IV SãoPaulo, Paulo,122 122(91) (91) II ––São Diário Oficial Poder Executivo - Seção I Ambulatório de Tricologia do HC trata doenças específicas do couro cabeludo, de difícil diagnóstico, que exigem investigação minuciosa Viviane chegou ao HC em agosto de 2011, por encaminhamento de médico particular que não conseguiu resolver o seu caso. No ambulatório, recebeu o diagnóstico de alopecia areata – doença do couro cabeludo que resulta na queda localizada de pelos da cabeça ou de qualquer região do corpo. Ela conta que iniciou tratamento com loção, pomada, xampu e medicamento para repor vitamina D, e logo os fios foram reaparecendo: “Lembrome que na segunda consulta estava mais animada, com um sorriso no rosto. No tratamento particular, gastei mais de R$ 700 com médico, cápsula manipulada e sessão de escova a laser, sem sucesso. Aqui, ganho a maioria dos remédios do Sistema Único de Saúde (SUS) e o tratamento é humanizado. Os cabelos renasceram como eram antes, até os brancos”, conta. Triagem – O Ambulatório de Tricologia do HC funciona há cinco anos com o objetivo de estudar e realizar protocolos de pesquisa sobre diversas doenças do cabelo e couro cabeludo. “Durante a especialização, todo dermatologista estuda pele, cabelo, unha e mucosa. E está apto a tratar esses casos, mas desconheço outro ambulatório na rede do SUS específico para cuidar de doenças do cabelo e couro cabeludo”, informa o dermatologista Ricardo Romiti, responsável pelo ambulatório. Apesar de a queda de cabelo ser uma queixa comum, principalmente entre as mulheres, Romiti informa que até o momento não existe no Brasil estudo epidemiológico sobre as diferentes formas de queda de cabelo, no jargão médico, alopecia. Perda de 50 a 100 fios por dia é considerada normal. O Ambulatório de Tricologia atende cerca de 100 pacientes por mês. O dermatologista frisa que o serviço só recebe casos específicos, encaminhados pelas unidades bási- fotos: fernandes dias pereira “P assei por uma situação de muito estresse e meus cabelos caíram totalmente na parte frontal do couro cabeludo. Larguei o emprego, não levantava da cama para nada, só chorava. Fiquei perturbada”, recorda Viviane Souza, 25 anos, moradora de Pirituba, zona oeste da capital. A queda de cabelos, que abalou sua autoestima, foi recuperada depois que iniciou tratamento no Ambulatório de Tricologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Solução para a queda de cabelo Médicos analisam caso da Conceição, em tratamento no Ambulatório de Tricologia desde 2009: “Meu couro cabeludo doía e coçava bastante” Romiti: “Maioria dos casos é tratável, principalmente com diagnóstico no início do quadro” cas de saúde (UBSs). Após agendamento no HC, a pessoa passa por triagem para avaliação médica da gravidade do problema. Apoio psicológico – “Tratamos apenas doenças específicas do couro cabeludo, de difícil diagnóstico, que exigem investigação minuciosa e tratamento especial. O paciente vem referenciado de outra UB, que não conseguiu resolver o caso. Recebemos pessoas de todo o Brasil”, diz o médico. Um pouco de medicina Alopecia cicatricial: resulta na queda do cabelo com inflamação do couro cabeludo, dor e coceira local. Sem tratamento precoce pode levar à queda irreversível. Casos frequentes: micose no couro cabeludo (crianças), lúpus (doença autoimune) e líquen plano. Alopecia não cicatricial: provoca queda de cabelo, mas não há infla- quarta-feira, 16 de maio de 2012 mação do couro cabeludo. Há dois tipos da doença: • Eflúvio telógeno: queda difusa de cabelo, geralmente na mulher, devido à anemia, problemas hormonais, pós-­ ‑parto e outras causas não determinadas. • Pelada ou alopecia areata: queda localizada do cabelo e dos pelos do corpo. Casos graves levam à perda total dos pelos. Quatro dermatologistas e dois psicólogos integram a equipe de assistência. Há também diversos médicos colaboradores que atuam no ambulatório para aprofundar conhecimentos e tornar-se especialista. Romiti diz que a presença do psicólogo é fundamental porque o problema abala a autoestima da pessoa, gera estresse e ansiedade. O psicólogo ensina o paciente como lidar com este problema: “Quem mais reclama é a mulher, pelo estigma da estética e importância do cabelo na sociedade”. Se o caso for irreversível e a perda atingir extensa porção do couro cabeludo, Romiti explica que a pessoa é encaminhada à unidade de implante de cabelo do HC. Para evitar situações como essa, a orientação diante da queda persistente e intensa é procurar dermatologista para diagnóstico e tratamento apropriado. “A maioria dos casos é tratável e tem controle, principalmente com diagnóstico no início do quadro”, frisa, ao destacar que, em geral, o tratamento é a longo prazo. Em outras situações, porém, o problema pode ser recorrente. Prevenção – Romiti informa que a melhor forma de prevenção é manter hábitos de vida saudáveis e dieta alimentar balanceada. A perda das madeixas pode estar associada a distúrbios de tireoide, anorexia, anemia, estresse e outros. Por isso, os pacientes assistidos no ambulatório têm acompanhamento de médicos de outras áreas. Quando a queda de cabelo é facilmente tratável, a pessoa deve ser acompanhada por dermatologista do SUS, convênio ou particular. O ambulatório também não assiste o homem com diagnóstico de calvície, por ser questão genética. A unidade realiza pesquisas, cujos resultados são publicados em revistas científicas nacionais e internacionais. Mantém ainda intercâmbio de pesquisa com centros de tricologia dos Estados Unidos e da Europa. Coceira leve – A dona de casa Conceição Aparecida Sperandio da Silva, 61 anos, faz tratamento no Ambulatório de Tricologia do HC desde setembro de 2009, quando descobriu ser portadora de líquen plano pilar – inflamação no couro cabeludo que atinge, em geral, mulheres na pós‑menopausa. Resulta na queda dos cabelos da região comprometida, além de impedir o seu crescimento. “Quando cheguei aqui, o meu couro cabeludo doía e coçava bastante. Depois do tratamento, melhorou”, conta Conceição, que ficou internada três meses por problemas na vesícula e, por isso, perdeu uma consulta no ambulatório. Enquanto recebe infiltração de corticoide, ela diz que a inflamação e a queda localizada voltaram; porém, a coceira é leve. Viviane Gomes Da Agência Imprensa Oficial