Probabilidade – parte 2 Robério Satyro Definição de probabilidade Vamos analisar o fenômeno aleatório lançamento de uma moeda perfeita. Nesse caso, temos: • = {C, C} p() = 1 • Os subconjuntos de são , {C}, {C} e {C, C}. Assim: p() = 0 p(C) = 𝟏 𝟐 p(C) = 𝟏 𝟐 p(C, C) = 1 Vemos que p(A) 0, para todo A . UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 2 Definição de probabilidade Considerando A = {C} e B = {C}, vemos que: A B = e p(A B) = p({C} {C}) = p(C, C) 1 1 = p() = 1 = + = p({C}) + p({C}) = p(A) + 2 2 p(B). Assim, podemos teoricamente considerar probabilidade como uma função definida nas partes de um conjunto () com valores reais. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 3 Propriedades Podemos então propriedades: definir as seguintes P1: p(A) 0, para qualquer A ; P2: p() = 1; P3: p(A B) = p(A) + p(B), quando A B = . UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 4 Consequências Como consequências da definição de probabilidade, temos as seguintes propriedades: • 1ª propriedade: Impossibilidade ou p() = 0 Como um evento qualquer A (A ) pode ser escrito como A e como A = , podemos aplicar a propriedade P3 e temos: p(A) = p(A ) = p(A) + p() p() = 0 p() = 0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 5 Consequências • 2ª propriedade: Probabilidade do evento complementar Observe que, sendo A a notação para “complementar de A”, temos: AA=eAA= Logo: p() = p(A A ) Aplicando P2 e P3, temos: 1 = p(A) + p(A) p(A) = 1 - p(A) p(𝐀) = 1 - p(A) UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 6 Consequências • 3ª propriedade: Probabilidade da união de dois eventos Admitiremos sem justificativas que: p(A B) = p(A) + p(B) – p(A B) probabilidade da união de dois eventos quaisquer. p(A B) = p(A) + p(B), quando A B= UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 7 Vamos praticar... No lançamento simultâneo de dois dados perfeitos distinguíveis, qual é a probabilidade de não sair soma 5? Nesse caso, o espaço amostral tem 36 elementos: = {(1, 1), (1, 2), (1, 3), ...,(6, 5), (6, 6)} UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 8 Vamos praticar... Seja A o evento “sair soma 5”; A = {(1, 4), (4, 1), (2, 3), (3, 2)} n(A) = 4 n(A) 4 1 p(A) = 36 9 n() 1 9 p(A) = 1 - p(A) 1 - = 9 −1 9 = 𝟖 𝟗 A probabilidade de não sair soma 5 é UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 𝟖 . 𝟗 9 Vamos praticar... Ao retirar uma carta de um baralho de 52 cartas, qual é a probabilidade de que essa carta seja vermelha ou um ás? Evento V: “a carta é vermelha”; Evento A: “a carta é ás” Evento (V A): “a carta é vermelha ou ás” p(V A) = p(V) + p(A) – p(V A) UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 10 Vamos praticar... Num baralho de 52 cartas, há 26 cartas vermelhas e 26 cartas pretas. Há também 4 ases, dos quais 2 são vermelhos. Logo: p(V) = p(A) = 26 52 4 52 = = p(V A) = Assim: 1 2 1 13 2 52 1 2 = p(V A) = + 1 26 1 13 - 1 26 = 14 26 = 7 13 A probabilidade de a carta ser vermelha ou ás é de UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 𝟕 . 𝟏𝟑 11 Vamos praticar... Uma máquina produz 50 parafusos dos quais 5 eram defeituosos. Ao pegar ao acaso 3 parafusos, qual é a probabilidade de que: a) Os três sejam perfeitos? 50 3 50! 3!47! 50 . 49 . 48 . 47! 3 . 2 . 47! 45 3 45! 45 . 44 . 43 . 42! 3!42! 3 . 2 . 42! n() = = = = 50 . 49 . 8 Evento A: os três parafusos são perfeitos, como são perfeitos retiramos os 5 defeituosos dos 50 e combinamos 3 a 3. n(A) = p(A) = = 15 . 22 . 43 50 . 49 . 8 = 15 . 22 . 43 0,72398 72% UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 12 Vamos praticar... b) Os três sejam defeituosos Evento B: os três parafusos são 5 defeituosos, que pode ocorrer de 3 maneiras. Logo: n(B) = p(B) = 5 . 4 . 3! = = = 10 3! . 2 10 1 = 0,0005 50 . 49 . 8 1960 5 3 5! 3!2! UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 0,05% 13 Vamos praticar... c) Pelo menos um seja defeituoso? Evento C: “pelo menos um é defeituoso”, que é o complementar do evento A: “os três são perfeitos” (que é o mesmo que “nenhum é defeituoso”). Logo: p(E) = p(A) = 1 – p(A) 1 – 0,72398 0,27602 28% UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 14 Probabilidade Condicional Analisemos a seguinte situação: Uma moeda é lançada três vezes. Nesse caso o espaço amostral é: = {CCC, CCC, CCC, CCC, CCC, CCC, CCC, CCC} Consideramos o evento A: sair cara exatamente duas vezes. Então: A = {CCC, CCC, CCC} p(A) = UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 3 8 15 Probabilidade Condicional Agora, consideremos que, ao ser lançada a moeda três vezes, “o resultado do primeiro lançamento foi cara”. Qual é a probabilidade de sair cara exatamente duas vezes? O espaço amostral passa a ser B com: B = {CCC, CC C, CCC, C CC} e A’ = {CCC, CCC} em que A’ = A B e a probabilidade pedida é: n(A’) 2 𝟏 p(A’) = = = n(B) 4 𝟐 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 16 Probabilidade Condicional Observe que a probabilidade do evento “sair cara em ambos os lançamentos” foi modificada pela presença do evento condicionante “o resultado do primeiro lançamento foi cara”. Definimos: • Evento A: exatamente dois dos três lançamentos dão cara. A = {CCC, CCC, CCC} • Evento B: o primeiro lançamento dá cara. B = {CCC, CCC, CCC, CCC} UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 17 Probabilidade Condicional Denotamos por A/B o “evento A condicionado ao fato de que o evento B já ocorreu” e por p(A/B) a probabilidade condicional de ocorrer A, tendo ocorrido B. p(A/B) é a probabilidade de sair cara exatamente duas vezes, tendo saído cara no primeiro lançamento. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 18 Probabilidade Condicional Vimos que: 1 p(A/B) = p(A’) = 2 Então: n(A’) n(A B) p(A/B) = = n(B) n(B) Dividimos ambos os termos da fração por n() 0, temos: n(A B) p(A B) n() p(A B) p(A/B) = = p(A/B) = p(B) n(B) p(B) n() Logo: p(A B) = p(A/B) . p(B) UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 19 Vamos praticar... Uma família planejou ter 3 crianças. Qual é a probabilidade de que a família tenha 3 homens, já que a primeira criança que nasceu é homem? Nesse caso, chamando M: mulher e H: homem, temos: = {HHH, HHM, HMM, MMM, MMH, MHH, HMH, MHM} n() = 8 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 20 Vamos praticar... Evento A: a família tem 3 homens A = (HHH) Evento B: a primeira criança é homem B = {HHH, HHM, HMH, HMM} A B = {HHH}; p(A B) = p(A B) p(A/B) = = p(B) 1 8 1 2 = 1 ; 8 4 8 p(B) = = 1 2 𝟏 𝟒 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 21 Vamos praticar... As pesquisas de opinião apontam 20% da população é constituída de mulheres que votam no partido X. Sabendo que 56% da população são mulheres, qual a probabilidade de que uma mulher selecionada ao acaso da população toda vote no partido X? B: pessoa escolhida mulher A: a pessoa vota no partido X A B: mulher que vota no partido X UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 22 Vamos praticar... Procuramos p(A/B). p(B) = 0,56, que é equivalente a dizer que 56% da população são mulheres. p(A B) = 0,2, que é equivalente a dizer que 20% da população são mulheres que votam no partido X. 0,2 0,56 Portanto, p(A/B) = = 0,35, que é equivalente a dizer que 35% das mulheres votam no partido X. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 23 Eventos Independentes A independência de eventos é muito importante em probabilidade. Após analisar um exemplo, definiremos o que são eventos independentes. Consideremos o experimento “lançar dois dados perfeitos de cores diferentes”. Seja A o evento “sair o 6 no 1º dado” e B, “sair o 3 no 2º dado”. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 24 Eventos Independentes Observemos que: n() = 36 A = {(6, 1), (6, 2), (6, 3), (6, 4), (6, 5), (6, 6)} B = {(1, 3), (2, 3), (3, 3), (4, 3), (5, 3), (6, 3)} p(A) = p(B) = 6 36 6 36 = = 1 6 1 6 A B = (6, 3) = p(A B) = p(B A) p(B/A) = = p(A) 1 36 1 6 = 1 36 1 6 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 25 Eventos Independentes 1 6 Assim, p(B) = p(B/A) = , ou seja, a probabilidade de “sair 3 no 2º dado” não foi afetada pelo fato de “sair 6 no 1º dado”, ou, ainda a probabilidade de ocorrer B não dependeu da ocorrência de A. Nesse caso, dizemos que A e B são eventos independentes. A probabilidade de ocorrer um deles não depende do fato de ter ou não ocorrido o outro. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 26 Eventos Independentes Dessa forma, também é verdade que p(A) = p(A/B). p(A B) Assim, como p(A/B) = , temos: p(B) p(A B) = p(A/B) . p(B) = p(A) . p(B) Logo, o fato de A e B serem eventos independentes é equivalente a dizer que p(A B) = p(A) . p(B). UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 27 Eventos Independentes Poderíamos, então, dar a definição: Dois eventos A e B de um espaço amostral (com p(A) 0 e p(B) 0) são independentes se, e somente se, p(A/B) = p(A), ou de modo equivalente: p(A B) = p(A) . p(B) Com isso, podemos afirmar que dois eventos A e B são dependentes quando p(A B) p(A) . p(B) UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 28 Vamos praticar... Consideremos um cria de cachorros com 3 filhotes. Sejam os eventos A: obtenção de pelo menos dois machos e B: obtenção de pelo menos um de cada sexo. Os eventos A e B são independentes? UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 29 Vamos praticar... m: macho; f: fêmea = {mmm, mmf, mfm, fmm, mff, fmf, ffm, fff} 1 A = {mmm, mmf, mfm, fmm} p(A) = 2 B = {mmf, mfm, fmm, mff, fmf, ffm } p(B) = A B = {mmf, mfm, fmm} p(A B ) = 3 8 1 2 3 . 4 3 8 3 4 Vemos que = . Como p(A B) = p(A) . p(B), temos que A e B são independentes. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 30 Método Binomial • O método do produto probabilidades é usado, por exemplo, quando se quer saber qual a probabilidade de, numa família, todas as crianças serem meninos ou todas serem meninas. Se uma casal planejou ter 4 filhos, a probabilidade de que todos sejam meninos é: 1 1 1 1 1 2 2 2 2 16 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 31 Método Binomial • Quando há mistura de sexos, por exemplo 3 meninos e 1 menina, 2 meninas, etc. e não se especifica a ordem de ocorrência, podemos usar o método binomial. • Vejamos agora por meio de exemplos, no que consiste o método binomial e quando podemos usa-los. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 32 Método Binomial • 1º) Consideremos uma família com duas crianças. Se representarmos o nascimento de um menino por M e o nascimento de uma menina por F, temos: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 33 Método Binomial 1 p( M ) p ; 2 1 p( F ) q ; 2 p q 1 {MM , MF , FM , FF } UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 34 Método Binomial • Como sabemos que cada nascimento é independente de nascimentos anteriores, temos: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 35 Método Binomial 1 p(MM) p( M ) p( M ) p p p² 4 1 1 1 p(MF) p( M ) p( F ) p q 2 2 4 1 1 1 p(FM) p( F ) p( M ) q p 2 2 4 1 1 1 p(FF) p( F ) p( F ) q² 2 2 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 36 Método Binomial • Observe que a probabilidade total é igual a 1: 1 1 1 1 1 4 4 4 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 37 Método Binomial • Se não considerarmos a ordem em que ocorrem os nascimentos, podemos escrever: p² 2 pq q² 1 • Onde p² é a probabilidade de nascerem meninos, 2pq é a probabilidade de nascerem 1 menino e 1 menina e q² é a probabilidade de nascerem 2 meninas. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 38 Método Binomial • p² é a probabilidade meninos, ou seja: de nascerem 1 1 1 2 2 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 39 Método Binomial • A probabilidade de nascerem 1 menino e 1 menina( desconsiderando a ordem) é 2pq, ou seja: 1 1 1 2 2 2 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 40 Método Binomial • A probabilidade de nascerem meninas é q², ou seja: 2 1 1 1 2 2 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 41 Método Binomial • Observemos que: 1 p² 2 pq 1q² 2 p ² 2 pq 2 q ² 0 1 2 ( p q)² 1² 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 42 Método Binomial • Em uma família, a probabilidade de nascerem n crianças, das quais k sejam meninos e n-k sejam meninas, é dada por: p(k meninos, n k meninas) n p k q nk k UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 43 Método Binomial • Quando usamos essa fórmula, dizemos que estamos aplicando o método binomial. • Essa probabilidade é um termo da n ( p q ) expansão binomial n k nk p(k meninos, n k meninas) p q k UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 44 Método Binomial • 1º) uma casal pretende ter 5 filhos e deseja saber qual é a probabilidade de ter: • a) 5 meninos; • b) 2 meninos e 3 meninas; • c) 1 menino e 4 meninas; • d) 3 meninos e 2 meninas UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 45 Método Binomial • a) qual é a probabilidade de ter 5 meninos? p(k meninos, n k meninas) n p k q nk k UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 46 Método Binomial 5 p 0 q 50 5 p1q 51 5 p ² q 52 0 1 2 5 p 3q 53 5 p 4 q 54 5 p 5 q 55 3 4 5 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 47 Método Binomial 5! 5! 5! 0 5 1 4 3 pq pq p²q 0!(5 0)! 1!(5 1)! 2!(5 2)! 4 1 5! 3 2 5! 5! 5 0 p q p q p q 3!(5 3)! 4!(5 4)! 5!(5 5)! UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 48 Método Binomial 1 p q 5 p q 10 p² q 0 5 1 4 3 10 p q 5 p q 1 p q 3 2 4 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 5 0 49 Método Binomial • a) qual é a probabilidade de ter 5 meninos? p(k meninos, n k meninas) n p k q nk k 5 p; 1 p 2 5 1 1 2 32 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 50 Método Binomial • b) qual é a probabilidade de ter 2 meninos e 3 meninas? p(k meninos, n k meninas) n p k q nk k 2 3 1 1 5 1 10 p ² q ; p q 10 2 2 2 16 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 51 Método Binomial • c) qual é a probabilidade de ter 1 menino e 4 meninas? p(k meninos, n k meninas) n p k q nk k 1 4 5p q ; 1 pq 2 1 4 5 1 1 5 2 2 32 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 52 Método Binomial • d) qual é a probabilidade de ter 3 meninos e 2 meninas? p(k meninos, n k meninas) n p k q nk k 2 3 1 1 5 1 10 p q ; p q 10 2 2 2 16 3 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS 53