a filosofia e a ciência aproximações e distanciamentos

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 A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS Resumo No ensino de história e filosofia das ciências deparamo‐nos com uma questão: qual é a relação existente entre a filosofia e a ciência? Para tanto, observamos haver três diferentes posicionamentos. O primeiro sustenta que ambas são a mesma coisa. Descartes era filósofo e cientista ao mesmo tempo. O segundo, que a filosofia e a ciência não possuem nenhuma relação. Há cientistas que não aceitam a aproximação da ciência com a Filosofia. Stephen Hawking é um deles. Contudo, após uma análise da própria História da Filosofia da Ciência nos escritos de Koyré (1991), entre outros filósofos e cientistas, somos convencidos de uma terceira tese: a de que há uma relação complexa e necessária entre elas. Isso não apenas por que a ciência se nutre de uma teoria retórica e conceitual para sua própria evolução, iniciada inevitavelmente por uma arte de questionar e investigar; mas também, porque sua finalidade precisa ser questionada e refletida, a fim de que não se torne uma única verdade pela qual os homens possam ser submetidos unicamente pelos valores das técnicas, distantes de toda moralidade necessária à sobrevivência do próprio homem em sociedade. Eis um nobre espaço da Filosofia da Ciência, em sua perspectiva hipercrítica, a ser analisado em prol do próprio bem comum. Palavras‐chave: Filosofia. Educação em ciências. Filosofia da Ciência. ONORATO JONAS FAGHERAZZI PPGEC FURG [email protected] X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.1
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI Introdução Ao se ensinar ciências na disciplina de filosofia, num Instituto de Ciência e Tecnologia, há um complexo caminho a se trilhar desde sua primeira temática: a da relação da filosofia e da ciência. Por mais novo e amplo que seja esse debate, não há como não fazê‐lo pela sua riqueza de dados, detalhes e configurar o próprio espaço da Filosofia da Ciência ‐ em que ora se analisa em nossa tese doutoral. Isso nos faz questionar: Seria a filosofia tão isolada da própria realidade a tal ponto de ser possivelmente objetada pela cientificidade? Qual de fato é a relação existente entre a filosofia e a ciência, sabendo que foram os grandes filósofos os primeiros cientistas reconhecidos até pela obra organizada por Gillispie (2007) e escrita por diversos professores do Massachusetts Institute of Technology? O heurístico espírito filosófico poderia ser excluído de uma investigação científica? Qual – de fato – é a relação entre a filosofia e a ciência? Filosofia e ciência ainda possuem alguma relação ou são áreas distintas de diferentes saberes independentes um do outro? Atentando que a contextualização e a definição de Filosofia da ciência é o primeiro capítulo de nossa tese, no presente trabalho analisamos as possíveis relações entre a filosofia e a cientificidade: um novo espaço de saberes a considerar. Situando a Filosofia da Ciência Renascendo das cinzas como Fênix, pela força maior da Lei nº 11.684 de 2008 que tornou obrigatório o Ensino da Filosofia na educação básica de nível médio, basta tomar manuais gerais de tal área para facilmente vermos destacado o seu envolvimento com a política, a ética, a lógica e a gnosiologia. Na sua relação com a ciência, seu espaço é mais complexo, a tal ponto de se ler numa dada tese: “os cientistas não precisam estudar filosofia da ciência para saber como fazer ciência” (FREIRE‐MAIA, 1998, p. 33). Numa outra passagem aparentemente paradoxal a anterior, encontramos: “a ciência e a filosofia encontram‐se tão intimamente relacionadas entre si que, de fato, são a mesma coisa” (MORA, 2004, p. 457). X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.2
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI Observado o distinto posicionamento dessas duas teses vemos a importância de investigar tal temática ainda tão pouco abordada em nossa língua. Aqui se reforça o problema de pesquisa maior de nosso estudo doutoral na futura análise das diferentes correntes do Ensino de Filosofia da Ciência do IFRS. Antes de tal tarefa, é imprescindível esclarecer tal paradoxalidade que aqui nos ocupamos. Isso, pois de distintas ordens discursivas por elas dominadas – da pré‐modernidade pela filosofia e da modernidade pela cientificidade – legamos, na contemporaneidade, esse precioso conflito. Conflito caracterizado pela recente demarcação de distintos papéis tão diversos quanto são suas definições e funções, ao longo da última metade do século XX. É Mora (2004, p. 457) quem melhor resume os três diferentes posicionamentos mais defendidos pelos especialistas da área na primeira década do século XXI: [...] à relação entre a ciência e filosofia. Três respostas fundamentais são possíveis a esse respeito: 1) a ciência e a filosofia carecem de qualquer relação; 2) a ciência e a filosofia encontram‐se tão intimamente relacionadas entre si que, de fato, são a mesma coisa; e 3) a ciência e a filosofia mantêm entre si relações muito complexas. Nas seções seguintes, solaparemos estas pistas filosóficas na ordem 2‐1 das temáticas recém‐apontadas. Antes de analisarmos a 3ª delas, apresentaremos alguns movimentos que buscam a reaproximação entre a filosofia e a ciência. Da filosofia como uma ciência A filosofia é identificada com a ciência nas suas origens pré‐modernas. Lembramos que até a Revolução Científica de cada positividade, todas elas eram partícipes da constituição da própria filosofia. Inicialmente, na origem pré‐moderna das cientificidades, não havia distinção entre as diferentes ciências e a filosofia, uma vez que esta era até reconhecida como a mãe das mesmas. E isto perdurou, “salva uma ou outra exceção, até meados do século XIX” (SERRA, 2008, p. 4). De fato, muitas ciências como a Física, a Química, a Biologia, a Sociologia, a Psicologia – e muitas outras – só se desmembraram da filosofia há poucos séculos. Até aí, ciência e filosofia, em linhas gerais, eram a mesma coisa. Isso até porque os próprios cientistas também se reconheciam como filósofos e a ciência era vista como parte da mesma. A título de ilustração, lembramos que Pitágoras e X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.3
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI Platão, além de filósofos, também eram exímios matemáticos. Aristóteles também era biólogo, físico e astrônomo. Descartes, Pascal e Leibniz também eram matemáticos e físicos, apresentando grandes contribuições a essas e outras áreas do conhecimento. Marx também inventou a economia política. O título de uma das principais obras de Newton era grafado com a palavra ‘filosofia’ em seu próprio título (SERRA, 2008). Hoje, perdemos, em muito, essa semântica não só, pois as ciências evoluíram muito, mas por sermos filhos de outra epistémê. Dos autores que apresentam a filosofia enquanto ciência, lembramo‐nos de Hegel. Embora Hegel n’A Fenomenologia do Espírito não tenha o problema de apresentar a filosofia da ciência, mas sua doutrina sobre o percurso do espírito na trajetória da consciência humana, já deixava clara a identidade delas no subtítulo da mesma: ‘ciência da experiência da consciência’. Em outras duas obras também, ele deixa claro, sem fazer nenhuma discussão com os saberes científicos da época, o posicionamento da filosofia ser ciência até mesmo nos títulos de suas obras: Ciência da Lógica (1816) e Enciclopédia das ciências Filosóficas (1817). A filosofia, por consequência continuou sendo assim identificada à cientificidade, como quando no período antigo, em que: Hipócrates é reconhecido como o pai da medicina; Demócrito o pai da química; Sócrates sistematizou as raízes da psicologia; Platão, a da política; Aristóteles, a lógica clássica; Heródoto, a história; Pitágoras e Arquimedes, a matemática aplicada. Da Grécia aos nossos dias, um dos possíveis usos daquele sistema de pensamento “não difere da ciência senão por constituir um estado primitivo (ou preliminar) da atividade científica: a filosofia é, pois, uma fase da ciência” (MORA, 2004, p. 457). Seguindo esse raciocínio, Serra (2008, p. 4) defende a filosofia ser a genetriz das ciências, pois foi com ela que se deu tal sistematização racional do conhecimento. Já nas primeiras civilizações antigas muitos conhecimentos foram produzidos, mas eles não eram discutidos e teorizados. Só com a Filosofia Clássica Grega e uma nova forma de pensar, os conhecimentos que até então eram apenas exercidos na prática e passados de geração em geração, passaram a ter fundamentos epistemológicos. Na modernidade, essa associação entre a filosofia e a ciência continuou tão forte a tal ponto de Hegel, como já introduzimos a questão, pretender “construir um ‘Sistema da X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.4
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI Ciência’ ‐ entenda‐se: um sistema de Filosofia ‐ total e definitivo, de que a Fenomenologia do Espírito constituiria a primeira parte” (SERRA, 2008, p. 6). Husserl também buscou desenvolver um projeto de uma filosofia fenomenológica enquanto ciência a partir de sua obra, A Filosofia como Ciência Rigorosa. Buscando‐se saber o porquê se sabe, e questionar o que não se sabe, entre tantas outras ferramentas da ampliação dos saberes, construiu‐se assim, novos conhecimentos de outras ciências específicas, distanciando‐se dos filosóficos. A filosofia passou a não mais ser vista como relacionada às ciências. É o que veremos na seção que segue. A filosofia é distinta das ciências Se na modernidade as ciências passaram a relacionar‐se à rigorosidade metódica, com um resultado exato e preciso, a filosofia não! Ela continuou desprovida de um método único, mas vinculada ao seu mesmo objeto: o homem nas suas mais variadas expressões práticas de seu pensamento: seja na ética, na política, na estética, na gnosiologia, no existencialismo et al. Deste modo, identificado o critério de se ter um objeto e um método específico de análise para a caracterização de uma determinada ciência moderna, a filosofia foi o conjunto de saberes que até hoje continua resistindo aquele modo de categorização de um determinado pensamento estritamente objetivo. E, por si só, nem para todos há o reconhecimento de sua importância para a evolução da ciência. Nela alguns podem não reconhecer sua potência. Encontramos assim exposto por Freire‐Maia (1998, p. 33) numa citação cuja primeira frase já foi citada uma vez: Os cientistas não precisam estudar filosofia da ciência para saber como fazer. Essa atividade é aprendida pelos jovens iniciantes, no trabalho diário, lado a lado dos cientistas mais experimentados e estudando trabalhos científicos originais. Assim fazendo, o jovem candidato a cientista desenvolverá sua ‘técnica’ de elaborar pesquisas e de redigir comunicações científicas (FREIRE‐MAIA, 1998, p. 33). De fato, o professor emérito da UFPR, por meio destas palavras, buscava sintetizar o posicionamento da teoria positivista, “para a qual só tem valor o conhecimento científico e o critério da significação de qualquer assertiva se reduz à possibilidade de sua verificação” (FREIRE‐MAIA, 1998, p. 33). Não se pode esquecer que Comte foi secretário, X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.5
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI discípulo, amigo e fortemente influenciado por Saint‐Simon. Este “defendia precisamente a reorganização da sociedade em bases industriais, controlada pela lei científica, e uma classificação racional das ciências (...). Essas ideias não tardaram a aparecer nas obras de Comte” (DOWNS, 1969, p. 164). No sistema positivista, a filosofia se resumia em um instrumento de desenvolvimento de seu terceiro estágio. Buscava‐se abandonar uma filosofia provisória para se chegar a uma definitiva. À filosofia das ciências – como Comte a denomina – não se atribui nenhum papel de questionamento daquele supremo saber mitificado. Muito ao contrário, “sobretudo a partir de meados do século XIX, as várias formas de positivismo pretenderam afirmar a subordinação da filosofia à ciência – chegando mesmo a, em nome desta, profetizar a ‘morte’ daquela” (SERRA, 2008, p. 6). Para Comte (1988), a filosofia das ciências é o mesmo que filosofia positiva. A ela cabe o estudo das diferentes ciências submetidas a um mesmo método num mesmo plano geral de pesquisa.1 Aos filósofos positivistas, o dever de buscar a sistematização das ciências naturais depuradas da análise das causas geradoras dos fenômenos e suas finalidades. Nas palavras de Comte (1988, p. 12): Formar, assim, do estudo de generalidades científicas uma seção distinta do grande trabalho intelectual é simplesmente estender a aplicação do mesmo princípio de divisão que, sucessivamente, separou as diversas especialidades. Enquanto as diferentes ciências positivas foram pouco desenvolvidas, suas relações mútuas não podiam possuir bastante importância para dar lugar, ao menos duma maneira permanente, a uma classe particular de trabalho, ao mesmo tempo em que a necessidade desse novo estudo era muito menos urgente. Mas hoje cada uma dessas ciências tomou separadamente extensão suficiente para que o exame de suas relações mútuas possa dar lugar a trabalhos contínuos, ao mesmo tempo em que essa nova ordem de estudos torna‐se indispensável (...). Tal é a maneira pela qual concebo o destino da filosofia positiva no sistema geral das ciências positivas propriamente ditas. Tal é, ao menos, a finalidade deste curso. Observa‐se que não se tinha o problema da relação da filosofia com as demais ciências até que as mesmas fossem classificadas por Comte na obra Curso de Filosofia Positiva. Impressa originalmente em 1822, nela apresentava uma hierarquia dos 1
Fichant (1974, p. 126) também defende a igualdade entre a filosofia das ciências e a filosofia positiva no
pensamento de Comte.
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI conhecimentos científicos – do menos amplo e mais preciso ao mais amplo e menos preciso, como segue: a matemática, a astronomia, a física, a química, a biologia e a sociologia. Curioso é que a filosofia não aparece na mesma. Ela deixa de ser considerada ciência para ocupar‐se da análise das demais. Nas palavras de Comte (1988, p. 26‐27), o registro da expressão de filosofia das ciências positivas: A filosofia das ciências fundamentais, apresentando um sistema de concepções positivas sobre todas as nossas ordens de conhecimentos reais, basta, por isso mesmo, para constituir essa filosofia primeira que Bacon procurava e que, sendo destinada a servir de agora em diante de base permanente para todas as especulações humanas, deve ser cuidadosamente reduzida a mais simples expressão possível. A partir desse marco positivista temos um desprendimento da filosofia em relação às ciências quanto a sua estrita identidade. Bem lembrados, antes do século XIX, Kant pela Crítica da Razão Pura, também já havia antecipado tal cisão. Ele não só havia separado os distintos caminhos entre a ciência e a filosofia, como tinha analisado minuciosamente as condições de possibilidade de se tornar a metafísica uma ciência tão segura quanto à matemática e a física. A filosofia caberia responder a três questões: O que posso saber, fazer e esperar? Nessa perspectiva de separação entre a filosofia e a ciência, também lembramo‐
nos dos esforços dos historiadores positivistas. Estes se constituíam em destacar apenas o lado experimental da história das ciências em busca de leis naturais de Galileu, Newton (e seus seguidores) em detrimento da substituição do questionamento por quê? pelo como? (KOYRÉ, 1991). Para Strong (1966), autor da obra Procedure and Metaphysics, a suposta valorização da filosofia pelos cientistas seria apenas uma espécie de gentileza para com a mesma e a própria cultura de sua época. Para ele, a filosofia não teria a maior relação com seus trabalhos científicos. Há também “alguns historiadores que vão mais longe e nos dizem que, no fundo, a ciência como tal – pelos menos a ciência moderna – nunca esteve realmente ligada à filosofia” (KOYRÉ, 1991, p. 201). De fato, é preciso reconhecer que nem todos os sistemas filosóficos são imprescindíveis à evolução positiva das ciências. De uma Filosofia escolástica da pura repetição de conceitos distantes da realidade já era X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.7
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI rechaçada por Descartes. Esta complexa relação entre elas apresentamos na seção seguinte. Da reaproximação entre a filosofia e as ciências Embora tenham emergido fortes distintos domínios na modernidade entre a ciência e a filosofia ‐ como se pôde ver em Kant e Comte (1988) ‐ outros filósofos, tais como Ernst Mach entre outros, vão ocupar‐se em delegar uma finalidade operativa da filosofia às ciências. Pela filosofia instrumental, Husserl buscará a fundamentação da fenomenologia enquanto ciência; Bachelard fará uma psicanálise das ciências; o Círculo de Viena clarificará a lógica da linguagem científica (SERRA, 2008). Nas palavras de Koyré (1991, p. 201) o retorno do uso da filosofia a ciência: A filosofia, efetivamente, influenciou e até mesmo dominou a ciência, o que é justamente a isso que a ciência antiga e medieval deve sua esterilidade. Mas, que depois da revolução científica do século XVII, a ciência se revoltou contra a tirania dessa pretensão (historiadores de submissão positivista) Regina scientiarum, e que seu pregresso coincidiu justamente com sua libertação progressiva e seu estabelecimento sobre a base firme do empirismo. O próprio Kant (2001) observava também que, ao estudar como a Física e a Matemática se tornaram ciências, se deu conta que antes de suas revoluções científicas, fez‐se necessário que elas passassem por transformações na sua própria forma de pensar. A própria gnosiologia medieval, ao não mais satisfazer o questionamento do homem moderno ao buscar leis objetivas para dominar a Natureza, precisou antes passar por tal revolução. Revolução de que as respostas não estariam mais em forças teocêntricas, mas exclusivamente na razão humana. “Somente a Razão poderia encontrar os meios de explicar os principais fenômenos da Natureza” (AQUINO, 2009, p. 148). Essa discussão e elaboração de um novo método de fazer ciência pela nova orientação racionalista é outra prova de que a mudança do modo de se pensar também influencia na evolução das ciências. Galileu Galilei também é testemunho disso a tal ponto de ter separado a Física da Filosofia Natural ao ter nela introduzido o uso de cálculos matemáticos. Mesmo com tal divisão da física, demais saberes tais como a biologia, a X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.8
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI química, a psicologia entre outros, continuaram sendo relacionados ao panteão filosófico ‐ no que se referem aos fundamentos, métodos e objetivos. No que para Serra (2008, p.5), isso era normal a tal ponto de não ser entendida, naquela época, como subordinação, pois “os homens que faziam ‘ciência’ se consideravam e se designavam a si próprios como ‘filósofos’ e a ‘ciência’ não era por eles entendida senão como parte da ‘filosofia’”. As pessoas que estudavam filosofia eram as mesmas que faziam ciência naquela época. E essas rupturas entre os saberes específicos com a filosofia nunca foram tão radicais e em épocas tão precisas. No mesmo contexto em que reconhece que Galileu Galilei estaria separando a física da filosofia natural, Descartes se ocupa com problemas de física. Quanto à discussão de reaproximação entre a filosofia e a ciência, num certo modo de equitativa importância, encontramos o pensamento de Antero de Quental. Já numa escrita de 1890 ele afirmava ser a ciência irmã da filosofia e não sua escrava (QUENTAL, 1991). Como irmãos, possuem independência e autonomia, mas uma inegável profunda relação complementar entre si. Ele delimita a filosofia a análise dos primeiros princípios, das ideias fundamentais; já, à cientificidade delega o espaço da necessária empiria para corroborar ou não as dadas hipóteses em questão. A interface entre ambas estaria nesse momento. A hipótese é importante, pois é por meio dela que “as ideias metafísicas de uma época, as suas noções fundamentais, penetram nas ciências, afeiçoam as suas teorias e lhes fornecem pontos de vista para o seu ulterior desenvolvimento” (QUENTAL, 1991, p. 69). A ciência daria a palavra final na sua investigação, mas a filosofia seria seu instrumento de questionamento, de formulação de diferentes estratégias de interpretação e resolução de um problema em questão. A Filosofia, nesse sistema de pensamento, “aparece assim, na tematização anteriana, antes e depois da Ciência: antes, como campo gerador e mesmo orientador das hipóteses científicas; depois, como interpretação dos resultados das ciências” (SERRA, 2008, p. 8). Essa parceria que deveria haver entre a filosofia e a ciência é justificada pelo fato de ambas terem nascido “no mesmo dia, logo ao alvorecer do pensamento refletido, irmãs e iguais, cada uma com sua feição, seus predicados e sua missão bem definida” (QUENTAL, 1991, p. 69). Tales de Mileto, a título de ilustração, o primeiro reconhecido X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.9
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI filósofo pré‐socrático, ao mesmo tempo, era também matemático e astrônomo. O mesmo autor vê essa mesma interdisciplinaridade na modernidade. Descartes ao mesmo tempo em que era filósofo, também era notório matemático, além da análise de questões físicas, tais como na óptica e na mecânica. A ciência moderna e a filosofia “têm caminhado sempre de mãos dadas, apoiando‐se, inspirando‐se e corrigindo‐se mutuamente” (Ibidem, p. 61). Para esse mesmo autor, a cada nova teoria filosófica, a ciência é tão influenciada quanto à filosofia ao se deparar com novas teorias científicas. Serra (2008) questiona se essa suposta irmandade entre a filosofia e as ciências não seria pelo antigo estágio observado em ambas. O próprio Husserl (1993) já havia escrito sobre a evolução da separação entre as ciências da natureza para com a filosofia. Uma separação tão grande a tal ponto de se ter especialistas tão específicos que nada mais sabem sobre generalidades, o que leva Serra (2008) a se posicionar nem a favor da maternidade da filosofia em relação às ciências e nem da suposta irmandade entre elas. Para esse autor, há a defesa de uma miscigenação entre elas. Argumenta ele que nem a matemática e nem a física do início do século XX teriam sido a mesma se não tivessem iniciado por problematizações. Os próprios avanços mais recentes da biotecnologia não teriam surgido se não tivessem iniciado – em primeiro momento – por problemas filosóficos. Nas palavras de Heisenberg (1975, p. VIII): “Nas conversas, nem sempre é a física atômica que representa o ponto fulcral da discussão. A par dela tratam‐se problemas humanos, filosóficos ou políticos, e o autor espera deste modo manifestar quanto é irrisório separar a ciência destas questões mais gerais.” A própria obra de Heisenberg (1975) apresenta parte do conhecimento filosófico que possuía ao se preocupar com a discussão de parte dos próprios conceitos que ele utilizava, tais como: o “entender”, ou mesmo, das “relações entre ciência e religião”, Kant e a mecânica quântica ou mesmo as discussões sobre linguagem, o pragmatismo, o positivismo entre outros. Ademais, cabe salientar que para Einstein (1988, p. 260), até o elemento da crença pessoal era reconhecido como elemento constituinte de valor no ato do fazer ciência. “Sem a fé na possibilidade de apreender a realidade por meio das nossas construções teóricas, sem a fé na harmonia do nosso mundo, é impossível a ciência”. E X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.10
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI complementa na sequência: “Esta fé é, e permanecerá sempre, o motivo fundamental de todas as criações científicas.” A favor da tese da influência positiva da filosofia nas ciências encontramos também Burtt (1983), para quem, há um importante papel da primeira em relação à segunda como são os andaimes na construção civil. Não que todas as construções necessariamente tenham que tê‐los, mas certamente fica mais fácil construir com os mesmos. A praticidade é tanta que o pedreiro nem mais questiona sua utilidade, apenas o emprega. Essa mesma é a situação das ferramentas do pensamento no itinerário científico. Após as descobertas, prevalece apenas o resultado final, como se o caminho não tivesse sido útil. Mas como chegar a um resultado sem fazer uso das ferramentas necessárias? Henri Poincaré (1924) também defende essa ideia por meio de seu conceito de imagens. Igualmente para Koyré (1991) é inegável o papel da imaginação ou intuição científica na atividade de fazer ‘ciências’. Mesmo que o auxílio da filosofia esteja nos andaimes da obra ‐ que não o vemos na obra final ‐ se sabe da valia dos mesmos, pois sem estes não há como construir edifícios. É como as regras gramaticais que se esquece de consultá‐las após dominá‐las, mas que dificilmente se questiona seu valor. Através da análise da história das ciências, Koyré (1991, p. 204, grifos do autor) também defende a importância de tais ‘andaimes do pensar’: A história do pensamento científico nos ensina, portanto (pelo menos eu tentarei sustentar isso): 1º Que o pensamento científico nunca foi inteiramente separado do pensamento filosófico; 2º Que as grandes revoluções científicas foram sempre determinadas por subversões ou mudanças de concepções filosóficas; 3º Que o pensamento científico – falo das ciências físicas – não se desenvolve in vacuo, mas está sempre dentro de um quadro de ideias, de princípios fundamentais, de evidências axiomáticas que, em geral, foram considerados como pertencentes exclusivamente à filosofia. Koyré (1991, p. 204‐5), contudo, é muito meticuloso antes de iniciar a explanar a argumentação dessa tese. Isso, pois a “evolução do conhecimento científico foi influenciada, e não entravada, pela evolução do pensamento filosófico, isso só teria valor para o passado, e nada poderia nos ensinar a respeito do presente e do futuro”. Mas contra argumenta que daí não poderíamos mais tirar lição alguma da história, o que seria X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.11
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI uma perda muito grande de saberes e informações. Esquece‐se que a própria ciência moderna surge em oposição e luta contra os paradigmas anteriores. Giordano Bruno chegou a dar a vida pela defesa da “ruptura do círculo”. Não apenas isso, mas também foi um novo cenário filosófico em que houve “uma inversão do valor atribuído ao conhecimento intelectual em relação à experiência sensível da descoberta do caráter positivo da noção de infinito” (KOYRÉ, 1991, p. 204‐5) que se teve as condições de possibilidade favoráveis para o renascimento científico. Para o surgimento de uma revolução científica, um importante preceito é a mudança do modo de pensar. Isso decorre da necessidade de embasar e pensar, e por isso filosofar, e desta forma, sustentar as razões para tal revolução científica. Portanto, a Filosofia não está apenas ligada à ciência, mas também constituiu a existência da própria ciência. Dessa forma “[...] a influência das concepções filosóficas sobre o desenvolvimento da ciência foi tão grande quanto à das concepções científicas sobre o desenvolvimento da filosofia” (KOYRÉ, 1991 p. 201‐2). Reconhecendo a importância da cientificidade e do espírito filosófico, a seguir, buscamos analisar tal complexidade. Da complexa relação entre a filosofia e as ciências: uma relação necessária? Querendo se reconhecer ou não a importância do espírito filosófico na atividade científica nesses novos redirecionamentos da sua especificidade, e da própria epistemologia da ciência que passou para epistemologias regionais e até mesmo disciplinares, a atividade que não se ensina a fazer – mas precisa ser feita –, passa por um ato emocional e mental. O primeiro em querer resolver, e o segundo, em questionar o como desenvolver. Nesse sentido, a filosofia continua e continuará sempre útil, inclusive à ciência, ao caracterizar‐se “mais pelo sentido do problema do que pelo da solução, mais pela hipótese do que pela lei, mais pela especulação do que pela comprovação” (SERRA, 2008, p. 14). A condição do pensar heurístico é a que não tem uma visão cega, mas se abre a novas alternativas. O questionar heurístico se faz necessário como a teia da aranha que se refaz a cada deformidade provocada pelo meio em que se insere. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.12
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI Para Koyré (1991, p. 201), a própria apresentação dos resultados científicos “nem sempre se reduzem à consideração do valor técnico da teoria em questão, ou seja, à sua capacidade para nos apresentar uma explicação coerente dos fenômenos que ela trata, mas depende, frequentemente, de numerosos outros fatores”. A aceitação pela teoria do heliocentrismo de Copérnico envolvia muitos outros fatores além da escolha de uma teoria simples por outra complexa: seja o da cultura, ou o da conformidade pessoal com os fatos, tal como o reconhecimento das ilusões do movimento do sol, ou outros fatores. Como se vive numa determinada ordem discursiva dada pela cientificidade moderna, é com facilidade que se identifica a influência da ciência na filosofia, mas não o contrário. Como se introduziu a questão na tese positivista da relação entre ambas, propulsores de tal ordem discursiva, historiadores de tal vertente chegaram a acusar a filosofia da esterilidade a ela acometida na idade antiga e medieval (KOYRÉ, 1991). Os positivistas alegam que a teologia e a metafísica são estágios transitórios e passageiros, mas quem garante que o próprio positivismo também não possa assim sê‐lo? Para aquele mesmo filósofo (Ibidem, p. 212), o ensino da história nos mostra que aquele distanciamento da filosofia para com o fazer ciência [...] é apenas uma posição de recuo de curta duração e que se o espírito humano, na sua procura do saber, periodicamente assume essa atitude, na verdade ele nunca aceita (...) como definitiva e última (...). Cedo ou tarde retorna à sua tarefa, e se põe outra vez a procurar a solução inaproveitável, ou impossível de problemas considerados como desprovidos de sentido, tentando encontrar uma explicação causal e real, das leis estabelecidas por eles. Koyré (1991, p. 214) não tem dúvidas de que as reflexões filosóficas foram tão importantes para Einstein como para Newton. Não temos como não reconhecer a importância de tudo o que possa ser útil no alcance de nossos objetivos. “Um livro de física começa sempre por um tratado de filosofia.” Ainda mais quando, além de ser uma ferramenta útil à expansão das ciências, também propõe profundas reflexões sobre suas consequências. Como continuar fazer ciência não consciente também de suas consequências, sejam elas ambientais ou tantas outras? Mas não seria uma nova servidão à filosofia colocando‐a a serviço da ciência? Em um primeiro momento, poder‐se‐ia alegar que sim. Seria uma nova servidão instrumental dela em função das demais ciências. Contudo, é necessário se observar que não haveria outro caminho até a chegada do X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.13
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI reconhecimento dela pelas ciências a não ser pela sua própria empregabilidade em termos de utilidade teórica e retórica. Por fim, concordamos com Fourez (1995, p. 25). Se for justo questionarmos: “‘Por que dar um lugar à filosofia na formação dos cientistas?’. Poderíamos também perguntar: ‘Por que um curso de informática para um químico?’, ou, ‘Por que um curso de ciências naturais para um matemático?’”. E concordamos com esse mesmo filósofo ao responder que essas questões estão dadas numa resposta menos científica e muito mais de uma ordem discursiva de uma política educacional universitária. É da ordem de uma microfísica de um dado poder que se estabelece a seus acadêmicos saberem estritamente um saber puramente técnico ou também vinculado a seu contexto histórico, social, político, científico, ético e cultural. Para esse mesmo autor, não podemos ser indiferentes a certas práticas de formação humana. Assim como não se forma um físico sem ter tido aulas de laboratório, a formação filosófica também é notória à formação de um cientista. Em primeiro lugar pela responsabilidade social e humana que irão desenvolver. Ele estará sempre atuando em prol de interesses de determinadas classes sociais e/ou outros grupos. E seria antiético formar jovens cientistas sem terem um antídoto crítico do que pudessem estar fazendo. E Fourez (1995) enfatiza muito mais a relevância dessa questão da perspectiva crítica da filosofia da ciência no ensino de ciências num espaço em que jovens cientistas se preocupam menos com questões como a ética e a política do que de suas técnicas específicas – o que reforçaria ainda mais o ensino das humanidades aos mesmos. E defendemos que só não se reconhece a importância da filosofia na ciência se ela for inerte, alienada e cega. Ou, pela falta de profundidade; Ou pelo desprezo da cultura filosófica. Ou, se a evolução da ciência fosse linear e cumulativa. Mas do contrário, como defende Fichant (1974, p. 141), porque a ciência traz em si a própria possibilidade do erro “que a filosofia tem uma função a cumprir em relação à ciência.” Bem lembrados, as revoluções científicas sempre foram antecedidas pela forma revolucionária de pensar. Isso, pois “a filosofia – talvez não a que hoje se ensina nas faculdades, mas acontecia a mesma coisa no tempo de Galileu e de Descartes – voltou a ser a raiz de que a física é o tronco e a mecânica o fruto” (KOYRÉ, 1991, p. 214). Entendemos assim que, embora em X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.14
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A FILOSOFIA E A CIÊNCIA APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ONORATO JONAS FAGHERAZZI distintos domínios e diferentes contribuições da filosofia para a ciência e vice‐versa, há uma profunda interface possível entre a filosofia e a ciência a ser explorada e ensinada por um bem maior que a própria técnica: o futuro da humanidade. Considerações finais Concluímos por meio deste trabalho que há uma complexa relação entre a filosofia e a ciência. Relação essa ocupada historicamente por distintos papéis: ora iguais, ora inversos – no que tange a influência e subordinação de uma a outra. Na contemporaneidade, contudo, tal complexidade ainda não é reconhecida por todos. Há os que defendem não haver espaço para a filosofia no constructo científico a tal ponto de repeli‐la. Basta para tanto, lembrar‐se da extinção da Filosofia no ensino público ao longo da ditadura militar brasileira. Isso refletia/e uma dada ordem discursiva positiva nutrida apenas pela tecnicidade fordista‐taylorista, mas não a nossa. Isso, pois, contra a mesma questionamos se há como fazer ciência sem refletir sobre o que ainda não foi pensado. Ou mesmo, sobre suas possíveis consequências ético‐
políticas aí pressupostas. Caso também queiramos uma maior sobrevida às espécies de seres vivos e do próprio homem, há aqui um inegável espaço filosófico‐metafísico nas ciências e que visa analisar suas causas últimas: Que ciência queremos? Que ciência fazemos? Um espaço crítico que assim emergiu com muita força na última metade do século XX em oposição de uma apontada neutralidade científica pelos positivistas. Além dessa capacidade de reflexão sobre os fins dos saberes a que filosofia da ciência também pertence em sua perspectiva crítica, indagamos: Acaso poderia haver uma revolução científica antes da própria mudança da forma de pensar? Ademais, reconhecemos um papel crítico e outro positivo a ser exposto e analisado no ensino da filosofia da ciência em face dessa complexa relação. Mas, real e necessária, tal como uma caixa de ferramentas, que nem sempre você utiliza todas elas, mas na falta de uma, não chegamos aos mesmos resultados esperados. O futuro da humanidade agradece e é dele dependente a fim de que não sejamos cada vez mais comandados e manipulados pelo capital e pela tecnicidade. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.15
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