ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA FABIANA PEREIRA RODOVALHO ALENCAR GOMES PERFIL DO USUÁRIO DE ANALGÉSICOS NÃO OPIÓIDES EM UMA FARMÁCIA COMERCIAL DA CIDADE DO CRATO-CE CRATO – CE 2006 FABIANA PEREIRA RODOVALHO ALENCAR GOMES PERFIL DO USUÁRIO DE ANALGÉSICOS NÃO OPIÓIDES EM UMA FARMÁCIA COMERCIAL DA CIDADE DO CRATO-CE Monografia apresentada à Escola de Saúde Pública do Ceará, como pré-requisito para a obtenção do título de Especialista em Assistência Farmacêutica. Orientadora: Profª. Ms. Maria das Graças Nascimento Silva. CRATO – CE 2006 Fabiana Pereira Rodovalho Alencar Gomes “PERFIL DO USUÁRIO DE ANALGÉSICOS NÃO OPIÓIDES EM UMA FARMÁCIA COMERCIAL DA CIDADE DO CRATO-CE” Curso de Especialização em Assistência farmacêutica Escola de Saúde Pública do Ceará Aprovada em; ________/________/__________ Banca Examinadora: Profª. Ms. Maria das Graças Nascimento Silva. Mestra - Orientadora ___________________________________________________ Ms. Kelly Rose Tavares Neves. Mestre ____________________________________________________ Ms. Adriana Maria Simião da Silva Mestre ____________________________________________________ DEDICATÓRIA Ao meu esposo e filhos pela compreensão e carinho durante o Curso ora realizado. AGRADECIMENTOS A Deus, razão da minha existência, das conquistas realizadas e por permitir a participação em tão importante curso para a minha vida como profissional. A minha orientadora, Profª. Ms. Maria das Graças Nascimento Silva, pois deu um direcionamento a minha pesquisa. A todos os meus familiares, pois sem eles não teria chegado aonde cheguei. Aos professores do Curso de Especialização pelas orientações prestadas, as quais ampliaram os meus conhecimentos. Aos clientes da farmácia que, com boa vontade responderam aos questionamentos. A Janieide Lopes, por suas sugestões e seu apoio. A todos que direta ou indiretamente se propuseram a colaborar com a pesquisa. RESUMO Os analgésicos não opióides são medicamentos para aliviar a dor. Eles agem no sítio da dor, não causam dependência e não alteram a percepção individual como os narcóticos podem fazer. Este trabalho tem como objetivo avaliar o perfil dos usuários de analgésicos não opióides em uma farmácia comercial da cidade do Crato-CE, visto que, esses medicamentos são usados pela população. A metodologia utilizada foi entrevista e preenchimento de um questionário por 120 clientes de uma farmácia comercial da cidade do Crato. Os resultados foram discutidos a luz de dados publicados pela OMS e por outros autores que estudaram o assunto. Com a pesquisa realizada percebeu-se que os usuários desse tipo de medicamento foram 50% do sexo feminino e 50% do sexo masculino, 60% concluíram o ensino médio, 60% ganham até um salário mínimo, 40% possuem idade entre 21 e 30 anos, 50% dos entrevistados disseram que usam o paracetamol, 30% usam a dipirona, 80% não tiveram reações adversas, 90% obtiveram resultado satisfatório com a ingestão desses medicamentos e 80% utilizam o medicamento sem prescrição médica. As indicações são as mais variadas como uma simples cefaléia. Com a pesquisa realizada constatou-se a necessidade de orientação através do profissional farmacêutico quanto ao uso adequado desses medicamentos. Palavras Chave: analgésicos, dor, medicamento. ABSTRACT The non-opium analgesics are medecines for pain relief They act in the spot of the pain, they do not cause dependency and do not alter the individual perception like the narcotics do. This paper has the objective of avaluating the profile of the non- opium analgesics users of a pharmacy in the city of Crato-Ce, for the fact that these medications are used by the population. The methodology used was an interview and the filling out of a questionaire by 120 customers of a pharmacy in the city of Crato. The results were discussed through data published by OMS and other authors who studied the matter. By carrying out this this research it was brought to notice that the users of this kind of medicine were 50% of the feminine sex and 50% of the masculine sex, 60 % concluded high school, 60% earn up to a minimum wage, 40% are between the ages of 21 and 30, 50 % of the interviewed said they take Paracetamol, 30% take Dipiroma, 80% did not get any sort of contrawise reaction,90% obtained satisfactory results with these medicines and 80% take them without a prescription. The indication for these medications has large variety as for a simple migraine headache. It was verified with this carried out research the necessity of an orientation through a pharmacy professional regarding the adequate use for these madicines. Key words: Analgesics, pain, medicine LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AAS – Ácido Acetilsalisílico AINH – Antiinflamatórios não-hormonais CAPS – Centro de Atenção Psicosocial COX - Enzima Cicloxigenase ED – Endovenosa G - Grama G-6-PD – Glicose IM – Intramuscular MG – Miligrama AINES – Antiinflamatórios não-esteróides OMS – Organização Mundial de Saúde PSF – Programa de Saúde da Família SOBRAVIME – Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos SUS – Sistema Único de Saúde UTI – Unidade de Terapia Intensiva VO – Via Oral VR – Via Retal LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Principais AINHS..................................................................................21 Tabela 2 – Os Nove AINHS mais consumidos em 2000 entre gotas e comprimidos...........................................................................................................24 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – Perfil do usuário de analgésicos não opióides com relação ao sexo no município do Crato, 2006.....................................................................................................29 GRÁFICO 2 – Perfil do usuário de analgésicos não opióides com relação a faixa etária no município do Crato, 2006.....................................................................................................30 GRÁFICO 3 – Perfil do usuário de analgésicos não opióides com relação ao grau de escolaridade no município do Crato, 2006...........................................................................31 GRÁFICO 4 – Perfil do usuário de analgésicos não opióides com relação a renda familiar no município do Crato, 2006................................................................................................31 GRÁFICO 5 - Analgésicos não opióides, mais utilizados pelos entrevistados no município do Crato, 2006......................................................................................................................32 GRÁFICO 6 - Freqüência de uso de analgésicos não opióides no município do Crato, 2006......................................................................................................................................33 GRÁFICO 7 - Motivos relatados para utilização dos analgésicos não opióides, pelos entrevistados no município do Crato, 2006.........................................................................33 GRÁFICO 8 - Ocorrência das reações adversas relacionadas com a ingestão dos analgésicos não opióides, pelos entrevistados no município do Crato, 2006......................34 GRÁFICO 09 – Uso de analgésicos não opióides, com ou sem prescrição médica...........35 GRÁFICO 10 - Uso de analgésicos não opióides, pelos entrevistados, por orientação de pessoas leigas no município do Crato, 2006........................................................................35 GRÁFICO 11 - Outros medicamentos utilizados pelos entrevistados fora os analgésicos não opióides no município do Crato, 2006..........................................................................36 GRÁFICO 12 - Recebeu orientação sobre os benefícios e malefícios causados pelo uso inadequado de analgésicos não opióides no município do Crato, 2006...............................37 GRÁFICO 13 - Obtém resultado satisfatório com a ingestão de analgésicos não opióides no município do Crato, 2006................................................................................................37 GRÁFICO 14 - Os entrevistados indicam analgésicos não opióides para outras pessoas no município do Crato, 2006.....................................................................................................38 SUMÁRIO RESUMO LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LISTA DE TABELAS LISTA DE GRÁFICOS 01 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 14 02 REFERÊNCIAL TEÓRICO ................................................................................... 15 2.1 Analgésicos ............................................................................................................ 15 2.1.1 Analgésicos opióides – histórico ................................................................. 15 2.1.2 Farmacologia e seus efeitos ................................................................................ 16 2.1.3 Uso clínico dos opióides ..................................................................................... 18 2.1.4 Alguns opióides .................................................................................................. 19 2.2. Os analgésicos não opióides ................................................................................. 20 03. OBJETIVOS............................................................................................................ 25 3.1 Geral......................................................................................................................... 25 3.2 Específicos............................................................................................................... 25 04 METODOLOGIA .................................................................................................... 26 4.1. Descrição da área estudada...................................................................................... 26 4.2. Delineamento da pesquisa....................................................................................... 27 4.3 População e amostra................................................................................................. 27 4.4 Análise dos dados..................................................................................................... 28 4.5 Aspectos éticos ...................................................................................................... 28 05.ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ............................................................ 29 5.1 Análise .................................................................................................................. 29 5.1.1 Perfil dos clientes ............................................................................................... 29 5.1.2 Sobre os analgésicos ........................................................................................... 32 5.2 Discussão dos dados .............................................................................................. 38 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 42 APÊNDICE.................................................................................................................... 44 APÊNDICE A................................................................................................ 45 APÊNDICE B................................................................................................ 47 APÊNDICE C................................................................................................ 48 ANEXO.......................................................................................................................... 49 ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética............................................ 50 14 1. INTRODUÇÃO Analgésicos são medicamentos para aliviar a dor. Os analgésicos não opiódes são comumente utilizados para dores de leves às moderadas. Atuam no sítio da dor, sem causarem dependência e sem alterarem a percepção do individuo. Pesquisas mostram que a maioria dos brasileiros anda com um comprimido de analgésico no bolso e que 89% tomam algum tipo de analgésico, quando sentem dor (INFARMA, v.16, nº. 9-10, 2004). Na realidade, muitas vezes a automedicação acontece porque a população de baixa renda não tem acesso a hospitais, postos de saúde, etc., visto que uma boa parte desses serviços é privada e o SUS – Sistema Único de Saúde não cobre as necessidades de toda a população. As pessoas, devido a muitos fatores, dentre os quais citamos: estresse, má alimentação, padece de uma série de doenças e quando não encontram assistência adequada têm uma tendência a procurar as farmácias e se automedicarem. No município do Crato, existem 25 farmácias, atendendo a população diariamente, e dentre as medicações mais vendidas estão os analgésicos não opióides, pois são utilizados para acalmar ou impedir a dor, uma das queixas mais comuns na humanidade. Crato, em termos de saúde está bem servido, isso porque existem vários postos de saúde, hospitais, laboratórios, centros de fisioterapia, equipes atendendo através do Programa de Saúde da Família, mas, no entanto, ainda é grande o número de pessoas que chegam as farmácias e se automedicam. Pensando na importância de uma pesquisa como esta para que a população tome conhecimento sobre os efeitos benéficos e maléficos dos analgésicos, direcionou-se o trabalho para este tema. Sendo uma das farmacêuticas de uma farmácia comercial da cidade do CratoCe e observando o uso de analgésicos não opióides pela população cratense, senti a necessidade de investigar mais profundamente para saber quais os principais analgésicos usados, o perfil da população que faz uso dos mesmos, bem como os motivos que levam essas pessoas a ingerirem o medicamento. 15 Diante do tema investigado, levanta-se o seguinte problema: O uso de analgésicos não opióides pelos clientes de uma farmácia comercial da cidade do Crato-CE, tem causa justificável ou trata-se de uma prática habitual, portanto, potencialmente nociva? 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Analgésicos 2.1.1 Analgésicos opióides - histórico Os Opióides são a classes de fármacos que atuam nos receptores opióides neuronais. Eles incluem os opiáceos (derivados do ópio) mas não se limitam a eles. Produzem ações de insensibilização à dor (analgesia) e são usados principalmente na terapia da dor crônica e da dor aguda de alta intensidade. Produz em doses elevadas euforia, estados hipnóticos e dependência e alguns (morfina e heroína) são usados como droga recreativa de abuso (wikipedia.org, 2006). Para Meyer (2006, p. 67), Os opióides são substâncias endógenas e exógenas, que se liga a receptores específicos do sistema nervoso central e periférico. Pelo menos oito tipos de receptores, cada um deles com subgrupos, já foram identificados. De acordo com o tipo de ligação aos receptores, os opióides são classificados em agonistas, antagonistas, agonistas parciais ou agonistas kappa.. Os opiáceos determinam violenta dependência física e psíquica, podendo-se dizer que a escravidão do viciado é total, deixando-o totalmente inutilizado para si, para a família e para a sociedade, pois a droga passa a agir quimicamente em seu corpo, de forma que a retirada brusca da droga pode ocasionar até a morte (wikipedia.org, 2006). 16 O protótipo deste grupo é o ópio, uma mistura de vários opióides, dos quais o mais importante é a morfina, extraído dos bulbos (sementes) das papoilas roxas. Ele é conhecido desde a Antigüidade e desde então é usado em medicina e como droga de abuso nos países orientais (principalmente China) (wikipedia.org, 2006). Os opióides, de acordo com Fuchs (1998, p. 66), são analgésicos - utilizados na indução e manutenção de anestesias gerais, ou como adjuvantes nas sedações e nos bloqueios regionais. Alguns agentes endovenosos podem ainda, ser utilizados como prémedicação. No século XIX houve várias guerras entre a Inglaterra e a China devido ao ópio. A Inglaterra procurava proteger o lucrativo negócio dos seus traficantes de ópio, o qual era produzido nas suas colônias, enquanto a China queria quebrar a dependência da sua economia e do seu povo aos poderosos efeitos do ópio enquanto droga recreativa. Estas guerras do ópio foram ganhas pela Inglaterra. Só em 1803 Serturner isolou o alcalóide morfina a partir do ópio. O nome da morfina foi-lhe atribuído em honra do deus grego Morfeu, o deus do sono. Apesar de ser o mais antigo Opióides a morfina ainda é dos mais usados. Hoje em dia a droga opiácea mais utilizada é a heroína. Esta droga, derivada quimicamente da morfina extraída do ópio, é proibida em todos os países devido à sua tendência a conduzir à toxicodependencia profunda. 2.1.2 Farmacologia e seus efeitos Os opióides são agonistas dos receptores opióides. Estes existem em neurônios de algumas zonas do cérebro, medula espinal e nos sistemas neuronais do intestino. “Os receptores opióides são importantes na regulação normal da sensação da dor. A sua modulação é feita pelos opióides endógenos (fisiológicos), como as endorfinas e as encefalinas, que são neurotransmissores” (MELZACK, 1982, p. 95).. Existem três tipos de receptores opióides: mu, sigma e kappa. Os receptores mu são os mais significativos na ação analgésica, mas o sigma e kappa partilham de algumas funções. Cada tipo de receptores é ligeiramente diferente do outro, e apesar de alguns opióides ativarem todos de forma indiscriminada, alguns já foram desenvolvidos que ativam apenas um subtipo. Recentemente (em 1981) foi identificado o receptor delta, que não é ativado por opióides endógenos, por isso ele é desconsiderado. 17 Os opióides endógenos são peptídeos (pequenas proteínas). Os fármacos opióides usados em terapia apesar de não serem proteínas têm conformações semelhantes em solução às dos opióides endógenos, ativando os receptores em substituição destes. Os efeitos farmacológicos dos opióides podem ser úteis ou adversos, conforme a dose e situação. Cada fármaco pode produzir efeitos de intensidade diferente conforme a sua especificidade para uns ou outros receptores, e outras características. De acordo com Ferreira e Wannmacher (1992, p. 132), No Sistema Nervoso Central 1. Analgésica: os opióides reduzem a dor em ambos os seus componentes sensitivo e emocional. São eficazes na dor aguda e na dor crônica. 2. Euforia e disforia: São necessárias maiores doses do que para causar analgesia. Em pacientes com dores crônicas não ocorre em geral este efeito. Consiste num sentimento de flutuar agradável e de bem-estar. A euforia pode degenerar ou ser substituída por disforia, um estado de ansiedade desagradável e mal-estar. 3. Depressão Respiratória: os opióides diminuem a atividade do centro neuronal que controla o ritmo e intensidade da respiração. Em altas doses a respiração pode cessar por completo (mais comum causa de morte na overdose). 4. Sedação: produzem estados de sonolência e confusão mental sem amnésia. 5. Miose: consiste na contração da pupila do olho. Ao contrário de muitos outros fármacos sedativos que produzem midríase (dilatação da pupila), os opióides levam à miose, um importante sinal na identificação de overdoses de opióides. 6. Supressão da tosse: pequenas doses de opióides, ou formas fracas chegam para produzir este efeito supressor, que é devido à depressão do centro neuronal da tosse, no cérebro. 7. Náuseas: pode produzir náuseas e vômitos se ativarem os centros quimioreceptores do cérebro. Trato Gastrointestinal Também existem receptores opióides em alguns neurônios dos sistemas nervosos autônomos do intestino (plexo de Auerbach e plexo de Meissner) 1. Obstipação: os opióides provocam a diminuição da motilidade intestinal, que leva a maior absorção de água e fezes duras. 2. Constrição biliar: provocam espasmos nas vias biliares. 3. Outros: podem provocar hipotensão, prurido, imunossupressão, broncoconstricção. 18 2.1.3 Uso clínico dos Opióides - Dor crônica Dor crônica: os opióides são a primeira escolhas no tratamento da dor crônica pós-operativa e outras situações. É freqüente ser dado ao paciente o controle de uma bomba, ativada por um botão, que injeta Opióides de acordo com o seu desejo (FERREIRA e WANNMACHER (1992, p. 48)). Segundo Costa (1991, p. 35), O mais usado no passado era a morfina, mas tem vindo a ser substituída pelo fentanil, que é mais potente e de ação mais rápida, permitindo melhor controle e mais rápido alívio da dor. Dor aguda forte: em trauma, dor de cabeça (cefaléia), ou no parto. Não se devem usar nas cólicas biliares (lítiase biliar ou pedra na vesícula) porque provocam espasmos que podem aumentar ainda mais a dor. Se a dor é de origem inflamatória são preferíveis os antiinflamatórios não esteróides, ou opióides fracos como o tramadol, que também são analgésicos eficazes nessas situações. - Anestesia: como são sedativos é por vezes usado na preparação antes da inalação de anestésicos gasosos mais potentes. - Supressão da tosse: alguns opióides fracos como a codeína, são por vezes incluídos em preparações anti-tússicas. Há risco de acumulação das secreções com infecção. - Dispnéia aguda, principalmente de causa cardíaca: os opióides, particularmente a morfina, são eficazes contra esta condição de emergência. Julga-se que o efeito é devido à redução da ansiedade com regularização da respiração e menor esforço cardíaco. - Diarréia: como produzem redução da motilidade intestinal são eficazes contra a diarréia. Não devem ser usados na diarréia de causa infecciosa. A loperamida tem poucos efeitos analgésicos e é preferível nesse caso ao qual se refere. 19 2.1.4 Alguns Opióides Há opióides naturais, derivados do ópio e opióides sintéticos e semi-sintéticos. Opióides naturais ou fisiológicos Regulam as sensações de dor e são importantes nos sistemas analgésicos endógenos: ♦ Endorfinas ♦ Dinorfinas ♦ Encefalinas As comidas picantes (com pimentas) contêm capsaicina, um agonistas de receptores de dor na língua. A ativação da vias da dor leva à ativação do sistema fisiológico analgésico com libertação quantidades moderadas de endorfinas. O prazer de comer comidas picantes é devido à sensação de bem estar que as endorfinas produzem. Opióides derivados do Ópio A morfina constitui 10% do ópio. Os outros são derivados dela por reações químicas relativamente simples. ♦ Morfina - o mais usado dos Opióides, particularmente na dor crônica. ♦ Heroína - usado como droga de abuso. Raramente como analgésico. ♦ Codeína, Dextrometorfano - opióides fracos usados como supressores da tosse, ou em dores moderadas. Opióides Sintéticos ou Agonistas dos receptores opióides ♦ Metadona - usada no tratamento de toxicodependentes porque a sua síndrome de privação é menos forte. ♦ Petidina - também chamada de Meperidina. Usada na dor aguda. ♦ Fentanil - alta potência. Permite a administração cutânea. ♦ Loperamida - usado na diarréia. Não penetra no cérebro (não atravessa a barreira hemato-encefálica). 20 ♦ Tramadol – Age como facilitador da transmissão por serotonina. É usado em dores agudas e crônicas moderadas. Agonistas parciais e Agonistas-antagonistas mistos Possuem comportamento misto apresentando atividade antagonista para determinados receptores enquanto apresentam atividade agonistas em outros ♦ Nalbufina - antagonista para receptores mu podendo reverter a depressão respiratória de outros opióides, e agonistas para receptores kappa o que lhe confere efeito de sedação e analgesia. ♦ Buprenorfina - agonistas parcial, maior semi-vida que a morfina. ♦ Butorfanol - semelhante à nalbufina. 2.2 Os analgésicos não opióides São analgésicos simples, que podem ser considerados para uso por período prolongado de tempo também classificados como antiinflamatórios não-hormonais (AINH), são usados para tratamento da dor leve ou como adjuvantes durante toda a escada analgésica. De acordo com o site google.com.br (2006), Analgésico é um termo coletivo para designar qualquer membro do diversificado grupo de drogas usadas para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem drogas não-esteroidais anti-inflamatórias (também conhecidas pelas suas iniciais em inglês, NSAIDS), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol. Apesar do analgésicos não opióides serem usados com mais freqüência em dores leves e moderadas, observa-se que nos últimos anos vem sendo amplamente usado em dor crônica e segundo MCQUAY (1998, p. 195) e LEVY (1996, p. 335): Não há boas evidências a respeito de sua eficácia e de efeitos adversos em tratamento crônico. No entanto, não há 21 razão para que não sejam eficazes em dores de intensidade leve a moderada, sendo inclusive recomendados pela Organização Mundial da Saúde em dor oncológica. O grupo de analgésicos não-opióides produz analgesia por bloqueio periférico da produção de prostaglandinas. São as drogas mais comumente utilizadas no controle da dor devido à baixa toxicidade, efeitos cardiovasculares e respiratórios raros, exceto em situações de envenenamento. Porém, o efeito analgésico dos AINH é limitado, sendo ineficazes em algumas situações nas quais analgésicos mais potentes devem ser utilizados. Os AINH apresentam, também, ação antipirética e são desprovidos de efeitos sedativos. Os principais efeitos adversos consistem em reações de hipersensibilidade, epigastralgia, náuseas, vômitos, gastrite e úlcera. Alterações renais por nefrite intersticial, necrose de papila, retenção de água e sódio e hipercalemia também já foram descritas, podendo levar à insuficiência renal, sobretudo nos pacientes com função renal previamente comprometida. Insuficiência hepática também já foi relatada, sobretudo com o uso de acetaminofeno em doses tóxicas. Aumento no tempo de sangramento por alteração na função plaquetária é o distúrbio hematológico mais comum, podendo levar a sangramentos importantes. Deve-se lembrar que os AINH podem promover o fechamento do ducto arterioso em recém-natos. Os AINH (1) sofrem metabolismo hepático, com formação de metabólicos inativos que são excretados pelos rins. As principais drogas desse grupo de analgésicos e seus principais efeitos adversos são: Tabela 1. Antiinflamatórios não hormonais. Fármaco (via de administração) Acetaminofeno VO/VR AAS VO/VR Dipirona VO/IM/EV Ibuprofeno VO Naproxeno VO Diclofenaco VO/VR/IM Dose (mg/kg/dose) Dose máxima (mg) Intervalo entre as doses Dose máxima diária (mg) (horas) 10-15/ 4-6 1.000/4.000 10-15/ 4-6 1.000/4.000 12,5-25/4-6 500/2.0000 10-20/6-8 800/40mg/kg 5-7/8-12 500/1.250 0,5-2/8-12 50/100 Fonte: Revista da Associação Médica Brasileira, 1998. _________________ Pico/duração/ho ras 1-2/4 1-2/4 1-2/4 1-2/6-8 2-3/8-12 1-2/6-8 22 (1) Antiinflamatórios não esteróides (AINH) são substâncias químicas com efeito antiinflamatório, analgésico e antipirético. 1) Acetaminofeno hepatotóxico, quando utilizado em dose dez vezes maior que a dose terapêutica, pelo aumento de um metabólico (N-acetil-imidoquinona) que causa necrose hepatocelular. Contra-indicado em pacientes com deficiência de G-6-PD; 2) Ácido acetil-salicílico (AAS) — relacionado com a síndrome de Reye, quando utilizado em pacientes com infecções por vírus influenza e varicela-zoster. 3) Dipirona — pode causar agranulocitopenia idiossincrásica; 4) Ibuprofeno — pode causar anemia, granulocitopenia e alteração da agregação plaquetária; 5) Naproxeno — uso cauteloso em pacientes com doenças gastrintestinais, cardíacas, renais e hepáticas; 6) Diclofenaco — relacionado com nefrite intersticial, distúrbios hemorrágicos e gastrintestinais. Está liberado para o uso pediátrico e vem sendo utilizado para controle da dor em crise álgica de pacientes falciformes. 7) Paracetamol: Tem ação de nível central, sem efeitos colaterais consideráveis e pode ser usado em intervalos de seis a oito horas e doses entre 500 e 750 mg. Tem certa hepatotoxicidade, sendo seguro o emprego de até 4,0 g/dia para hapatopatas. De qualquer forma, não ultrapassar o total diário de 6,0 g. Já a aspirina, segundo o Manual Merck: saúde para a família no site msdbrazil.com (2006), A aspirina, por exemplo, pode irritar o estômago e acarretar úlceras pépticas. Por afetar a coagulação sangüínea, a aspirina aumenta a propensão de sangramento em todo o organismo. Em doses muito elevadas, pode causar efeitos colaterais muito graves (p.ex., respiração anormal). Um dos primeiros sinais da dose excessiva é o zumbido nos ouvidos (tinido). Os muitos AINHS disponíveis variam quanto à velocidade de ação e à duração de sua ação analgésica. Embora o grau de eficácia dos AINEs seja semelhante, os indivíduos respondem a eles de modo diferente. Por essa razão, um indivíduo pode achar determinado medicamento mais eficaz que outro ou que ele produz menos efeitos colaterais que outro. 23 Lembrar sempre que estes medicamentos têm efeito-teto e não ultrapassar sua dose máxima. Usar preferencialmente os inibidores seletivos de COX-2, que têm as vantagens de expor a menos efeitos colaterais, dispensar associação de um protetor gástrico e serem usados em dose única diária, o que facilita a adesão ao tratamento. Eles são usados também como adjuvantes em dores associadas a processos inflamatórios, como a dor por metástases ósseas e por tumores cutâneos. Para Catherino e Rocha (2002, p. 458), Tradicionalmente os analgésicos não-opióides são indicados no controle dos processos inflamatórios e nas dores agudas de moderada a severa intensidade. Agem inibindo as enzimas ciclooxigenases: COX1 – ciclooxigenases 1 onde estão incluídos os medicamentos como o Ácido Acetilsalisílico (Aspirina ® ), o Ibuprofeno (ex: Motrin ® ), o naproxeno (ex: Naprosin ® ), os Diclofenaco (Voltarem ® ), o diflunisal (Dorbid ® ), o cefoprofeno (Profenid ® ) entre outros; COX2 – ciclooxigenases 2 com os fármacos celecoxibe (Celebra ® ). A COX1 está distribuída por todo o organismo. Age liberando prostaglandinas que apresentam um papel importante na formação da inflamação e da dor além de ter um papel protetor da mucosa do estomago, na formação da agregação plaquetária e na função renal. A COX2 está distribuída em poucos tecidos especializados. Age especificamente induzindo prostaglandinas que iniciam e desenvolvem a inflamação, mas que não apresenta nenhum papel como protetor da mucosa e na formação da agregação plaquetária. 24 Segundo o site http://www.sobravime.org.br/ (2006). TABELA 2: OS NOVE ANALGÉSICOS MAIS CONSUMIDOS EM 2000 ENTRE GOTAS E COMPRIMIDOS Princípio ativo Nome comercial Paracetamol Laboratório produtor Tylenol dipirona sódica + isometepteno + cafeína Neosaldina Janssen-Cilag Knoll % de vendas 16,33 11,8 dipirona sódica Novalgina Aventis 9,88 dipirona sódica Anador Boehringer Ingelheim 6,60 ácido acetilsalisílico ácido acetilsalisílico AAS Aspirina Lisador Sanofi-Synthelabo Bayer Farmasa 4,95 3,71 3,32 ácido mefenâmico Postam Aché 3,09 ácido acetilsalisílico + cafeína Doril DM Ind. Farmacêutica 2,89 dipirona sódica + prometazina + adifenina Tabela adaptada pela Sobra vime de Valor Econômico de 5/2/2001, p.B8 segundo IMS/PMB. Podemos ressaltar, de acordo com Manica (1997, p. 190) que os analgésicos não-opióides são principalmente hipnótico-sedativos - muito utilizados na indução de anestesias balanceadas, na indução e manutenção de anestesias venosas totais, na sedação pura ou durante bloqueios regionais. Como salienta Morgan Mikhail, Murray e Larson Jr. (2002, p. 80), Os Anestésicos Não-Opióides incluem diversas classes de fármacos, com características farmacocinéticas e farmacodinâmicas específicas. Proporcionam graus variáveis de depressão da consciência, desde a sedação leve até a hipnose, dependendo do fármaco e da dose empregados. 25 3. OBJETIVOS 3.1 Geral: Conhecer o perfil dos usuários de analgésicos não opióides em uma farmácia comercial da cidade do Crato-Ce. 3.2 Específicos: ♦ Identificar os analgésicos mais utilizados pela população estudada e a freqüência de uso; ♦ Saber os motivos que levam as pessoas a usarem os analgésicos não opióides; ♦ Colher informações sobre os efeitos benéficos e maléficos dos analgésicos não opióides; ♦ Identificar se os analgésicos não opióides são usados, pelos consumidores, com recomendação médica ou não. 26 4. METODOLOGIA 4.1. A área estudada O município do Crato fica localizado no extremo sul do Ceará, distante do litoral 571 km, numa área de 1.117,5 km2, cuja altitude oscila entre 426 e 950 metros em relação ao nível do mar, entre os paralelos de 7 e 8o de latitude sul e os meridianos de 39 a 41o de longitude oeste de Greenwich. Limita-se ao norte com os municípios de farias Brito, Várzea Alegre e Caririaçu, ao sul, com o Estado de Pernambuco, ao leste, com os municípios de Juazeiro do Norte e Barbalha, e a oeste com os municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri, O respectivo município conta com 25 farmácias. A rede de estabelecimento de saúde é extensa, onde contamos com 26 Postos de Saúde, 4 hospitais privados, 9 Centros de Saúde, 5 Centros de Fisioterapia, 18 Centros de Odontologia, 4 Laboratórios, 5 Hospitais, 1 Hemoce, 1 Centro de Atenção Psicosocial, 1 Centro de Zoonoses. Quanto ao número de leitos hospitalares, os dados são os seguintes: 205 clínico, 102 Cirurgia, 20 Pediatria, 200 Psiquiatria, 11 UTI. Crato, também, conta com o Programa Saúde da Família – PSF, o qual tem buscado prestar um atendimento de qualidade, integral e humano em unidades básicas municipais, garantindo o acesso à assistência e à prevenção em todo o sistema de saúde, de forma a satisfazer as necessidades de uma boa parte da população. O Programa, no município, tem reorganizado a prática assistencial em novas bases e critérios: atenção centrada na família, entendida e percebida a partir de seu ambiente físico e social. Busca garantir eqüidade no acesso à atenção em saúde, de forma a satisfazer as necessidades de todos os cidadãos do Município, avançando na superação das desigualdades. 27 4.2 Delineamento da pesquisa A investigação foi do tipo descritiva ao nível da atenção primária, com fonte de dados primários. Os dados primários foram coletados através de questionários, durante dez meses. Tratou-se de um estudo descritivo e quantitativo. O estudo descritivo forneceu informações sobre a distribuição de um evento na população. Através dessa investigação foi possível conhecer o perfil dos usuários de analgésicos não-opióides. Tivemos como parâmetros a pesquisa bibliográfica, reportagens sobre o assunto em estudo e, para tanto, utilizamos anotações de fitas de vídeos, documentários, que serviram de subsídios para o embasamento teórico. Os dados foram coletados através de questionários aplicados aos clientes de uma farmácia comercial da cidade do Crato–CE, com questões objetivas e subjetivas (Apêndice A). 4.3 População e amostra A amostra correspondeu a 120 clientes que compraram analgésico na farmácia em 2006, no período de janeiro a outubro. Foi feito uma investigação sobre os principais medicamentos vendidos, freqüência de uso e causas do uso do medicamento, perfil dos clientes, sexo, idade, grau de instrução, renda familiar, orientações medicas e efeitos colaterais. Para a escolha da amostra consideramos alguns critérios: ♦ Somente os que usam analgésicos não Opióides, perfazendo um total de 120; ♦ Exclusivamente os que freqüentaram a farmácia em 2006; ♦ Ter idade a partir de 15 anos; ♦ Aceitar participar da pesquisa e assinar o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice B). 28 4.4 Análise dos dados O procedimento de análise adotado foi do tipo “Análise de Questionário”. Obtivemos com isso informações significativas de cada item que compunha o questionamento aplicado aos clientes. Nesta análise, recorremos a diversos autores que tratam, das várias abordagens dos analgésicos não opióides. Entre estes autores podemos citar: Levy (1996), Mcquay e Moore (1998). Também contamos com o auxílio do software Excel. A interpretação dos resultados consistiu de análise gráfica das proporções observadas, considerando as variáveis que compuseram os instrumentos. 4.5 Aspectos éticos Procuramos cumprir as exigências formais constantes na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde que dispõe sobre pesquisa que envolve seres humanos (BRASIL, 1996). Não exigimos a identificação do cliente garantindo assim que as informações ficassem em sigilo. Esclarecemos como iríamos proceder com relação à pesquisa, os objetivos, a metodologia, o porquê da pesquisa. Depois de todos os esclarecimentos feitos, pedimos o consentimento para participar da pesquisa e, para tanto solicitamos que fizesse por escrito (Apêndice B). 29 5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 5.1 Análise A partir da entrevista realizada junto aos clientes de uma farmácia comercial na cidade do Crato-CE e do conhecimento da sua história no que se refere ao uso de analgésicos não-opióides foi possível traçar o perfil dos mesmos. Para tanto foram entrevistados 120 clientes que compraram analgésicos no período de janeiro a outubro de 2006. 5.1.1 Perfil dos clientes Numa amostra de 120 clientes, 50% eram do sexo feminino e 50% do sexo masculino, como mostra o gráfico abaixo: 50% 50% Sexo masculino Sexo Feminino Gráfico 1: Perfil do usuário de analgésicos não opióides com relação ao sexo no município do Crato, 2006. Como vimos no gráfico acima, os clientes entrevistados foram de ambos os sexos. Apesar de não ter sido programado para que fosse 50% homens e 50% da amostra de mulheres foi o que aconteceu ao se analisar. 30 Dando continuidade, vimos que, com relação à faixa etária 10% se encontram entre 15 e 20 anos, 40% entre 21 e 30 anos, 20% entre 31 e 40 anos, 10% entre 41 e 50 anos, 10% entre 51 e 60 anos, 10% acima de 60 anos, como pode ser observado no gráfico abaixo: 10% 10% 10% 10% 40% 20% Entre 15 e 20 anos Entre 21 e 30 anos Entre 31 e 40 anos Entre 41 e 50 anos Entre 51 e 60 anos Acima de 60 anos Gráfico 2: Perfil do usuário de analgésicos não opióidess com relação à faixa etária no município do Crato, 2006. Através do gráfico, percebemos que a maioria dos consumidores de analgésicos não opióides se encontra na faixa etária entre 21 e 30 anos. Com relação ao grau de escolaridade, vimos que 60% dos entrevistados tinham o Ensino Médio, 30% Nível Superior, 10% Ensino Fundamental. Tais percentuais estão demonstrados no gráfico abaixo: 31 10% 30% Ens. Fundamental Ens. Médio Nível Superior 60% Gráfico 3: Perfil do usuário de analgésicos não opióides com relação ao grau de escolaridade no município do Crato, 2006. A maioria das pessoas que foram entrevistadas, ou seja, 60% tinham terminado o Ensino Médio. O outro questionamento foi sobre a renda familiar e vimos que: 60% estavam entre os que ganhavam até 1 salário mínimo, 5% entre R$ 400,00 e R$ 1.000,00, 15% entre R$ 1.000,00 e 2.000,00, 10% entre R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00 e 10% acima de R$ 3.000,00. Até 1 salário 10% 10 % 60% 15% 5% Entre R$ 400,00 e R$ 1.000,00 Entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00 Entre R$ 2.000 e 3.000 Acima de R$ 3.000,00 Gráfico 4: Perfil do usuário de analgésicos não-opoiodes com relação à renda familiar no município do Crato, 2006. 32 Como está demonstrado no gráfico acima, a maioria, ou seja, 60% ganham até um salário mínimo. 5.1.2 Sobre os analgésicos Com relação quais os analgésicos mais utilizados: 50% disseram que paracetamol, 30% dipirona, 20% anador, aspirina e dorflex, como está explicitado no gráfico. 20% Paracetamol 50% 30% Dipirona Anador, Aspirina e Dorflex Gráfico 5: Analgésicos não-opióides, mais utilizados pelos entrevistados no município do Crato, 2006. Sobre com que freqüência utiliza analgésico: 10% nada responderam, 50% afirmaram que raramente, 20% comentaram que semanalmente, 10% diariamente e os outros 10% mensalmente, como está demonstrado no gráfico a seguir: 33 10% Nada responderam Raramente 10% 10% Semanalmente Diariamente 20% 50% Mensalmente Gráfico 6: Freqüência de uso de analgésicos não opióides no município do Crato, 2006. De acordo com o que responderam os entrevistados, os que mais utilizam analgésicos o fazem, mas não com assiduidade e, sim, raramente. Continuando foi perguntado para que utilizam o analgésico, o motivo mais prevalente foi a dor de cabeça com 60%, os outros 30% utilizam quando estão com febre, dores musculares, tendinites, dentre outras dores, 10% nada responderam como mostra o gráfico: 30% 10% Nada responderam Dor de cabeça 60% Febre, dores musculares, tendinite Gráfico 7: Motivos relatados para utilização dos analgésicos não-opióides, pelos entrevistados, no município do Crato, 2006. 34 Notamos, pelas respostas dadas que as dores de cabeça são as que mais levam as pessoas a ingerirem analgésicos não-opióide. Quanto a questão de já ter sentido alguma reação com a ingestão dos analgésicos não-opióides: 80% disseram que não, 10% falaram que sim, 10% não opinaram. Tal evidência se encontra explicitado no gráfico abaixo: 10% 10% Não Sim Não opinaram 80% Gráfico 8: Ocorrência das reações adversas relacionadas com a ingestão dos analgésicos não-opióides, pelos entrevistados, no município do Crato, 2006. Observamos que na maioria das vezes esse medicamento não tem causado reações adversas a quem utiliza. Sobre se quando utiliza analgésico é prescrito pelo médico, 10% sim, 40% às vezes, 40% não, 10% não responderam. Os dados observam no próximo gráfico: 35 40% 40% 10% 10% Não Sim Não opinaram Às vezes Gráfico 09: Uso de analgésicos não-opióides, com ou sem prescrição medica Podemos dizer que a maioria, ou seja, 80% utilizam o medicamento sem prescrição médica, algo considerado errôneo do ponto de vista da medicina. Dando prosseguimento, a pergunta foi sobre se o medicamento não é prescrito pelo médico, quem indica: 60% disseram que pelos familiares, 20% balconistas, 20% pelos amigos, como demonstra o gráfico abaixo: 20% Familiares Balconistas Amigos 20% 60% Gráfico 10: Uso de analgésicos não-opióides, pelos entrevistados, por orientação de pessoas leigas no município do Crato, 2006. 36 A família é quem mais tem o costume de automedicar, chegando a um percentual de 60% das indicações. No tocante se utilizam outros medicamento fora analgésicos, 50% disseram que não, 30% falaram que às vezes, 20% comentaram que sim. Os dados estão no gráfico a seguir: 30% 50% Não Sim Às vezes 20% Gráfico 11: Outros medicamentos utilizados pelos entrevistados fora os analgésicos não-opióides no município do Crato, 2006. Quanto a questão acima supra citada, vimos que 50% não costumam utilizar outros medicamento que não sejam os analgésicos não-opióides. Ao perguntar se alguém já orientou sobre os benefícios e males causados pelo uso exagerado dos analgésicos, 80% disseram que sim, 20% falaram que não, como demonstra o gráfico a seguir: 37 20% Não Sim 80% Gráfico 12: Recebeu orientação sobre os benefícios e malefícios causados pelo uso inadequado de analgésicos não-opióides no município do Crato, 2006. Observamos pelas respostas dadas que a maioria já tem informação sobre os perigos do uso excessivo de analgésicos. Ao ser entrevistados sobre se melhora o problema com a ingestão de analgésicos não-opióides: 90% disseram que sim, 10% nada disseram como demonstra os dados explicitados no gráfico. 10% Nada disseram Sim 90% Gráfico 13: Obtém resultado satisfatório com a ingestão de analgésicos nãoopióides no município do Crato, 2006. Observamos pelas respostas dos entrevistados que a maioria, 90% melhoram quando utilizam analgésicos. 38 Também foi perguntado se aconselha os amigos na ingestão de analgésicos, 80% disseram que sim, 10% falaram que não, 10% nada responderam. 10% 10% Sim Não Nada respnderam 80% Gráfico 14: Os entrevistados indicam analgésicos não-opióides para outras pessoas no município do Crato, 2006. Pelo que foi observado através das respostas, a maioria costuma indicar analgésicos para as pessoas. 5.2 Discussão dos dados O resultado do estudo nos mostra que as pessoas questionadas em uma farmácia comercial no município do Crato-CE fazem uso dos analgésicos não-opióides, muitas vezes sem nenhuma prescrição médica, baseado na opinião de familiares, amigos, balconista, o que de certa forma pode trazer sérios transtornos a saúde, uma vez que, alguns desses medicamentos têm efeitos colaterais. Vimos que os analgésicos não-opióides são usados principalmente para combater dores de cabeça, seguida de outras dores como tendinite, musculares, pois são dores mais freqüentes no nosso dia-a-dia. Dos 100% das pessoas que utilizam algum tipo de analgésico, o que nos chamou a atenção é que a maioria, isto é, 50% usam raramente quando realmente necessitam. Apesar de sabermos que os analgésicos não-opióides podem causar algum tipo de problema, dos 80% entrevistados nada sentiram de reação adversa, o que é muito 39 importante, pois o paracetamol costuma causar desde insuficiência hepática, até intoxicação e, isso pode acontecer com qualquer remédio, desde dipirona, penicilina (o mais comum de causar alergia), ácido acetilsalisílico. Apesar do que foi citado acima, Moore, Collins, Carroll, McQuay e Edward (2000, p. 2) dizem que: Correntemente, paracetamol é o medicamento de primeira escolha no controle de dor leve por ter perfil de efeitos adversos mais favorável. Com uso de doses apropriadas, raramente causa efeitos adversos. Podem ser usado em crianças, gestantes e idosos. Em puerperais, é o mais indicado por não acarretar efeitos indesejáveis no lactente. Só uma minoria, 20% faz uso de outros medicamentos fora o analgésico quando sentem qualquer dor. O mais importante de tudo isso é que 80% têm conhecimento tanto dos benefícios como dos efeitos maléficos dos analgésicos. Dos entrevistados, 90% se sentem bem quando tomam analgésicos, a dor passa e, por isso 80% costumam indicar para outras pessoas. É a questão da automedicação, no entanto, uma das mais importantes regras para fazer uso de uma medicação é jamais utilizar a medicação prescrita para outra pessoa. Isto pode levar a efeitos colaterais sérios, interações medicamentosas ou outras formas de envenenamento. 40 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS De toda a pesquisa realizada chegamos as seguintes considerações: Na amostra estudada verificamos que os principais usuários dos analgésicos não opióides são pessoas de ambos os sexos, entre 21 e 30 anos, a maioria cursou o Ensino Médio, com uma renda familiar de até um salário mínimo. Os entrevistados fazem uso de analgésicos; as causas mais alegadas foram: dor de cabeça, febre, dores musculares, tendinite. Alguns dos entrevistados já sentiram algumas reações adversas. Às vezes o medicamento é prescrito pelo médico, outras vezes não, a indicação vem de familiares, amigos, balconistas. Os analgésicos mais utilizados, pelos entrevistados foram: paracetamol, dipirona, anador, aspirina, dorflex. 50% não utilizam outros medicamentos fora estes citados. A maioria considera que tem uma melhora considerável quando tomam os medicamentos e, por isso aconselham a outros tomarem. Todos os analgésicos não opióides, excetuando-se o acetaminofeno, são antiinflamatórios não esteróides (AINEs). Esses medicamentos agem de duas maneiras. Primeiramente, eles interferem no sistema das prostaglandinas, um sistema de substâncias interativas que são parcialmente responsáveis pela sensação de dor. Em segundo lugar, a maioria desses medicamentos reduz a inflamação, o edema e a irritação que freqüentemente circundam uma ferida e pioram a dor. Os analgésicos são medicamentos para aliviar a dor. Analgésicos não narcóticos são usados para dores de leves à moderadas. Eles agem no sítio da dor, não causam dependência e não alteram a percepção individual como os narcóticos podem fazer. No caso específico dos analgésicos não opióides também conhecidos por medicamentos não narcóticos, vimos que são usados principalmente para aliviar dores ligeiras causadas por dores de cabeça, dores musculares, dores articulatórias e dores menstruais. Muitos analgésicos não opióides poderão ser adquiridos sem receita médica em farmácias e supermercados. 41 Percebemos pela análise dos dados da pesquisa, que os analgésicos nãoopióides continuam sendo usados de forma inadequada, pois a maioria além de ingerir o medicamento sem prescrição médica ainda indica para os outros usarem. As evidências científicas mostram que se a pessoa tomar analgésicos em excesso, ele desobrigará as células nervosas de funcionarem, até ao ponto que elas particularmente deixam de produzir endorfinas, o que leva o paciente a tomar, cada vez mais, analgésicos que, por sua vez funcionarão cada vez menos. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA Nº102, de 30 de novembro e 2000. Dispõe sobre o regulamento técnico de Propaganda e publicidade de medicamentos. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em: setembro, 2006. CATHERINO, L.; ROCHA, R. G. O uso de novos analgésicos e antiinflamatórios – podem os inibidores da COX-2 (Vioxx, Celebra ) determinar problemas cardiovasculares? Rev. Assoc. Paul Cir Dent, São Paulo, v. 56, n. 6, nov./dez. 2002. COSTA L. Uso de narcóticos no tratamento da dor: dados de um hospital universitário. Rev. AMRIGS 1991. FERREIRA M. B, WANNMACHER L. Farmacologia clínica da dor. In Fuchs FD Wannmacher L (eds). Farmacologia clínica. Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan, 1992. FUCHS, D. F. e colaboradores. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica racional. 2ª Ed. Porto Alegre: Guanabara Koogan, 1998. INFARMA, v.16, nº. 9-10, 2004 Manual Merck: saúde para a família http://www.msd- brazil.com/msd43/m_manual/mm_sec6_61.htm. Acessado em 11/11/2006. 43 MANICA, J. T e colaboradores. Anestesiologia: princípios e técnicas. 2ª Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. MEYER, I. Analgesia Pós Operatória. http://www. sargs. Org.br, 2006. MELZACK R, WALL P. O desafio da dor. Lisboa, Fundação Calouste-Gulbekion, 1982. MCQUAY, H.J, MOORE R. A. An evidence-based resource for pain relief. Oxford: Oxford University, 1998. MOORE A, COLLINS S, CARROLL D, Mcquay H, EDWARDS J. S. Dose paracetamol (acetaminophen), with and without codeine, for postoperative pain (Cochrane Review). Cochrane Database Systematic Review 2000. MORGAN Jr. GE, MIKHAIL MS, MURRAY MJ, LARSON Jr. C. P. Clinical Anesthesiology. 3rd ed. New York: McGrawHill, 2002. Rev. Assoc. Med. Brás. Vol. 44n.1 São Paulo Jan. /Març. 1998. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Opi%C3%B3ide. Acessado em 24/09/2006. Disponível em: http://www.sobravime.org.br/disc_dipirona.html. Acessado em 21/09/06 Disponível em: http://www.google.com.br/search?hl=pt- R&lr=&oi=defmore&defl=pt&q=define: Analg%C3%A9sico. Acessado em 12/02/06. 44 A PÊ N D I C E 45 APÊNDICE A QUESTIONÁRIO APLICADO AOS CLIENTES DE UMA FARMÁCIA NA CIDADE DO CRATO-CE I - Dados Pessoais Nome: ______________________________________________________ 1) Sexo: ________________ 2) Idade: ______________ 3) Grau de instrução: ______________________ 4) Renda familiar: ________________________ II – Dados sobre os analgésicos 5) Você usa analgésico com que freqüência? ( ) Diária ( ) Semanalmente ( ) Mensalmente ( ) Raramente 6) Para que você utiliza analgésico? ( ) Dor de cabeça ( ) Febre ( ) Outros problemas. Especifique: ________ 7) Você já sentiu alguma reação do medicamento? ( ) Sim ( ) Não 8) Quando você usa analgésico é prescrito pelo médico? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes 9) Se o analgésico não é prescrito pelo médico por quem é indicado? ( ) Farmacêutico ( ) Balconista ( ) Amigos ( ) Familiares ( ) Outros 10) Qual o analgésico mais utilizado por você? _______________________________________________________________ 46 11) Você utiliza outros medicamentos fora o analgésico? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes 12). Alguém já lhe orientou sobre os benefícios e os males causados pelo uso exagerado dos analgésicos? ( ) Sim ( ) Não 13) Você acha que melhora do problema quando usa algum analgésico? ( ) Sim ( ) Não 14) Você aconselha os amigos a utilizarem algum tipo de analgésico? ( ) Sim ( ) Não 47 APÊNDICE B Eu _______________________________________________________ declaro que concordo em participar da pesquisa intitulada. AVALIAR O PERFIL DO USUÁRIO DOS ANALGÉSICOS NÃO OPIÓIDES EM UMA FARMÁCIA COMERCIAL DA CIDADE DO CRATO-CE Ressalto que estou ciente da garantia dos clientes assegurados PE Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que incluem os seguintes requisitos: 1. Receber esclarecimento a qualquer dúvida acerca da pesquisa e do caráter de minha participação; 2. Retirar meu consentimento a todo o momento da pesquisa sem que isso ocorra em penalidade de qualquer espécie; 3. Receber garantias de que não haverá divulgação de nomes ou qualquer outra informação que ponha em risco a minha privacidade e o meu anonimato; 4. Acessar as informações sobre os resultados do estudo. _______________________________ Coordenador da Pesquisa ___________________________ Entrevistado Crato, ________ de ________________________ de 2006. 48 APÊNDICE C Prezada Cristiane Feijó, Solicito autorização junto a esta empresa para realização da pesquisa “Perfil do usuário de analgésicos não opióides em uma farmácia comercial da cidade do crato-Ce”. Sabe-se que os analgésicos não opióides são amplamente utilizados, tanto através de prescrições médicas quanto por automedicação. Portanto, sentiu-se a necessidade de investigar mais profundamente para saber quais os principais analgésicos usados, o perfil da população que faz o uso dos mesmos, bem como os motivos que levam essas pessoas a ingerirem o medicamento. Esta pesquisa é pré-requisito para obtenção do título de especialista em Assistência Farmacêutica pela Escola de Saúde Pública do Ceará. A pesquisa não irá interromper o fluxo normal da farmácia. As pessoas convidadas a participar do estudo serão informadas sobre os objetivos da pesquisa e se concordarem deverão assinar o termo de consentimento livre e esclarecido para que a entrevista possa ser iniciada. A população de estudo será composta pelos clientes a partir de 15 anos que adiquirirem analgésicos não opióides no período de janeiro a outubro de 2006 e concordarem em participar. Se necessário, pode se comunicar com a Orientadora da Pesquisa Drª Maria das Graças Nascimento Silva. (88)3571-1641. Atenciosamente Fabiana Pereira Rodovalho Alencar Gomes 49 ANEXO 50