RELATIVISMO MORAL CERTO E ERRADO

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RELATIVISMO MORAL
CERTO E ERRADO: QUEM DECIDE?
Artur Bezzi Günther e Márcia Luísa Tomazzoni
Organizadores: Artur Bezzi Günther, Márcia Luísa Tomazzoni e Mateus Rocha
da Silva.
1. Duração: 02 horas.
2. Recursos didáticos: data show e recurso audiovisual.
3. Justificativa: numa pesquisa realizada com estudantes do Ensino Médio,
constatou-se que os alunos julgam que a moralidade é algo particular, ou seja,
que cada pessoa tem a sua concepção do que é certo ou errado. Isso parece
refletir uma posição amplamente difundida entre os adolescentes. Conforme a
LDB, o Ensino Médio deve contribuir para a formação moral do estudante
(LDB, artigo 35). A partir disto, conclui-se que é necessário o trabalho com os
fundamentos da moralidade, o que comporta uma reflexão acerca das
implicações de ter o relativismo como fundamento ético.
4. Objetivos: Esclarecer os possíveis fundamentos da moralidade, explicitando
suas implicações teóricas e práticas. Aliado a isto, desenvolver a criticidade do
estudante através do desenvolvimento de competências filosóficas.
5. Desenvolvimento da oficina:
5.1 Iniciar a oficina questionando os alunos sobre o que determina o que é certo e o que
é errado.
5.2 Apresentação de um dilema moral. Como recurso audiovisual se sugere a
apresentação do episódio O Tirano, do seriado House, M. D.1. A série, que tem como
pano de fundo o cotidiano de uma equipe médica, no referido episódio nos coloca diante
de um complexo dilema moral, quando um ditador acusado de inúmeras mortes é
internado no hospital e passa, então, a ter sua vida nas mãos dos médicos. Os médicos,
1
Série de TV norte-americana criada em 2004 por David Shore. Em nossa experiência foi utilizado o quarto episódio
“The Tyrant”, da sexta temporada. A série está disponível nas vídeo locadoras.
como personagens centrais da série, retratam no episódio algumas das possíveis atitudes
diante de uma situação delicada como esta.
5.3 Após a exibição do episódio evidenciar os pontos centrais, através de perguntas do
gênero:

“Qual o dilema moral que o episódio apresenta?”

“Quais as duas posições que estão em conflito?”

“Como decidir o que é certo a fazer?”
5.4 A partir das respostas a estas perguntas, suscitar um amplo debate acerca do dilema
em questão, o qual pode ser colocado nestes termos:

“Será certo matar o ditador, para evitar futuras mortes de mais vítimas do seu
regime?”

“Neste caso, será justo matar um para salvar muitos?”

“Ou será errado, uma vez que, além do impedimento legal do assassínio, os
protagonistas, enquanto médicos, devem obedecer ao seu código de ética, o qual
estabelece que é seu dever salvar vidas, independentemente de quem seja o
paciente?”
5.5 Após o debate, apresentar aos alunos as principais teses que pretendem fundamentar
a moral:
O que determina o que é certo e errado?
1. Cada pessoa decide o que é certo ou errado. (subjetiva)
2. Cada cultura tem a sua noção de certo e errado. (cultural)
3. As leis decidem o que é certo e errado. (constitucional)
4. Existe uma concepção objetiva de certo e errado que é válida para
todas as pessoas. (objetiva)
5.6 Organização da turma em grupos, cada um ficando responsável por uma das teses
acima. A tarefa de cada grupo será apresentar uma proposta de solução do dilema à luz
da tese que lhe coube.
5.7 Uma vez a turma dividida em grupos, apresentar os argumentos2 das quatro teses,
que servirão como fundamento para a elaboração das propostas de solução do dilema
moral:
Subjetiva
Não há qualquer juiz ou padrão de racionalidade imparcial e superior
capaz de determinar o que é certo e o que é errado. Assim, o que é certo
e o que é errado é relativo a cada indivíduo.
Cultural
A noção de certo está nos hábitos da população. Não provém de origem
independente dos hábitos que possa julgá-la. Assim, o que estiver nos
hábitos populares, seja o que for, está certo.
Constitucional
As pessoas pensam de maneiras diferentes e divergem sobre o que é
certo e o que é errado. Contudo, essas pessoas vivem em sociedade,
onde é necessária uma certa conduta padrão para o seu funcionamento.
Assim, as leis de um país determinam o que é certo e o que é errado
nesse país
Objetiva
Podemos apoiar os nossos juízos morais em boas razões, e podemos
oferecer explicações do porquê dessas razões. Assim sendo, juízos
morais não são meras opiniões, mas juízos baseados em razões válidas
para todos.
5.8 Orientar os grupos na aplicação de suas respectivas teses ao dilema em questão.
5.9 Exposição dos grupos das suas soluções para o dilema.
5.10 Discussão da aplicação das teses e suas respectivas implicações conforme os
quadros a seguir:
2
Os argumentos da tese subjetiva, cultural e objetiva foram baseados em: RACHELS, J.
Elementos de filosofia moral. Gradiva: Lisboa, 2004.
Subjetiva
Aplicação da tese ao episódio
Tanto Chase quanto Cameron estão corretos de acordo com seus pontos de
vista. Assim, cada um deve fazer o que acha correto.
Consequências
Cada um decide o que é certo e o que é errado, assim, não há necessidade de
levar a sério os argumentos dos outros ou de justificar as nossas próprias
idéias. Desse modo, não há como decidir questões morais.
Cultural
Aplicação da tese ao episódio
Na cultura norte-americana, a qual os médicos pertencem, é ilegítimo para um
médico em qualquer circunstância matar um paciente. Por outro lado, essa
mesma cultura condena fortemente o genocídio que o ditador ameaçou
realizar.
Consequências
Em uma mesma cultura podem haver normas morais conflitantes o que torna
problemática a solução do dilema.
Constitucional
Aplicação da tese ao episódio
A lei não permite que os médicos sabotem os exames dos pacientes e,
tampouco, permite o assassinato de pessoas nessa situação.
Consequências
Existe um padrão do que é certo e do que é errado dentro de um país. Contudo,
países diferentes podem divergir sobre o que é certo ou errado. Logo, uma
ação pode estar certa em um país e errada em outro.
Objetiva
Aplicação da tese ao episódio
Apesar de os médicos não conseguirem determinar qual a atitude correta,
existe uma escolha que é a certa a ser tomada.
Consequências
Haverá um padrão de certo e errado válido para todas as pessoas. O problema é
que em algumas situações é difícil determinar esse padrão.
5.11 Com base no que foi visto, conduzir os alunos a uma conclusão sobre o tema.
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