BORBOLETAS DA AMAZÔNIA Texto William Leslie Overal Paula Joseanny Borges da Silva Ilustrações Antonio Carlos Seabra Martins Kemel Amim Bittencourt Kalif FICHA TÉCNICA Governo do Brasil Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Ciência e Tecnologia Eduardo Campos Museu Paraense Emílio Goeldi Diretor Peter Mann de Toledo Coordenadora de Pesquisa e Pós-Graduação Ima Célia Guimarães Vieira Coordenador de Comunicação e Extensão Lúcia Hussak Van Velthem Comissão de Editoração Científica Presidente Lourdes Gonçalves Furtado Editora Chefe Angela Pizzani Editor Assistente Socorro Jorge e Angela Botelho Designer Gráfico Andréa Pinheiro Estagiário Claudionor Vieira Junior Texto William Leslie Overal Paula Joseanny Borges da Silva Ilustrações Antônio Carlos Seabra Martins Kemel Amim Bittencourt Kalif INTRODUÇÃO Borboletas da Amazônia é o décimo primeiro volume da Série Infantil do Museu Paraense Emílio Goeldi, que foi idealizada em 1986, com o objetivo de repassar informações científicas, nas áreas de atuação do Museu Goeldi, em linguagem acessível e apropriada para os pequenos leitores, ajudando-os, inclusive, em suas tarefas escolares. Pretendemos, ainda, pôr em prática um dos ideais de Ferreira Penna e Emílio Goeldi – atrair e estimular novas vocações para o estudo das ciências, contribuindo para a formação de nossos futuros cientistas. Esta é uma publicação consolidada pela grande demanda que possui e pelo trabalho desenvolvido a partir dela por meio do Departamento de Museologia no que diz respeito às atividades de extensão cultural. As borboletas fazem parte de nosso cenário amazônico, atraindo-nos pela beleza multifacetada de seus desenhos e pelo multicolorido de suas asas. Com certeza, a partir deste álbum para colorir, você vai apreciá-las com mais atenção e conhecê-las melhor. Os textos foram cuidadosa e carinhosamente elaborados pelo entomólogo do Goeldi, Doutor William L. Overal, com a co-autoria da bolsista Paula Joseanny Borges da Silva, para que você conheça um pouco mais este inseto, da ordem Lepidoptera (borboletas e mariposas), e descubra suas características, anatomia, seu ciclo de vida e metamorfose em suas quatro fases, seus hábitos alimentares, seus inimigos e modos de defesa, tudo isto com o prazer de brincar de colorir. Os desenhos deste álbum são de autoria de Antonio Carlos Seabra Martins, desenhista técnico, e de Kemel Amim Bittencourt Kalif, bolsista – ambos do Departamento de Zoologia do Museu Goeldi. A integração perfeita do texto e das ilustrações permite a fácil aprendizagem. E assim mais uma vez o Goeldi se faz pioneiro – de suas atividades de pesquisa científica e de gerador de conhecimento, há mais de uma década, volta-se para a tarefa pedagógica e social e dá seu contributo à educação em ciências. O QUE SÃO BORBOLETAS? As borboletas são insetos e fazem parte da grande ordem Lepidoptera que abriga os insetos com escamas nas suas asas. Os lepidópteros – ou seja, as borboletas e as mariposas juntas – incluem mais de 50.000 espécies já descritas por cientistas e provavelmente mais de 200.000 espécies no total. Há cerca de 8.000 espécies de borboletas no mundo, das quais 3.300 se encontram no Brasil e cerca de 2.200 na Amazônia. Por causa do seu belo colorido e hábito de voar durante o dia, as borboletas são melhor conhecidas que as mariposas e o número total de suas espécies não deve variar muito no futuro. Quase sempre é possível identificar a espécie de uma borboleta através do colorido das suas asas. Isto não é por acaso: as próprias borboletas utilizam as cores e desenhos nas asas para reconhecer outras da sua própria espécie. Com um pouquinho de prática e paciência, o observador atento pode aprender a distinguir os vários tipos de borboletas que freqüentam as cidades e bosques. Embora sejam muito menores em tamanho que as aves, as borboletas são fáceis de observar, pois permitem a aproximação de naturalistas que podem assim reconhecê-las sem perturbá-las e investigar seu comportamento sem a necessidade de coletar exemplares. A fauna de borboletas do Brasil é uma das mais variadas e extraordinárias do mundo, incluindo borboletas de cores azuis metálica como os Morpho, gigantes como a borboleta-coruja do gênero Caligo, de 16 cm de envergadura, assim como muitas outras formas admiráveis. As borboletas estão presentes durante todo ano na Amazônia, mesmo nas cidades, enfeitando os céus com seu vôo alegre.As borboletas são insetos de meta- ANATOMIA DAS BORBOLETAS: O CORPO FORA E DENTRO Como nos outros insetos, o corpo das borboletas não possui ossos e sim um exoesqueleto que é divido em três grandes partes: a cabeça, o tórax e o abdome. A cabeça tem dois olhos compostos que são grandes como se espera de um animal que é ativo durante o dia e que se orienta visualmente. As duas antenas portam os sensores de olfato (cheiro), são finas e terminam com uma pequena expansão ou gancho (as mariposas, de modo geral, possuem antenas grossas com muitos pêlos). O aparelho bucal é bastante modificado em forma de uma trompa ou probóscida que se enrola debaixo da cabeça e suga os alimentos líquidos. O tórax é a parte do corpo responsável pela locomoção, com as quatro asas membranosas sustentadas por várias veias (nervuras) e três pares de patas. O abdome contém, principalmente, os aparelhos digestivo e reprodutor da borboleta. O abdome das borboletas geralmente é mais estreito que o de mariposas. 5 O CICLO DE VIDA DAS BORBOLETAS: QUATRO FORMAS NUM SÓ BICHO As borboletas são insetos de metamorfose completa. Elas não crescem como a gente mas assumem quatro formas diferentes durante os estágios da sua vida. Os ovos são depositados pelas fêmeas adultas nas folhas de uma planta. Dos ovos eclodem lagartas cilíndricas e de forma alongada, de aspecto inteiramente diferente do adulto, possuindo cabeça e treze segmentos com pares de patas diversificadas. Após um período intenso de alimentação e diversas mudas de pele, enquanto cresce, a lagarta se transforma numa pupa que se abriga dentro de casca chamada crisálida, onde, vivendo de reservas acumuladas no estágio anterior, torna-se um ser alado, apto para a reprodução e perpetuação da espécie. A ALIMENTAÇÃO DAS BORBOLETAS As lagartas, que se nutrem de vegetais, possuem mandíbulas que mastigam as folhas, transformando-as em pequenos pedaços, que são ingeridos em grande quantidade, para absorção de água e nutrientes que necessitam. Os adultos, porém, bebem nutrientes em forma líquida: néctar de flores ou sucos de frutas caídas nas florestas. 6 BORBOLETAS MIGRATÓRIAS: A PANAPANÁ Grandes migrações de borboletas são comuns na Amazônia, quando nuvens de milhares ou até milhões de borboletas pintam os céus com suas cores amarelas e brancas, características das espécies da família Pieridae. Na Amazônia, as borboletas migratórias pertencem às espécies Phoebis philea ("gema") e Anteos menippe ("ponta de laranja"), entre outras. Milhares dessas borboletas voam juntas em cima de florestas e rios, chamando a atenção de todo mundo. Até agora não se sabe o motivo dessas migrações, mas possivelmente as borboletas se deslocam atrás de plantas-alimento para sua prole, ou, simplesmente a procura de outras paisagens. Outras agregações, também compostas de várias espécies, são observadas quando as borboletas bebem água nas praias ou na beira de cursos d'água. Ao que tudo indica, os machos buscam sais minerais para complementar sua dieta. BORBOLETAS E AS PLANTAS CULTIVADAS As lagartas de determinadas espécies de borboletas são pragas, atacando e devorando algumas das plantas cultivadas pelo homem. O bicho-de-couve é o maior exemplo de pragas entre as nossas borboletas. No entanto, a maioria é inofensiva ou mesmo benéfica, ajudando a polinização das plantas. De modo geral, as borboletas não representam tanta ameaça à agricultura como as mariposas, grupo que inclui centenas de espécies de pragas. 7 COMO AS BORBOLETAS SE DEFENDEM CONTRA SEUS INIMIGOS? As borboletas têm muitos inimigos: pássaros, aranhas, vespas e morcegos – predadores que incluem borboletas na sua dieta. As escamas que recobrem as asas e o corpo podem ser a primeira arma de defesa contra esses terríveis inimigos, uma vez que as escamas facilitariam a fuga das borboletas. O vôo rápido e irregular, comum em muitas espécies, garante que estas não sejam presas fáceis. Uma defesa química das borboletas é ter sangue venenoso, que lhes confere um sabor desagradável na boca dos seus predadores. O veneno é obtido da planta-alimento e armazenado no corpo da lagarta e, depois, da borboleta adulta. Quando um predador desavisado tenta morder a borboleta, o veneno dela faz com que ele rejeite sua presa. Assim, uma borboleta pode morrer para educar o predador que a sua espécie não deve fazer parte do cardápio. Os predadores, especialmente as aves, logo aprendem a lição e evitam as borboletas com o colorido vistoso que quer dizer "veneno". Borboletas não venenosas podem enganar os predadores, imitando o colorido vistoso das venenosas, geralmente de cores alaranjada, vermelha, amarela e preta. Deste modo, elas escapam de seus predadores "passando-se" por seus amigos realmente venenosos. Uma outra maneira de escapar das garras dos famintos predadores, é disfarçando-se, ou seja, camuflando-se. Algumas borboletas possuem corpo, principalmente as asas, em forma de folhas e ao pousar nos galhos de árvores, ficam de cabeça para baixo, o que torna mais convincente o seu disfarce; outras possuem asas com aspecto de folhas velhas, e quando pousam no chão se assemelham às folhas caídas. Outras ainda são bem grandes e possuem na parte dorsal pintas semelhantes a olhos; assim, quando pousam e fecham suas asas, o predador pensa que é um animal grande que está de “olho nele” e na maioria das vezes se afasta. 8 O HOMEM COMO INIMIGO DAS BORBOLETAS Sem saber ou sem querer, as pessoas podem tornar-se inimigas das borboletas. Isto acontece quando as florestas e outras paisagens naturais são modificadas para a agricultura ou para o crescimento de cidades. Desse modo, o habitat ("a casa") das borboletas é destruído e elas não mais encontram suas plantas-alimento, fontes de néctar ou outro alimento. Assim, são obrigadas, quando podem, a se adaptar às cidades onde só as espécies mais resistentes conseguem sobreviver. Além da poluição e a falta de comida, outro problema enfrentado pelas borboletas na cidade de Belém é a aplicação de inseticidas nas ruas, para o controle de mosquitos. Será que nossas borboletas, já reduzidas em sua abundância, vão chegar à extinção? VAMOS OBSERVAR E CRIAR - NÃO COLETAR AS BORBOLETAS DA AMAZÔNIA Muitos alunos perguntam como eles podem criar uma borboleta. Criar uma lagarta desde a fase de crisálida até a fase adulta é uma aula excelente sobre a metamorfose (transformação) dos insetos. É necessário ter, em primeiro lugar, muita paciência. Você deve procurar lagartas em folhas nos parques e jardins (o maracujazeiro é a planta-alimento de várias espécies de borboletas como o pingo-de-prata). Em seguida, capture uma lagarta com a folha onde ela está (que servirá de alimento) e coloque-a em vidro de boca larga com folhas frescas de seu alimento preferido. Cubra a boca do vidro com um pedaço de filó de náilon preso com uma liga de borracha. Deixe o vidro na sombra numa área arejada (não coloque o vidro em sala com ar condicionado nem ao sol). As folhas devem ser trocadas todos os dias. Coloque no fundo do vidro toalhas de papel para absorver o excesso de umidade. Você pode adicionar galhos pequenos (do tamanho de um lápis) onde a lagarta poderá fixar o casulo. Dez a catorze dias depois de formar o casulo, a borboleta ou mariposa adulta deverá emergir. 9 FASES As borboletas e mariposas passam por quatro fases durante sua vida: ovo, lagarta, crisálida e adulto. Esta surpreendente mudança é chamada de metamorfose. INIMIGOS As borboletas têm muitos inimigos. Podemos considerar seus predadores todos os animais que se alimentam de insetos: como a rã, que os captura com a sua língua pegajosa, ou os répteis como o camaleão. Entre outros, pássaros e pequenos mamíferos também são grandes inimigos das borboletas. Os maiores inimigos das espécies noturnas são os morcegos. 10 ANTENAS Existem diversos tipos de antenas que variam segundo a espécie a qual a borboleta pertence. As antenas têm como função básica a olfação. As antenas das borboletas, geralmente diferem das mariposas, tendo um aspecto mais felpudo, característica necessária, pois possuem hábito noturno. ASAS As borboletas e mariposas possuem dois pares de asas. As duas próximas à cabeça são as asas anteriores e as outras duas são as posteriores. Assim, como as antenas, sua forma varia de acordo com a espécie. 11 GLOSSÁRIO Abdome - Terceira parte do corpo de um inseto (atrás da cabeça e do tórax), contendo os intestinos e órgãos de reprodução. Acasalamento - Escolha de um parceiro para cruzamento. Lembre-se: as borboletas e mariposas têm os dois sexos, ou seja, os machos e as fêmeas. Antenas - Órgãos de sentido localizados na cabeça dos insetos. Geralmente, funcionam em perceber cheiros (olfato). As antenas de borboletas são finas e terminam numa pequena expansão. As antenas de mariposas são mais grossas e têm muitos pêlos. Aposemático - Refere-se às cores ou formas que dão aviso de perigo a predadores. Na Amazônia, as cores preta, vermelha e amarela são cores aposemáticas: adverte o predador que sua presa pode ser tóxica (venenosa). Camuflagem - Disfarce de animais ou pessoas que, com cores ou formas, podem se tornar parecidos com objetos do ambiente natural ou com outros animais, dificultando sua localização por predadores. Muitas borboletas parecem folhas secas ou verdes e provavelmente confundem seus predadores. Casulo - Quase a mesma coisa de crisálida. O casulo de mariposas tem fibras de seda, enquanto a crisálida de borboletas é simples. Ciclo de vida - Seqüência de estágios pelos quais passa um animal desde seunascimento até sua morte. Cosmopolita - Que vive em todos os lugares. Crisálida - O estágio de pupa em borboletas, envolvida numa casca dura, da qual sai o adulto depois do período de alguns dias até algumas semanas. Fase entre a lagarta e o adulto. Decomposição - Apodrecimento. Difração - Separação da luz branca em várias cores, como se vê em bolinhas de sabãoque revelam as cores de arco-íris. Dimorfismo sexual - Situação encontrada em algumas espécies quando o macho e a fêmea não são parecidos. A fêmea do morfo azul, por exemplo, é branca. Eclosão - Quando o animal sai do ovo ou da crisálida (casulo). Entomologia - Ciência que estuda os insetos. Quem estuda insetos é um entomólogo. Escama - Pêlo microscópico modificado em forma de lâmina. Espécie - Tipo de animal ou planta. Exoesqueleto - Armadura de insetos e outros animais sem ossos, que sustenta o corpo, especialmente fornecendo pontos para a ligação de músculos. O exoesqueleto de insetos possui partes finas e flexíveis que permitem que o corpo e as patas dobram. Extinção - Morte do último animal ou planta de uma espécie. Hemolinfa - Sangue dos insetos e de outros invertebrados. Insetos - Animais invertebrados com exoesqueleto e três pares de patas com articulações. O corpo divide-se em três partes: cabeça, tórax e abdômen. Lagarta - Larva de borboleta ou mariposa. Larva - Forma imatura de um inseto, muitas vezes parecida com um verme. As larvas nascem de ovos e geralmente passam o tempo se alimentando até se tornarem pupas. As larvas de borboletas e mariposas chamam-se de lagartas. Lepidóptero - Mariposa ou borboleta. São insetos com as asas e patas recobertas de escamas. Mandíbulas - Equivalente aos dentes dos insetos. Mariposa - Inseto coberto de escamas, cujas antenas têm muitos pêlos. Geralmente voam à noite e, por isso, não possuem o colorido das borboletas. Metamorfose - Mudança de forma, especialmente durante o ciclo de vida. As borboletas mudam de forma quatro vezes durante seu desenvolvimento: ovo, larva, pupa e adulto. Migração - Deslocamento geográfico de animais ou pessoas, geralmente de uma região para outra. Mimetismo - Semelhança de um animal, como uma borboleta ou um peixe, a outro tipo (espécie) de animal ou a uma folha, galho, etc., como meio de proteção ou de esconder-se de predadores. 13 Néctar - Líquido açucarado de flores, de que muitas borboletas adultas se alimentam. Nervura - Veia ou linha de reforço nas asas de borboletas e outros insetos. Olhos compostos - Olhos grandes de insetos, compostos de muitos olhos. Os olhos compostos de borboletas são grandes e percebem cores, incluindo o vermelho que muitos insetos não enxergam, e o ultravioleta que o homem não pode ver. Olhos falsos - Desenhos no corpo de lagartas e nas asas de borboletas, que lembram olhos de corujas ou cobras e servem para espantar predadores. Olhos simples - Ocelos. Pequenos olhos que não formam imagem mas percebem apenas a intensidade da luz. Ordem - Um grande grupo de animais. Algumas ordens de insetos, por exemplo, são: as baratas, os gafanhotos e esperanças; os cupins; os percevejos; as libélulas; os besouros; as moscas e mosquitos; as pulgas; as formigas, vespas e abelhas; e as borboletas e mariposas. Panapaná - Agregação de muitas borboletas, como numa migração em massa ou em pouso numa praia na beira de um rio ou lago. Pigmento - Substância ou material que dá cor a alguma coisa, como o pigmento em tintas. Pigmentos nas asas de borboletas são responsáveis para as cores branca, castanha, preta e vermelha. Essas cores podem perder seu brilho com o passar do tempo. Planta-hospedeira - Planta que serve de alimento para a larva (lagarta) de uma borboleta ou mariposa. Muitas espécies de borboletas ou mariposas dependem de um só tipo de planta-hospedeira para a alimentação de suas larvas. Predador - Animal que come outros (chamados de presas), geralmente depois de caçálos. Probóscida - Peça da boca de alguns insetos, incluindo as borboletas, que é usada para embeber líquidos. A probóscida de borboletas pode ser mais comprida que o corpo do dono, e fica enrolada debaixo da cabeça quando a borboleta não está se alimentando. As larvas de borboletas (lagartas) possuem mandíbulas para mastigar seu alimento. Pupa - Estágio, geralmente sem poder de locomover-se, entre a larva e o adulto no ciclo de vida de muitos insetos, incluindo as borboletas. 14 Quitina - Material que compõe o exoesqueleto de borboletas e outros insetos. Saprófago - Animal que se alimenta de material em decomposição. Subespécie - Categoria inferior a da espécie. Refere-se a um tipo de animal ou planta que se localiza num lugar e pode ser distinguida. 15 ELA-DO-CAMPO B E Battus lycidas spécie bela de borboleta, dona de característica coloração verde nas quatro asas, possuindo no abdome, a cor amarela. Possui contornos irregulares nas asas posteriores. 16 B É ORBOLETA-DO-CAMPO Heliconius numata uma borboleta com formatos regulares e com cores preta, alaranjada e amarela. 17 ORBOLETA-LARANJA B Helicopis gnidus B orboleta de tamanho médio, apresentando cores alaranjadas na parte mais interna das quatro asas, amarelo nas asas anteriores e preto nas extremidades, possui, como característica mais marcante, detalhes nas asas posteriores semelhantes a uma cauda. 18 B ORBOLETA-MALHADA Hamadryas amphinome É uma bela borboleta de tamanho médio, possui na porção dorsal colorido azul e preto. Enquanto que no lado, desenho totalmente diferente, possuindo uma mancha branca nas asas anteriores e cores vermelha e preta nas posteriores. Frequenta clareiras e matas, onde procura planta-alimento para suas lagartas. Seus ovo são colocador em forma de “torres” nas extremidades dos brotos. 19 B RUXA-BRANCA Thysania agrippina E sta mariposa da Amazônia brasileira pertence a família Noctuidae e possui a maior envergadura das asas (280mm), sua cor é predominantemente branca com detalhes marrons. Seu corpo é robusto, característico das mariposas. Possui em seu corpo e parte das asas, pêlos que auxiliam na liberação de um cheiro característico que serve como atrativo para as fêmeas. 20 AIXÃO-DE-DEFUNTO C Heraclides thoas E sta borboleta possui uma coloração amarela e preta tanto nas asas anteriores como nas posteriores. As fêmeas desta espécie procuram as flores de grandes árvores da mata para se alimentarem do seu néctar. Os machos voam rapidamente nos dias quentes e costumam pousar na areia úmida para sugar a lama, e mesmo quando pousados no chão, mantêm em movimento suas asas. 21 ANOA-AMARELA C Historis odius E sta grande borboleta tem vasta distribuição geográfica. Quando com asas fechadas, apresenta aspecto de canoa. Possui cor amarela em suas asas anteriores com uma pinta branca. Seu vôo é rápido com mudanças contínuas de direção. Aprecia frutas maduras caídas no chão e pode detectar, a grandes distâncias, a presença de alimento, através de suas antenas, que agem como receptores de odores. 22 C APITÃO-DO-MATO Morpho achilles P ossui na região ventral uma faixa azul que inicia-se nas asas anteriores e vai até as asas posteriores. Esta espécie, passa horas alimentando-se de substâncias em fermentação no chão, sendo dificilmente percebida, pois as asas fechadas apresentam um padrão sombrio que se confunde com o solo da mata. 23 C AUDA-ESCURA Marpesia petreus C aracterizada pelas asas de contornos irregulares incomum, e longas caudas escuras, esta borboleta ocorre em todo o Brasil. No vôo, que é muito rápido, pode ser confundida com outras espécies de borboletas vermelhas. Nas horas quentes do dia, os machos costumam freqüentar a beira dos rios, onde sugam água e alimentos do solo, enquanto as fêmeas retiram seu alimento do néctar de diversas flores e colocam eus ovos isolados em brotos e folhas novas de diversas plantas. 24 C ORUJA Caligo illioneus E sta é a borboleta-coruja, nome dado devido aos grandes falsos olhos que possui no lado ventral das asas posteriores, que causam medo e assustam seus predadores. Voa rápido e próximo ao chão, possui vida longa, cerca de três meses como adulto, período onde achará a fêmea para acasalar-se e depois fazer a postura de, aproximadamente, cento e cinqüenta ovos. 25 F OLHA-SECA Zaretis itys É a borboleta folha, parece um vegetal em seus mínimos detalhes, com formato e aquela cor amarelada de uma folha. A extremidade posterior da asa como um pecíolo, as pequenas transparências imitando áreas roídas por insetos e até as pequenas pontuações, lembrando o ataque de fungo em folhas mortas. Quando tocada, a borboleta "espertinha" deixa-se cair ao solo, permanecendo imóvel, passando quase despercebida aos olhos de diversos predadores. A Z.itys é um inseto solitário, e se alimenta de frutas fermentadas e secreções vegetais das árvores brocadas por larvas de besouros. 26 M ALAQUITA Philaethria dido E sta bela borboleta freqüenta diversos tipos de ambientes. Com suas asas coloridas de preto e verde, voa, assim que o sol aquece a mata, atrás de néctar das flores e vai também ao solo para sugar água nos dias quentes. Tóxica, mostra todo o seu colorido sem medo, abrindo e fechando as asas. Ao anoitecer, se fixa à parte inferior de qualquer folha para, imóvel, passar a noite. 27 ANCHA-AZUL M Agrias sardanapalus E sta espécie possui uma grande mancha vermelha em suas asas anteriores. Possui, na porção ventral das asas posteriores detalhes característicos de sua espécie. 28 M ONARCA Danaus plexippus É uma das borboletas mais conhecidas, possuindo coloração vermelha, com pintas brancas nas extremidades das quatro asas. Voa geralmente baixo, nos lugares abertos, nas clareiras e nos pastos, pousando em pequenas flores para sugar o néctar. É muito resistente e pode sobreviver a longos períodos de jejum. Quando lagartas, alimentam-se das folhas de “oficial-de-sala” (Asclepias curassavica) planta venenosa, de onde o inseto retira substâncias tóxicas que o torna imune a predadores, como os pássaros. 29 LHOS-DA-NOITE O Automeris sp. E sta é uma mariposa. Possuem suas antenas bem plumosas, o que auxilia em seu vôo noturno. Em suas asas posteriores, possui o desenho que lembra dois grandes olhos, isto é um mecanismo de defesa que a afasta de seus predadores. Possuem em seu corpo e parte das asas pêlos que auxiliam na liberação de um cheiro característico que serve como atrativo para as fêmeas. 30 P ONTA-DE-LARANJA Anteos menippe B orboleta de vasta distribuição geográfica. Possui nas asas posteriores e parte das anteriores coloração amarela. Nas extremidade de suas asas anteriores, possuem um ponto preto e cor alaranjada. Os adultos se alimentam de flores vermelhas. Voam rapidamente nas horas mais quentes do dia. Os machos concentram-se em grandes quantidades sobre areias úmidas para absorver água e sais minerais e outros nutrientes necessários a sua reprodução. 31 R AIO-AMAZÔNICO Heliconius sp. É uma das borboletas mais comuns da região amazônica. Possui manchas vermelhas nas asas anteriores e nas posteriores, estas manchas estão dispostas em raios. E nas extremidades das asas anteriores observamos manchas amarelas. Esta borboleta vive mais de oito meses como adulto, freqüentando todo tipo de habitat à procura de flores vermelhas e roxas. Costuma dormir em grupos de mais de vinte borboletas, em galhos secos e outros suportes. Esta espécie pode ser criada em cativeiro e vem sendo pesquisada em laboratórios de diversos países. 32 R AIO-VERMELHO Agrias claudina E sta borboleta chama atenção pelo seu belo colorido vermelho e preto na face dorsal, sendo que no seu lado oposto o desenho é totalmente diferente. É uma borboleta de tamanho médio que gosta de voar com o aparecimento dos primeiros raios de sol. 33 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE AS BORBOLETAS As perguntas mais simples sobre as borboletas podem, às vezes, ter respostas diversas, correspondendo a cada espécie. Quanto tempo vive uma borboleta? Do que se alimenta? Como se comporta? Muitas vivem menos de duas semanas; outras, acima de seis meses. Algumas se alimentam de suco de frutas, outras do néctar e pólen das flores ou mesmo de excremento ou carniça (carne apodrecida) de animais. A maioria é diurna, mas existem borboletas que voam à noite como a nossa borboleta-coruja. P. O que são borboletas e mariposas? R. As borboletas e mariposas pertencem à Ordem (grande grupo) de insetos chamado Lepidoptera. Como todos os insetos, as borboletas e as mariposas possuem cabeça, tórax e abdome, duas antenas e seis patas. Além disso, elas têm quatro asas com escamas coloridas e uma tromba (probóscide) para beber líquidos. O nome Lepidoptera vem do Latim e quer dizer "asa com escama". P. Quantos tipos (espécies) de borboletas e mariposas existem? R. Tanto as borboletas como as mariposas habitam todos os continentes do mundo, menos a Antártica. Entomólogos (cientistas que estudam insetos) estimam que há aproximadamente 20.000 espécies de borboletas e 250.000 espécies de mariposas no mundo. No Brasil, há 3.300 espécies de borboletas e 50.000 de mariposas, aproximadamente. A maioria das espécies de mariposas não tem nomes, mas as borboletas são melhor conhecidas que as mariposas. É necessário estudar muito mais este grupo de insetos; ainda resta muito a ser pesquisado. P. Qual a diferença entre as borboletas e as mariposas? R. Borboletas geralmente são coloridas e voam durante o dia, nas horas de sol, possuem antenas compridas com uma parte mais larga na ponta (expansões chamados de bulbos) e seu corpo é mais magro. As mariposas têm um colorido mais escuro, não têm bulbos na ponta da antena e voam à noite. Atenção: há algumas espécies de mariposas na Amazônia que voam durante o dia e são bem coloridas. P. Onde posso encontrar borboletas e mariposas? R. Na Amazônia, as borboletas e mariposas são encontradas durante todos os meses do ano. Umas espécies de borboletas habitam as cidades e freqüentam os parques e jardins, porém áreas de mata são o habitat (ambiente natural) de muitas espécies de borboletas e mariposas. Atenção: a conservação biológica de lepidópteros pode ser ajudada com as reservas florestais. 34 P. Como posso pegar borboletas e mariposas? R. Hoje em dia a melhor maneira de "pegar" uma borboleta ou mariposa é com uma câmera fotográfica. A manutenção de uma coleção de insetos, além de dar muito trabalho, requer o conhecimento de técnicas especiais, tanto para preparar como para cuidar dos exemplares. Devemos aceitar o desafio de capturar nossas borboletas no filme – e não na rede de puçá. Você pode também criar uma borboleta ou mariposa a partir de uma lagarta. Isto requer paciência, mas a observação cuidadosa ensina muitas coisas sobre a vida dos lepidópteros. P. De que são feitas as asas das borboletas e mariposas? R. As asas das borboletas e das mariposas são delicadas e feitas de camadas finas de quitina (uma substância dura, proteína, igual a que compõe o exoesqueleto do corpo), e são cobertas por milhares de escamas microscópicas que dão o brilho às asas, e são reforçadas por nervuras. As asas são fortes para suportar o peso do corpo no ar e, ao mesmo tempo, flexíveis para os movimentos de vôo. P. Por que as asas de borboletas são coloridas? R. As cores são importantes durante o namoro (corte) que antecede o acasalamento; através delas o macho e a fêmea se reconhecem como membros da mesma espécie. As cores brilhantes podem servir para avisar aos predadores de algumas espécies, como a monarca, por exemplo, que é venenosa ou pelo menos ruim para comer. Algumas espécies, mesmo não sendo venenosas, possuem as cores e padrões de espécies venenosas, para enganar os predadores e salvar suas vidas (este truque é chamado "mimetismo"). Por fim, as cores e desenhos nas suas asas podem ajudar as borboletas e mariposas a se confundirem com o substrato (casca de árvore ou folha) onde pousam, protegendo-se de pássaros e outros predadores (isto é chamado "camuflagem"). P. O que é o pó nas asas de borboletas e mariposas? R. O "pó" nas asas das borboletas são pêlos modificados chamados escamas, que têm várias funções (nem sempre na mesma espécie): A) Produzem o colorido chamativo das borboletas, às vezes com reflexos de luz ultravioleta, para atrair o parceiro antes do acasalamento; B) Geram cores brilhantes que advertem os predadores que a borboleta pode ser venenosa e deve ser deixada em paz; C) As escamas podem formar desenhos nas asas, que ajudam a borboleta ou mariposa a ficar parecida com o fundo onde está pousada e escapar dos seus predadores (trata-se de camuflagem); D) Cores escuras formadas pelas escamas nas asas podem ajudar a borboleta a absorver calor do sol, antes de iniciar o vôo (lembre-se: as borboletas são animais de sangue frio). P. Existem borboletas que estão em perigo de desaparecer? R. Zoólogos no Brasil listaram mais de 80 espécies de borboletas ameaçadas de extinção, ou seja, de desaparecer completamente. Há outras que estão em perigo de sumir de uma ou outra área do país. A maioria dessas espécies sofre a perda ou degradação de seu habitat (ambiente natural), devido à urbanização (expansão de cidades) ou à agricultura. 35 Algumas espécies são sujeitas à coleta clandestina e são vendidas a colecionadores amadores. No mundo há espécies de borboletas, como as espécies gigantes de Ornithoptera da Nova Guiné, que estão em perigo de desaparecer por causa do desmatamento e da coleta ilegal. Infelizmente, hoje, o maior inimigo das borboletas é o próprio homem. P. Como as borboletas fazem xixi? R. Borboletas adultas, quando bebem muita água, deixam cair gotas de xixi do abdome – mas nunca fazem cocô. As lagartas comem muitas folhas e eliminam fezes quase continuamente. P. As borboletas são venenosas? R. Algumas borboletas, como a monarca, caixão-de-defunto e bicho-de-manacá, entre outras, são venenosas ou, pelo menos, têm um sabor amargo. Suas lagartas comem plantas tóxicas e guardam as substâncias venenosas nos seus corpos. Assim, o adulto torna-se tóxico. Pássaros e outros predadores aprendem a não comê-las para não sofrerem uma grande dor de barriga. Este fenômeno chama-se "defesa química". P. As lagartas têm dentes? R. Sim, lagartas têm "dentes" que usam para mastigar as folhas que comem. Os "dentes" (mandíbulas) podem ser observados com a ajuda de uma lupa (em vez de mexer-se de cima para baixo, os dentes de lagartas mexem-se de um lado para o outro). P. Porque as lagartas viram borboletas? R. A lagarta é o estágio imaturo de um lepidóptero. É durante esta fase que o animal come e cresce, mas lagartas não podem acasalar-se e reproduzir-se. Somente borboletas adultas conseguem acasalar-se e produzir ovos. Os adultos têm o poder de voar e deslocar-se por grandes distâncias em busca de plantas para as lagartas que vão eclodir dos seus ovos. P. Como uma lagarta vira uma borboleta? R. Isto não é tão fácil de explicar. Pode-se dizer que dentro do casulo (ou crisálida) a lagarta vira uma pupa e depois uma borboleta. Ao eclodir (sair) da crisálida (casca que protege a pupa), a borboleta já tem asas e tromba. Também, lá dentro da crisálida, o corpo da pupa é complemente reorganizado - suas estruturas (órgãos) são reabsorvidas e novas estruturas são formadas. As asas, por exemplo, surgem durante a fase pupal, de um órgão que não fazia nada na fase de lagarta. P. De que se alimentam as borboletas? R. Com poucas exceções, as borboletas adultas alimentam-se somente de líquidos para evitar desidratação e manter suas reservas energéticas. A maioria bebe néctar de flores ou chupa seiva de árvores ou suco de frutas podres. Outras borboletas visitam fezes de pássaros ou de outros animais. Muitas borboletas podem ser vistas em agregações (grupos) bebendo água em areia molhada ou lama. Provavelmente essas borboletas buscam 36 sais no líquido que estão bebendo. Um caso especial são nossas borboletas do gênero Heliconius que comem pólen de certas plantas e, assim, conseguem sobreviver muito tempo (durante seis meses ou mais). P. Onde ficam as borboletas durante a chuva? R. As borboletas se escondem durante a chuva, geralmente nos mesmos lugares onde passam a noite. Algumas se abrigam debaixo de folhas grandes, outras buscam refúgio nos troncos de árvores. Quando não têm proteção da chuva, as borboletas pousam no caule de arbustos ou capim, de cabeça para baixo, com as asas fechadas. Se a chuva for bastante forte ou prolongada, as borboletas sofrem danos nas asas e podem até morrer. P. As borboletas dormem à noite? R. À noite as borboletas ficam escondidas nas folhagens. Algumas espécies, como as espécies de Heliconius, agregam-se para passar as horas de escuridão em grupos. Somente nossa borboleta coruja voa à noite. As mariposas, por outro lado, são bem ativas durante a noite. P. Lagartas e borboletas têm ouvidos? R. Não, as borboletas não possuem ouvidos. Por sinal, entre os lepidópteros, somente algumas mariposas têm ouvidos e esses não são fáceis de ver. Muitos adultos de borboletas e mariposas possuem sensores (pêlos) para perceber o movimento de ar. P. Como voam as borboletas? R. As borboletas possuem músculos fortes no seu tórax, que movimentam as asas para baixo e para cima, como uma alavanca. As asas realmente movem-se para frente e para trás durante o vôo, também, como o número "8", propulsionando o inseto para frente enquanto as asas fornecem sustentação no ar. P. Por que as asas das borboletas possuem colorido diferente nos lados de cima e de baixo? R. A parte de cima (dorsal), geralmente exposta durante o vôo, é mais colorida e pode ser considerada o lado social da asa, usado, por exemplo, para atrair um parceiro para o acasalamento. O lado de baixo (ventral) geralmente é exposto quando a borboleta está em repouso. Este lado muitas vezes tem um colorido mais escuro e desenhos de camuflagem. Os machos de morfos são bons exemplos. Borboletas que pousam com as asas abertas, como as borboletas mascote e estaleiro (gênero Hamadryas), possuem desenhos de camuflagem no lado dorsal das asas. P. Como as borboletas comunicam entre si? R. As borboletas comunicam-se umas com as outras, da mesma espécie ou de espécies diferentes, através do seu colorido, cheiros, sons e movimentos. Com o colorido das suas asas as borboletas conseguem sinalizar para que reconheçam sua espécie e sexo. Os cheiros, chamados feromônios, são produzidos por machos e fêmeas de algumas espécies e funcionam como um suave perfume para atrair um parceiro durante a corte. Mais estranho ainda é o comportamento da nossa borboleta estaleiro (Hamadryas): os machos 37 produzem sons que relembram uma pessoa estalando os dedos, provavelmente para afastar outras borboletas machos da mesma espécie. P. Borboletas voam alto? Voam rápido? Voam longe? R. As borboletas são vistas todos os anos voando em cima de prédios altos na cidade de Nova Iorque, ou seja, a mais de 330 m de altitude. Pilotos de aviões relataram encontros com nuvens de borboletas a mais de 1000 metros de altitude. As borboletas mais rápidas provavelmente são pequenos hesperiídeos que atingem 50 km por hora durante vôos curtos. As borboletas migratórias (que costumam mudar sua moradia) voam mais longe. Entre elas, a monarca na América do Norte é a campeã de distância, pois voa, na primavera, do México central até o Canadá (a mesma espécie na Amazônia é residente o ano todo, mas há borboletas migratórias aqui que enchem o céu com nuvens amarelas). P. Quem dá os nomes para as borboletas? Porque elas se chamam “borboletas”? R. O povo dá os nomes às borboletas que mais chamam atenção, estes nomes comuns são importantes para as pessoas se comunicarem sobre os animais e plantas. Os especialistas dão os nomes científicos às borboletas para poder diferenciá-las entre as milhares de espécies. Enquanto os nomes comuns, variam de um país para outro (eimuitas vezes, de uma região para outra), os nomes científicos são os mesmo no mundo inteiro. A palavra "borboleta" vem de "belbellita", uma maneira antiga de dizer "muito belo". P. Como se produz a cor azul das asas de borboletas morfos? R. A cor azul metálica que caracteriza os machos do gênero Morpho é produzida pela difração da luz refletida nas escamas. A luz é refletida, ao mesmo tempo, das superfícies superior e inferior da escama e, quando os raios de luz chegam aos olhos do observador, produzem a intensa cor azul que caracteriza essas borboletas. Com o passar dos anos, exemplares de morfos, como a azul-seda, imperador e capitão-do-mato, não perdem seu colorido azul. Este tipo de coloração chama-se coloração estrutural, pois não depende de pigmentos e, sim, de características físicas das escamas. P. As lagartas quando se transformam em borboletas continuam a crescer? R. Não, o crescimento só ocorre no período em que elas são lagartas. Quando atingem a fase adulta, já não crescem mais. P. Borboletas têm nariz? R. Bem, elas não possuem um nariz propriamente dito. As partes do corpo que funcionam como nariz são as antenas e certos pêlos que detectam o cheiro. P. Como as borboletas namoram? R. Borboletas machos e fêmeas se localizam visualmente pelas cores das asas. Podem voar juntas em cima de arbustos e finalmente pousar nas folhas. Geralmente os machos perseguem as fêmeas, mas às vezes as fêmeas vão atrás dos machos. 38 P. Como uma borboleta macho reconhece uma borboleta fêmea? R. Existem várias maneiras de uma borboleta macho reconhecer a sua parceira. Uma delas é pelo cheiro: geralmente as fêmeas exalam, através de seus pêlos, ferormônios que atraem o macho. Outra, seria através do colorido e formato de suas asas. Outra maneira seria o reconhecimento pelo comportamento, como por exemplo as acrobacias usadas para fazer a corte ao seu parceiro. P. Se cortarmos um pedaço da asa de uma borboleta, ela vai sentir dor? R. Não, pois as asas são formadas apenas por uma fina camada de uma proteína chamada de quitina (a mesma substância que compõe o exoesqueleto) e é recoberta por pêlos modificados chamados de escamas. P. As borboletas têm sangue? Qual a cor? R. Sim, as borboletas possuem sangue, também chamado de hemolinfa. É geralmente um líquido claro, podendo ser também de cor esverdeada ou amarelada. P. Quantas cores a borboleta mais colorida possui? R. Geralmente o número de cores varia muito de espécie para espécie, mas o máximo que uma borboleta chega a possuir são seis cores. P. O que leva uma borboleta ser maior ou menor que as outras? R. Há vários fatores que influenciam no tamanho de uma borboleta. Um deles é a espécie: dependendo da espécie que a borboleta for, ela será maior ou menor. Muitas vezes os machos são maiores que as fêmeas. A qualidade e quantidade de alimento da lagarta é outro fator também muito importante. P. Como é que eu posso saber se uma borboleta é desta ou daquela espécie? R. A identificação das borboletas é feita segundo a observação de alguns característicos morfológicos (estrutura externa), como o formato e colorido das asas, o tipo de antena, a organização das nervuras na asa e o número de patas que o bicho possui. P. As borboletas enxergam? R. Sim. As borboletas possuem dois tipos de olhos: os olhos compostos (em número de dois), que são formados por vários olhos menores chamados omatídeos e três olhos simples ou ocelos. As borboletas não enxergam tão claramente como nós, e sua capacidade de distinguir formas não é bem desenvolvida; em compensação, são bem sensíveis a movimentos. É por isto que, quando nos aproximamos de uma borboleta em repouso, ela foge rapidamente. As borboletas percebem todas as cores do arco-íris, incluindo vermelho, e ainda a ultravioleta. 39 P. E as lagartas enxergam? R. As lagartas possuem apenas os ocelos, que são aqueles olhos mais simples, não são capazes de formar imagens. Elas podem detectar apenas a direção e intensidade de luz. P. Onde posso encontrar mais informações sobre borboletas e mariposas? R. Veja na lista de livros na seção "Referências Bibliográficas" neste álbum. Há também outros livros sobre borboletas nas bibliotecas. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARDES, A.T.; MACHADO, A.B.M. et al. 1990. Fauna brasileira ameaçada de extinção. Belo Horizonte, Fundação Biodiversitas. COSTA LIMA, A.M. 1945. Insetos do Brasil. v. 5. Rio de Janeiro, Escola Nacional de Agronomia. COSTA LIMA, A.M. 1950. Insetos do Brasil. v. 6. Rio de Janeiro, Escola Nacional de Agronomia. GOELDI, E.A. 1904. Grandiosas migrações de borboletas no vale amazônico. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, 4: 309-316. LAMAS, G. 1977. 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