MESTRADO ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE EFEITOS DIRETOS E INDIRETOS DA FRAGMENTAÇÃO DE FLORESTAS SOBRE ESCARABEÍNEOS (COLEOPTERA:SCARABAEIDAE:SCARABAINAE) LUCAS SAWARIS A redução e isolamento de habitat traz efeitos deletérios sobre aspectos gerais de comunidades de organismos. Entretanto, as respostas da biodiversidade a estes efeitos são usualmente estudadas a nível de comunidade, e as diferenças entre espécies que a compõem muitas vezes não são consideradas. Principalmente os efeitos causados em vários níveis tróficos, conhecidos como "cascatas tróficas", como vistos em grupos de besouros copronecrófagos e mamíferos. O objetivo deste trabalho é avaliar como algumas espécies de besouros escarabeíneos respondem a fragmentação florestal. Para isso, o efeito da diminuição do tamanho do habitat e redução de biomassa de mamíferos em 20 fragmentos de floresta foi avaliado sobre tratos de quatro espécies de besouros: Oxysternon conspicillatum, Onthophagus rubrescens, Eurysternus caribaeus e Deltochilum enceladum . Os tratos estudados foram: tamanho populacional, tamanho corporal médio e tamanho de caracteres sexuais secundários. Apenas duas espécies responderam aos efeitos da fragmentação, e ambas somente ao efeito indireto: O. conspicillatum e D. enceladum. Fêmeas de O. conspicillatum responderam negativamente a redução de mamíferos nas áreas estudadas. Redução no tamanho corporal de fêmeas de insetos é associada com a redução da quantidade de ovaríolos e quantidade de recursos alocados para filhotes. Ao passo que D. enceladum só respondeu populacionalmente a redução de mamíferos no ambiente. A redução no número populacional e no tamanho corporal implicam em diferenças em estratégias de alocação de energia, sendo que algumas espécies investem mais em qualidade de cada indivíduo e outras somente em tamanho da prole. Nossos resultados indicam que as espécies estudadas respondem de maneira diferente ao efeito da fragmentação florestal, e que muitas vezes os efeitos podem estar mascarados através de efeitos indiretos, como no caso da redução de mamíferos. O fato de que algumas espécies não responderam às métricas escolhidas pode ser explicado pela especificidade de habitat não tão rígida, o que possibilita explorar recursos em habitats adjacentes ao de floresta. A não resposta em caracteres sexuais provavelmente indica sensibilidade menor à redução de recursos devido a plasticidade e a carga genética que influencia estes caracteres, o que torna os efeitos de redução de recurso mais difíceis de capturar na natureza. Podemos concluir que apesar de persistirem e co -existirem em ambientes perturbados, as populações de algumas espécies são mais suscetíveis aos efeitos de fragmentação do que outras, e respondem em diferentes aspectos da sua história natural. Concluindo, é essencial considerar atributos de cada espécie e os efeitos ao longo de cascatas tróficas para melhor determinar o real efeito da fragmentação de florestas na biodiversidade. PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO VI MOSTRA DA PÓS-GRADUAÇÃO/2014