percepção da arborização urbanana na cidade de três rios, rj

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Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016)
Sessão Técnica: Biodiversidade / Ecologia
PERCEPÇÃO DA ARBORIZAÇÃO URBANANA NA CIDADE DE TRÊS RIOS, RJ
Alan Silva Alves Bastos1; Bruna Benazi Vieira1; Gisella de Souza Amaral1; Lécio de
Carvalho Junior1; Victor Oliveira Reis da Cruz1; Michaele Alvim Milward-de-Azevedo2
(Instituto Três Rios, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Avenida Prefeito
Alberto da Silva Lavinas 1847, Três Rios, RJ, Cep- 25802-100,
[email protected], 1Discentes do Curso de Bacharelado em Gestão Ambiental,
2
Professor Adjunto do Departamento de Ciências do Meio Ambiente)
RESUMO
Foi realizado o estudo da arborização urbana no Bairro Centro da Cidade de Três Rios, RJ. Dos 310 indivíduos analisados,
foram reconhecidas 30 espécies, que foram classificadas como exóticas dos ecossistemas brasileiros, exóticas da Mata
Atlântica e nativas da Mata Atlântica. Entre as mais frequentes foram encontradas: Licania tomentosa Benth. (Oiti), Senna
siamea Lam. (Cássia-de-Sião), Pachira aquatica Aubl. (Munguba), Bauhinia variegata L. (Pata-de-Vaca), Terminalia
catappa L. (Amendoeira), Poincianella pluviosa var. peltophoroides (Benth.) L.P. Queiroz (Sibipiruna), Roystonea oleraceae
(Jacq.) O.F. Cook (Palmeira) e Murraya paniculata (L.) Jack. (Murta), representando 80% da arborização do bairro centro.
Das espécies de árvores utilizadas 20 % são nativas da Mata Atlântica, 3,3% são exóticas ao bioma da Mata Atlântica e
76,7% são exóticas de ecossistemas brasileiros. O resultado encontrado demonstra que a arborização de vias públicas da
cidade de Três Rios não foi bem planejada, visto que a maioria das árvores encontradas são exóticas.
Palavras-chave: arborização urbana, espécie exótica, espécie nativa, Mata Atlântica.
INTRODUÇÃO
Para compreender e elaborar uma arborização urbana é necessário abranger toda ou
qualquer vegetação arbórea ou arbustiva da cidade. É necessário um planejamento prévio do
poder público para que o plantio e a manutenção sejam fundamentados com embasamento
técnico e cientifico. Definir as espécies arbóreas adequadas para a condição de cada local
torna-se um fator importante para o planejamento adequado, levando em consideração alguns
elementos conflitantes e eventuais obstáculos que influenciam no desenvolvimento das
árvores (SMAS 2013). Este procedimento é importante para promover o desenvolvimento e a
conservação das árvores, prevenir acidentes, reduzir gastos e evitar possíveis transtornos de
mobilidade e futuras remoções de árvores introduzidas em locais inadequados (SMAS 2013).
A urbanização acarreta diversos problemas ambientais, incluindo modificações no
microclima e na paisagem local, podendo afetar a qualidade de vida e a saúde da população,
por isso, a arborização urbana das vias públicas é uma estratégia utilizada para minimizar tais
problemas (Faria et al. 2007).
Devemos nos atentar a uma série de questões ao se planejar a arborização urbana de
uma cidade. E isso inclui selecionar as espécies ideais para plantio, como as que se adaptam
melhor ao local de plantio, a forma do tronco, da copa, seu tipo de fruto e crescimento
(CEMIG 2011). Saber onde se deve plantar, o quê plantar e como plantar são fatores
primordiais para a arborização (CEMIG 2011).
Possuir uma arborização adequada, além de amenizar aspectos adversos, é importante
sob aspectos cultural, social, histórico, ecológico, estético e paisagístico. Auxilia no conforto
térmico com sombras e maior umidade e qualidade do ar, menos poluído e infiltração de água
no solo que assim evita a erosão ao ocorrer o escoamento superficial da água da chuva
(CEMIG 2011).
Entretanto, futuros problemas serão causados se a arborização não for bem planejada e
implementada, os quais são visíveis e presentes no cotidiano, como a destruição de calçadas,
os danos no funcionamento da rede elétrica e telefônica, e o comprometimento de espécies
nativas dependendo da espécie plantada na arborização, são alguns exemplos, além da invasão
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biológica, que é uma das maiores causas de perda de biodiversidade do planeta (Blum et al.
2008).
Assim, espécies exóticas invasoras são organismos que, se introduzidos em um novo
ambiente fora de seu respectivo bioma, se estabelecem no local, se espalham na região e
ocupam o espaço de espécies nativas, gerando alterações nos processos ecológicos naturais, já
que essas possivelmente serão as dominantes, causando além de impactos ambientais na área,
também impactos socioeconômicos negativos (Blum et al. 2008).
A cidade de Três Rios apresenta um elevado processo de desenvolvimento,
principalmente de suas áreas urbanas. Exatamente por estar situada em local privilegiado da
região Centro Sul Fluminense, contando com ampla malha ferroviária e ligações rodoviárias
com as principais cidades do país (Nunes Cândido 2015). Considerada como uma cidade
empreendedora, sua área urbana necessita de um planejamento adequado para estar em
equilíbrio com o meio ambiente e garantir uma boa qualidade de vida para seus habitantes.
O objetivo deste trabalho foi caracterizar de maneira quantitativa e qualitativa, a
arborização das vias públicas, em ruas do Bairro Centro, na cidade de Três Rios, Rio de
Janeiro; fornecer subsídios para planejamento e aplicação de medidas mitigadoras a
problemas causados à rede aérea de energia e telefonia, assim como às calçadas públicas; e
avaliar à questão das espécies exóticas invasoras na arborização de vias públicas.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no município de Três Rios, que está localizado na mesorregião
Centro Sul Fluminense, entre as coordenadas geográficas 22°6'58"S; 43°12'23"O, no Estado
do Rio de Janeiro (IBGE 2014). O município apresenta uma área de 326,136 km² e uma
população de 102.212 habitantes, com uma parcela flutuante girando em torno de 400 mil
pessoas, por ser uma cidade-pólo (IBGE 2014). De acordo com Gomes et al. (2013), a cidade
apresenta um clima mesotérmico, com verão quente e chuvoso, e temperatura variando de
14,2º até 37,4º. A vegetação é composta por Floresta Estacional Semidecidual com solos do
tipo argiloso (IBGE 2012).
Foi realizado um levantamento do tipo censo das árvores presentes na arborização da
cidade, no período de março a abril de 2016, em dez ruas do Bairro Centro, à saber: Rua Luiz
Bravo, Rua Barbosa de Andrade, Rua Oswaldo Cruz, Rua 14 de Dezembro, Rua Carlos
Ribas, Rua Bernardo Belo, Rua Dr. Carvalho Lima, Rua Padre Conrado, Rua 7 de Setembro e
Rua Feliciano Sadré (Figura 1). O Bairro Centro é uma área residencial, com elevada
quantidade de estabelecimentos comerciais e considerada como região nobre no município
(Faria et al. 2013). O que visivelmente enriquece o Bairro a nível arbóreo, visando uma
estética mais desejada pelos estabelecimentos e residências.
Para cada árvore analisada foi observado a relação da raiz com a calçada, buscando
identificar se houve destruição de calçada por raízes de grande porte, e se a copa das árvores
podiam influenciar no bom funcionamento da rede elétrica e telefônica, além de capturadas
imagens do hábito, folhas e quando possível flores e frutos com câmera fotográfica digital,
além de coleta de ramos foliares para auxiliar na identificação do material no laboratório. A
identificação das espécies foi realizada por comparação utilizando literatura específica.
A fim de dimensionar as proporções das espécies utilizadas na arborização, criou-se
uma categorização de acordo com as procedências das espécies. A área de ocorrência de cada
espécie foi avaliada através do sítio eletrônico da Flora do Brasil
(http://floradobrasil.jbrj.gov.br/) e Catálogo da Flora do Rio de Janeiro
(http://florariojaneiro.jbrj.gov.br/), além de Lorenzi (2002a, 2002b, 2008, 2009), Lorenzi et
al. 2003 e Lorenzi & Souza (1999). As categorias descritas a seguir foram realizadas baseadas
na região de ocorrência ecológica:
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1) Exótica Ecossitemas Brasileiros (EX-BR) – não ocorre espontaneamente nos
ecossistemas brasileiros;
2) Exótica Mata Atlântica (EX-MA) – não ocorre espontaneamente no ecossistema
Mata Atlântica;
3) Nativa Mata Atlântica (NMA) – ocorre naturalmente no ecossistema Mata
Atlântica.
A frequência das espécies foi obtida através da razão entre o número de indivíduos
registrados da espécie e o número total de indivíduos registrados no estudo.
Figura 1: Visualização das ruas inventariadas durante o levantamento da arborização urbana
no bairro Centro da Cidade de Três Rios, RJ. (Fonte: Google Earth)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre o total de 310 árvores registradas nas vias públicas do centro da cidade de Três
Rios, foi possível reconhecer 30 espécies distintas (Tabela 1). Entre elas, as mais frequentes
foram Licania tomentosa Benth. (Oiti), Senna siamea Lam. (Cássia-de-Sião), Pachira
aquatica Aubl. (Munguba), Bauhinia variegata L. (Pata-de-Vaca), Terminalia catappa L.
(Amendoeira), Poincianella pluviosa var. peltophoroides (Benth.) L.P. Queiroz (Sibipiruna),
Roystonea oleraceae (Jacq.) O.F. Cook (Palmeira) e Murraya paniculata (L.) Jack. (Murta).
Estas oito espécies representam cerca de 80% da arborização da cidade (Figura 2). Estas
espécies são comumente utilizadas na arborização de vias públicas, como pode ser observado,
por exemplo, nos trabalhos de Sampaio et al. (2011), Blum et al. (2007), Faria et al. (2007) e
Rocha et al. (2004), com 7, 11, 5 e 7, espécies em comum, respectivamente. Apenas 10
indivíduos observados não foram identificados.
Tabela 1: Lista das espécies registradas na arborização de vias públicas da cidade de Três
Rios, RJ. Para os status das espécies foram considerados: Exótica Ecossistemas Brasileiros
(EX-BR), Exótica Mata Atlântica (EX-MA) e Nativa Mata Atlântica (NMA).
Família
Espécie
Nome
popular
Nº de
indivíduos
Anacardiaceae
Spondias purpurea L.
Siriguela
1
Bioma de
ocorrência
Brasil
-
Distribuição
Geográfica
Brasil
-
Origem
EX-BR
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Spondias dulcis Parkinson
Mangifera indica L.
Cajá-manga
Mangueira
1
1
-
-
EX-BR
EX-BR
Annonaceae
Cananga odorata Lam.
1
-
-
EX-BR
Apocynaceae
Nerium oleander L.
Cananga,
Ilangueilangue
Espirradeira
4
-
-
EX-BR
Arecaceae
Roystonea oleraceae
(Jacq.) O.F. Cook
Dracena fragans L.
Palmeira
14
-
-
EX-BR
Dracena
1
-
-
EX-BR
Handroanthus
Ipê-amarelo
chrysotrichus (Mart. ex A.
DC) Mattos
4
Cerrado,
Mata
Atlântica
NMA
Handroanthus
impetiginosus (Mart. ex
DC.) Mattos
Ipê-roxo
3
Floresta
Amazônica,
Cerrado,
Mata
Atlântica
Tabebuia pentaphylla (L.)
Hemsl.
Spathodea campanulata P.
Beauv.
Licania tomentosa Benth.
(Fritsch.)
Terminalia catappa L.
Ipê-rosa
3
-
BA, PB, PE,
ES, MG, RJ,
SP, PR, SC,
RS
AC, PA, RO,
TO, AL, BA,
CE, MA, PB,
PB, PI, RN,
SE, DF, GO,
MT, MS, ES,
MG, RJ, SP
-
EX-BR
Tulipeira
1
-
-
EX-BR
Oiti
78
17
BA, CE, PB,
PE, PI
-
NMA
Amendoeira
Mata
Atlântica
-
EX-BR
Cássia de
Sião, Cássia
Siamea
Pata-de-vaca
Sibipiruna
57
-
-
EX-BR
23
16
Mata
Atlântica
RJ
EX-BR
NMA
Asparagaceae
Bignoniaceae
Chrysobalanaceae
Combretaceae
Fabaceae
Senna siamea (Lam.)
H.S.Irwin & Barneby
Bauhinia variegata L.
Poincianella pluviosa var.
peltophoroides (Benth.)
L.P. Queiroz
Cassia fistula L.
NMA
Chuva de
ouro
Leucena
8
-
-
EX-BR
6
-
-
EX-BR
Extremosa
Romã
Magnólia
Acerola
Munguba
5
1
1
1
29
Hibisco
Quaresminha
3
1
AC, AM, PA,
MA
RJ
EX-BR
EX-BR
EX-BR
EX-BR
EX-MA
Hibiscus rosa-sinensis L.
Tibouchina granulosa
(Desr.) Cogn.
Floresta
Amazônica
Mata
Atlântica
Jambo
3
-
-
EX-BR
Oxalidaceae
Syzygium malaccense (L.)
Merr. & Perry
Averrhoa carambola L.
Carambola
1
-
-
EX-BR
Rosaceae
Prunus sp.
Ameixeira
2
-
-
EX-BR
Rutaceae
Murraya paniculata (L.)
Jack.
Murta
13
-
-
EX-BR
Lythraceae
Magnoliaceae
Malpighiaceae
Malvaceae
Melastomataceae
Myrtaceae
Leucaena leucocephala
(Lam) de Wit.
Lagerstroemia indica L.
Punica granatum L.
Magnolia L.
Malpighia glabra L.
Pachira aquatica Aubl.
EX-BR
NMA
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Sapindaceae
Indeterminado
Sapindus saponaria L.
Sabão de
soldado
1
Cerrado,
Amazônia,
Mata
Atlântica e
Pantanal
10
-
AC, AM, PA,
TO, AL, BA,
CE, PB, PE,
RN, GO, MT,
MS, MG, RJ,
SP, PR
-
NMA
-
Figura 2: Número de indivíduos das espécies mais utilizadas na arborização urbana da Cidade
de Três Rios, RJ.
Constatou-se que 20% das 30 espécies de árvores utilizadas na arborização urbana de
Três Rios são nativas da Mata Atlântica, 3,3% são exóticas ao bioma da Mata Atlântica e
76,7% são exóticas de ecossistemas brasileiros (Figura 3). Isso mostra que a arborização de
vias públicas da cidade não foi bem planejada, visto que a maioria das árvores encontradas
são exóticas.
Das espécies mais encontradas, a que apareceu em maior quantidade foi a L.
tomentosa, uma espécie nativa da Mata Atlântica, com cerca de 25% dos registros. Esta
espécie é uma escolha frequente na arborização devido à sua copa farta, que produz uma
excelente sombra, é muito tolerante a poluição dos centros urbanos e possui raízes profundas
que não são agressivas para as calçadas (Jardineiro.net 2016). É uma espécie comum da Mata
Atlântica, ocorrendo desde Pernambuco até o norte do Espírito Santo e Vale do Rio Doce em
Minas Gerais (Lorenzi 2002). Segundo Nunes Cândido (2015), é uma espécie de uso
ornamental.
A segunda espécie mais encontrada foi S. siamea com aproximadamente 18% dos
registros e conhecida como Cassia-de-Sião. É uma espécie exótica, originária da Tailândia
(Dutra et al. 2007), muito utilizada na arborização de vias públicas, porém com baixa
tolerância as podas, visto que seu tronco se recupera com mais dificuldade comparado a
outras espécies (Jardineiro.net 2016). Por ser de grande porte, pode exceder a 20 metros de
altura, interferindo na fiação elétrica, e danificar as calçadas por possuir raízes grossas (Faria
et al. 2013). É uma árvore ornamental recomendada para o uso no paisagismo,
frequentemente cultivada em praças públicas e jardins, e amplamente utilizada na arborização
de ruas nas regiões nordeste e sudeste (Lorenzi et al. 2003). De acordo com a Resolução
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SMAC nº 554 de 28 de março de 2014, é considerada como espécie exótica invasora no
município do Rio de Janeiro.
Figura 3: Espécies encontradas na arborização urbana na cidade de Três Rios, RJ. Legenda:
EX-BR- Exótica Ecossistemas Brasileiros (76,7%), EX-MA- Exótica Mata Atlântica (3,3%) e
NMA- Nativa Mata Atlântica (20%).
Outra espécie também muito utilizada foi a P. aquatica. É uma árvore tropical, com
flores perfumadas, apresenta uma copa arredondada que garante uma excelente área de
sombra e um efeito decorativo (Jardineiro.net 2016). É utilizada na arborização urbana pois
oferece sombra, porém, raramente, seus frutos podem causar acidentes quando caem inteiros
(Lorenzi 2002a).
A B. variegata também foi muito encontrada, visto que sua ramagem é esparsa,
ramificada e, formando uma copa cheia e ampla na primavera e verão, fornecendo boa
sombra, e por ser uma espécie ornamental (Nunes Cândido 2015). Por seu porte pequeno,
rápido crescimento e beleza, a pata-de-vaca é uma espécie interessante para o paisagismo
urbano (Jardineiro.net 2016). Por não apresentar raízes agressivas, ela é ideal para calçadas,
canteiros centrais e quintais pequenos, comuns às grandes cidades (Jardineiro.net 2016). É
uma espécie introduzida, de origem da Ásia (Blum et al. 2007).
Terminalia catappa mais conhecida como amendoeiras, também são encontradas em
grande número na arborização urbana na cidade de Três Rios. Favorece um conforto térmico
de até 4 graus, por uma copa incomum, formada por possuir ramos na horizontal, ampla e
cheia que fornece sombra farta, além disso, são excelentes para regiões litorâneas, pois são
tolerantes à salinidade no ar e no solo (Jardineiro.net). Entretanto, essa espécie não é indicada
para arborização urbana, pelo fato de possuírem troncos que podem chegar a 35 metros e
raízes largas, além de liberar grandes sementes, que podem danificar carros e ou atingir
pessoas, e por chegar a um elevado porte, podendo danificar a fiação elétrica e telefônica
(Rocha et al. 2004). De acordo com a Resolução SMAC nº 554 de 28 de março de 2014, é
considerada como espécie exótica invasora no município do Rio de Janeiro.
Poincianella pluviosa var. peltophoroides fornece uma sombra fresca e floração
exuberante, apesar do porte grande e desenvolvimento rápido, ela é passiva e não produz
raízes agressivas, por este motivo, é boa opção para arborização urbana, na ornamentação de
vias públicas e praças (Jardineiro.net 2016). Apresenta uma copa ornamental, sendo uma das
espécies nativas mais cultivadas na arborização urbana na região Sudeste (Lorenzi 2002a).
Roystonea oleraceae é uma árvore exótica que foi plantada no Brasil pela primeira vez
pelo Príncipe Regente Dom João VI no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sendo símbolo da
aristocracia da literatura nacional e de grande efeito paisagístico (Horto Botânico 2016).
Por fim, dentre as espécies com maior número de indivíduos utilizada na arborização
urbana do bairro Centro, M. paniculata é uma espécie exótica de copa densa e muito
ornamental, utilizada frequentemente na arborização de ruas e como cercas-vivas, é muito
tolerante as podas (Lorenzi et al. 2003).
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As demais espécies obtiveram cerca de 20% do total de indivíduos analisados, destas,
Dracena fragans L. e Leucaena leucocephala (Lam) de Wit. são consideradas como espécies
exóticas invasoras no município do Rio de Janeiro, conforme a Resolução SMAC nº 554 de
28 de março de 2014.
Leucaena leucocephala está entre as espécies exóticas invasoras mais prejudiciais,
oferecendo risco e danos ao equilíbrio do ecossistema, e são conhecidas por se proliferarem
descontroladamente e terem uma facilidade de dispersão, causada pelo grande número de
sementes lançadas naturalmente (Costa & Durgan 2010). De acordo com o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a leucena está na lista das 100 piores
espécies invasoras do mundo, sendo considerada como um grande problema por competir
com a vegetação natural e reconhecida como invasora agressiva que acarreta a perda de
biodiversidade (Axel Grael, 2015). Além disso, ela é perigosa em vias públicas, pelo fato de
quebrarem com facilidade e promovendo um risco para os pedestres e veículos (SECONSER
2016).
Handroanthus impetiginosus (Mart. ex A. DC.) Mattos de acordo com o sítio
eletrônico da Flora do Brasil é considerada uma espécie quase ameaçada. Segundo o site
eletrônico do CNCFlora (Centro Nacional de Conservação da Flora http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/), apresenta uma madeira de excelente qualidade para a
produção de móveis, sofrendo desta maneira declínio populacional.
Das espécies analisadas, T. catappa (Amendoeira) danifica as calçadas por possuírem
raízes largas e resistentes e a S. siamea (Cássia de Sião) interfere na fiação elétrica e também
prejudicam as calçadas.
Os resultados aqui encontrados corroboraram com Faria et al. (2013), que também
fizeram o levantamento das árvores nas ruas 14 de dezembro, Oswaldo Cruz e Barbosa de
Andrade, pertencentes ao bairro Centro, na cidade de Três Rios.
De acordo com a listagem de espécies da composição florística de um trecho da Beira
Rio, localizada na cidade de Três Rios, confeccionada no trabalho de Nunes Cândido (2015),
podemos perceber que 13 espécies utilizadas na arborização urbana de Três Rios ocorrem nas
margens do rio Paraíba do Sul, são elas: Bauhinia variegata, Handroanthus chrysotrichus
(Mart. ex A. DC) Mattos, Handroanthus impetiginosus (Mart. ex A. DC) Mattos, Leucaena
leucocephala, Licania tomentosa, Malpighia glabra L., Mangifera indica L., Pachira
aquatica, Poincianella pluviosa var. peltophoroides Sapinus saponaria L., Senna siamea
Tabebuia pentaphylla (L.) Hemsl. e Terminalia catappa.
CONCLUSÃO
Com relação a efetividade do plano de arborização das vias públicas do bairro Centro
da cidade de Três Rios, obteve-se controvérsias quanto ao estudo de espécies indicadas a
arborização. Evidentemente o título de espécies exóticas, traz consigo diversos problemas.
Entretanto grande parte das espécies identificadas nesta categoria, não traziam danos ao
ecossistema e bioma da região, como Espirradeira, Manguba e Murta, que são usados com
frequência nas vias públicas de diversas cidades do mundo. Têm-se como fator alarmante a
presença de espécies invasoras, que proliferam sem controle e passam a representar ameaça
para espécies nativas, gerando desequilíbrio no ecossistema, destacou-se em especial leucena,
cassia e sibipiruna.
Dentre as espécies nativas mais recorrentes e que são benéficas para o meio urbano,
destacam-se L. tomentosa, e B. variegata. É, sobretudo, importante salientar que estas
espécies nativas, são as mais indicadas para compor a estrutura arbórea das cidades inseridas
nos seus respectivos biomas.
Assim, é de extrema importância que haja um manejo adequado das espécies que serão
utilizadas no plano arbóreo das cidades, a fim de proporcionar hegemonia de espécies nativas
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e propícias para o meio urbano. As espécies exóticas requerem uma atenção maior, pelo fato
destas serem divididas em categorias de invasoras, que interferem no equilíbrio da
biodiversidade. Foi notado no bairro Centro, que há uma disparidade entre espécies exóticas e
nativas, tendo as exóticas como as predominantes.
A introdução das espécies exóticas acarreta na diminuição de espécies nativas. Isso
ocorre pelo fato das exóticas ocuparem o seu ambiente de origem, ocasionando o
desequilíbrio no ecossistema. Assim, ocorrerá uma modificação das interações ecológicas e
diminuirá a biodiversidade da região.
A escolha das espécies para a arborização do município não foi bem planejada, visto
que não houve um estudo das espécies ideais para a arborização urbana. É essencial
sensibilizar a população a respeito dos malefícios causados pelas espécies exóticas, para que
não haja novas introduções e ocorra uma invasão biológica. Sendo assim, é recomendado uma
arborização com espécies nativas do bioma da região e adequadas para o ambiente urbano,
levando em consideração sua copa, altura, porte e raízes.
AGRADECIMENTOS
À professora Dra. Erika Cortines pelo auxílio na identificação das espécies analisadas,
e a Maria Júlia pela tradução do resumo para inglês.
REFERÊNCIAS
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