VISãO GERAL DA PRODUçãO DE ESTATíSTICAS MONETáRIAS E

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Visão geral da produção de estatísticas
monetárias e de crédito
no Banco Central do Brasil
R enato B aldini J unior
Resumo: O artigo descreve a produção de estatísticas monetárias e de crédito no Banco Central do Brasil, ressaltando a ampliada visibilidade
dessas informações no contexto macroeconômico recente, bem como os desafios associados a essa nova realidade.
Palavras-chave: Economia. Estatísticas. Crédito.
An overview of the production of monetary and credit statistics at the Banco Central do Brasil.
Abstract :This article describes the production of monetary and credit statistics at the Banco Central do Brasil, highlighting the increased relevance
of such statistics on the recent macroeconomic context, as well as some challenges related to this new environment.
Key words: Economics. Statistics, Credit.
E
ste artigo descreve, em linhas gerais, o processo de
compilação de estatísticas monetárias e de crédito pelo Departamento Econômico do Banco Central do Brasil.
Nesse sentido, além de detalhes e particularidades que condicionam a disponibilidade de dados e a abrangência
das estatísticas, são também discutidos aspectos relacionados à análise, à publicação e ao aproveitamento das
informações produzidas.
Assim, na primeira seção, apresenta-se o conjunto de estatísticas produzidas e suas principais fontes de informação, além de se descreverem brevemente as atribuições do Departamento Econômico do Banco Central
e de suas divisões. A segunda seção destaca particularidades do trabalho estatístico em questão e, em seguida, as
principais destinações das informações produzidas. A seção seguinte relaciona as formas como são publicadas.
A seção cinco trata da contextualização das estatísticas monetárias no cenário macroeconômico atual e a relaciona aos importantes aperfeiçoamentos que se encontram em curso. Por fim, ressalta-se o caráter dinâmico das
estatísticas econômicas, ao demonstrar que conjuntos de indicadores ganham ou perdem relevância, em razão
dos desenvolvimentos verificados na economia e nos mercados financeiros.
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AS ESTATÍSTICAS PRODUZIDAS E AS
FONTES DE INFORMAÇÃO
No Banco Central do Brasil, as estatísticas monetárias
e de crédito são produzidas pela Divisão Monetária e
Bancária – Dimob, que integra o Departamento Econômico – Depec. Outras divisões do departamento
encarregam-se da apuração e da análise de estatísticas
referentes ao balanço de pagamentos e às finanças
públicas, do monitoramento detalhado dos desenvolvimentos verificados no setor real da economia brasileira e do acompanhamento das principais evoluções
observadas na economia internacional.
Na Dimob, são produzidas estatísticas de crédito que compreendem, entre outras, as séries que retratam a evolução dos saldos e fluxos das principais
modalidades de empréstimos e financiamentos, bem
como as taxas de juros praticadas, os prazos médios,
a taxa de inadimplência e a classificação de risco das
carteiras de crédito. Os dados estão segmentados
em operações a famílias (pessoas físicas) e a empresas (pessoas jurídicas), em operações com recursos
livres e com recursos direcionados, em empréstimos
ao setor público e ao setor privado, de acordo com o
controle de capital das instituições financeiras e pelas
principais modalidades de crédito. Desde 2008, são
também apuradas estatísticas de crédito regionais,
com aberturas referentes às cinco regiões e às unidades da Federação.
As séries de agregados monetários produzidas incluem as referentes à emissão de moeda, aos fatores que condicionam a expansão da base monetária,
aos depósitos à vista, a prazo e de poupança e aos
recolhimentos compulsórios das instituições financeiras. A divisão é ainda responsável pela produção
das Estatísticas Bancárias Internacionais, que refletem operações do sistema bancário com residentes
no país, em moeda estrangeira, e com não residentes,
em qualquer moeda. A análise econômica de todos
os dados produzidos também é atribuição da divisão
e do departamento.
De forma geral, tais estatísticas têm origem em
dados fornecidos pelas instituições componentes do
sistema financeiro nacional. Esse conjunto de instituições compreende desde os grandes bancos comerSão Paulo Perspec., São Paulo, v. 23, n. 2, p. 93-99, jul./dez. 2009
ciais, públicos e privados, que concentram a maior
parte da intermediação financeira realizada no país,
até as cooperativas de crédito, mais numerosas que
as demais instituições, mas que movimentam valores
bem menos expressivos. A maior parte das informações recebidas provém das grandes instituições, reflexo do volume e da diversidade de suas operações. O
espectro completo das instituições financeiras cujos
dados são analisados compreende as diversas categorias de bancos – comerciais, múltiplos, de investimento e de desenvolvimento, com destaque para o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
– BNDES –, as sociedades de arrendamento mercantil (leasing), as caixas econômicas, as sociedades de
crédito, financiamento e investimento (as chamadas
“financeiras”), agências de fomento e desenvolvimento, sociedades de crédito imobiliário, associações
de poupança e empréstimo, sociedades de crédito ao
microempreendedor e companhias hipotecárias.
Embora sempre fornecidos pelas instituições financeiras, os dados utilizados para a produção das
séries estatísticas têm origem em fontes diversas,
associadas a diferentes instruções normativas do
Banco Central. Parcela expressiva das informações é
proveniente dos balanços das instituições financeiras.
Diversos dados são informados em atenção a normas concebidas especificamente para a produção de
estatísticas econômicas. Outra fonte importante é o
Sistema de Informações de Crédito – SCR, banco de
dados mantido pelo Banco Central, que reúne informações detalhadas e individualizadas sobre todas as
operações de crédito realizadas no âmbito do sistema
financeiro nacional.
A PRODUÇÃO ESTATÍSTICA E O
TRATAMENTO DOS DADOS
A Dimob trabalha com expressivo volume de dados,
recebidos e analisados diariamente por uma equipe
de 15 pessoas, em sua maioria economistas, alguns
com mais de 20 anos de experiência no acompanhamento de estatísticas monetárias. Experiência, aliás, é
requisito fundamental para o tratamento dos dados
recebidos, uma vez que é imprescindível que sejam
minuciosamente checados e revisados antes de serem
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validados e transformados em séries estatísticas a serem publicadas. Também se mostra indispensável o
contato direto com as instituições financeiras informantes, de modo a verificar dados discrepantes que
frequentemente são detectados. Todo o trabalho depende de um sólido apoio de informática, proporcionado pelo Departamento de Informática do Banco
Central.
Como exemplo da especificidade das questões enfrentadas no tratamento dos dados fornecidos pelo
sistema financeiro, menciona-se que se encontra em
andamento um importante projeto de aprimoramento das rotinas informatizadas, o qual incluirá procedimentos automatizados para detecção de outliers nas
séries de dados recebidos. Nestas séries, os outliers ou
valores discrepantes frequentemente indicam dados
incorretos, que devem ser verificados e, eventualmente, alterados, se confirmada a incorreção. Caso
estejam corretos, são validados, mas ainda assim
merecem atenção, pois tendem a indicar variações
importantes que devem ser justificadas nas análises.
Avanços como esse contribuirão para a realização
das tarefas rotineiras com maior eficiência e precisão,
possibilitando a alocação de mais tempo à tarefa de
análise das estatísticas produzidas.
A DESTINAÇÃO DAS INFORMAÇÕES PRODUZIDAS
Assim como as demais estatísticas produzidas pelo
Departamento Econômico, as séries de dados monetários cumprem duas funções principais: o fornecimento de dados ao público em geral e a produção
de informações para o próprio Banco Central, em
particular à sua Diretoria Colegiada.
O público usuário das estatísticas econômicas é
relativamente amplo. Inclui desde cidadãos comuns,
interessados em acompanhar a evolução da conjuntura econômica, até a comunidade acadêmica, que
necessita de séries estatísticas para a realização de estudos e pesquisas. Compreende também jornalistas e
analistas de mercado do Brasil e do exterior, além das
próprias instituições financeiras, que contam com as
informações para a construção de cenários macroeconômicos e para a avaliação de seu posicionamento
relativo no mercado financeiro.
No âmbito do Banco Central, as estatísticas de
crédito são de fundamental importância para o
acompanhamento das condições de oferta e demanda na economia, pois retratam um determinante da
demanda agregada que vem apresentando relevância
crescente na economia brasileira, ao mesmo tempo
em que refletem o desempenho de um importante
canal de transmissão da política monetária. Tais indicadores, evidentemente, estão compreendidos no
amplo conjunto de dados analisados pelo Comitê
de Política Monetária – Copom em seu processo
decisório. As estatísticas monetárias e de crédito
contribuem também para informar outras decisões
de competência do Banco Central – e de outras
instâncias governamentais – relacionadas à política econômica ou, mais especificamente, ao sistema
financeiro.
Diversas séries estatísticas produzidas pela Dimob
são empregadas por organismos internacionais, tais
como o Fundo Monetário Internacional – FMI, o
Banco de Compensações Internacionais – BIS e o
Grupo de Monitoramento Macroeconômico – GMM
do Mercosul, de acordo com metodologias específicas desses organismos. Nesses casos, as estatísticas
usuais são adaptadas àqueles padrões, o que exige conhecimento detalhado das respectivas metodologias a
serem empregadas, assim como das séries econômicas e de seus componentes. Em diversos casos, dados
adicionais são acrescentados para a composição de
novas séries, com níveis de abrangência diferentes daqueles utilizados nas estatísticas nacionais. O fornecimento de dados a organismos internacionais atende a
requisitos de disseminação de dados acordados entre
os países-membros, tais como o Padrão Especial de
Disseminação de Dados (SDDS, na sigla em inglês),
do FMI, as Estatísticas Bancárias Internacionais, do
BIS, e as estatísticas econômicas harmonizadas, do
GMM. A adesão a esses padrões e a inclusão em bancos de dados de organismos internacionais contribuem para a transparência das informações econômicas em âmbito internacional, o que, em última análise,
favorece o acesso do país aos mercados financeiros
globais, tanto no que diz respeito à atratividade para
investidores estrangeiros, quanto em termos de acesso a fontes externas de recursos.
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MEIOS DE PUBLICAÇÃO
As estatísticas monetárias e de crédito são divulgadas
em diversos meios e formatos. O principal veículo
de divulgação é a Nota para Imprensa sobre Política
Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro Nacional, publicada mensalmente na página
eletrônica do Banco Central. De forma equivalente,
as estatísticas referentes ao balanço de pagamentos e
às finanças públicas são divulgadas, respectivamente,
nas Notas para Imprensa do Setor Externo e de Política Fiscal. A divulgação das Notas para Imprensa
ocorre pontualmente às 10 horas e 30 minutos, de
acordo com cronograma disponível antecipadamente
(www.bcb.gov.br/?ECOIMP2010). Nessas datas, às
11 horas, as Notas são apresentadas pelo chefe do
Depec na Sala de Imprensa do Edifício Sede do Banco Central, em Brasília.
É por meio das Notas para a Imprensa que as estatísticas de responsabilidade do Depec são divulgadas em primeira mão. Consistem em um conjunto de
tabelas (a Nota sobre Política Monetária e Operações
de Crédito é, atualmente, composta por 56 tabelas)
que retratam a evolução recente dos principais indicadores econômicos, acompanhadas por um breve texto que descreve os desenvolvimentos mais relevantes
em cada uma das áreas.
Igualmente importantes são as séries temporais,
disponíveis no website do Banco Central. Nesse sistema, podem ser consultadas mais de dez mil séries
de indicadores econômicos, em sua maioria, relativas
às estatísticas produzidas pelo Depec. Ao contrário
das Notas para Imprensa, nas quais são apresentados
dados referentes a períodos limitados, nas séries temporais estão integralmente disponíveis as estatísticas
produzidas desde o início de cada série. Por essa razão, o sistema constitui ferramenta extremamente útil
à realização de estudos econômicos.
As estatísticas produzidas pelo Depec estão presentes também nos Relatórios de Inflação, publicação
trimestral, comum a países que adotam regimes de
metas de inflação, nos Relatórios Anuais do Banco
Central, que resumem a evolução anual da economia, e nos Indicadores Econômicos de Conjuntura,
divulgados semanalmente. Informações referentes às
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operações de crédito são utilizadas para a elaboração
dos Relatórios de Economia Bancária, de responsabilidade do Departamento de Estudos e Pesquisas
Econômicas – Depep. As estatísticas referentes ao
crédito regional podem ser consultadas no Boletim
de Economia Regional.
O CONTEXTO MACROECONÔMICO E O
APERFEIÇOAMENTO DAS ESTATÍSTICAS
MONETÁRIAS E DE CRÉDITO
As estatísticas de crédito ganharam significativo destaque nos últimos anos, na mesma medida em que
cresceu a importância do mercado de crédito entre os
condicionantes do consumo e do investimento. Vale
observar que o saldo total das operações de crédito
do sistema financeiro nacional correspondia a 22,0%
do PIB ao final de 2002. Essa proporção mais que
dobrou desde então, alcançando 45,3% em maio de
2010. Como consequência, a evolução dos principais
saldos de crédito passou a atrair muito mais interesse
por parte da imprensa, dos analistas de mercado e
do público em geral. Os comportamentos das taxas
de juros e do spread bancário passaram a figurar nos
principais meios de comunicação, sinalizando expectativas para o desempenho da demanda agregada e
para o nível de atividade econômica. Tais mudanças
são positivas, do ponto de vista de quem produz as
séries de indicadores. O trabalho estatístico, que muitas vezes parece consistir na transformação de dados
numéricos, transferidos de bases de dados invisíveis
para estantes empoeiradas de bibliotecas, ganha visibilidade, o que contribui para a motivação daqueles
que o realizam. Na mesma proporção, aumentam a
responsabilidade e o compromisso com a qualidade,
a precisão e a tempestividade.
A relevância das estatísticas de crédito foi bastante evidenciada durante a recente crise financeira internacional. No Brasil, os primeiros efeitos da crise
manifestaram-se justamente no mercado de crédito,
cuja liquidez foi severamente afetada pela elevação do
grau de aversão ao risco nos sistemas financeiros nacionais e internacionais. Naquele contexto, no âmbito
do próprio Banco Central, a demanda por informações tempestivas para aferir o pulso dos mercados fi-
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nanceiros exigiu a produção de dados com frequên­cia
diária, muitas vezes com grau de detalhamento não
disponível a partir das fontes usuais.
As crises financeiras da década de 1990 demonstraram que necessidades evidenciadas em eventos
inesperados costumam indicar caminhos para o aperfeiçoamento das estatísticas. Com efeito, desde os
últimos meses de 2008, a disponibilidade de informações adicionais a respeito dos mercados financeiros
passou a ser discutida em diferentes fóruns internacionais, como elemento indispensável à manutenção
da estabilidade financeira global. Diversas iniciativas
nesse sentido vêm sendo conduzidas principalmente
pelo FMI e pelo BIS, que têm encaminhado consultas
aos países-membros, visando à ampliação do alcance
das informações relativas aos mercados financeiros.
A necessidade de alteração na abrangência e no
detalhamento das informações ressalta outro aspecto inerente ao processo de elaboração das estatísticas monetárias e de crédito. Os mercados financeiros
sempre foram caracterizados por sua constante evolução. Inovações financeiras surgem continuamente,
produtos e serviços financeiros são criados e disseminados, enquanto outros, gradualmente ou não, deixam de ser utilizados. O dinamismo desses mercados
exige grande esforço das autoridades responsáveis
pela sua supervisão e determina também a necessidade de adaptação e de revisão das fontes de dados
estatísticos, por vezes tornando indispensável a atualização de sua abrangência.
No mercado de crédito brasileiro, a consolidação
da estabilidade macroeconômica contribuiu para a intensificação do ritmo de inovação nos últimos anos,
justificando alterações nas estatísticas dessa área. Parcela importante dessas estatísticas é produzida a partir
de dados fornecidos pelas instituições financeiras em
atendimento a uma norma de 1999, a Circular 2.957.
Essa norma foi instituída com o objetivo primário de
aumentar a transparência das informações relativas a
taxas de juros, de modo a contribuir para a redução
dos spreads bancários, que correspondem à diferença
entre as taxas de captação das instituições financeiras
e as taxas aplicadas às operações de crédito.
Porém, nos últimos dez anos ocorreram mudanças cruciais no mercado, tais como o advento do
crédito consignado e a acentuada expansão das operações de leasing e com cartões de crédito. O Banco
Central do Brasil, atento a esses desenvolvimentos,
concebeu um novo arcabouço estatístico, elaborado
após amplo processo de discussão que envolveu as
instituições financeiras e diversas unidades do próprio Banco Central. Esse arcabouço foi consolidado
no Manual de Estatísticas Agregadas de Crédito e de
Arrendamento Mercantil, instituído pela Carta Circular nº 3.418, de 22 de outubro de 2009. Relativamente
à estrutura ainda vigente, o Manual apresenta como
principais inovações a ampliação do alcance das informações relativas a taxas de juros, prazos e fluxos
de crédito e a atualização do rol de modalidades de
crédito a serem detalhadas nas estatísticas. Atualmente, os dados referentes a taxas de juros, spreads, prazos
e fluxos de crédito estão disponíveis apenas para uma
parcela dos empréstimos e financiamentos contratados com recursos livres. Para as demais linhas de
crédito, somente existem dados relativos aos saldos
das carteiras.
O novo Manual possibilitará estender o alcance
dessas informações às operações de arrendamento
mercantil (leasing) e ao crédito com recursos direcionados, que compreende os financiamentos do BNDES,
o crédito habitacional, com recursos da poupança
e do FGTS, e o crédito rural. São operações referentes a programas ou repasses governamentais,
contratadas com taxas de juros controladas no âmbito desses programas. Outras modalidades que serão explicitadas incluem o desconto de cheques, o
cheque especial para pessoas jurídicas, o capital de
giro com teto rotativo, a antecipação de faturas de
cartão de crédito, os créditos pessoais renegociados
e as operações de microcrédito. Modalidades tais
como o crédito consignado, as operações realizadas
com cartões de crédito e os empréstimos de capital
de giro serão segmentadas, de modo a destacar a
diversidade de operações de crédito realizadas com
estes instrumentos, cuja relevância aumentou substancialmente ao longo dos últimos anos. O novo
normativo incluirá ainda informações relativas às
cessões e aquisições de crédito entre instituições
financeiras e às quantidades de contratos novos e
em atraso.
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Em suma, a implementação do novo Manual propiciará maior detalhamento e precisão às análises sobre o
mercado de crédito, possibilitando a eliminação de importantes lacunas em sua abrangência. Outro avanço
fundamental é que, em termos normativos, a nova estrutura foi concebida de forma a apresentar maior flexibilidade, o que favorecerá sua constante atualização.
COMENTÁRIOS FINAIS
Ao descrever em linhas gerais o processo de produção
de estatísticas monetárias no Banco Central do Brasil,
procurou-se destacar aspectos pouco conhecidos do
público usuário de informações econômicas. Buscouse também ressaltar de que forma esse conjunto de
estatísticas se insere no contexto macroeconômico
atual. É interessante observar, a propósito, que a evolução da conjuntura econômica determina significativas alterações na importância relativa dos diferentes
grupos de indicadores. A adoção do regime de metas
para inflação, por exemplo, contribuiu para tornar
menos relevante o acompanhamento dos agregados
monetários. O instrumento de política monetária,
utilizado pelo Copom, é a taxa de juros de curto prazo. A expansão monetária apenas reflete os efeitos
combinados da política monetária e da demanda por
moeda dos diversos agentes econômicos. Ao mesmo
tempo, as operações de crédito, tendo em vista sua
extraordinária expansão nos últimos anos, ganharam
importância entre os canais de transmissão da política
monetária. A evolução mensal dos saldos totais de
empréstimos e financiamentos do sistema financeiro,
bem como as oscilações das taxas de juros, passaram
a ocupar espaço crescente na mídia, tornando-se conceitos familiares ao cidadão comum.
O aumento da visibilidade do trabalho estatístico,
por sua vez, requer a manutenção de esforços constantes em busca de seu aprimoramento, seja a partir
da ampliação do escopo e do detalhamento dos dados,
seja pela maximização de sua precisão. No caso das
estatísticas produzidas pelo Banco Central, relativas
aos mercados financeiros, o aprimoramento é condicionado pela evolução e pela qualidade do arcabouço
normativo que rege o provimento de dados por parte
das instituições financeiras. A necessidade de produzir e processar novos conjuntos de dados certamente
implicará custos adicionais às instituições financeiras
e ao Banco Central, sobretudo no que diz respeito à
adaptação de seus sistemas de informação. Acredita-se,
porém, que esses custos sejam justificáveis, diante dos
benefícios a serem alcançados, considerando-se que
o aumento da transparência é elemento fundamental
para a manutenção da estabilidade do sistema financeiro e da economia. Nesse sentido, a proximidade da
recente crise internacional contribuiu decisivamente ao
favorecer a consolidação do consenso quanto à necessidade de monitoramento preciso e rigoroso dos desenvolvimentos ocorridos nos mercados financeiros.
Nota
As opiniões expressas neste trabalho são exclusivamente do
autor e não refletem, necessariamente, a visão do Banco Central
do Brasil. Este artigo não deve ser citado como representando
as opiniões do Banco Central do Brasil.
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Renato Baldini Junior
Economista pela USP, Mestre em economia pela PUC-SP, Responsável pela Divisão Monetária e
Bancária do Banco Central do Brasil, Brasília – DF, Brasil.
([email protected])
Artigo recebido em 21 de maio de 2010.
Aprovado em 5 de agosto de 2010.
Como citar o artigo:
BALDINI Jr., R. Visão geral da produção de estatísticas monetárias e de crédito no Banco Central do Brasil. São Paulo em
Perspectiva, São Paulo, Fundação Seade, v. 23, n. 2, p. 93-99, jul./dez. 2009. Disponível em: <www.seade.gov.br>; <www.
scielo.br>. Acesso em:
São Paulo Perspec., São Paulo, v. 23, n. 2, p. 93-99, jul./dez. 2009
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