimento de bolas coloridas de pequeno tamanho, localizadas em câmaras plásticas, quando o paciente inspira um fluxo suficiente. Esse exercitador respiratório de padrão alinear (pressão inspirada não controlada) têm por objetivo: a reexpansão pulmonar; o aumento da permeabilidade das vias aéreas; e o fortalecimento dos músculos respiratórios (AZEREDO, 2002). 2.3.6 Desaquecimento O desaquecimento é tão importante quanto o aquecimento, pois evitará que o indivíduo venha a sentir dores musculares desagradáveis após os exercícios. Segundo Foss e Keteyian (2000), quando realizado de maneira gradual e bem feito prepara o sistema cardiopulmonar, musculo-esquelético, circulatório e mesmo a mente para voltarem as suas condições fisiológicas normais. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 3 METODOLOGIA O presente trabalho foi realizado na Vital Clínica, no período de maio a outubro de 2004. Para o estudo, foram selecionados 14 pacientes obesos mórbidos (1 homem e 13 mulheres), com idade entre 25 e 50 anos, sem restrição de sexo e de idade. Os pacientes foram eleitos a partir de critérios de inclusão e exclusão, como aparecem descritos a seguir. Os atendimentos apresentaram uma freqüência de cinco vezes na semana, sendo cada paciente atendido uma vez ao dia, até que ele completasse um total de trinta sessões. Cada sessão teve duração de duas horas. O protocolo de estudo foi submetido ao comitê de Ética e Pesquisa do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Unioeste e, para a participação no estudo, as pessoas foram devidamente esclarecidas e assinaram um termo de consentimento com os passos do processo (Anexo 1). No início do estudo, os participantes foram submetidos a avaliação fisioterapêutica de acordo com parâmetros previamente estabelecidos, visando a verificar as condições fisiológicas em que eles se encontravam (Apêndice 1). Os pacientes foram selecionados a partir da indicação ou não do médico para uma possível realização de fisioterapia no período pré-operatório. A partir dessa indicação, os indivíduos foram divididos em dois grupos: um, que realizou o tratamento fisioterapêutico no período pré-operatório e foi denominado grupo de tratamento (GT); e o outro, que não sofreu nenhuma intervenção durante este período, que foi chamado de grupo de controle (GC). Os grupos apresentavam as seguintes características: GT (obesidade grau Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 73 III) - IMC = 35 a 60Kg/m2 (11 voluntários); GC (obesidade grau III) – IMC = 38 a 42Kg/m2 (3 voluntários). Constituídos os critérios básicos de seleção e formados os grupos de participantes, os mesmos foram sendo incluídos no estudo, após preencherem os critérios de inclusão e assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido. Em seguida, eles foram submetidos à análise da variável que se encontrava posta em foco: avaliação da força da musculatura inspiratória. Posteriormente, o GT foi submetido ao protocolo de intervenção fisioterapêutica em vigência na Vital Clínica. Decorridos 30 dias de atendimento fisioterapêutico, os pacientes dos grupos de tratamento e de controle foram novamente submetidos à avaliação funcional (teste pós-imediato), sendo avaliados a partir do mesmo protocolo do pré-teste. Os resultados foram posteriormente comparados entre as duas amostras. 3.1 Critérios de Inclusão • Indivíduos obesos mórbidos; • Índice de massa corpórea dentro dos padrões considerados mórbidos, de acordo com os índices estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde; • Indicação à cirurgia bariátrica; • Aceitação, por parte dos pacientes, de participar do estudo, ou seja, de se submeter à rotina do tratamento pré-estabelecido; Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 74 • Indicação ou não à fisioterapia no período pré-operatório à cirurgia bariátrica. 3.2 Critérios de Exclusão • Presença de patologias respiratórias associadas; • Realização de procedimentos associados. 3.3 Materiais e Métodos 3.3.1 Materiais Os materiais utilizados para a aplicação das condutas fisioterapêuticas e dos métodos de avaliação foram: • Bastões de PVC (1m); • Bolas terapêuticas (de 250g); • Colchonetes (2m de comprimento, 1m de largura e 6cm de espessura); • Um manovacuômetro portátil, marca MV - 150/300; • Bocal e traquéia para o manovacuômetro; • Clipe nasal para o manovacuômetro; • Ficha de avaliação; • Esteira ergométrica, marca Moviment; Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 75 • Bicicleta ergométrica, marca Moviment; • Respiron, marca MCS; • EPAP: composto por máscara facial de silicone, clipe nasal, válvula unidirecional, frasco de 5 litros com 2 litros de água e tubo para conexão (traquéia) de 45 cm de comprimento e 2cm de diâmetro. 3.3.2 Métodos Os métodos utilizados para o tratamento fisioterapêutico consistiram em: • Aquecimento: foi realizado de maneira global, visando sempre aos grandes grupos musculares, por um tempo de 5 minutos; • Alongamentos Musculares: a estes foram destinados 10 minutos da terapia, sendo cada grupo muscular submetido a 3 repetições com sustentação de 20 segundos. Os alongamentos foram variados a cada sessão no intuito de que a terapia não se tornasse rotina. • Esteira Ergométrica: nela, a atividade foi realizada de acordo com a capacidade física individual dos pacientes, a qual foi determinada de acordo com a freqüência cardíaca de treinamento, obtida pela fórmula: FCT= FCRepouso + 50% x (FCMáxima – FCRepouso). O tempo reservado para tal atividade foi de 30 minutos. Novos cálculos eram realizados a cada semana. • Bicicleta Ergométrica: os princípios e o intervalo de tempo dispendido com a atividade foram os mesmos descritos anteriormente. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 76 • Respiron: para a utilização desse recurso, o paciente permaneceu sentado, estando o seu tronco num ângulo de 90º com as coxas e ele gastou 20 minutos da terapia. Nesse intervalo, foram realizadas 10 repetições, intercaladas com 2 minutos de descanso. O nível de dificuldade (1 a 3) foi determinado de acordo com a capacidade e evolução do paciente. • EPAP: para esse recurso, a posição utilizada foi a mesma da conduta descrita anteriormente. Aqui, os pacientes realizavam 10 repetições com intervalos de dois minutos, até que o limite de 20 minutos fosse atingido. A cada nova semana a resistência oferecida era aumentada em 500ml. • Desaquecimento: também foi realizado de maneira global, abarcando os grandes grupos musculares, por um período de 5 minutos. 3.5 Avaliação da Variável de Interesse 3.5.1 Teste Neste estudo, a manovacuometria foi o teste realizado para se verificar a função respiratória, mais especificamente a pressão inspiratória máxima. 3.5.1.1 Materiais Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 77 O instrumento utilizado para medir a pressão inspiratória máxima (PImáx), de acordo com o que preconiza a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2002), foi um tubo cilíndrico rígido, cuja extremidade distal é fechada, exceto por apresentar um orifício de 2mm de diâmetro, e cuja extremidade proximal é aberta, onde, então, encaixa-se uma peça bucal, através da qual o indivíduo em teste realiza esforço inspiratório máximo. Uma saída lateral e uma tubulação de plástico rígido ligaram o tubo a um manovacuômetro (manômetro aneróide que mede pressões negativas e positivas) (Anexo 2). A presença do pequeno orifício (ou fuga) no instrumento de mensuração serviu para dissipar as pressões geradas pela musculatura da face e da orofaringe, sem afetar significativamente as pressões produzidas pelos músculos da caixa torácica com a glote aberta. Nos esforços inspiratórios máximos, músculos da boca e da orofaringe podem gerar uma pressão negativa que falseia o valor da pressão produzida pelos músculos inspiratórios da caixa torácica, esteja a glote corretamente aberta ou indevidamente fechada (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2002). A peça bucal utilizada foi de material rígido (plástico). Caracterizava-se por ser cônica e de pequeno calibre, em torno da qual o indivíduo fechava os lábios; para evitar vazamentos. A tubulação de plástico rígido apresentava 25cm de comprimento e 4cm de diâmetro. A fim de se evitar vazamentos de ar, através da cavidade nasal, usou-se um clipe nasal durante a realização do teste. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 78 3.5.1.2 Técnica de Mensuração A PImáx foi medida a partir da posição de expiração máxima, quando o volume de gás contido nos pulmões era o volume residual (PImáxVR). Para o teste, o indivíduo permaneceu na posição sentada, estando o seu tronco num ângulo de 90º com as coxas. Quaisquer peças de vestuário que pudessem interferir na realização do esforço inspiratório máximo foram afrouxadas ou removidas. Essas peças eram cintos apertados, dentre outras. Previamente ao teste, o paciente recebeu orientações a respeito dos objetivos do teste e suas dúvidas foram esclarecidas. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2002), a posição corporal interfere nos resultados obtidos, assim o teste foi realizado sempre numa mesma posição. A ocorrência de vazamentos foi cuidadosamente observada e as manobras em que estes fossem notados eram descartadas e, quando necessário, corrigiu-se o posicionamento da peça bucal. Os procedimentos do exame foram ensinados e demonstrados ao indivíduo a ser testado. Durante a realização, o paciente foi incentivado a melhorar os resultados, buscando dar de si o esforço máximo. 3.5.1.2.1 Mensuração da PImáx Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 79 O nariz dos indivíduos testados foi ocluído com um clipe nasal e, após, o bucal foi firmemente adaptado à suas bocas para que não houvesse o escapamento de ar. Durante o teste, o paciente comprimia as bochechas com as mãos. O paciente, primeiramente, realizou uma expiração até o volume residual e, em seguida, buscou alcançar o esforço inspiratório máximo. A posição alcançada foi mantida por pelo menos 1 segundo e o valor do platô de pressão (maior valor após o primeiro segundo) foi anotado. Após cada inspiração máxima o paciente descansou por 1 minuito, repetindo-se o teste por 5 vezes. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 4 RESULTADOS Nesta parte do estudo, serão apresentados, de forma descritiva, os resultados obtidos através da Manovacuometria. Dos 14 pacientes com indicação à cirurgia bariátrica, a totalidade apresentou IMC de 35 a 60 Kg/m2. Ainda, todos eles apresentaram, pelo menos, uma co-morbidade grave relacionada à obesidade, que seria passível de resolução, caso essa afecção fosse tratada. Portanto, esses pacientes se enquadraram nos critérios de indicação da cirurgia bariátrica. A prevalência de morbidades associadas à obesidade, nos pacientes obesos mórbidos, foi bastante elevada (86%), sendo mais freqüente a dispnéia, que esteve presente em 78% dos pacientes. Outras co-morbidades de alta prevalência foram a hipertensão arterial sistêmica (50%), a lombalgia (64%), as dores nas pernas (71%) e a depressão (50%). O quadro das co-morbidades está representado na tabela 4. TABELA 4: COMORBIDADES PREVALENTES NOS 14 PACIENTES OBESOS MÓRBIDOS COM INDICAÇÃO À GASTROPLASTIA REDUTORA Co-morbidades % Cardiovasculopulmonares Dispnéia 78% Hipertensão arterial sistêmica 50% Apnéia do sono 7% Osteoarticulares Artropatia do joelho 14% Lombalgia 64% Dores nas Pernas 71% Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 81 Metabólicas Dislipidemias 36% Diabete melito tipo II 14% Irregularidade menstrual 7% Gastrointestinais Gastrite 28% Outras Depressão 50% FONTE: A AUTORA Na maioria dos casos, os pacientes estudados foram do sexo feminino (92%), da raça branca (100%) e eram procedentes de Cascavel (100%). Os dados epidemiológicos referentes a sexo, idade, IMC e peso corporal dos voluntários dos grupos GT e GC estão descritos na tabela 5. TABELA 5: CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DOS 14 PACIENTES OBESOS MÓRBIDOS COM INDICAÇÃO À GASTROPLASTIA REDUTORA GRUPO T GRUPO C HOMENS 1 0 MULHERES 11 3 IDADE (anos) 35,09 + 6,45 43 + 4 PESO (Kg) 117,18 + 17,70 97,33 + 5,77 ALTURA (m) 1,63 + 0,16 1,57 + 0,07 IMC Kg/m2) 43,95 + 6,09 39,55 + 2,46 PImáx inicial (cmH2O) 46,36 + 13,05 43,33 + 11,54 84,09 + 20,95 45 + 13,22 PImáx final (cmH2O) FONTE: A AUTORA Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 82 Uma avaliação pós-tratamento fisioterapêutico mostrou aumento significativo da força da musculatura inspiratória apresentada pelos indivíduos treinados (GT). Tal fato, no entanto, não foi verificado nos indivíduos não treinados (GC). A análise dos pacientes que realizaram um mínimo de 30 dias de treinamento no período préoperatório demonstrou que 63% deles tiveram um aumento acima de 50% nessa variável. A média das PImáxs esperadas em relação à idade de acordo com o sexo dos pacientes dos dois grupos estão representadas na tabela 6. TABELA 6: MÉDIA DAS PRESSÕES INSPIRATÓRIAS MÁXIMAS ESPERADAS EM FUNÇÃO DA IDADE DE ACORDO COM O SEXO Grupo Controle 82,07 + 2,03 FONTE: A AUTORA Grupo Tratamento 89, 51 + 11,46 A avaliação do sucesso terapêutico fisioterápico mostrou que 100% dos pacientes treinados obtiveram resultado favorável com a intervenção fisioterapêutica e nenhum dos procedimentos realizados foi considerado um fracasso, uma vez que houve relatos, por parte de todos os pacientes, em relação a alguns aspectos, como a melhora satisfatória da qualidade de vida quanto à auto-estima, à sociabilidade, às condições físicas confortáveis, à da disposição para o trabalho e à libido, dentre outros. Os resultados da análise estão representados nos gráficos 1 e 2. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 83 GRÁFICO 1: PERCENTUAIS DO AUMENTO DA PIMÁX, EM 30 DIAS DE ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO, EM 11 PACIENTES (P1 A P11) OBESOS MÓRBIDOS COM INDICAÇÃO À CIRURGIA BARIÁTRICA 200% 180% 160% 140% 120% 100% 80% 60% 40% 20% 0% P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 FONTE: A AUTORA GRÁFICO 2: PERCENTUAIS DO AUMENTO DA PIMÁX, EM INTERVALO DE 40 DIAS, EM 3 PACIENTES (P1 A P3) OBESOS MÓRBIDOS COM INDICAÇÃO À CIRURGIA BARIÁTRICA, SEM TREINAMENTO 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% P1 P2 P3 FONTE: A AUTORA Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 5 DISCUSSÃO A fisioterapia, visando ao condicionamento físico, preconiza como um de seus princípios o trabalho com a respiração. Assim, procurou-se testar a hipótese de que ocorreria uma melhora da força da musculatura inspiratória dos indivíduos obesos mórbidos com indicação à cirurgia bariátrica, melhora esta decorrente da prática terapêutica possibilitada pelo tratamento fisioterapêutico. Com o tratamento proposto, verificou-se um aumento na força da musculatura inspiratória de todos os pacientes (11) através dos resultados mostrados pelo uso da manovacuometria. Segundo a 37ª Sesión Del Subcomitè de Planificación y Programacion Del Comité Ejecutivo, (2003), a obesidade é conceituada como uma conseqüência do desajuste energético e acontece, quando o aporte energético é superior ao gasto durante um tempo prolongado. Muitos fatores complexos e diversos podem levar a um saldo de energia positivo, mas se considera a interação entre alguns destes fatores e não a influência de um único como responsável pela obesidade. A obesidade, de acordo com Costa et. al. (1992), ocasiona, dentre outras alterações respiratórias importantes, uma sobrecarga da musculatura diafragmática, pois, ao contrair-se e descer, ela reage contra a pressão do abdômen distendido. Embora não se encontrem na literatura referências sobre a força muscular respiratória em indivíduos obesos mórbidos, a mesma, provavelmente, também esteja alterada nesses indivíduos. Apesar de serem poucos os estudos que relacionam diretamente a prática fisioterapêutica com a melhora da função pulmonar em indivíduos obesos, acreditase, com base na fisiologia e na biomecânica respiratória normais e em concordância Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 85 com PESSOA e REBOUÇAS (1997), na relação recíproca entre as estruturas físicas e funcionais. Assim, uma vez ocorrendo uma melhora da condição das estruturas físicas, ela é transmitida às estruturas funcionais como as da respiração. A avaliação da força muscular respiratória medida pela PImáx conforme procedimentos existentes tem sido estudada nas últimas décadas como uma técnica eficaz para a interferência sobre a condição muscular respiratória das pessoas, melhorando-a (BENÍCIO et. al., 2004). Alguns autores correlacionam a PImáx à medida da força do diafragma, enquanto outros a consideram como sendo capaz de avaliar a força do conjunto de todos os músculos respiratórios. Embora exista essa controvérsia, um fato fica claro: tais medidas, ao sofrerem variações, permitem concluir se houve alteração na força dos músculos respiratórios. Pelo fato de as alterações da força inspiratória se caracterizarem por variações na eficácia dos movimentos respiratórios, seguramente, são elas a causa de alterações da mecânica respiratória. Como mencionado acima, na obesidade mórbida especialmente, o comprometimento da mecânica respiratória tem relação direta com a alteração da força muscular inspiratória. Assim, similarmente ao que se supõe, a prevalência de fraqueza muscular dos músculos inspiratórios nos pacientes desta série foi muito elevada (100%). Os resultados deste estudo indicam que os indivíduos obesos mórbidos que se submeteram ao tratamento fisioterapêutico durante o período pré-operatório tiveram sua dinâmica respiratória alterada em função do aumento da PImáx de 46,36 + 13,06 para 84,09 + 20,95 cmH2O. Comparativamente ao trabalho de Costa et al. (2002), o valor médio da PImáx inicial e final de pacientes submetidos ao tratamento Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 86 fisioterapêutico foi bastante semelhante de (64 + 11,2 e 92 + 31,2, respectivamente). Associados a esses resultados, todos os indivíduos que participaram do treinamento fisioterapêutico no período pré-operatório se referiram a melhoras para realizarem os movimentos respiratórios. De acordo com os resultados apresentados, ficou evidente que a prática fisioterapêutica promoveu melhora na dinâmica respiratória, mais apropriadamente na tóraco-abdominal dos indivíduos obesos que se submeteram a esse tipo de intervenção física. O aumento obtido da força muscular inspiratória sugere que eles podem ter a função respiratória melhorada por meio de exercícios fisioterapêuticos. As alterações ocorridas na mecânica da respiração proporcionaram ganho da força muscular inspiratória, podendo prevenir complicações na vida de indivíduos obesos. No entanto, os resultados alcançados por este estudo poderiam ser mais exaustivos, se o mesmo envolvesse (1) uma amostra maior e mais homogênea e (2) se o tempo de tratamento fosse mais prolongado, ou seja, mais do que 30 sessões. O aumento do número de sessões possibilitaria avaliar uma possível redução de peso e a esperada melhora mais significativa na mecânica do trabalho respiratório. Uma homogeneidade da amostra garantiria resultados mais fidedignos, pois a influência dos fatores que afetam a função pulmonar seria mais semelhante. De acordo com a prática clínica de alguns fisioterapeutas consultados, é necessário que o tratamento fisioterapêutico seja mantido por uma média de 6 meses, a fim de possibilitar uma amenização de certas co-morbidades que são a causa de alto risco cirúrgico em tais pacientes A técnica utilizada nesta pesquisa mostrou-se eficaz como método de avaliação da força da musculatura inspiratória, tendo ainda a vantagem de ser uma técnica simples, rápida e de baixo custo para ser aplicada. No entanto, ela exige Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 87 uma boa manutenção dos equipamentos, sendo muitas vezes afetada por diversos fatores, como a compreensão, a dedicação e os estados físico e emocional do paciente no momento do teste, a correta aplicação da técnica, a calibragem do aparelho e a correta interpretação dos resultados. Portanto, o tratamento fisioterapêutico durante o período pré-operatório dos pacientes obesos mórbidos, quando indicado como um coadjuvante para o adequado preparo cirúrgico, representa importante recurso terapêutico para os mesmos. Espera-se que o aumento da força muscular inspiratória, além de fornecer melhores condições para que os pacientes enfrentem a cirurgia, possa também ser útil na recuperação mais precoce no período pós-operatório. Mesmo com um número pequeno de pacientes e de sessões, os resultados foram satisfatórios, pois atenderam aos objetivos propostos. Fica como sugestão final a repetição deste estudo, com a orientação de que ele seja feito com um maior numero de sessões aplicadas a uma amostra maior de pacientes. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando-se os resultados positivos obtidos e os achados na literatura, concluiu-se que: (1) As técnicas fisioterapêuticas empregadas têm ação relevante sobre a mecânica respiratória, revelando-se como método de tratamento eficaz na melhora da força da musculatura inspiratória dos indivíduos submetidos regularmente a ela; (2) Os resultados da manovacuometria mostraram índices ampliados após o tratamento e a mesma se revelou um método eficaz na avaliação da força da musculatura inspiratória. Ela é um método relativamente simples, rápido e pouco dispendioso; (3) Com os resultados, foi possível comprovar a melhora da capacidade funcional respiratória a partir do favorecimento da biomecânica da respiração com a prática do método; (4) Novos estudos devem ser realizados a fim de comprovar a eficiência do tratamento fisioterapêutico, não só como método de fortalecimento muscular respiratório, mas também na melhora das diversas comorbidades advindas da obesidade e da qualidade de vida; (5) O presente estudo poderia ser repetido com uma amostra mais exaustiva de pacientes, especialmente no que se refere a um grupo de controle com um maior número de sessões. Estes fatores, de certa forma, limitaram os resultados desta pesquisa. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, C. R. T.; CHEIBUB, Z. B. Obesidade mórbida: implicações anestésicas. Revista Brasileira de Anestesiologia.V. 41, p. 273-279, 1991. 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Os pacientes selecionados como voluntários para este trabalho sofrerão a interferência da fisioterapia respiratória, durante o período pré-operatório baseados em informações na literatura, que visem promover a melhora da mecânica cardiorespiratória. O programa de tratamento terá duração de 6 semanas. Todos os voluntários serão submetidos à avaliação para verificar a condição da musculatura inspiratória. Ao término do trabalho, os voluntários serão informados dos resultados por ele obtidos. Sua participação será muito importante para o sucesso desta pesquisa. Assinatura do pesquisador______________________________________ Tendo recebido as informações anteriores e, esclarecido dos meus direitos relacionados a seguir, declaro estar ciente do exposto e desejar participar da pesquisa. 1. A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a dúvidas sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa; 2. A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo; 3. A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas com a minha privacidade; 4. Compromisso de me proporcionar informação atualizada durante o estudo, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando. Em seguida, assino meu consentimento. Cascavel, _____de __________ de 2003. Nome: _____________________________________RG_________________ Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 96 Assinatura: ______________________________ Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 APÊNDICE 1 – PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 98 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Identificação Nome:_________________________________________________. Idade: _____. Data de Nascimento: _____/______/______. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino. Cor:__________. Nacionalidade:_____________. Estado Civil:___________. Profissão: _______________. Endereço: __________________________________. Telefone: ( ) _________. Antecedente patológico pessoal: ________________________________________. Antecedente patológico familiar: ( ) Obesidade ( ) Outros. Sistema Respiratório: ( ) Dispnéia. Quando: ______________________________. Medicamentos e período de uso: ________________________________________. Tratamentos anteriores: _______________________________________________. Exame Físico Massa corpórea atual: Peso: ____________. Altura: __________. IMC: __________. Massa corpórea media: _______________. PImáx (inicial):______________. PImáx (final):______________. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 ANEXO 2 – MANOVACUÔMETRO ‘ Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004-12-07 ISSN 1678-8265 100 MANOVACUÔMETRO Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265