Recomendações para melhorar o resultado do tratamento dos

Propaganda
HIPERTENSÃO ARTERIAL PULMONAR
Recomendações para
melhorar o resultado do
tratamento dos pacientes
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
A importância do trabalho conjunto
Rogério Souza
Professor Livre-Docente
Disciplina de Pneumologia – Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
Responsável pela Unidade de Circulação
Pulmonar do Instituto do Coração do
HCFMUSP
As últimas duas décadas foram de mudanças muito marcantes no cenário da
hipertensão arterial pulmonar; vários aspectos resultaram em melhora significativa
do cuidado ao paciente portador de HAP.
No início da década de 1990, não existiam medicamentos de uso específico para
o tratamento da HAP; pequenas séries de casos buscavam evidenciar o papel de
novas substâncias que pudessem diminuir o estreitamento vascular que caracteriza a
doença. Foi quando um salto substancial ocorreu no conhecimento da fisiopatologia
da HAP. Em dez anos, três grandes vias fisiopatológicas foram descritas permitindo o
desenvolvimento de pelo menos sete medicamentos atualmente em uso no tratamento
específico da hipertensão arterial pulmonar. Com o desenvolvimento dos prostanóides,
dos antagonistas dos receptores de endotelina e dos inibidores de fosfodiesterase
tornou-se possível não apenas estratificar-se o tratamento de acordo com a gravidade da
doença, mas também combinar medicamentos das diferentes classes terapêuticas. Essa
nova realidade permitiu estender o tratamento a um número muito maior de pacientes;
mais ainda, permitiu o desenvolvimento de esquemas de tratamento baseados no que
de mais robusto existe em termos de evidência científica. Mas qual a importância disto?
É simples; nos últimos anos, através de grandes registros de pacientes desenvolvidos
na Europa e nos EUA, foi possível observar-se que os esquemas atuais de tratamento
tiveram impacto muito significativo na melhora da função cardíaca, da capacidade de
exercício e principalmente da qualidade de vida dos pacientes portadores de HAP,
retardando a progressão da doença, fazendo com que os pacientes vivam mais e melhor.
Face a isso, fica evidente o progresso; mas ainda há muito a ser feito.
Os mesmos registros clínicos que evidenciaram o impactos das terapias
disponíveis no retardo da progressão da doença também mostraram vários pontos
que merecem atenção ainda maior.
Ainda existe um número bastante representativo de pacientes não tratados
adequadamente, por vários motivos. O principal deles é a disponibilidade
heterogênea dos diversos medicamentos ao redor do mundo. Enquanto alguns países
disponibilizam todos os tipos de medicamentos existentes, outros limitam apenas aos
tratamentos orais e outros ainda não permitem acesso direto dos paciente a qualquer
um dos tratamentos existentes, o que é trágico para todas as pessoas envolvidas com
a hipertensão pulmonar. Mas mesmo nos locais onde as medicações são amplamente
disponíveis, ainda existe a necessidade de melhorar os programas de educação médica
continuada para que um número cada vez maior de médicos saiba lidar com o paciente
portador de HAP, assim como diagnosticar a doença em fases mais precoces. Ainda
há uma demora muito grande entre o início dos sintomas e o diagnóstico definitivo
da HAP, com a realização do cateterismo cardíaco direito. Nesse sentido, aumentarse o conhecimento sobre a hipertensão arterial pulmonar passa a ter fundamental
importância, tanto no que se refere ao público médico quanto ao público em geral.
Ao se difundir mais e mais o conhecimento sobre a HAP, um número maior de
pessoas começa a identificar o melhor momento para procurar auxílio médico e um
número maior de médicos passa a pensar na HAP durante a investigação diagnóstica
destes pacientes. Esse é um dos grandes objetivos que levou ao desenvolvimento
deste documento, tornar o conhecimento sobre a hipertensão pulmonar cada vez
mais acessível, aproximando pacientes, médicos e familiares em torno de um fim
comum que é a melhora progressiva e contínua de todos os portadores de HAP até
que um dia possamos vislumbrar a cura da mesma em nosso horizonte.
É esse também um dos grandes papéis das associações de pacientes portadores de
HAP e seus familiares. Inúmeras associações existem ao redor do mundo, inclusive
no Brasil, e sem elas, muito do avanço das últimas décadas não teria ocorrido. São
as associações de pacientes e a rede de comunicação criada entre elas que facilitam a
disseminação do conhecimento, atuam junto aos órgãos governamentais para aumentar
a acessibilidade aos tratamentos existentes e mantém o tônus necessário para que as
pesquisas sobre a doença não percam o ritmo desenvolvido ao longo dos últimos anos.
Este trabalho também é fruto da atuação incansável dos pacientes portadores de HAP e
seus familiares, no Brasil e no mundo, e foi desenvolvido com dedicação incomum de todos
os envolvidos como mais um passo na trilha em busca da melhora definitiva da HAP.
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
Associação de Hipertensão Pulmonar
Membros do Grupo de Trabalho White Paper
Rino Aldrighetti
Anne Keogh, M.D.
Presidente, Pulmonary Hypertension Association
(Associação de Hipertensão Pulmonar), EUA
Professora de Medicina
Cardiologista Sênior de Transplante de Coração, ChefeAdjunto de Pesquisa Clínica no Victor Chang Research
Institute (Instituto de Pesquisa Victor Chang)
St Vincent’s Hospital
Sydney, Austrália
David B. Badesch, M.D.
Professor de Medicina
Diretor Clínico, Pulmonary Hypertension Center (Centro
de Hipertensão Pulmonar)
Defensor de Sujeitos de Pesquisa, CTSI
Presidente, Comissão de Farmácia e Terapêutica
University of Colorado, Denver
Karen A. Fagan, M.D.
Chefe, Divisão de Medicina Pulmonar e Intensiva
University of South Alabama
Mobile, Alabama
Gerry Fischer
Presidente, Pulmonary Hypertension Association
(Associação de Hipertensão Pulmonar), Europa
Sean Gaine, M.D., Ph.D.
Diretor, Unidade Nacional de Hipertensão Pulmonar
Hospital Universitário Mater Misericordiae
University College Dublin
Dublin, Irlanda
Marius M. Hoeper, M.D.
Departamento de Medicina Pulmonar
Escola Médica de Hannover
Hannover, Alemanha
Prof. Zhi-Cheng Jing, M.D.
Departamento de Circulação Cardiopulmonar
Hospital Pulmonar de Xangai
Departamento de Fisiopatologia
Escola de Medicina da Universidade de Tongji
Xangai, China
Michael McGoon, M.D.
Professor de Medicina
Divisão de Doenças Cardiovasculares
Mayo Clinic College of Medicine
Rochester, Minnesota
Noriko Murakami
Fundador e Presidente
Pulmonary Hypertension Association (Associação de
Hipertensão Pulmonar), Japão
Toru Satoh, M.D.
Professor de Medicina
Divisão de Cardiologia
Escola de Medicina da Universidade de Kyourin
Tóquio, Japão
Rogerio Souza, M.D., Ph.D.
Departamento Pneumologia
Instituto do Coração
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
São Paulo, Brasil
Adam Torbicki, M.D., Ph.D.
Departamento de Medicina Torácica
Instituto de Tuberculose e Doenças Pulmonares
Universidade Médica de Varsóvia
Varsóvia, Polônia
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
Conteúdo
[5] Resumo Executivo
[7] Uma Doença Rara e Silenciosa
Fatores de Risco [7]
Um Diagnóstico de Exclusão [8]
Tratamento [10]
Pesquisa Clínica [11]
[11] É preciso um engajamento da comunidade
[13] Maximizando o Resultado do Tratamento do Paciente
[15] Um Chamado à Ação
Pulmonary Hypertension Association (Associação Norte-americana de Hipertensão
Pulmonar) [15]
Pacientes e Cuidadores [15]
Não Especialistas em HP [15]
Especialistas em HP [16]
Profissionais de Saúde Aliados [16]
[16] Conclusão
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
Resumo Executivo
A hipertensão arterial pulmonar (HAP)
é uma forma de hipertensão pulmonar
(HP) caracterizada por estreitamento
e endurecimento das artérias pulmonares, o que, em última análise, resulta em insuficiência cardíaca. A HAP
afeta indivíduos de todas as idades,
todas as etnias e em todas as regiões.
Embora não haja cura para a HAP, a
evolução dos pacientes tem melhorado
consideravelmente ao longo dos últimos 20 anos com o advento das terapias direcionadas e o crescimento da
experiência de centros especializados
dedicados à HP. Apesar das contínuas
adições ao arsenal de tratamento, continuam existindo atrasos substanciais
no diagnóstico e nos cuidados ideais
dos pacientes com HAP, bem como
um retardo significativo no encaminhamento dos pacientes a centros
especializados em HP. Essa ainda é a
maior barreira para maximizar os resultados do tratamento, aumentar a
sobrevida e melhorar a qualidade de
vida. Quando o diagnóstico é confirmado, muitos pacientes com HAP já
perderam seus empregos e estão de-
pendentes da família. Na prática clínica, o diagnóstico e tratamento precoce
(diagnóstico enquanto ainda dentro da
Classe Funcional I ou II) significa que
os pacientes podem continuar trabalhando durante todo o seu tratamento,
realizar atividade física leve, e manter
maior independência.
Superar essa barreira requer aumentar a conscientização nas comunidades em geral e médicas e encaminhar
pacientes a especialistas em HP em
caso de suspeita de HAP. Devido à
complexidade do tratamento dessa
doença potencialmente fatal, os cuidados contínuos dos pacientes com
HAP devem ser nada menos que um
esforço colaborativo de equipe entre
os médicos de atenção primária do
paciente e um centro especializado em
HP. Cada grupo de partes interessadas
— paciente, médico, cuidador, profissional de saúde envolvido — pode
dar contribuições importantes para
maximizar os resultados do tratamento. Esforços organizacionais por meio
da Pulmonary Hypertension Association
(PHA, Associação Norte-americana
de Hipertensão Pulmonar) podem
tornar isso possível.
A PHA criou um verdadeiro espírito
de cooperação entre os pacientes, médicos, enfermeiros, cientistas, cuidadores e indústria — um engajamento
na comunidade médica e não médica
— a fim de encontrar maneiras de
prevenir e curar a HP, e dar esperança à comunidade da HP por meio de
apoio, educação, amparo e conscientização. Desde 1990, a PHA evoluiu
para uma comunidade de mais de 10
mil pacientes, cuidadores, familiares
e profissionais médicos, e se tornou
um ponto central internacional para a
comunidade. Conforme essa comunidade expande-se internacionalmente
para países em desenvolvimento, onde
há disponibilidade limitada de tratamentos, falta de reembolso e resultados ruins de sobrevida, a PHA tem a
oportunidade de impactar de maneira
significativa a vida dos pacientes globalmente.
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
5
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
Uma Doença Rara e Silenciosa
Hipertensão pulmonar (HP) é um
termo geral usado para qualquer condição que cause pressão anormalmente
alta no sistema vascular pulmonar. A
HP é dividida em cinco grupos clínicos, a depender da causa da condição
(Anexo A: Classificação Clínica da
HP). O grupo 1, conhecido como hipertensão arterial pulmonar (HAP),
é uma forma rara de HP que afeta
especificamente as artérias pulmonares, fazendo com que elas tornem-se
estreitas e rígidas.
As artérias pulmonares transportam
sangue que retorna do corpo para os
pulmões, onde o sangue recebe um
novo suprimento de oxigênio. O estreitamento das artérias força o lado
direito do coração a trabalhar mais
para bombear sangue através das artérias e para dentro dos pulmões (Figuras 1 e 2), e pode ser causado por
diferentes mecanismos:1
• Vasoconstrição. Os músculos
dentro das paredes das artérias
contraem, ou se comprimem;
• Remodelamento. As
paredes das artérias podem
se tornar espessas a partir de
crescimento celular excessivo
no revestimento dos vasos;
• Inflamação;
• Trombose. Pequenos coágulos
podem se formar dentro das
artérias.
A maioria das pessoas nunca ouviu falar da rara doença
hipertensão arterial pulmonar, e muito menos conhece
os sintomas ou entende a enorme luta que os pacientes
que vivem com a doença enfrentam todos os dias, como
simplesmente subir escadas.
Gerry Fischer, Presidente, PHA Europa
Ao longo do tempo, o coração se enfraquece e se esforça para fornecer
oxigênio para o corpo, resultando nos
sintomas de HAP, incluindo falta de
ar, fadiga, dor torácica, tonturas e desmaios.2 Se deixado sem tratamento, o
coração finalmente falhará, levando à
incapacidade grave e à morte.3 Não há
cura para a HAP. Contudo, tratar os
pacientes precocemente pode controlar a doença por anos.
Fatores de Risco
Existem 30 a 50 casos de HAP por
milhão de indivíduos e a doença afeta pessoas de todas as idades, todas as
etnias e em todas as regiões.4 Ao longo
das três últimas décadas, a distribuição
etária e de gênero da HAP evoluiu.
Nos anos de 1980, a média de idade do
diagnóstico era de 36 anos, de acordo
com os registros dos Institutos Nacionais de Saúde Norte-Americanos (National Institutes of Health, NIH). 5 Hoje,
a média de idade do diagnóstico é 50
anos, de acordo com os registros Fran-
cês e dos EUA.6 Contudo, em países
em desenvolvimento como a China, a
média de idade do diagnóstico permanece 36 anos.8 Além disso, as mulheres
são quatro vezes mais suscetíveis que
os homens. Em meados da década de
1980, a razão sexo feminino:masculino para HAP idiopática (HAPI)
era de 1,7:1 conforme relatado pelo
Registro do NIH de HAPI; hoje é
4,1:1 conforme relatado pelo registro
do REVEAL.6 Contudo, há diferenças
geográficas nessas razões. Por exemplo,
um registro francês relatou uma razão
sexo feminino:masculino de 1,9:1 nos
anos de 2002 e 2003 e um registro
chinês relatou uma razão de 2,4:1
em 2007.7,8 A razão dessas diferenças
permanece desconhecida; contudo, o
papel dos hormônios na patogênese
da HAP está sendo considerado por
causa do aumento do uso de terapia
de reposição hormonal nos EUA entre o tempo dos registros do NIH e
do REVEAL.6
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
7
Coração Normal
Artérias Pulmonares
(dos pulmões)
Hipertensão Pulmonar
Constrição das
Artérias Pulmonares
Aorta
Veias Pulmonares
(dos pulmões)
Átrio
direito
Ventrículo direito
Átrio
Esquerdo
Ventrículo
esquerdo
Ventrículo
direito alargado
Pulmões
Figura 1 – Coração normal comparado com o coração de um paciente com
hipertensão pulmonar.
Artéria pulmonar saudável
HAP leve a moderada
HAP grave
Figura 2 – Estreitamento das artérias pulmonares associado com HAP.
Há vários tipos de HAP, cada um
dos quais é definido por uma causa
conhecida (Figura 3).9 A HAP
idiopática (HAPI), anteriormente
chamada
hipertensão
pulmonar
primária (HPP), corresponde a doença
esporádica sem história familiar ou um
fator de risco identificado — causa não
conhecida. A HAP hereditária ocorre
por mutações genéticas herdadas em
genes que codificam membros da
superfamília do fator de crescimento
transformante b, incluindo o receptor
de proteína morfogenética óssea tipo
2 (BMPR2), activin receptor-like kinase
type 1 e endoglina. Há também casos
familiares sem mutações germinativas
identificadas nesses genes.10 Entre
50 e 70% dos pacientes com HAP
hereditária têm mutações no gene
BMPR2, que é conhecido por ajudar
a regular o crescimento de células
nas paredes das pequenas artérias dos
pulmões.11 É importante notar que
outros fatores também são necessários
para promover a doença nesses
8
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
pacientes, porque apenas 20% dos
indivíduos com mutações no BMPR2
desenvolvem HAP. Testes genéticos
são uma decisão muito pessoal e
não são obrigatórios em pacientes
com HAPI ou nos casos familiares.
Se o teste genético for realizado, é
necessário aconselhamento genético
para que o paciente seja plenamente
informado dos riscos e benefícios.
Foram identificadas várias drogas
e toxinas que podem colocar os
indivíduos em maior risco de
desenvolver HAP, incluindo o uso de
certos tipos de inibidores de apetite
(por exemplo, aminorex, fenfluramina,
dexfenfluramina), óleo de colza
tóxico,
metanfetaminas,
cocaína
ou anfetaminas, erva-de-são-joão,
agentes quimioterápicos, e alguns
inibidores seletivos de recaptação
de serotonina (SSRI) durante
a gravidez (resultando em HP
persistente do recém-nascido).9 A
HAP também é associada com outras
condições médicas, como doenças
do tecido conjuntivo (por exemplo,
esclerodermia e lúpus), infecção por
HIV, e doença cardíaca congênita com
shunts cardíacos.12
Rastrear indivíduos com qualquer
desses fatores de risco conhecidos
é fundamental para o diagnóstico
precoce.13
Um Diagnóstico de Exclusão
Embora não haja cura, o advento de
terapias direcionadas mudou a HAP
de uma doença rapidamente fatal
para uma condição grave, mas tratável.
Aproximadamente 50% das pessoas
diagnosticadas com HAP morrem
dentro de cinco anos. Para pessoas
cuja HAP não é tratada, a sobrevida
média é de apenas três anos, o que
torna a necessidade de obtenção de
um diagnóstico rápido e preciso ainda
mais urgente.14 A natureza não específica dos sintomas, contudo, representa
um desafio diagnóstico considerável.
O tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico confirmado por
cateterismo do coração direito é de 2,8
anos,6 e esse diagnóstico tardio não
melhorou em mais de duas décadas.15
Indivíduos mais jovens (com idade inferior a 36 anos) e pacientes com história de desordens respiratórias, como
apneia do sono ou desordem obstrutiva
das vias aéreas, são os mais propensos a
experimentar um diagnóstico tardio.16
Tem sido sugerido que indivíduos com
idade inferior a 36 anos experimentam
atrasos maiores no diagnóstico, porque
eles percebem os sintomas mais cedo,
por terem um estilo de vida mais ativo,
sendo frequentemente diagnosticados
como asmáticos.17 Eles também representam o maior grupo de norte-americanos sem seguro de saúde.18
A resistência ao fluxo sanguíneo através dos pulmões (com resultante oxigenação ruim) produz os sintomas de
HAP, incluindo dispneia aos esforços,
fadiga, tonturas durante certos movimentos ou com a tosse, dor torácica,
síncope, hemoptise, e edema.19 Com o
tempo, esses sintomas pioram progres-
Hipertensão Arterial Pulmonar
1.1 HAP Idiopática
1.2 Hereditária
1.2.1 BMPR2
1.2.2 ALK1, endoglina
1.2.3 Desconhecida
1.3 Induzida por droga e toxina
1.4 Associada com
1.4.1 Doenças do tecido conjuntivo
1.4.2 Infecção por HIV
1.4.3 Hipertensão portal
1.4.4 Doenças cardíacas congênitas
1.4.5 Esquistossomose
1.4.6 Anemia hemolítica crônica
1.5 Hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido
Figura 3 - Grupo I HAP
sivamente e podem afetar seriamente
a qualidade de vida do paciente, tornando difíceis até atividades diárias
simples, como caminhadas de distâncias curtas (Figura 4).20 Visto que esses
sintomas são inespecíficos — e pelo
fato de a HAP ser uma doença rara —
eles são comumente atribuídos a outras condições, tais como asma, doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC),
insuficiência cardíaca, excesso de peso
e falta de condicionamento físico.
Como resultado, a maioria dos pacientes consultará três diferentes médicos
ao longo de um período de três anos,
em média, antes que sejam finalmente
diagnosticados com HAP. Infelizmente, nesse tempo, a maioria dos pacientes já está em estágios relativamente
avançados da doença — aproximadamente 61% dos pacientes estão em
Classe Funcional III, e 12% estão em
Classe Funcional IV no momento do
diagnóstico.6
Classe I
Pacientes com hipertensão pulmonar, mas sem limitação da atividade física. Atividade física comum não causa dispneia ou fadiga, dor torácica ou quase síncope.
Classe II
Pacientes com hipertensão pulmonar que resulta em leve limitação da atividade física. Eles ficam
confortáveis em repouso. Atividade física comum causa dispneia ou fadiga, dor torácica ou quase
síncope indevida.
Classe III
Pacientes com hipertensão pulmonar que resulta em limitação marcada da atividade física. Eles
ficam confortáveis em repouso. Atividades físicas mais leves que as comumente realizadas causam
dispneia ou fadiga, dor torácica ou quase síncope indevida.
Classe IV
Pacientes com hipertensão pulmonar incapazes de realizar qualquer atividade física sem sintomas.
Esses pacientes manifestam sinais de insuficiência do coração direito. Dispneia e/ou fadiga podem
estar presentes mesmo em repouso.
Figura 4 – Classificação Funcional da Organização Mundial da Saúde (OMS)
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
9
A confiança que tem evoluído ao longo dos anos entre os
médicos, cientistas e PHA e os pacientes tem tornado possível
a condução de estudos clínicos multicêntricos… os pacientes
estão dispostos a participar na pesquisa clínica e isso
contribui para o avanço do conhecimento no campo.
David Badesch, M.D.
Embora testes não invasivos como
ecocardiografia e radiografias torácicas (raios X) sejam úteis na detecção da HAP, o cateterismo do coração direito (CCD) permanece sendo
o padrão ouro de diagnóstico para a
HAP e é necessário para confirmar
o diagnóstico (Anexo B: Resumo
de Testes Comuns para HP).21 O
CCD é um procedimento invasivo,
envolvendo a passagem de um tubo
fino (cateter) através do pescoço ou
da virilha para o lado direito do coração e para as artérias para medir a
pressão arterial e o débito cardíaco.
A HAP é definida como um aumento na pressão arterial pulmonar média (PAP) ≥ 25 mmHg no repouso,
avaliada pelo CCD. Embora o CCD
seja usado internacionalmente para
confirmar o diagnóstico de HAP,
ele não é usado em todos os países
igualmente. Na China, por exemplo,
apenas alguns pacientes com HAP
grave serão submetidos ao CCD devido ao caráter invasivo e ao custo
do procedimento.8
Tratamento
A perspectiva para os pacientes com
HAP melhorou consideravelmente
nos últimos anos com o número crescente de opções de tratamento. Se os
pacientes são diagnosticados e tratados
o mais precocemente possível — de
10
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
preferência enquanto ainda em Classe
Funcional I ou II — a progressão da
doença pode ser retardada, impactando tanto a sobrevida quanto a qualidade
de vida.22 É importante notar, contudo, que o diagnóstico de HAP deve
ser confirmado com o CCD antes do
início do tratamento, visto que essas
terapias podem ser prejudiciais aos pacientes que não têm HAP.
Os tratamentos para a HAP incluem terapias médicas convencionais
(bloqueadores dos canais de cálcio
[BCCs], digoxina, diuréticos, oxigênio
ou varfarina), bem como terapias
direcionadas. Importantemente, os
BCCs podem ser usados apenas em
uma pequena subsérie de pacientes
com HAP, cujas artérias pulmonares
dilatam-se significantemente durante
um teste de vasorreatividade. Tal teste
deve ser realizado durante o CCD
antes que sejam tomadas as decisões
de tratamento. Para pacientes não
adequados ao tratamento com BCC,
ou para aqueles que se deterioram
clinicamente apesar do tratamento,
estão disponíveis atualmente três
classes terapêuticas de tratamento
direcionadas às vias-chave envolvidas
no crescimento e na contração
anormais das células musculares lisas
que revestem as artérias pulmonares
em pacientes com HAP:23
• Antagonistas do Receptor de
Endotelina (AREs) bloqueiam
a ação da endotelina, uma
molécula que estreita os vasos
sanguíneos;
• Inibidores da fosfodiesterase 5
(inibidores da PDE-5) induzem
o relaxamento e efeitos antiproliferativos nas células musculares
lisas vasculares;
• Análogos da prostaciclina
estimulam as células que fazem
com que os vasos sanguíneos se
expandam.
A depender da gravidade da HP,
transplante de coração ou de pulmão
também pode ser uma opção.
Doenças raras tipicamente têm populações limitadas com as quais resolver
problemas tão complexos quanto os de
doenças comuns, mas avanços significantes foram feitos no diagnóstico e
no tratamento da HAP ao longos dos
últimos 20 anos. Esses avanços foram tornados possíveis, em parte, por
meio da Pulmonary Hypertension Association (Associação de Hipertensão
Pulmonar). A PHA criou um verdadeiro espírito de cooperação entre
os pacientes, médicos, enfermeiros,
cientistas, cuidadores e indústria a
fim de criar o tipo de mudança que
a comunidade da HAP quer para os
pacientes. Como essa comunidade
expande-se internacionalmente para
países em desenvolvimento, onde há
disponibilidade limitada de tratamentos, ausência de reembolso e resultados
de sobrevida ruins, a PHA tem a oportunidade de impactar a vida desses pacientes de forma significativa.
A Pesquisa Clínica
Há vinte anos não existiam tratamentos para a HAP. Hoje, graças aos
avanços feitos na pesquisa clínica, há
nove tratamentos disponíveis. Das
cerca de 7 mil doenças raras conhecidas, o FDA aprovou apenas 400 tratamentos para 200 destas, e a HAP
ocupa, juntamente com a hemofilia, o
terceiro lugar (leucemia e HIV/AIDS
são a primeira e a segunda, respectivamente) nessa lista de prioridades.
Há ainda muitos tratamentos em desenvolvimento. Uma busca pelo termo “hipertensão arterial pulmonar”
no site www.clinicaltrials.gov lista
455 estudos clínicos ativos por todo o
mundo. Em pouco menos de uma dé-
cada, o Programa de Pesquisa da PHA
comprometeu mais de $ 9,5 milhões
para pesquisa, alavancando parcerias
com o National Heart, Lung, and Blood
Institute (NHLBI – Instituto Nacional
do Coração, Pulmão, e Sangue), American Thoracic Society (ATS – Sociedade Americana do Tórax) e a American
Heart Association (AHA – Associação
Americana do Coração), e a PHA
apoiou mais de 40 pesquisadores em
quatro programas de pesquisa de ponta revisados de forma independente.
Esses pesquisadores estão investigando novos métodos para a detecção precoce, novos tratamentos para prevenir
o início da HP e, em última análise,
tentando encontrar uma cura para essa
doença devastadora.
Além do financiamento da investigação, a PHA está envolvida ativamente na educação e no recrutamento de
pacientes para estudos clínicos. Na
Conferência Internacional da PHA,
que acontece a cada dois anos, é instalada uma sala de pesquisa onde todos, incluindo indivíduos saudáveis,
são encorajados a doar sangue para a
pesquisa clínica.
É Preciso um engajamento da comunidade
Em 1985, havia apenas 187 pacientes
conhecidos nos Estados Unidos com
HAP. Dorothy Olson uniu-se às colegas pacientes Theresa Knazik, Shirley
Brown, Judy Simpson e Pat Paton pela
National Organization for Rare Disorders (NORD – Organização Nacional
para Desordens Raras). Juntas, elas
fundaram o primeiro grupo de apoio
à hipertensão pulmonar, que veio a
Sem esperança, você para.
Gail, paciente com HAP e autor de
Pulmonary Hypertension: A Patient’s Survival Guide (Hipertensão Pulmonar:
Um Guia de Sobrevivência do Paciente)
se tornar a Pulmonary Hypertension
Association (Associação de Hiperten-
são Pulmonar). Desde sua primeira
reunião em torno de uma mesa de
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
11
cozinha na Flórida em 1990, a PHA
evoluiu para uma comunidade de
mais de 10 mil pacientes, cuidadores,
familiares e profissionais médicos e
se tornou um ponto central internacional para a comunidade, com mais
de 50 Associações de HP em todo o
mundo. Mesmo com o crescimento
da organização, ela se manteve fiel à
visão dos fundadores:
Continuamos a trabalhar
todos os dias para acabar
com o isolamento que os
pacientes com HP enfrentam,
e encontrar uma cura para a
hipertensão pulmonar.
A força da PHA está no forte senso
de comunidade e propriedade entre os
pacientes e profissionais médicos. Há
papéis coiguais entre as várias partes
interessadas dentro da PHA (pacientes, médicos, enfermeiros, cientistas
e indústria) e cada parte interessada
participa da maneira como é mais apta
a participar. Os pacientes têm um nível muito alto de colaboração com as
partes profissionais da associação. Esse
senso de comunidade capacita os pacientes, permitindo que eles lutem
contra sua doença e se envolvam ativamente em seu tratamento. Os médicos e cientistas que estão envolvidos
com a PHA também entendem que é
importante que aqueles que você está
tentando ajudar não sejam receptores
passivos do que é feito para eles.
12
O modelo de parceria da PHA tem
contribuído grandemente para avanços no diagnóstico e no tratamento da
HAP, em parte devido à confiança que
tem evoluído ao longo dos anos entre
médicos, cientistas e pacientes. Essa
confiança tornou possível conduzir estudos clínicos multicêntricos bem-sucedidos apesar do fato de que a HAP é
uma doença rara. Os pacientes, de fato,
têm o papel mais importante dentro
da PHA e de muitas maneiras têm
direcionado não apenas como a organização funciona, mas como a ciência
básica e a clínica avançam no campo
— por serem organizados e terem uma
mensagem clara, consistente e forte. O
modelo que foi desenvolvido começou
a se firmar em outras organizações ao
redor do mundo. A colaboração entre
as associações globais está ajudando a
superar algumas das diferenças culturais e organizacionais entre os países.
A PHA também entende que se o
aprendizado é interrompido, o mesmo
acontece com as vidas dos pacientes.
Por essa razão, há uma forte ênfase na
educação para profissionais médicos,
pacientes, cuidadores, representantes
políticos e líderes de grupos de apoio.
A iniciativa educacional multipatrocinada e multifacetada da PHA é uma
das maneiras mais importantes pelas
quais a PHA estende-se para as comunidades médicas e de pacientes,
para melhorar a conscientização sobre a doença, o diagnóstico precoce e
encaminhamento para centros especializados em HP na forma de con-
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
ferências internacionais e encontros
regionais, uma universidade on-line,
boletins informativos, jornais médicos,
educação médica continuada (EMC) e
um guia de sobrevivência do paciente
(Figura 5).
PULMONARY HYPERTENSION
A PATIENT’S SURVIVAL GUIDE
Fourth edition, Summer 2011
Figura 5 – Guia de Sobrevivência de Pacientes da PHA
A comunidade da HP percebe que há
muito que pode ser feito para melhorar
os resultados dos pacientes hoje, até que
a cura seja encontrada. Dada a raridade
da doença, uma das maiores barreiras
para maximizar os resultados do tratamento, incluindo aumento da sobrevida
e melhora na qualidade de vida, são o
atraso no diagnóstico precoce e no início do tratamento ideal dos pacientes.
Superar essas barreiras requer o aumento da conscientização em meio à população em geral e o encaminhamento
dos pacientes para especialistas em HP
em caso de suspeita de HAP. Esforços
organizacionais por meio da PHA podem tornar isso possível.
Maximizando o Resultado do Tratamento
do Paciente
As perspectivas para os pacientes com
HAP melhoraram consideravelmente
nos últimos anos com a introdução de
diretrizes de diagnóstico e tratamento20; contudo, a natureza não específica
dos sintomas continua a fazer da HAP
um desafio diagnóstico considerável.
Permanecem os atrasos substanciais
no diagnóstico e nos cuidados ideais
dos pacientes com HAP, bem como os
encaminhamentos significativamente
atrasados para centros especializados
em HP.6 O tempo para o diagnóstico
não melhorou em mais de duas décadas.15 À época do CCD diagnóstico,
muitos pacientes tornaram-se tão deteriorados funcionalmente que já perderam seu emprego e são dependentes
da família — uma consequência econômica muito grave. Na prática clínica, o
diagnóstico precoce (enquanto ainda na
Classe I e II) permite que os pacientes
possam continuar trabalhando durante
todo o tratamento.
Além de encaminhamento tardio,
muitos especialistas em HP concordam que também há uma perceptível
diluição do tratamento do paciente
longe dos especialistas em HP e na
comunidade. Isso pode ocorrer devido, em parte, ao número crescente de
tratamentos orais disponíveis para a
HAP, resultando em um tratamento
aparentemente mais fácil desses pacientes por não especialistas em HP.
Naturalmente há um desejo dos médi-
cos em manter a mão controladora no
tratamento do paciente e uma relutância em encaminhá-lo para os cuidados
de outro médico por toda uma variedade de razões. Contudo, é importante
superar essa barreira de ambos os lados
reconhecendo que o tratamento do
paciente é nada menos que o esforço
de uma equipe. Devido à complexidade do tratamento dessa doença potencialmente fatal, o cuidado de pacientes
com HAP deve ser nada menos que
um esforço colaborativo de equipe entre o médico da atenção primária do
paciente e um centro especializado em
HP (Figura 6).
Especialistas em HP têm maior experiência no tratamento de pacientes com HAP e mais conhecimento
dos medicamentos específicos para a
HAP, como os bloqueadores dos canais de cálcio (BCCs), prostaciclinas,
antagonistas do receptor de endotelina e inibidores da fosfodiesterase 5.
A equipe de HAP também pode estar
conduzindo estudos clínicos que oferecem novas alternativas ou terapias
adicionais investigativas para a HAP
que podem exigir início simultâneo
com tratamento disponível e já aprovado. Devido ao fato de essas terapias
exigirem conhecimento profundo
Cuidados em colaboração com Centros de HP:
Etapas Iniciais
Cuidados
Locais
• Dilemas diagnósticos
• Cateterismo diagnóstico /
estudo com vasodilatador
• Comorbidades complexas
• Falha em atingir as metas
de tratamento
• Considerando prostanoides
• Considerando combinação
de tratamentos
• Estudos clínicos
Centro de
HP
Figura 6 – Modelo de Cuidados Colaborativos com os Centros Especializados
em HP: Cuidados Iniciais e Continuado
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
13
Cuidados em colaboração com Centros de HP:
Cuidados Continuados
Cuidados
Locais
• Avaliação de sintomas
• Titulação de diuréticos
• Monitoração do tratamento
Centro
• Necessidade de alteração
HP
no tratamento
• Manejo do SEs
• Transplante ?
• Avaliação de problemas agudos
• Cuidados hospitalares agudos
• Apoio emocional
de
Figura 6 – Modelo de Cuidados Colaborativos com os Centros Especializados
em HP: Cuidados Iniciais e Continuado
em HAP, é recomendado que apenas
centros especializados em HP iniciem
esses tratamentos. Pacientes com suspeita de HAP precisam que seus médicos realizem testes diagnósticos com
base em sua suspeita para HAP. Se um
ecocardiograma ou testes de função
respiratória sugerem HAP, ou esta for
confirmada por CCD, o médico que
trata deve encaminhar o paciente a um
especialista em HP.
Existem vários resultados negativos
associados com a diluição do tratamento longe dos centros especializados em HP. Os centros especializados
em HP têm importância fundamental
para tratar e encontrar uma cura para
14
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
a HAP por seu envolvimento com estudos e registros clínicos. Quando os
pacientes são tratados na comunidade,
tipicamente eles não estão disponíveis
para bancos de dados e informações
de registros, e não têm acesso a estudos clínicos valiosos. Pacientes com
HAP que são tratados na comunidade têm menos oportunidades de encontrar outros pacientes com HAP, e
assim podem perder um valioso apoio
ao longo de sua doença. Finalmente,
devido a dificuldades no diagnóstico
diferencial de HP, alguns pacientes
que estão sofrendo de outras formas
de HP (além da HAP) podem ser
classificados e tratados erroneamente,
perdendo importantes oportunidades
como tratamento cirúrgico de HP
tromboembólica crônica ou inclusão
precoce na lista de espera para transplante de pulmão em casos de doença
pulmonar veno-oclusiva (DPVO).
Os cuidados de seguimento de pacientes que recebem terapias específicas para a HAP devem incluir tanto
visitas aos médicos da atenção primária dos pacientes, quanto avaliações
periódicas pelo especialista em HP
em uma abordagem colaborativa. A
frequência de visitas deve ser individualizada de acordo com a condição
clínica específica do paciente (sugerese a cada três a seis meses), e também
é aconselhável envolver um cardiologista ou pneumologista local nos cuidados do paciente.
Um Chamado à Ação
Reduzir o tempo para um diagnóstico
confirmado e encaminhar os pacientes
para especialistas em HP para tratamento são ações fundamentais para
maximizar os resultados do tratamento dos pacientes, juntamente com a
descoberta de uma cura por meio da
pesquisa clínica. A fim de alcançar essa
meta, continua a ser vital aumentar a
conscientização, especialmente entre
a população em geral e os médicos,
incluindo os médicos da atenção primária/clínicos gerais, cardiologistas,
reumatologistas, imunologistas e ginecologistas-obstetras. Esses interessados-chave estão nas linhas de frente do
diagnóstico precoce. Contudo, todos
podem contribuir para um diagnóstico
e tratamento precoces da HAP; abaixo
está uma lista de recomendações para
cada grupo de interessados.
Pulmonary Hypertension
Association (Associação
Norte-Americana de
Hipertensão Pulmonar)
A PHA tem sido um importante
condutor no avanço do nosso entendimento sobre a HAP, e esses esforços educativos, de pesquisa e de conscientização devem continuar até que
seja encontrada uma cura para a HAP.
• Dando continuidade a
iniciativas educacionais
multipatrocinadas, multifacetadas destinadas a melhorar a
conscientização sobre a doença, o diagnóstico precoce e o
•
•
•
encaminhamento aos centros
especializados em HP
Conduzindo campanhas
de conscientização globais
direcionadas e voltadas para
a população geral e para não
especialistas em HP
Avançando nas agendas legislativas para financiamento à
pesquisa
Iniciando conversa com várias
comunidades — de pacientes,
cuidadores, médicos — com
o objetivo de desenvolver
programas educacionais
Pacientes e Cuidadores
Pacientes e cuidadores capacitados orientam médicos e suas decisões de cuidados
médicos. Os pacientes devem estar conscientes de que o manejo de sua doença
potencialmente fatal deve ser um esforço colaborativo entre seu médico local e
uma equipe especializada em HP. Os pacientes podem contribuir para encontrar
tratamento e aumentar a conscientização
sobre a doença de muitas maneiras.
•
•
•
Envolvendo-se em estudos
clínicos
Envolvendo-se com a PHA,
tomando parte nos grupos de
apoio e esforços de lobby para
financiamento à pesquisa
Realizar reuniões locais para
ajudar a educar a população
em geral, e aumentar a conscientização sobre a HAP
Não Especialistas em HP
Inicialmente, os pacientes irão se
apresentar com sintomas a um não
especialista em HP (médico da atenção primária, ginecologista-obstetra,
cardiologista geral, pneumologista ou
reumatologista). Portanto, é importante que não especialistas em HAP
mantenham-se informados sobre a
HAP, entendam que os pacientes
devem ser tratados apenas por um
especialista em HP, e se mantenham
informados em como lidar com os pacientes sob suspeita clínica.
• Pensando na HAP como
um diagnóstico diferencial
e entendendo e sabendo
interpretar os resultados de
testes diagnósticos para a
HAP
• Entendendo a importância de
diagnosticar a HAP o mais
precocemente possível
• Mantendo-se informados
sobre os centros
especializados em HP mais
próximos para encaminhar
os pacientes, o que está
disponível no site da PHA
• Encaminhando pacientes a
especialistas em HP quando
houver suspeita clínica de
HAP com base nos sintomas
e sinais, ou achados típicos
no raio X torácico, ECG,
ecocardiografia ou testes
laboratoriais (concentrações
elevadas de BNP)
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
15
•
•
Cooperando com os
especialistas em HP no
tratamento dos pacientes com
HP
Seguindo as diretrizes
baseadas em evidências mais
recentes
Especialistas em HP
Os especialistas em HP desempenham um papel informando a respeito de seus centros especializados na
comunidade local e servindo como
parceiros dos médicos não especialistas em HP no tratamento global dos
pacientes.
•
•
•
Supervisionando discussões
educacionais em discussões de
visitas gerais/mesas-redondas
com não especialistas em HP
e se constituindo em uma
opção para encaminhamento
Conscientizando os não
especialistas sobre os centros
especializados em HP locais
Dedicando algum tempo
à PHA, a encontros de
pacientes, a encontros de não
especialistas e ao treinamento
de enfermeiros
•
•
•
•
•
•
Estabelecendo programas
de EMC voltados para não
especialistas em HP
Envolvendo os pacientes
no manejo de sua doença;
enfatizando a importância
dos estudos clínicos
Sendo parceiro dos não
especialistas em HP no
manejo de pacientes com
HAP
Promovendo e atualizando
as diretrizes com base em
evidências mais recentes
Acompanhando esse campo
que evolui rapidamente por
meio da EMC
Contribuindo para o avanço
do conhecimento do campo
pela participação ativa
na pesquisa clínica e nos
registros de pacientes
Profissionais de Saúde
Aliados
Enfermeiros de HP estão diretamente envolvidos nos cuidados dos pacientes e podem desempenhar papel
importante em maximizar os resultados do tratamento dos pacientes.
•
•
•
•
•
•
•
•
Encorajando os pacientes
a se juntarem à PHA e se
envolverem em grupos de
apoio
Envolvendo os pacientes
no manejo de sua doença;
enfatizando a importância de
estudos clínicos
Dedicando tempo à PHA, a
reuniões de pacientes
Sendo parceiros de não
especialistas em HP no
manejo de pacientes com
HAP
Melhorando a aderência ao
tratamento
Educando pacientes sobre os
potenciais efeitos colaterais
das terapias e monitorando
eventos adversos
Acompanhando esse campo
que evolui rapidamente por
meio da EMC
Contribuindo para o avanço
do conhecimento do campo
pela participação ativa
na pesquisa clínica e nos
registros de pacientes.
Conclusão
As perspectivas para os pacientes com
HAP melhoraram consideravelmente
nos últimos anos com o aumento da
experiência de centros especializados
em HP e o crescimento do número
de opções de tratamento. Com
diagnóstico e tratamento mais
precoces — de preferência enquanto
os pacientes ainda estão na Classe
Funcional I ou II — a progressão da
doença pode ser retardada, impactando tanto a sobrevida quanto a qualidade
16
de vida. Assim, a necessidade de
obtenção de um diagnóstico rápido e
preciso é altamente imperativa tanto
para os pacientes quanto para os
médicos. A PHA tem sido um dos
principais condutores no avanço de
nosso entendimento sobre a HAP, e
esses esforços educativos, de pesquisa
e de conscientização devem continuar
até que seja encontrada uma cura para
a HAP. Todos os grupos interessados
— especialistas em HP, médicos,
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
pacientes, cuidadores, profissionais
de saúde aliados — desempenham
um papel em responder a esse desafio.
Juntos, podemos melhorar o resultado
do tratamento dos pacientes,
aumentando a conscientização em
meio à população em geral e às
comunidades médicas e apoiando
estudos e registros clínicos em nossos
esforços para encontrar a cura.
ANEXO A:
Classificação Clínica da Hipertensão Pulmonar
1 Hipertensão arterial pulmonar (HAP)
1.1 HAP Idiopática
1.2 Hereditária
1.2.1 BMPR2
1.2.2 ALK1, endoglina
1.2.3 Desconhecida
1.3 Induzida por droga e toxina
1.4 Associada com
1.4.1 Doenças do tecido conjuntivo
1.4.2 Infecção por HIV
1.4.3 Hipertensão portal
1.4.4 Doenças cardíacas congênitas
1.4.5 Esquistossomose
1.4.6 Anemia hemolítica crônica
1.5 Hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido
1’ Doença pulmonar veno-oclusiva (DPVO) e/ou hemangiomatose capilar pulmonar (HCP)
2 Hipertensão pulmonar devida a doença do coração esquerdo
2.1 Disfunção sistólica
2.2 Disfunção diastólica
2.3 Doença valvular
3 Hipertensão pulmonar devida a doenças pulmonares e/ou hipóxia
3.1 Doença pulmonar obstrutiva crônica
3.2 Doença intersticial pulmonar
3.3 Outras doenças pulmonares com padrão restritivo e obstrutivo misto
3.4 Distúrbios respiratórios do sono
3.5 Desordens de hipoventilação alveolar
3.6 Exposição crônica à altitude elevada
3.7 Anormalidades do desenvolvimento
4 Hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC)
5 Hipertensão pulmonar com mecanismos multifatoriais pouco claros
5.1 Desordens hematológicas: desordens mieloproliferativas, esplenectomia
5.2 Desordens sistêmicas: sarcoidose, histiocitose pulmonar de células de Langerhans: linfangioleiomiomatose,
neurofibromatose, vasculite
5.3 Desordens metabólicas: doença de armazenamento de glicogênio, doença de Gaucher, desordens da tireoide
5.4 Outros: obstrução tumoral, mediastinite fibrosante, insuficiência renal crônica em diálise
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
17
ANEXO B:
Testes Comuns para Hipertensão Pulmonar
Testes de imagem
Raio X do tórax
O raio X é usado para determinar se
há pneumonia ou fibrose pulmonar,
se as artérias do coração e pulmões
estão alargadas, e se há fluido nos
pulmões.
Testes Invasivos
Cateterismo cardíaco
O Cateterismo do Coração Direito (CCD) é o teste “padrão ouro” para
confirmar o diagnóstico de HAP. Um cateter é colocado nas veias e
encaminhado para dentro das artérias pulmonares para medir a pressão
no lado direito do coração e pulmões e o débito cardíaco (a quantidade de
sangue que o coração bombeia).
Testes laboratoriais
Dosagens no sangue:
• Eletrólitos
• Função Renal
• Função Hepática
• Função da Tireoide
• ANA – Anticorpo antinuclear,
um teste de rastreamento
quando há suspeita de doença do
tecido conjuntivo (autoimune)
Teste de HIV
BNP
O peptídeo natr
(BNP) é uma pe
produzida pelo
concentrações e
sugerir o desenv
presença de fun
direito comprom
Testes de exercício
Teste de Caminhada de 6-Minutos
Esse teste mede quão longe uma
pessoa pode caminhar em 6
minutos e é usado para fornecer
uma estimativa da capacidade de
exercício.
Teste Ergométrico
Esse teste mede quão longe uma
pessoa pode caminhar em uma
esteira com velocidade e inclinação
crescentes e é uma maneira melhor
formalizada para determinar a
capacidade de exercício.
Testes de Exerc
Cardiopulmona
Essas medidas d
e troca gasosa p
dióxido de carbo
durante o exercí
ou bicicleta.
18
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
Mapeamento V/Q
O mapeamento de Ventilação/
Perfusão (V/Q) é um teste especial
que usa materiais radioativos
para procurar coágulos nos
pulmões. Um exame normal
exclui efetivamente coágulos nos
pulmões.
Exame de TC
Um exame TC
do corpo que fo
detalhadas que u
Ele é usado para
e pulmões em m
buscar coágulos
Angiografia pu
A angiografia pu
artérias pulmon
é um raio X especial
ornece imagens mais
um raio X torácico.
a examinar o coração
maior detalhe, e
s nos pulmões.
Imagem por ressonância magnética
cardíaca (RM)
A RM cardíaca é uma técnica
de imagens que pode medir
precisamente os volumes e função da
câmara do ventrículo direito.
Ecocardiograma
Um ecocardiograma é um
ultrassom do coração. Ele é
usado para tirar fotos do músculo
cardíaco, válvulas cardíacas, e
para estimar a pressão da artéria
pulmonar (AP).
ulmonar
ulmonar é o teste “padrão ouro” para identificar coágulos nos pulmões. Um corante é injetado nas
nares enquanto imagens de raio X são tomadas.
riurético cerebral
equena proteína
coração;
elevadas podem
volvimento ou a
nção do ventrículo
metida.
N-BNP
Fração N-terminal do peptídeo
natriurético cerebral — Proteína
BNP em sua forma original; circula
no sangue em concentrações mais
altas que o BNP e concentrações
elevadas também podem sinalizar a
presença de hipertensão pulmonar
e comprometimento do ventrículo
direito.
Testes de Função Pulmonar
Esses são testes de respiração para
determinar a função das vias aéreas
(pulmonar).
Eletrocardiograma (ECG)
O ECG é uma medição não
invasiva da atividade elétrica
do coração que examina
danos cardíacos e/ou ritmos
cardíacos anormais.
cício
ar
de função cardíaca
pulmonar (oxigênio,
ono) são realizadas
ício em uma esteira
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
19
Referências
1 Humbert M, et al. Cellular and molecular pathobiology of pulmonary arterial hypertension. J Am Coll Cardiol
2004;43:S13–S24.19.
2 National Institutes of Health. National Heart, Lung and Blood Institute. Primary Pulmonary Hypertension. Available at: http://www.medhelp.org/lib/pph.htm. Accessed November 1, 2010.
3 Ibid
4 Gibbs, JS. Making a Diagnosis in PAH. Eur Respir Rev 2007;16:8-12.
5 Rich S, Dantzker DR, Ayres SM, et al. Primary pulmonary hypertension. A national prospective study. Ann Intern
Med 1987; 107:216-223.
6 Badesch DB, Raskob GE, Elliott CG, et al. Pulmonary arterial hypertension: baseline characteristics from the REVEAL
Registry. Chest 2010; 137:376-387.
7 Ibid
8 Jing, ZJ, Xu, XQ, Han, ZY, et al. Registry and Survival Study in Chinese Patients with Idiopathic and Familial Pulmonary Arterial Hypertension. Chest 2007; 132:373-379.
9 Simonneau, G, Robbins, IM, Beghetti, M, et al. Updated Clinical Classification of Pulmonary Hypertension. JACC
2009; 54:43-54.
10 Ibid
11 Ibid
12 Ibid
13 McGoon M, Gutterman D, Steen V, et al. Screening, early detection, and diagnosis of pulmonary arterial hypertension: ACCP evidence-based clinical practice guidelines. Chest 2004;126:14S-34S.
14 American Lung Association. Understanding PAH. Available at: http://www.lungusa.org/lung-disease/pulmonaryarterial-hypertension/understanding-pah.html. Last accessed July 29, 2011.
15 Brown, LM, et al. Delay in Recognition of Pulmonary Arterial Hypertension: Factors Identified from the REVEAL
Registry. Chest 2011;140:19-26.
16 Ibid
17 Ibid
18 Ibid
19 Gibbs, JS. Making a Diagnosis in PAH. Eur Respir Rev 2007;16:8-12.
20 Galie N, Torbicki, A, Barst, R, et al. Guidelines on Diagnosis and Treatment of Pulmonary Arterial Hypertension. Eur
Heart J 2004;25:2243-2278.
21 Pulmonary Hypertension Association Scientific Leadership Council. Summary and Explanation of Common Tests for
Pulmonary Hypertension. Available at: http://www.phassociation.org/page.aspx?pid=1257. Last accessed July 29, 2011.
22 McLaughlin VV, Shillington, A, Rich S. Survival in Primary Pulmonary Hypertension. Circulation 2002;106:1477-1482.
23 Pulmonary Hypertension Association. Treatment. Available at: http://www.phassociation.org/page.aspx?pid=977.Last
accessed on July 29, 2011.
20
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
DISCLAIMER
Por razões humanitárias, a Pulmonary Hypertension Association, Inc. (PHA) autorizou a tradução de seus materiais e fontes. Entretanto, a PHA
não participou da compilação final deste projeto em português e, por isso, não pode assumir responsabilidade por sua acurácia.
Pulmonary Hypertension Association
801 Roeder Rd. Suite 1000
Silver Spring, MD 20910, USA
www.phassociation.org
www.phaonlineuniv.org
Autorização e direitos: Actelion e ABRAF
Coordenação e impressão: Content Ed Net Editora Ltda.
BR-AN-PHA-612012-MR
A Content Ed Net Editora, consciente das questões ambientais e sociais utilizou papel com certificado
FSC (Forest Stewardship Council) na impressão deste material. A certificação FSC garante que o
papel utilizado foi feito com madeira de florestas certificadas FSC e de outras fontes controladas, o
que garante o respeito ao meio ambiente e aos trabalhadores florestais.
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
TRA_114_11-2012
Apoio:
HAP: Recomendações para Melhorar a Evolução dos Pacientes
Download