RENATO SILVA DE CASTRO RENDIMENTOS DE ESPIGAS VERDES E DE GRÃOS DE CULTIVARES DE MILHO APÓS A COLHEITA DA PRIMEIRA ESPIGA COMO MINIMlLHO MOSSORÓ-RN 2010 RENATO SILVA DE CASTRO RENDIMENTOS DE ESPIGAS VERDES E DE GRÃOS DE CULTIVARES DE MILHO APÓS A COLHEITA DA PRIMEIRA ESPIGA COMO MINIMlLHO Tese apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Agronomia: Fitotecnia. ORIENTADOR: Prof. Dr. PAULO SÉRGIO LIMA E SILVA MOSSORÓ-RN 2010 Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA C355r Castro, Renato Silva de. Rendimentos de espigas verdes e de grãos de cultivares de milho após a colheita da primeira espiga como minimilho. / Renato Silva de Castro. -- Mossoró: 2010. 90 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia Área de Concentração Agricultura Tropical) – Universidade Federal Rural do SemiÁrido. Pró-Reitoria de Pós-Graduação. Orientador: Prof.º Dr. Paulo Sérgio Lima e Silva 1. Zea mays. 2. Milho verde. 3. Inflorescência. I.Título. CDD: 633.15 Bibliotecária: Vanessa Christiane Alves de Souza CRB-15/452 RENATO SILVA DE CASTRO RENDIMENTOS DE ESPIGAS VERDES E DE GRÃOS DE CULTIVARES DE MILHO APÓS A COLHEITA DA PRIMEIRA ESPIGA COMO MINIMlLHO Tese apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Agronomia: Fitotecnia. APROVADO EM: 07/04/2010 Com todo meu amor, dedico esta tese Aos meus queridos pais Celso e Ásia, e a Deus por me permitir conviver com almas tão dignas e belas. Aos queridos irmãos Marialice, Paulo Sérgio, Júnior e Valdo pelo apoio que jamais me faltou e carinho de sempre. À minha esposa Suely e aos meus filhos Renata e Marcel, pela compreensão, incentivo e por todo este sentimento puro que emana de vocês, envolvendo meu ser. Agradecimentos especiais ao Professor Paulo Sérgio Lima e Silva pela orientação AGRADECIMENTOS A Deus, o Pai Maior, que muitas vezes nos carrega nos braços nos momentos difíceis de nossa jornada Terrena. A todos os professores e funcionários do Curso de Pós-Graduação da Universidade Federal Rural do Semi-Árido pela dedicação e atenção dispensada no decorrer do curso. À professora Celicina Maria da Silveira Borges Azevedo pela amizade e incentivo de sempre. Ao professor Frederico Silva Thé Pontes, pela sua atenção e auxílio no estudo de análise econômica. Aos colegas de pós-graduação pelo incentivo e apoio durante o curso. Aos servidores da Fazenda Experimental “Rafael Fernandes”, da UFERSA, em especial aos funcionários do Projeto Milho, José Laércio Bezerra de Medeiros, Francisco Valentin de Souza e Luiz Raimundo de Souza, que possibilitaram a realização da parte experimental do meu trabalho. Ao colega de pós-graduação Joserlan Nonato Moreira, pelo auxílio na condução do experimento, na coleta de dados e pela amizade. Aos amigos sinceros, de toda hora, pela amizade construída nesta terra de Santa Luzia, Mossoró, Carlos Antônio Lopes Ruiz e família e Francisco Hélio da Costa e família. A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, meus agradecimentos. RESUMO CASTRO, Renato Silva de. Rendimento de espigas verdes e de grãos de cultivares de milho após a colheita da primeira espiga como minimilho. 2009. 90f. Tese (Doutorado em Agronomia: Fitotecnia) - Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró-RN, 2009. A cultura do milho (Zea mays L.) para a produção de milho verde (MV) e de grãos é uma das mais importantes para o Nordeste brasileiro. Além dessas opções, a produção de minimilho (MM), aproveitando a entressafra da fruticultura irrigada, pode propiciar diversificação da produção, agregação de valor e ampliação de renda, pois é um cultivo rentável. O MM é a espiga do milho colhida dois a três dias após a emergência dos estilo-estigmas. A remoção da primeira inflorescência feminina induz a produção de outras, possibilitando a produção de várias espigas de MM. Alternativamente, pode-se colher a primeira espiga de MM e espigas verdes ou grãos nas colheitas posteriores. O objetivo do trabalho foi avaliar os rendimentos de espigas verdes e de grãos de três cultivares de milho, após a colheita da primeira espiga como MM. Utilizando delineamento de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e dez repetições, as cultivares AG 1051, AG 2060 e BRS 2020 foram submetidas aos seguintes tratamentos: colheita de MM; colheita das espigas verdes (grãos com teor de umidade de 60% a 70%); colheita das espigas secas; colheita de MM mais colheita das outras espigas, como espigas verdes ou secas. Os rendimentos de espigas verdes comercializáveis e de grãos para todas as cultivares produzidas sem a remoção da primeira inflorescência, foram superiores aos respectivos rendimentos produzidos após a remoção da primeira inflorescência, colhida como minimilho. Colhendo-se somente a primeira espiga como minimilho e as demais espigas como espigas verdes ou secas, o rendimento de minimilho foi menor do que o obtido colhendo-se todas as espigas como minimilho. Quanto ao comportamento das cultivares, observou-se que a AG 1051 foi a que apresentou o maior rendimento de grãos (9.863 kg ha-1). Entretanto, para a produção de MM e MV, a escolha da melhor cultivar vai depender do tipo de mercado consumidor. A análise econômica demonstrou que a colheita de MM mais milho seco proporcionou o maior custo (R$ 1.543,00) e a colheita de MM mais milho verde apresentou a maior receita (R$ 9.475,68) e também o maior lucro adicional (R$ 6.240,52), quando se usou a cultivar AG 1051, superando as demais cultivares. Considerando todas as práticas de colheita, a escolha da cultivar mais adequada, em termos de lucro adicional, vai depender do tipo da atividade adotada pelo produtor. Palavras-chave: Zea mays. milho verde. inflorescência. ABSTRACT CASTRO, Renato Silva de. Green ear and grain yield of maize cultivars after harvest of the first ear as baby corn 2009. 90f. Thesis (Doctor in Agronomy: Plant Science) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), MossoróRN, 2009. To grow corn (Zea mays L.) for green ear (GE) or grain is one of the most important cultivations in Northeast Brazil. Besides these options, the production of baby corn (BC), during the fruit culture off season, can provide diversification, adding value and increase income, because it is a cash crop. BC consists of the corn ear harvested two or three days after silk emergence. Removing the first female inflorescence induces corn to produce others, making it possible to produce several BC ears. Alternatively, we can harvest the first ear of BC and green ears or grain later. The objective of this study was to evaluate green ear yield and grain of three cultivars of maize after harvesting of the first ear as BC. Using a completely randomized block design in a split-plot arrangement, with ten replications, the cultivars AG 1051, AG 2060 and BRS 2020 were submitted to the following treatments: BC harvesting; green ear harvesting (grain moisture content between 60% and 70%); mature ear harvesting; BC harvesting and harvesting of other ears as green or mature ears. Yields of marketable green ears and grain for all cultivars produced without removing the first inflorescence were superior to the revenue generated after removal of the first inflorescence, harvested as baby corn. Harvesting only the first ear as baby corn, and then harvesting green ears or the mature ears, provided lower baby corn yields than that obtained by harvesting all ears as baby corn. In relation to the behavior of the cultivars, the AG 1051 showed the highest yield (9.863 kg ha-1). However, for BC production, the best cultivar selection will depend on the consumer market type. The economic analysis showed that the highest cost (R$ 1.543,00) was for harvesting BC + mature corn; and the highest income (R$ 9.475,68) and greatest additional benefit (R$ 6.240,52) was for harvesting BC + GE, using the cultivate AG 1051 that surpass the other cultivars. Considering all the harvesting practices, to choose the most suitable cultivar, in terms of additional profit will depend on the type of activity adopted by the producer. Keywords: Zea mays. green corn. flowering. LISTA DE TABELAS TABELA Pág. 1. Médias das temperaturas máximas e mínimas, radiação global, precipitação e umidade relativa do ar em Mossoró-RN, durante o período de julho a dezembro/2006. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ........................... 28 2. Resumo da análise de variância do número e peso de espigas comercializáveis, empalhadas e despalhadas, e da massa fresca e seca de espigas de minimilho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 .................................. 36 3. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o número de espigas de minimilho empalhadas comercializáveis. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 .......................................... 37 4. Médias do número de espigas de minimilho empalhadas, totais e comercializáveis, de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ................................................... 37 5. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o peso de espigas de minimilho empalhadas comercializáveis. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 .... 38 6. Médias dos pesos de espigas de minimilho empalhadas, totais e comercializáveis, de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ................................................... 38 7. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o número de espigas de minimilho despalhadas comercializáveis. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 .......................................... 39 8. Médias do número de espigas de minimilho despalhadas comercializáveis de cultivares de milho, submetidas as diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ...................................................................... 40 9. Médias do peso de espigas despalhadas comercializáveis, comprimento de espigas despalhadas totais e comercializáveis e massa fresca e seca de espigas de minimilho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ................................... 41 10. Resumo da análise de variância do comprimento e diâmetro de espigas despalhadas, totais e comercializáveis, de espigas de minimilho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ........................................................................................ 43 11. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o diâmetro de espigas de minimilho despalhadas totais. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ....................................................................... 44 12. Médias do diâmetro de espigas de minimilho despalhadas totais de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ....................................................................... 44 13. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o diâmetro de espigas de minimilho despalhadas comercializáveis. UFERSA, Mossoró - RN, 2009 ........................................ 45 14. Médias do diâmetro de espigas de minimilho despalhadas comercializáveis de cultivares de milho, submetidas as diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró - RN, 2009 ................................................. 45 15. Resumo da análise de variância do número e peso totais de espigas empalhadas e do número e peso de espigas comercializáveis, empalhadas e despalhadas, de espigas de milho verde. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ...... 51 16. Número e peso totais de espigas empalhadas, número e peso de espigas empalhadas comercializáveis e número de espigas despalhadas comercializáveis de milho verde. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ................. 52 17. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o peso de espigas de milho verde despalhadas comercializáveis. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 .......................................... 53 18. Médias do peso de espigas de milho verde despalhadas comercializáveis de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ....................................................................... 53 19. Resumo da análise de variância do rendimento de grãos e seus componentes de cultivares de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ............................................................................................................... 56 20. Rendimento de grãos de cultivares de milho submetidos a práticas de colheita e seus componentes ......................................................................... 57 21. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o número de grãos por espiga de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ........................................................................................ 58 22. Médias do número de grãos por espiga de milho seco de cultivares de milho, submetidas as diferentes práticas de colheita. UFERSA, MossoróRN, 2009 ....................................................................................................... 58 23. Resumo da análise de variância do comprimento e diâmetro das espigas, e do número de fileiras de grãos por espiga de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ........................................................................................ 59 24. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o diâmetro das espigas de milho seco. UFERSA, Mossoró RN, 2009 ....................................................................................................... 60 25. Médias do diâmetro de espigas de milho seco de cultivares de milho, submetidas as diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ............................................................................................................... 60 26. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o número das fileiras de grãos das espigas de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ....................................................................... 61 27. Médias do número de fileiras de grãos de espigas de milho seco de cultivares de milho, submetidas as diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ....................................................................... 61 28. Resumo da análise de variância da altura, largura e espessura dos grãos das espigas de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ........................... 62 29. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para a largura dos grãos das espigas de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ........................................................................................ 62 30. Médias da largura dos grãos de espigas de milho seco de cultivares de milho, submetidas as diferentes práticas de colheita. UFERSA, MossoróRN, 2009 ....................................................................................................... 63 31. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para a espessura dos grãos das espigas de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ........................................................................................ 64 32. Médias da espessura dos grãos de espigas de milho seco de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, MossoróRN, 2009 ....................................................................................................... 64 33. Resumo da análise de variância das alturas das plantas e das espigas e do número de ramificações do pendão de cultivares de milho. UFERSA, Mossoró -RN, 2009 ....................................................................................... 66 34. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para a altura das plantas de cultivares de milho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ........................................................................................ 67 35. Médias da altura das plantas de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ..................... 67 36. Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para a altura das espigas de cultivares de milho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ........................................................................................ 68 37. Médias da altura de inserção das espigas de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 68 38. Número de ramificações de pendão de cultivares de milho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ........................................................................................ 69 39. Custos com sementes, irrigação e colheita, em reais, por hectare, para as cultivares de milho AG 1051, AG 2060 e BRS 2020, no município de Mossoró-RN, em 2009 .................................................................................. 72 40. Receita total, por hectare, com a venda dos produtos obtidos a partir de cada prática de colheita, considerando as três cultivares de milho (AG 1051, AG 2060 e BRS 2020), no município de Mossoró-RN, em 2009 ............................................................................................................... 73 41. Indicadores econômicos para a cultivar AG 1051 por prática de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ....................................................................... 74 42. Indicadores econômicos para a cultivar AG 2060 por prática de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ....................................................................... 74 43. Indicadores econômicos para a cultivar BRS 2020 por prática de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ....................................................................... 75 44. Lucro adicional, por prática de colheita, para as cultivares. UFERSA, Mossoró-RN, 2009 ........................................................................................ 75 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 16 2.1 Minimilho .................................................................................................... 16 2.2 Espigas verdes e grãos ................................................................................. 18 2.3 Cultivares prolíficas ................................................................................... 20 2.4 Formação da espiga do milho ...................................................................... 22 3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 28 3.1 Localização da área experimental, clima e solo ......................................... 28 3.2 Delineamento experimental e tratamentos ................................................. 29 3.3 Operações de cultivo .................................................................................. 29 3.4 Avaliações .................................................................................................. 30 3.4.1 Rendimento de espigas de minimilho ................................................. 31 3.4.2 Rendimento de espigas verdes ............................................................ 31 3.4.3 Rendimento de grãos e seus componentes ......................................... 32 3.4.4 Altura das plantas, inserção das espigas e ramificação dos pendões 32 3.5 Análise estatística ....................................................................................... 32 3.6 Análise econômica ..................................................................................... 33 3.6.1 Custo de Produção e Medidas de Resultado Econômico ................... 33 3.6.2 Preços ................................................................................................. 34 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 35 4.1 Rendimento e características das espigas de minimilho ............................ 35 4.2 Rendimento e características das espigas de milho verde .......................... 49 4.3 Rendimento e características das espigas de milho seco ............................ 55 4.4 Altura das plantas, inserção das espigas e ramificação dos pendões ......... 66 4.5 Análise econômica ..................................................................................... 71 5 CONCLUSÕES ................................................................................................. 77 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 79 1 INTRODUÇÃO A cultura do milho (Zea mays L.) é uma das mais cultivadas no mundo, fornecendo produtos amplamente utilizados para a alimentação humana e animal e matérias-primas para a indústria, notadamente em função da quantidade e da natureza das reservas acumuladas nos grãos (SEVERINO, 2005). Explorada em todo território brasileiro, essa cultura se destaca por estar entre os cereais mais produzidos no Brasil. No Nordeste é uma das culturas mais importantes, principalmente visando às produções de milho verde e de grãos. O apoio dado pelos governos estadual e federal à agricultura irrigada possibilita o cultivo do milho na entressafra e também faz com que a fruticultura e a olericultura sejam importantes na região oeste do Estado do Rio Grande do Norte. Considerando que o meloeiro (Cucumis meIo L.), principal espécie explorada, é cultivado apenas na ausência de chuvas, visando frutos de melhor qualidade, no primeiro semestre, normalmente as empresas exploram, com sucesso, o milho na área ocupada antes pelo meloeiro, visando à produção de espigas verdes, de grãos e de palhada (parte aérea da planta, sem espigas), sob condições de sequeiro, mas com possibilidade de irrigação. Nessas condições, outra opção para a exploração do milho seria a produção de minimilho. O minimilho (baby corn) é a espiga do milho despalhada, colhida dois a três dias após a emergência dos estilo-estigmas. É rentável e sua produção propicia possibilidades de diversificação da produção, agregação de valor e ampliação de renda (PANDEY et al., 2000). Vários fatores influenciam o rendimento de minimilho, incluindo cultivar (CARVALHO et al., 2002; PANDEY et al., 2002a), época de semeadura (CARVALHO et al., 2002), densidade de plantio (PANDEY et al., 2002a), despendoamento (CARVALHO et al., 2002), controle de plantas daninhas (PANDEY et al., 2002b) e fertilizantes (THAKUR et al., 1998). O produto, até a poucos anos, era importante apenas para a Tailândia e alguns poucos países. Com a globalização, outros países começaram a se interessar pelo minimilho. O Brasil apresenta um mercado promissor porque a procura pelo 14 minimilho está crescendo e a produção brasileira é quase nula. Há também perspectivas para a exportação para outros mercados, principalmente os que já importam variados produtos vegetais brasileiros. O produto, além de atender à crescente demanda interna, poderia ser incluído na pauta de exportação das grandes empresas agrícolas, aproveitando a cadeia exportadora de frutos, plantas ornamentais e de outros produtos. Devido a isso, alguns estudos foram empreendidos em várias regiões do Brasil (PEREIRA FILHO et al., 1998a; CARVALHO et al., 2002; TOMÉ, 2002), sendo de interesse, portanto, avaliar a produção de minimilho sob as condições do Nordeste brasileiro. Nessa região, a produção de minimilho assume importância especial porque, desde que se disponha de água para irrigação, o cultivo pode ser feito durante praticamente todo o ano e, portanto, durante a entressafra em algumas regiões. Por outro lado, para a cultura de milho, algumas cultivares utilizadas são prolíficas, isto é, produzem mais de uma espiga por colmo, sendo que a remoção da primeira espiga normalmente induz a planta a produzir novas inflorescências (SILVA, 2001). Essa característica possibilita a produção de várias espigas de minimilho ou, alternativamente, minimilho, colhendo-se a primeira espiga, e espigas verdes ou grãos, na segunda espiga (SILVA et al, 2006). Este trabalho teve por objetivos avaliar: a) os rendimentos de minimilho, milho verde e milho seco, de cultivares de milho, após a colheita da primeira espiga como minimilho; b) a viabilidade econômica dessa prática. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Minimilho O minimilho, também conhecido como baby corn, é o nome dado à espiga de milho colhida dois ou três dias após a emissão dos estilo-estigmas ou ao sabugo jovem da espiga de uma planta de milho. Dentre as várias formas atualmente disponíveis para o consumo, estão o minimilho in natura, os produtos processados pelas indústrias alimentícias na forma de conservas acidificadas e os picles caseiros. Assim, com o advento da indústria de conservas de minimilho, essa matéria-prima alimentícia tornou-se gradualmente importante, apresentando um crescimento na sua área de cultivo (AEKATASANAWAN, 2001). As plantas são semelhantes às de milho comum e não são, como poderia ser presumido, plantas anãs. Várias cultivares de milho têm sido utilizadas para a produção de minimilho, tanto para o comércio in natura como o de conservas. No Brasil, diferentes cultivares de milho têm sido avaliadas com o intuito de identificar aquelas mais adaptadas às condições tropicais (PEREIRA FILHO et al., 1998; CARVALHO et al., 2002; PINHO et al., 2003; RODRIGUES et al., 2004; ALMEIDA et al., 2005). O minimilho foi primeiramente utilizado na Ásia, onde o consumo é elevado. A Tailândia domina o mercado mundial de venda de minimilho nas formas fresca e em conserva. A produção e o mercado de minimilho têm se expandido, sendo produzido atualmente na África e América Latina e importado pela Europa e América do Norte na forma fresca. O minimilho é rentável (HARDOIM et al., 2002) e propicia possibilidades de diversificação, agregação de valor e ampliação de renda (PANDEY et al., 2002a). Os tratos culturais para o minimilho são basicamente os mesmos do milho cultivado para grãos, à exceção de que o ciclo de produção é menor (PEREIRA FILHO et al., 1998a). Existem dois métodos para a produção de minimilho. No primeiro, o minimilho é o produto principal. No segundo, o 16 minimilho é produto secundário, sendo o plantio destinado à produção de milho verde ou grãos. A escolha do método depende da cultivar, da densidade de plantio e do nível de fertilizante, dentre outros fatores. Em cultivares onde o crescimento da espiga é lento, a colheita ocorre dois ou três dias após a emergência dos estilosestigmas. Em outras cultivares, a colheita deve ser realizada antes da exposição dos estilo-estigmas, para que a espiga se enquadre nos padrões comerciais. A maioria das cultivares produz duas ou três espigas por planta, mas a qualidade da terceira espiga pode não ser tão boa. A colheita de uma espiga induz o desenvolvimento de outra, que pode ser colhida após sete dias e assim sucessivamente (PEREIRA FILHO, 1998a). Após a retirada da primeira espiga ocorre um estímulo nos brotos ou gemas laterais, proporcionando o aparecimento de uma nova espiga (AETAKASANAWAN, 2001). Em estudo sobre a desfolha e supressão da frutificação em milho foi observado, ainda, que com a remoção das inflorescências há uma tendência das plantas de produzirem uma ou até mais inflorescências em substituição à inflorescência removida (SILVA, 2001). Em áreas irrigadas o minimilho pode ser cultivado o ano inteiro, sendo feitos até cinco cultivos por ano (MILES e SHAFFNER, 1999). O rendimento é variável em função da cultivar, chegando à produtividade de até 2,5 t ha-1 de minimilho que atenda os padrões de comercialização. Normalmente o restante do minimilho é utilizado para atender mercados menos exigentes e para consumo in natura (PEREIRA FILHO et al., 1998a; HARDOIM et al., 2002). Diversos autores (SAHOO e PANDA, 1997; PEREIRA FILHO et al., 1998b; THAKUR e SHARMA, 1999) afirmam que a cultivar ideal para a produção de minimilho deve ser o mais uniforme possível, proporcionando maior rendimento de espigas por colheita, maior porcentagem de espigas comerciais e boa tolerância ao quebramento e acamamento, e que as cultivares devem ser de ciclo precoce, prolíficas e oriundas de sementes certificadas. Ainda não existe, no Brasil, cultivares comerciais específicas e a escolha das mais adequadas é considerada a etapa mais crítica para o cultivo do minimilho (PEREIRA FILHO et al., 1998ab; THAKUR et al., 2000). 17 Visando identificar as mais adaptadas às condições tropicais, várias cultivares têm sido avaliadas. Em razão da maior aceitação pelo mercado consumidor, as cultivares de milho doce e milho-pipoca são as mais utilizadas e também, em menor escala e com grande potencial de uso, cultivares prolíficas selecionadas de milho comum (GALINAT e LIN, 1988; PEREIRA FILHO et al., 1998b). Entretanto, uma das desvantagens no uso de cultivares de milho doce é o desenvolvimento muito rápido das espiguetas que, ao crescerem demais, podem perder seu valor comercial (BAR-ZUR e SAADI, 1990). Por outro lado, além da qualidade, outras características tais como porte mais baixo, amadurecimento precoce, uniformidade do florescimento e prolificidade têm sido consideradas mais adequadas para a produção de minimilho (THAKUR et al., 2000). No Brasil já existem alguns programas de melhoramento de milho, desenvolvidos pela Embrapa, Milho e Sorgo e UNESP/Jaboticabal com a utilização de cultivares dos tipos normal, pipoca e doce, visando à produção de minimilho (CARVALHO, 2002; CARVALHO et al., 2003). No Nordeste brasileiro, apesar das condições favoráveis, somente nos últimos anos é que vêm sendo desenvolvidos estudos sobre o cultivo do minimilho (ALMEIDA et al., 2005; SILVA et al., 2006; MOREIRA, 2008). 2.2 Espigas verdes e grãos Somente cerca de 15% da produção nacional de milho se destinam ao consumo humano e isso se deve, principalmente, à falta de informação sobre suas possibilidades de uso e de uma maior divulgação de suas qualidades nutricionais. O milho verde, por exemplo, é rico em carboidratos, sendo assim, um alimento energético. Também é fonte de óleos e fibras e fornece pequenas quantidades de vitaminas B1, B2 e E (ABIMILHO, 2007). O cultivo para a produção de espigas verdes no Brasil é feito quase sempre com cultivares comuns, de endosperma normal, com grãos de textura dentada e coloração amarela (SAWASAKI et al., 1979; ISHIMURA et al., 1986). No entanto, com a maior exigência do consumidor, as empresas de sementes 18 dedicam, atualmente, parte do programa de melhoramento genético no desenvolvimento de cultivares destinadas ao consumo de grãos verdes (PAIVA JÚNIOR, 1999). A base genética das cultivares mais apropriadas para a produção de milho verde é formada, em sua maior parte, por híbridos simples e/ou triplos de alta estabilidade produtiva que proporcionam maior uniformidade de produção quando comparados com híbridos duplos e variedades de polinização aberta (PAIVA JÚNIOR, 1999). Os principais objetivos no melhoramento de milho destinado ao consumo de grãos verdes são: endurecimento do grão relativamente lento; espigas grandes, bem granadas e empalhadas; sabugo branco; grãos amarelo creme do tipo dentado, profundo e com alinhamento retilíneo (FORNASIERI FILHO et al., 1988; PEREIRA FILHO e CRUZ, 2003). O pericarpo deve apresentar-se fino, assim como a textura dos grãos deve ser uniforme (TOSELLO, 1987). A espessura do pericarpo afeta a maciez do grão; quanto mais fina, melhor a qualidade do milho verde, sendo muito importante para o milho cozido (SAWASAKI et al., 1990). O milho também deve possuir resistência à lagarta das espigas, que causa depreciação do produto (MACHADO, 1980). Outro aspecto importante nas cultivares destinadas à produção de milho verde é o empalhamento das espigas, preferindo-se espigas bem empalhadas de coloração verde intensa, o que deixa o produto menos suscetível ao ataque de pragas, além de auxiliar na sua conservação (PAIVA JÚNIOR, 1999). Outros autores também consideram importante o porte médio da planta, a resistência ao acamamento, o pedúnculo firme, o sabugo grosso e cilíndrico, os grãos grandes e uniformes, os grãos com equilíbrio entre os teores de açúcar e amido para confecção de produtos de milho verde e a permanência do ponto de colheita das espigas por longo período (BOTTINI et. al., 1995). Este período de permanência é um dos critérios na escolha da cultivar para a produção de milho verde, pois essa característica facilita o planejamento das atividades da propriedade. O período de colheita é determinado pelo número de dias decorridos entre o estádio leitoso dos grãos (início do ponto de milho verde) e o estádio pastoso dos grãos (final do ponto de milho verde). 19 Por meio de estudos sobre o desempenho de híbridos de milho verde na região de Minas Gerais, constatou-se que o momento da colheita das espigas, assim como o tempo de permanência no campo na fase de grãos leitosos aptos para a colheita, variou com a cultivar (ALBUQUERQUE, 2005). O período de colheita no ponto de milho verde para a cultivar AG 1051 foi em média de nove dias. Estudos comparativos de cultivares para avaliação do rendimento de espigas verdes foram realizados para estimação apenas do rendimento de espigas verdes (SAWASAKI et al., 1990; FORNASIERI FILHO et al., 1988; PAIVA JÚNIOR, 1999) ou simultaneamente com a avaliação do rendimento de grãos (SILVA e PATERNIANI, 1986; SILVA e SILVA, 1991; SILVA et al., 1997; SILVA, 1998). Esses estudos revelaram diferenças entre cultivares quanto aos rendimentos de milho verde e de grãos. Mostraram, também, que nem sempre as melhores cultivares para a produção de milho verde são também as melhores para a produção de grãos. Ainda com relação ao rendimento, estudos indicam que é necessário considerar, além da produtividade (peso de espigas com palha e sem palha), uma alta capacidade de produção de massa e uma baixa produção de quirera (bagaço) (ALVES et al., 2004). Outra característica relevante para melhorar o rendimento na cultura do milho é a prolificidade, pois pode promover o aumento do número de espigas; em baixa densidade pode produzir mais grãos por planta e, sob alta densidade, podem resistir mais à seca do que os genótipos não prolíficos (JAMPATONG, 2000). 2.3 Cultivares prolíficas A prolificidade é a habilidade em produzir mais do que uma espiga por planta. Vários estudos envolvendo a correlação desta propriedade com o rendimento, a densidade populacional, diferentes ambientes, a eficiência de absorção de nitrogênio, dentre outros, vêm sendo realizados desde a década de 1960 (VARGA et al., 2004). Thomison e Jordan (1995) mostraram que híbridos prolíficos apresentam maior rendimento sob estresse de umidade e em baixa população de plantas devido 20 a sua habilidade em produzir grãos na segunda espiga. Por outro lado, o uso da prolificidade pode ter consequências adversas para outras características agronômicas importantes, especialmente quanto à resistência do caule e da raiz, os quais são os maiores fatores que limitam o seu uso. Resultados semelhantes têm sido encontrados por outros autores (MOTTO e MOLL, 1983; JAMPATONG et al., 2000). Adicionalmente, a utilização de híbridos prolíficos é uma alternativa para obter espigas de maior qualidade e reduzir o custo de produção, pois o número de espigas colhidas por planta é maior (BAR-ZUR e SAADI, 1990). Ademais, a área de plantio pode ser reduzida em comparação com as cultivares ou híbridos não prolíficos que necessitam de maior densidade populacional para obter alta produtividade (RODRIGUES et al., 2004). Têm sido estudados, também, os efeitos do tamanho das sementes e dos genótipos (HT-2X, BR-201 e BR-205) sobre o rendimento do milho sob diferentes níveis de tecnologia, representados por populações de 50.000, 35.000 e 20.000 plantas por hectare para alta, média e baixa tecnologia, respectivamente. Os resultados foram indicativos de que os genótipos e os tamanhos de sementes são fatores capazes de compensar a redução da população de plantas no cultivo de milho, sendo que os híbridos prolíficos e as sementes maiores são os mais indicados para regiões com nível de baixa tecnologia (MARTINELLI e DE CARVALHO, 1999). Por meio de estudos das características do xilema e floema de híbridos prolíficos e não prolíficos, verificou-se que o número de feixes vasculares dos híbridos prolíficos nos entrenós, pedúnculos e pedicelos (12%, 21% e 31%, respectivamente) foi maior do que o observado nos não prolíficos, sendo que este aspecto fisiológico pode favorecer o fluxo de assimilados para a espiga (LEALLEON et al., 2000). Mais recentemente, em experimentos conduzidos em campo, foi avaliada a resposta agronômica de dez milhos híbridos com diferentes prolificidades, cinco híbridos prolíficos e cinco não prolíficos, em sistemas de cultivo intensivo e reduzido, em relação à aplicação da quantidade de insumos, à profundidade de 21 aração e à população de plantas por hectare. Os resultados mostraram que para ambos os grupos, o rendimento dos grãos foi significativamente menor, por uma média de 26,1%, para o sistema de cultivo reduzido, embora essas respostas fossem obtidas por meio de componentes de rendimento. Os híbridos prolíficos apresentaram mais uniformidade em relação aos dois níveis de cultivo, enquanto os não prolíficos diferiram entre si em suas respostas sob o sistema de cultivo reduzido. Os híbridos prolíficos tenderam em superar em rendimento os tipos não prolíficos por uma média de 11%, primeiramente devido ao maior peso de grãos por planta e, parcialmente, devido à menor perda de umidade. Esse melhor desempenho foi principalmente associado aos grãos provenientes das espigas secundárias (VARGA et al., 2004). 2.4 Formação da espiga do milho A inflorescência feminina do milho surge por diferenciação das gemas existentes nas axilas foliares do colmo (nos nós). A espiga é uma estrutura semelhante a um ramo lateral, com internódios mais curtos, de onde se originam as bainhas foliares (palha) e, à medida que essas surgem, uma se sobrepõe em relação às outras, envolvendo fortemente as inflorescências. Além da palha, as espigas são constituídas de sabugo e flores femininas (ou espiguetas) e apresenta um pistilo funcional com ovário basal, único e estilo longo, podendo chegar a 45 cm de comprimento, permitindo a sua exposição através das palhas, para polinização. O conjunto formado pelos estilos-estigmas é denominado de cabelo ou barba da espiga (GOODMAN e SMITH, 1987; LIMA, 2006). Todo o processo de formação da espiga pode ser melhor compreendido analisando-se o ciclo de vida da planta de milho, que pode ser dividido em uma série de estádios fenológicos (McSTEEN et al., 2000; FANCELLI, 2002; RITCHIE et al., 2003). Em cada estádio, são identificadas mudanças que os caracterizam e que são controladas por estímulos hormonais e induzidas por fatores ambientais. 22 O estádio de três folhas completamente desenvolvidas ocorre aproximadamente duas semanas após o plantio. Todas as folhas e as inflorescências que a planta produzirá serão iniciadas nesta fase, sendo que as inflorescências são facilmente visíveis no estádio de nove folhas, em que ocorre alta taxa de crescimento. Após o estádio de dez folhas, o tempo de aparição entre um estádio foliar e outro vai encurtando e a planta de milho inicia rápido e contínuo crescimento, com acumulação de nutrientes e massa seca, que continuarão até os estádios reprodutivos. O número de óvulos em cada espiga, assim como o tamanho da espiga, é definido quando a planta atinge estádio de doze folhas desenvolvidas. Nesta fase ocorre o período mais crítico para a produção, quando a planta atinge cerca de 85% a 90% da área foliar e observa-se o início de desenvolvimento das raízes adventícias. No estádio de quinze folhas a planta de milho encontra-se a, aproximadamente, 10-12 dias do florescimento, sendo o período mais importante e crucial para o desenvolvimento da planta, em termos de fixação do rendimento. Nesse estádio, os estilos-estigmas iniciam o seu crescimento nas espigas. Por volta do estádio dezessete, as espigas são visíveis no caule, assim como a extremidade do pendão. No estádio de dezoito folhas é possível observar os estilos-estigmas, os quais se encontram no interior da espiga. Além disso, as raízes adventícias ou de sustentação estão em crescimento. Essas ajudam a dar suporte para a planta e a explorar as camadas superficiais do solo, em busca de água e nutrientes durante os estádios reprodutivos. O estádio de pendoamento inicia-se quando o último ramo do pendão está completamente visível e os estilos-estigmas ainda não emergiram. Esse estádio começa, aproximadamente, de dois a três dias antes da emergência do cabelo. O estádio de florescimento começa quando qualquer estilo-estigma é visível fora da palha e ocorre a polinização. A liberação do grão de pólen pode iniciar ao amanhecer, estendendo-se até o meio-dia; em condições favoráveis, o 23 grão de pólen pode permanecer viável por até 24 horas. Um grão de pólen leva cerca de 24 horas para descer o estilo-estigma até o óvulo, fertilizando-o, sendo essencial para a formação do grão. O florescimento é consequência de uma transição da fase vegetativa para reprodutiva, a qual é resultante da ação de efeitos ambientais e sinais internos promovidos por genes. Segundo Colasanti et al. (1998), em milho, tal transição é realizada pelo gene indeterminado 1 (id1), localizado no cromossomo 1, próximo ao gene Bz2, que condiciona a coloração dos grãos. Usando tecnologia de marcadores moleculares, Koester et al. (1993) identificaram que o número de dias necessários para atingir o florescimento é controlado por locos de caráter quantitativo (Quantitative Trait Loci, QTL), situado no cromossomo 1, próximo ao centrômero. Outra região que possui grande influência na expressão do caráter, encontrada por esses autores, corresponde a uma região específica do cromossomo 8, a qual contém um elemento de resposta ao fotoperíodo (LIMA et al., 2008). Há grande controvérsia a respeito do controle genético envolvido na expressão do caráter florescimento em milho. Tal fato pode estar associado à grande diversidade genética presente nos genótipos utilizados nos vários estudos de avaliações e ao fato de ocorrer uma significativa influência do ambiente na expressão do tempo necessário para atingir o florescimento em milho (LIMA, 2006). A duração de cada estádio de desenvolvimento da planta de milho está associada ao fotoperíodo, à disponibilidade de água no solo e à temperatura. Este último é considerado um dos elementos climáticos de maior importância no crescimento e no desenvolvimento da planta, sendo uma das causas de variação do número de dias no ciclo vegetativo, uma vez que pode influenciar vários processos, como crescimento do sistema radicular, absorção de água, fotossíntese, respiração e transpiração (BARBANO et al., 2003; LOZADA e ANGELOCCI, 1999). A classificação dos híbridos comerciais de milho é baseada na exigência térmica de cada cultivar para alcançar o pendoamento-espigamento, pois a duração dessa fase é a que mais varia entre as cultivares. Segundo Fancelli e Dourado-Neto (2000), cultivares que necessitam de 780 a 830 unidades calóricas (UC) para 24 atingir o florescimento são consideradas superprecoces; de 831 a 890 UC, precoces e de 891 a 1.200 UC, tardias. A fertilização tardia conduz a uma redução na produção de grãos devido ao aborto dos grãos de pólen e do óvulo (CÁRCOVA et al., 2000). Em condições de estresse hídrico, os abortos das inflorescências femininas ocorrem devido à polinização incompleta da espiga e, normalmente, ocorrem durante a segunda e a terceira semana após o surgimento do estilo-estigma. Este aborto está relacionado com um aumento da taxa metabólica, provocando um gasto de energia considerável para a planta, resultando na redução da produção de grãos (CÁRCOVA e OTEQUI, 2001). O aumento no intervalo entre a liberação de pólen e a emergência do estiloestigma, em condições de estresse, está relacionado com o surgimento de outras espigas laterais, reduzindo a produção de grãos por espiga. Dessa forma, o aumento no número de aborto das inflorescências femininas não pode ser associado diretamente ao efeito negativo do assincronismo de florescimento, mas, sim, à polinização deficiente (CÁRCOVA e OTEQUI, 2001). Entre os muitos fatores que interagem sobre os processos fisiológicos envolvidos no crescimento e desenvolvimento de estruturas reprodutivas, como os genéticos e os ambientais, os aspectos nutricionais e o sistema hormonal são muito importantes (LEAL-LEÓN et al., 2002). Nesse sentido, o crescimento vegetativo dos ramos laterais é grandemente afetado pelo suprimento de nutrientes minerais, como nitrogênio, fósforo e potássio. Além disso, os nutrientes minerais exercem influência na transição do crescimento vegetativo para o reprodutivo. Na verdade, parece haver um antagonismo entre os dois tipos de crescimento. Tratamentos que favorecem o crescimento vegetativo podem ser desfavoráveis para a indução da floração. No caso do nitrogênio, baixos níveis tendem a adiantar a floração em algumas plantas e altos níveis atrasam a floração em outras (MONTEIRO, 1984; RITCHIE et al., 2003). Por outro lado, os hormônios vegetais são responsáveis por efeitos marcantes no desenvolvimento vegetal, estando envolvidos em todas as funções 25 vitais das plantas, desde a germinação das sementes e gemas, enraizamento, crescimento, florescimento, frutificação até a produção de grãos (CAMPOS, 2005). Atualmente, os grupos de hormônios e reguladores vegetais já identificados são as auxinas, giberelinas, citocininas, etileno, ácido abscísico, brassinosteroides, compostos fenólicos e poliaminas. Os jasmonatos e salicilatos estão em estudo para a inclusão como duas novas classes hormonais (TAIZ e ZEIGER, 2004). As auxinas são hormônios produzidos, principalmente, nas regiões apicais, que transportadas para outros locais das plantas, participam do seu crescimento e diferenciação. Vários são os seus efeitos fisiológicos em plantas, como o alongamento celular, aumento da atividade cambial, dominância apical, crescimento de frutos, entre outros (RAVEN et al., 2001). Além disso, elas podem reduzir o perfilhamento em diversas plantas e estão envolvidas no controle de gemas vegetativas em florais. Aparentemente, níveis altos de auxinas inibem esta transformação, mas o papel deste composto na floração parece ser mais complexo. O efeito das auxinas está, muitas vezes, relacionado ao fotoperíodo (MONTEIRO, 1984; CAMPOS, 2005). A vida do vegetal depende continuamente da presença de auxinas e citocininas. Quanto ao segundo grupo de reguladores vegetais (as citocininas), essas foram descobertas em estudos relacionadas ao processo de divisão celular. Além dessa atividade fundamental ao desenvolvimento do vegetal, outras atividades estão ligadas a esse hormônio, como a senescência foliar, a mobilização de nutrientes, a dominância apical, a formação e a atividade dos meristemas apicais, o desenvolvimento floral, a germinação de sementes e a quebra de dormência de gemas (TAIZ e ZEIGLER, 2004). Segundo Dewitte & Onckelen (2001), as citocininas, além de influenciarem na indução floral, também têm papel importante na formação das flores, por meio da associação entre o influxo de citocinina do meristema apical para a iniciação floral. O tratamento das gemas laterais com citocininas, frequentemente, leva ao seu crescimento, mesmo na presença de auxina, modificando, portanto, a dominância apical (CAMPOS et al., 2009). 26 As giberelinas, como as citocininas, são hormônios relacionados com a divisão e com o alongamento celular, promovendo efeitos fisiológicos sobre o crescimento e desenvolvimento das plantas. Estas estão envolvidas tanto no processo de crescimento vegetativo das gemas laterais (perfilhamento) como na indução floral, sendo que neste último fenômeno o seu papel é mais evidente. Além disso, são as únicas substâncias de crescimento que, quando aplicadas, são capazes de induzir a floração de plantas (de dias longos), em condições não indutivas (COSTA, 1984; RAVEN et al., 2001). Segundo Coll et al. (2001), as auxinas também são influenciadas por outros hormônios que atuam sobre o transporte, síntese, conjugação ou oxidação das mesmas. Por exemplo, a aplicação de giberelinas acarreta o aumento do conteúdo de auxinas, provavelmente pelo aumento da sua síntese. As citocininas também apresentam efeito estimulante sobre o conteúdo de auxinas, que parecem atrair auxinas de outros locais da planta para os locais de aplicação. O etileno atua reduzindo os níveis de auxinas em várias plantas (CAMPOS et al., 2009). Até pouco tempo, acreditava-se que o desenvolvimento fosse regulado apenas pelas auxinas, giberelinas, citocininas, etileno e ácido abscísico. Entretanto, atualmente, há fortes evidências indicando que os brassinosteroides produzem efeitos morfológicos e fisiológicos no desenvolvimento vegetal (TAIZ e ZEIGER, 2004). Embora frequentemente, discuta-se a ação dos hormônios como se agissem de modo independente, as inter-relações do crescimento e do desenvolvimento vegetal resultam da combinação de muitos sinais. Além disso, um hormônio pode influenciar na biossíntese de outro, de modo que os efeitos produzidos por um podem ser, de fato, mediados por outros (CASTRO et al., 2001). 27 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Localização da área experimental, clima e solo O experimento foi realizado na Fazenda Experimental "Rafael Fernandes", da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), localizada no distrito de Alagoinha, distante 20 km da sede do município de Mossoró-RN (latitude 5° 11' S, longitude 37° 20' W e altitude de 18 m), durante o período de julho a dezembro de 2006. O clima da região, segundo Thorthwaite, é semiárido e de acordo com Köppen, é BSwh, possui duas estações climáticas: uma seca, que vai geralmente de junho a janeiro, e uma chuvosa, de fevereiro a maio. A temperatura do ar média máxima está entre 32,1 e 34,5°C e a média mínima entre 21,3 e 23,7ºC, sendo junho e julho os meses mais frios, e a precipitação pluvial média anual está em torno de 825 mm (CARMO FILHO e OLIVEIRA, 1989). A insolação cresce de março a outubro, com média de 241,7 h, a umidade relativa do ar máxima atinge 78% no mês de abril e a mínima 60%, no mês de setembro (CHAGAS, 1997). Os dados climáticos obtidos durante o período do experimento são apresentados na Tabela 1. Tabela 1 - Médias das temperaturas do ar, máximas e mínimas, radiação global, precipitação e umidade relativa do ar em Mossoró-RN, durante o período de julho a dezembro/2006. UFERSA, Mossoró-RN, 20091. Meses de 2006 Temperatura máxima do ar (ºC) Temperatura mínima do ar (ºC) Radiação global (MJ dia-1) Precipitação pluvial (mm) Umidade relativa do ar (%) Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 34,8 33,1 33,9 34,3 33,6 37,2 18,9 20,1 20,7 24,6 22,6 23,2 18,29 20,53 23,26 23,62 23,10 21,11 29,3 14,5 0,4 0,0 9,1 0,0 70,3 66,7 63,1 62,2 63,6 71,9 Média 34,5 21,7 21,65 8,9 66,3 Dados obtidos em estação meteorológica localizada aproximadamente a 200 m do local do experimento. 1 28 O solo da área experimental, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, é considerado como Argilossolo-Vermelho-Amarelo Eutrófico (EMBRAPA, 1999) e segundo o Soil Map of the World (FAO, 1988) como Ferric Lixisol. A amostra de solo coletada a uma profundidade de 0 a 20 cm, foi submetida à análise e apresentou os seguintes resultados: pH = 5,5 em CaCl2 (g dm-3); MO = 25 (g dm-3 ); P = 9 (mg dm-3); K+ = 1,8 (mmolc dm-3); Ca2+ = 23 (mmolc dm-3); Mg2+ = 7 (mmolc dm-3); H+ + Al3+ = 18 (mmolc dm-3); SB = 31 (mmolc dm-3); CTC = 49 (mmolc dm-3) e micronutrientes B = 0,34 (mg dm-3); Cu = 0,5 (mg dm-3); Fe = 33 (mg dm-3); Mn = 16,9 (mg dm-3); Zn = 1,1 (mg dm-3). 3.2 Delineamento experimental e tratamentos O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados completos com parcelas subdivididas, com 15 tratamentos e dez repetições. As cultivares utilizadas, AG 1051, AG 2060 e BRS 2020, foram submetidas aos seguintes tratamentos: colheita de minimilho, na ocasião da floração feminina; colheita de espigas verdes, quando os grãos apresentaram teor de umidade entre 70 e 80%; colheita de espigas secas, quando os grãos apresentaram teor de umidade em torno de 20%; colheita da primeira inflorescência feminina como minimilho e posteriores colheitas das outras espigas formadas como espigas verdes; colheita da primeira inflorescência feminina como minimilho e posteriores colheitas das outras espigas formadas como espigas secas. Às cultivares foram atribuídas as parcelas e às práticas de colheita as subparcelas. Cada subparcela foi constituída por três fileiras, espaçadas por 1,0 m, com 6,0 m de comprimento cada e espaçamento entre covas de 0,4 m. Como área útil, considerou-se a ocupada pela fileira central, da qual foram eliminadas as plantas de uma cova em cada extremidade. 3.3 Operações de cultivo O solo foi preparado com duas gradagens cruzadas e a adubação de plantio 29 foi realizada com 30 kg de N, 60 kg de P2O5 e 30 kg K2O por ha, utilizando como fonte de nutrientes, sulfato de amônio, superfosfato simples e cloreto de potássio respectivamente. As sementes das cultivares utilizadas foram: AG 1051 (híbrido duplo, semiprecoce, grão amarelo e dentado, alta resistência ao acamamento, altura da espiga 1,60 m e altura da planta 2,60 m, desenvolvido para produção de grãos, silagem e espigas verdes); AG 2060 (híbrido duplo, precoce, grão amarelo alaranjado e semiduro, alta resistência ao acamamento, altura da espiga 1,25 m e altura da planta 2,35 m, desenvolvido para produção de grãos e silagem) e BRS 2020 (híbrido duplo, precoce, grão alaranjado e semiduro, média resistência ao acamamento, altura da espiga 1,14 m e altura da planta 2,16 m, desenvolvido para produção de grãos e silagem). O plantio foi feito manualmente, em profundidade de 5 cm, no dia 01/08/2006, utilizando-se quatro sementes por cova. Após 22 dias foi realizado um desbaste, deixando-se as duas plantas mais vigorosas por cova, ficando assim uma densidade populacional de 50 mil plantas ha-1. O experimento foi irrigado por aspersão, sendo que as parcelas experimentais foram dispostas paralelamente à linha de aspersores. A lâmina líquida requerida para o milho (5,6 mm) foi calculada considerando-se a profundidade efetiva do sistema radicular como sendo de 0,40 m. O momento de irrigar teve por base a água retida no solo à tensão de 0,04 Mpa. O turno de rega foi de dois dias, com três aplicações semanais. As irrigações foram iniciadas após o plantio e suspensas 14 dias antes da colheita do milho seco. O controle de plantas daninhas foi realizado com duas capinas manuais, sendo a primeira 22 dias após o plantio e a segunda após 42 dias. Depois de 29 e 55 dias foram feitas adubações de cobertura com 30 kg ha-1 de N, utilizando sulfato de amônio. O controle de pragas como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda Smith) foi realizado com duas pulverizações, nos dias 17/08/2006 e 31/08/2006, com Deltamethrin (5 g i.a. ha-1), na dosagem de 200 mL ha-1. 3.4 Avaliações 30 3.4.1 Rendimento de espigas de minimilho O minimilho foi colhido três dias após a emergência dos estilo-estigmas, aos 56, 58, 61, 63 e 65 dias após o plantio. A cada colheita o material foi levado para o laboratório onde foram avaliados o número e peso totais de espigas; número e peso de espigas comercializáveis, empalhadas e despalhadas; comprimento e diâmetro de espigas despalhadas, para comercialização in natura ou em conserva; massa fresca e seca de espigas, sendo que o valor total dessas características foi obtido a partir do somatório dos valores encontrados em cada colheita. O número total de espigas foi estimado por meio de contagem de todas as espigas colhidas na área útil da parcela e o peso total de espigas foi obtido pela pesagem, em balança digital, de todas as espigas colhidas na área útil da parcela. Foram consideradas como espigas empalhadas comercializáveis aquelas livres de danos causados por pragas e doenças e como espigas despalhadas comercializáveis, aquelas com boa sanidade e que apresentavam cor variando de branco pérola a amarelo claro, formato cilíndrico, diâmetro variando de 0,8 cm a 1,8 cm e comprimento variando de 4 cm a 12 cm (CARVALHO et al., 2003). O diâmetro e o comprimento de espigas foram obtidos com base no total de espigas colhidas na área útil da parcela, utilizando-se um paquímetro digital. As massas fresca e seca das espigas foram estimadas com base em 10 espigas por subparcela. Esse material foi pesado e colocado em estufa de circulação forçada de ar, regulada à temperatura de 70oC, até apresentação de peso constante. 3.4.2 Rendimento de espigas verdes O milho verde foi colhido quando os grãos apresentaram teor de umidade entre 70% e 80%, aos 75, 77, 79 e 82 dias após o plantio, sendo que o valor total das características foi obtido a partir do somatório dos valores encontrados em cada colheita. Foram avaliados o número e peso totais de espigas; número e peso de espigas comercializáveis, empalhadas e despalhadas. O número e peso total de espigas foram estimados com base no total de espigas colhidas na área útil. Foram consideradas como espigas empalhadas comercializáveis aquelas livres de danos 31 causados por pragas ou doenças e com comprimento igual ou superior a 22 cm e, como espigas despalhadas comercializáveis, aquelas com boa sanidade e granação e que apresentavam comprimento igual ou superior a 17 cm (SILVA et al., 2006). 3.4.3 Rendimento de grãos e seus componentes A colheita do milho seco foi realizada aos 131 dias após o plantio, quando os grãos apresentavam um teor de umidade em torno de 20%. Foram avaliados o número de espigas ha-1 (com base nas espigas colhidas na área útil), o diâmetro e o comprimento de espigas (utilizando um paquímetro digital, estimados com base em 15 espigas tomadas ao acaso). Além destes, foram avaliados o número de fileiras de grãos e o número de grãos por espiga (obtido a partir de 15 espigas tomadas ao acaso) e o rendimento de grãos, que foi corrigido para um teor de umidade de 15,5 %, por meio da fórmula: P15,5 = (Pc x U) (100 - Up)-1, na qual P15,5 = peso corrigido para 15% de umidade, Pc = peso observado, U = umidade estimada em porcentagem e Up = umidade padrão de 15,5%. Também foram avaliados o peso de 100 grãos (estimado com base em 5 amostras de 100 grãos) e a altura, largura e espessura dos grãos (obtidos por meio de paquímetro digital, em amostra de 20 grãos). 3.4.4 Altura das plantas, inserção das espigas e ramificação dos pendões Aos 117 dias após o plantio, a altura das plantas e da inserção das espigas foram medidas na área útil de cada subparcela. Como altura da planta foi considerada a distância do nível do solo ao ponto de inserção da lâmina foliar mais alta. A altura de inserção da espiga foi medida do nível do solo até a base da espiga mais elevada. O número de ramificações foi avaliado em 10 pendões tomados ao acaso na área útil de cada subparcela, coletados aos 111 dias após o plantio. 3.5 Análise estatística 32 Os dados foram submetidos à análise de variância, por meio do teste F para verificação das hipóteses e do teste de Tukey, a 5% de probabilidade, para comparação das médias dos tratamentos, com o auxílio do programa estatístico SISVAR, versão 4.3, desenvolvido pela Universidade Federal de Lavras (FERREIRA, 2003). 3.6 Análise econômica Foram avaliados os custos de produção e as medidas de resultado econômico referentes à produção de minimilho, milho verde e milho seco, e combinações desses tipos de produtos (minimilho mais milho verde e minimilho mais milho seco), conforme metodologias de custo e rentabilidade (LEITE, 1998; VALE e MACIEL, 1998; REIS, 2002; DELEO, 2007). De acordo com estes autores, custos de produção correspondem aos gastos totais (custo total), os quais abrangem os serviços prestados pelo capital estável, a contribuição do capital circulante e o valor dos custos alternativos. As medidas de resultado econômico, ou análise de renda, são usadas para conhecer não só o aspecto econômico da empresa em si, como também a eficácia do administrador e da força de trabalho sob sua supervisão. 3.6.1 Custo de Produção e Medidas de Resultado Econômico Como os custos totais para as diversas práticas de colheita analisadas para cada uma das três cultivares consideradas só diferem em relação aos gastos com sementes, irrigação e colheita, optou-se por usar o conceito de custo adicional, ou seja, o valor, positivo ou negativo, do custo total de cada sistema de colheita que excede ao custo total do sistema de referência, no caso, o milho seco. Da mesma forma, foi utilizado, na apresentação dos resultados, o conceito de receita adicional (excesso ou déficit de receita de cada sistema de colheita, em relação ao sistema de referência, o milho seco). A partir destes dois conceitos, obteve-se o lucro adicional (receita líquida adicional de cada sistema, em relação ao sistema de referência). O pressuposto econômico que alicerça essa forma de apresentar os 33 dados da pesquisa é o seguinte: como os custos de produção de cada sistema só se diferenciam um do outro por alguns itens específicos de despesa, a receita adicional de cada sistema de produção tem origem nestes custos diferenciados que, na apresentação dos resultados, são denominados custos adicionais. Resumidamente, custos adicionais proporcionam receitas adicionais. As medidas de resultados econômico empregadas na análise foram: receita total, receita adicional e lucro adicional (diferença entre receita adicional e o custo adicional de cada sistema). Este último indicador corresponde à parcela ou fração de lucro que deve ser somada ao lucro total de cada sistema correspondente. 3.6.2 Preços Os preços do milho verde e do milho seco foram obtidos no mercado local, em nível de produtor. Os valores adotados, por quilo, foram R$ 0,47 e R$ 0,32, para milho verde e milho seco, respectivamente. No caso do minimilho foi adotado o valor médio pago aos fornecedores dos supermercados de Natal-RN e FortalezaCE, ou seja, R$ 10,00 kg-1. No caso dos insumos, em relação aos custos de produção, os preços foram auferidos no mercado local. Todos os preços foram obtidos no início de dezembro de 2009. 34 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Rendimento e características das espigas de minimilho O número total de espigas empalhadas foi igual ao número total de espigas empalhadas comercializáveis, assim como o peso total de espigas empalhadas foi igual ao peso de espigas empalhadas comercializáveis. Observou-se, também, que para as características número total de espigas empalhadas/número de espigas empalhadas comercializáveis, peso total de espigas empalhadas/peso de espigas empalhadas comercializáveis, número de espigas despalhadas comercializáveis, ocorreram efeitos significativos na interação entre as cultivares e as prática de colheita, de forma que foi necessário realizar o desdobramento desses fatores (Tabela 2). Para o número total de espigas empalhadas/número de espigas empalhadas comercializáveis, o desdobramento mostra que para as práticas de colheita, em cada nível de cultivar, há diferença significativa (p < 0,01) entre os efeitos dos tipos de colheita para todas as cultivares utilizadas. No caso da análise do desdobramento de cultivar, em cada nível de práticas de colheita, verificou-se que há diferença significativa entre os efeitos de cultivares apenas para a prática de colheita de minimilho (Tabela 3). Comparando-se as médias no desdobramento da interação das cultivares com as práticas de colheita (Tabela 4), verificou-se que no caso do cultivo com colheita somente de minimilho, a cultivar BRS 2020 proporcionou o maior número total de espigas empalhadas/número de espigas empalhadas comercializáveis, sendo que nas demais práticas de colheita não foi observada diferença significativa entre as cultivares. No desdobramento de colheita em cada nível de cultivar, observou-se que para todas as cultivares utilizadas, a prática que favoreceu a maior produtividade foi a de minimilho. 35 Tabela 2 - Resumo da análise de variância do número e peso de espigas comercializáveis, empalhadas e despalhadas, e das massas fresca e seca de espigas de minimilho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade Bloco Cultivar Erro 1 Colheita Cultivar x Colheita Erro 2 CVparcelas (%) = CVsubparcelas (%) = Média geral: 9 2 18 2 4 54 Espigas empalhadas comercializáveis ha-1 Número Peso (kg) 211210049,26ns 1723459,23ns 726330838,88* 5970100,88* 136482021,30 1374066,43 8,07x109 ** 72783091,81** 537178875,28** 2674642,58** 105811561,80 685337,64 20,1 23,7 17,7 16,8 58128,2 4940,1 Quadrados médios Espigas despalhadas comercializáveis ha-1 Número Peso (kg) 137962481,61ns 13539,44ns 1,03x109** 43687,08* 105658444,36 12249,99 3,38x109** 383688,21** 274295937,58* 6439,91ns 88855831,18 14103,69 24,5 23,6 22,5 25,4 41902,8 468,5 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. 36 Massa fresca (g espiga-1) 3,48ns 21,48** 2,43 1,72ns 6,28ns 4,10 14,1 18,4 11,0 Massa seca (g espiga-1) 0,0441ns 0,1500* 0,0296 0,0152ns 0,0481ns 0,0515 13,7 18,0 1,3 Tabela 3 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o número de espigas de minimilho empalhadas comercializáveis. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade 2 2 2 54 2 2 2 65 Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em minimilho Cultivar em minimilho + milho verde Cultivar em minimilho + milho seco Resíduo Quadrado médio 1,64x109** 1,48x109** 6,02x109** 105811561,80 1,72x109** 29256473,70ns 51254730,70ns 116035048,30 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. Tabela 4 - Médias do número de espigas de minimilho empalhadas, totais e comercializáveis, de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Cultivares MM AG 1051 AG 2060 BRS 2020 69.670,20 B a 69.193,30 B a 92.144,80 A a Práticas de colheita MM+MV (espigas ha-1) 51.768,90 A b 48.348,00 A b 50.053,50 A b MM+MS 44.820,00 A b 47.929,60 A b 49.225,10 A b 1 MM: minimilho; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Comportamento semelhante ocorreu para o peso total de espigas empalhadas/peso de espigas empalhadas comercializáveis, que apresentou significativa interação cultivares x práticas de colheita (Tabela 2). No desdobramento de práticas de colheita em cada nível de cultivar foram observados efeitos dos tipos de colheita para todas as cultivares e no desdobramento das cultivares em cada nível de prática de colheita, foram observados efeitos de cultivares apenas para a prática de colheita de minimilho (Tabela 5). 37 Tabela 5 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o peso de espigas de minimilho empalhadas comercializáveis. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em minimilho Cultivar em minimilho + milho verde Cultivar em minimilho + milho seco Resíduo Graus de liberdade 2 2 2 54 2 2 2 54 Quadrado médio 16415423,63** 19022124,10** 42694829,23** 685337,64 8419300,90** 2653617,70ns 246467,43ns 914913,90 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. Conforme se observa na Tabela 6, verifica-se que com o desdobramento das cultivares, na prática de colheita de minimilho a cultivar BRS 2020 alcançou o maior valor. Já para as demais, não houve diferença significativa de produtividade para o peso total de espigas empalhadas/peso de espigas empalhadas comercializáveis, indicando que qualquer uma das cultivares pode ser utilizada para estas práticas de colheita. No desdobramento das práticas de colheita em cada nível de cultivar, pôde-se observar que para as cultivares AG 1051 e BRS 2020 a colheita de minimilho alcançou o maior valor em relação às demais, que não apresentaram diferença significativa entre si. Já na cultivar AG 2060, a prática de colheita de minimilho também alcançou o maior peso, mas a colheita de minimilho mais milho verde obteve o segundo maior valor e minimilho mais milho seco o valor mais baixo. Tabela 6 - Médias dos pesos de espigas de minimilho empalhadas, totais e comercializáveis, de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Cultivares MM AG 1051 AG 2060 BRS 2020 5.947,40 B a 6.494,70 B a 7.738,00 A a Práticas de colheita MM+MV (kg ha-1) 3.685,70 A b 4.711,60 A b 4.280,70 A b 1 MM+MS 3.773,40 A b 3.780,50 A c 4.048,80 A b MM: minimilho; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. 38 No número de espigas despalhadas comercializáveis também ocorreu interação significativa (p < 0,05) cultivares x práticas de colheita, mostrando mais uma vez a dependência entre estes fatores para estas características (Tabela 2). A análise de variância para o desdobramento de práticas de colheita demonstra que ocorre influência das mesmas no comportamento de todas as cultivares utilizadas (p < 0.01). Para o desdobramento de cultivar nos níveis de prática de colheita, observou-se que existe efeito das cultivares somente nas práticas de colheita de minimilho (p < 0,01) e minimilho mais milho verde (p < 0,05) (Tabela 7). Tabela 7 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o número de espigas de minimilho despalhadas comercializáveis. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em minimilho Cultivar em minimilho + milho verde Cultivar em minimilho + milho seco Resíduo Graus de liberdade 2 2 2 54 2 2 2 67 Quadrado médio 806274764,63** 577579572,70** 2,55x109** 88855831,18 1,10x109** 358159388,70* 112830926,80ns 94456702,24 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. Comparando-se as médias (Tabela 8), verifica-se que no desdobramento de cultivares, na prática de colheita de minimilho a cultivar com melhor desempenho foi a BRS 2020; para a prática de colheita de minimilho mais milho verde, a cultivar AG 1051 apresentou maior número de espigas, a cultivar AG 2060 o menor e a cultivar BRS 2020 não diferiu destas; já para a prática de milho verde mais milho seco não houve diferença significativa entre as cultivares, indicando que qualquer uma das cultivares pode ser utilizada. 39 Tabela 8 - Médias do número de espigas de minimilho despalhadas comercializáveis de cultivares de milho, submetidas as diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Cultivares MM AG 1051 AG 2060 BRS 2020 53.744,10 Ba 43.840,20 Ba 64.852,50 Aa Práticas de colheita MM+MV (espigas ha-1) 41.152,40 A b 29.183,30 B b 35.225,30 AB b MM+MS 36.359,10 A b 33.025,30 A b 39.743,30 A b 1 MM: minimilho; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. No desdobrando das práticas de colheita, observou-se um comportamento semelhante ao ocorrido em relação ao número total de espigas empalhadas/número de espigas empalhadas comercializáveis, ou seja, a prática de colheita que proporcionou o maior número de espigas despalhadas comercializáveis foi a de minimilho, em todas as cultivares. Quanto ao peso de espigas despalhadas comercializáveis, a análise de variância mostra que tanto as cultivares (p < 0,05), como as práticas de colheita (p < 0,01) influem nessa característica. Entretanto, não foi observada interação entre as cultivares e as práticas de colheita, de forma que esses fatores agem independentemente sobre o peso de espigas despalhadas comercializáveis (Tabela 2). O teste de Tukey para as cultivares mostra que a cultivar AG 1051 apresentou maior peso de espigas; a BRS 2020 atingiu resultado semelhante à AG 1051 e à AG 2060; e a AG 2060 apresentou peso inferior à AG 1051. O teste de médias para as práticas de colheita demonstra que, colhendo-se a cultura somente como minimilho pode-se conseguir maior peso de espigas quando comparado com as demais práticas (Tabela 9). A análise de variância também revela que as cultivares interferem na massa fresca das espigas de minimilho (p < 0,01), o que não ocorre com as práticas de colheita utilizadas, e revela, ainda, que não ocorre interação entre os fatores (Tabela 2). Analisando o teste de médias, verifica-se que as cultivares que proporcionaram maior massa fresca foram a AG 2060 e a AG 1051 (Tabela 9). 40 Tabela 9 - Médias do peso de espigas despalhadas comercializáveis, comprimento de espigas despalhadas totais e comercializáveis e massa fresca e seca de espigas de minimilho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Tratamentos Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 Práticas de colheita Minimilho Minimilho + milho verde Minimilho + milho seco Peso de espigas de minimilho despalhadas comercializáveis (kg ha-1 ) Comprimento de espigas de minimilho despalhadas totais (cm) Médias Comprimento de espigas de minimilho despalhadas comercializáveis (cm) Massa fresca de espigas de minimilho (g espiga-1) Massa seca de espigas de minimilho (g espiga-1) 499,90 A 426,00 B 479,47 AB 10,29 B 11,36 A 10,69 B 9,83 B 10,22 A 9,96 AB 11,36 A 11,66 A 10,07 B 1,307 A 1,294 A 1,178 B 599,03 A 401,87 B 404,47 B 10,87 A 10,87 A 10,60 A 10,04 A 10,01 A 9,96 A 11,29 A 10,81 A 11,00 A 1,286 A 1,247 A 1,246 A Em cada grupo de tratamentos e em cada característica, médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. 41 O comportamento da massa seca de espigas de minimilho foi semelhante ao da massa fresca, sem interação entre os fatores e com efeitos somente de cultivares (p < 0,05) (Tabela 2), sendo a AG 1051 e a AG 2060 as cultivares que obtiveram as maiores médias de peso seco (Tabela 9). Para o comprimento de espigas despalhadas totais, a análise de variância mostra que não ocorreu interação entre os fatores, mas os tipos de cultivares utilizadas influem no comprimento das espigas (Tabela 10). A cultivar AG 2060 apresentou o maior comprimento e as cultivares BRS 2020 e AG 1051 apresentaram comprimentos semelhante, menor que a AG 2060 (Tabela 9). Por outro lado, para o diâmetro de espigas despalhadas totais, a análise de variância mostra que a interação entre as cultivares e as práticas de colheita é significativa (p < 0,05), ocorrendo, portanto, dependência dos fatores analisados (Tabela 10). No desdobramento de práticas de colheita em cada nível de cultivar, ocorreu efeito das práticas de colheita somente para a cultivar AG 2060 e no desdobramento das cultivares em cada prática de colheita, ocorreu efeito das cultivares apenas para a prática de colheita de minimilho mais milho verde (Tabela 11). Na comparação de médias para o desdobramento de cultivares, verifica-se que para as práticas de colheita de minimilho e de minimilho mais milho seco não ocorreu diferença significativa no diâmetro da espigas despalhadas total, demonstrando que para estas práticas podem ser usadas qualquer uma das cultivares estudadas. O mesmo não ocorreu para a prática minimilho mais milho verde, na qual a cultivar AG 2060 apresentou a maior média, a AG 1051 a menor e a BRS 2020 um valor semelhante a estas duas. Para o desdobramento de práticas de colheita, verifica-se que as mesmas não interferiram no valor das médias para a AG 1051 e a BRS 2020. Para a cultivar AG 2060, a prática de minimilho mais milho verde obteve o maior valor, a de minimilho mais milho seco a de menor e a de minimilho um valor semelhante às demais (Tabela 12). 42 Tabela 10 - Resumo da análise de variância do comprimento e diâmetro de espigas despalhadas, totais e comercializáveis, de espigas de minimilho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade Bloco Cultivar Erro 1 Colheita Cultivar x Colheita Erro 2 CVparcelas (%) = CVsubparcelas (%) = Média geral: 9 2 18 2 4 54 Quadrados médios Espigas despalhadas totais ha-1 Espigas despalhadas comercializáveis ha-1 Comprimento Diâmetro Comprimento Diâmetro (cm) (cm) (cm) (cm) 0,8514ns 0,0122ns 0,2708ns 0,0072ns 8,8725** 0,0407ns 1,1974* 0,0126ns 1,0088 0,0205 0,3058 0,0052 0,7373ns 0,0198ns 0,0443ns 0,0011ns 0,7669ns 0,0306* 0,3034ns 0,0090* 0,5569 0,0101 0,2584 0,0034 9,3 9,0 5,5 4,8 6,9 6,3 5,1 3,9 10,8 1,6 10,0 1,5 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. 43 Tabela 11 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o diâmetro de espigas de minimilho despalhadas totais. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade 2 2 2 54 2 2 2 54 Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em minimilho Cultivar em minimilho + milho verde Cultivar em minimilho + milho seco Resíduo Quadrado médio 0,0193ns 0,0339* 0,0279ns 0,0101 0,0092ns 0,0833** 0,0096ns 0,0136 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. Tabela 12 - Médias do diâmetro de espigas de minimilho despalhadas totais de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Cultivares MM AG 1051 AG 2060 BRS 2020 1,59 A a 1,65 A ab 1,60 A a Práticas de colheita MM+MV (cm) 1,52 Ba 1,70 Aa 1,64 AB a MM+MS 1,60 A a 1,58 A b 1,54 A a 1 MM: minimilho; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Com relação ao comprimento de espigas despalhadas comercializáveis, verifica-se um comportamento semelhante ao comprimento de espigas despalhadas totais, ou seja, somente as cultivares influencia no comprimento das espigas (Tabela 10). A diferença foi apenas na magnitude de significância, p < 0,01 para as espigas totais e p < 0,05 para as comercializáveis. Comparando-se as médias, a cultivar AG 2060 obteve a maior média de comprimento, o valor da BRS 2020 foi semelhante e o da AG 1051 foi inferior a AG 2060 (Tabela 9). Similarmente à característica diâmetro de espigas despalhadas totais, a análise de variância apresentou dados semelhantes para o diâmetro de espigas despalhadas comercializáveis, que mostrou haver interação entre as cultivares e as práticas de colheita (Tabela 10). No desdobramento de práticas de colheita em cada nível de cultivar, ocorreu efeito das práticas utilizadas apenas para a cultivar BRS 44 2020. Para o desdobramento das cultivares em cada nível de práticas de colheita, ocorreu efeito das cultivares para as práticas de colheita de minimilho e de minimilho mais milho seco (Tabela 13). Tabela 13 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o diâmetro de espigas de minimilho despalhadas comercializáveis. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em colheita de minimilho Cultivar em colheita de minimilho + milho verde Cultivar em colheita de minimilho + milho seco Resíduo Graus de liberdade 2 2 2 54 2 2 2 61 Quadrado médio 0,0054ns 0,0013ns 0,0124* 0,0034 0,0128* 0,0039ns 0,0139* 0,0040 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. Na comparação de médias para o desdobramento de cultivares verifica-se que para as práticas de colheita de minimilho e minimilho mais milho verde não ocorreu diferença significativa no diâmetro das espigas despalhadas comercializáveis; ocorreu somente para a prática de minimilho mais milho seco. Para o desdobramento de práticas de colheita, verifica-se que as práticas não interferiram no valor das médias (Tabela 14). Tabela 14 - Médias do diâmetro de espigas de minimilho despalhadas comercializáveis de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Cultivares MM AG 1051 AG 2060 BRS 2020 1,50 A a 1,51 A a 1,44 A a Práticas de colheita MM+MV (cm) 1,47 A a 1,50 A a 1,50 A a 1 MM+MS 1,51 A a 1,49 AB a 1,44 B a MM: minimilho; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. 45 Observa-se que apesar dos dados seguirem uma distribuição normal de probabilidades pelo teste de Hartley (variâncias homogêneas), não havendo necessidade de transformação dos dados, o teste de Tukey não detectou os efeitos demonstrados na análise de variância do desdobramento das cultivares para a prática de colheita de minimilho, nem do desdobramento de práticas de colheita para a cultivar BRS 2020 (Tabelas 13 e 14). O comportamento obtido neste experimento para número e peso de espigas empalhadas e para número e peso de espigas despalhadas estão em concordância com os obtidos por Silva et al. (2006), que utilizaram práticas de colheita semelhantes, mas com uma única cultivar, a AG 1051. Os autores obtiveram um maior número de espigas, tanto empalhadas como despalhadas, para a prática de colheita de minimilho do que para as demais, assim como observado neste experimento, porém com uma produtividade maior, provavelmente devido às condições ambientais diferentes, como temperatura, propriedades físico-químicas do solo, radiação solar, dentre outras. O peso de espigas empalhadas foi semelhante para a prática de colheita de minimilho, mas de valores menores para as práticas de minimilho mais milho verde e minimilho mais milho seco. Já o peso de espigas despalhadas comercializáveis foi menor para a prática de colheita de minimilho e maior para as demais práticas. Com relação à superioridade das cultivares para a prática de colheita de minimilho, isto pode ser devido à habilidade da planta de milho em produzir nova inflorescência feminina após a remoção da inflorescência anterior (SILVA et al., 2006). Alguns autores estudando as cultivares AG 1051 e AG 2060 dentre outras, na produção de espigas de minimilho, verificaram que essas duas cultivares apresentaram número total de espigas empalhadas/número de espigas empalhadas comercializáveis de 87.066 e 76.448 espigas, respectivamente, utilizando densidade de população de 178.571 plantas ha-1 (ALMEIDA et al., 2005), enquanto que neste trabalho, apesar da densidade de população ser 3,6 vezes menor, os valores de número de espigas foram 69.670 e 69.193 espigas, respectivamente (Tabela 4). Além disso, os valores atingidos para o peso total de espigas 46 empalhadas/peso de espigas empalhadas comercializáveis neste experimento foram maiores, da ordem de 75% e 100%, em peso ha-1, para AG 1051 e AG 2060, respectivamente (Tabela 6). Estes resultados indicam que o desempenho das cultivares depende do critério de avaliação adotado (número ou peso de espigas empalhadas ou despalhadas, etc.) para a determinação do rendimento de minimilho. Quando ao comprimento de espigas despalhadas comercializáveis é considerada, este trabalho mostra um comportamento distinto. No presente estudo verifica-se uma diferença significativa entre as cultivares AG 1051 e AG 2060, com maior valor para a AG 2060. Enquanto que no experimento de Almeida et al. (2005), a AG 1051 apresentou valor maior que a AG 2060. Além disso, este trabalho também apresentou comprimentos maiores, provavelmente devido à diferença da densidade de população utilizada nos dois trabalhos. Para o diâmetro de espigas despalhadas comercializáveis, o comportamento foi semelhante em ambos os estudos. Considerando-se a densidade populacional utilizada por Moreira (2008), o presente trabalho, proporcionalmente, obteve valor semelhante para a cultivar AG 1051 e superior para a BRS 2020 em relação ao número total de espigas empalhadas/número de espigas empalhadas comercializáveis, o que pode-se inferir que as duas cultivares suportam bem densidades populacionais maiores. Comportamento similar foi observado para o peso total de espigas empalhadas/peso de espigas empalhadas comercializáveis, ou seja, considerando-se a densidade populacional menor, em proporção este experimento obteve o dobro do peso, indicando que uma menor população de plantas favorece o aumento do tamanho das espigas. Quanto ao número de espigas despalhadas comercializáveis, o trabalho citado não apresentou diferença estatística entre a produção das cultivares, enquanto neste, a BRS 2020 teve maior produção que a AG 1051, provavelmente devido ao comportamento dos híbridos nas diferentes densidades de população utilizadas nos dois trabalhos. Com relação ao comprimento e diâmetro de espigas despalhadas totais e ao diâmetro de espigas despalhadas comercializáveis, neste experimento não foi 47 observada diferença significativa entre as cultivares BRS 2020 e AG 1051, porém o comprimento das espigas foi maior ao reportado por Moreira (2008). Um dado interessante se refere ao teor de umidade das espigas de minimilho, uma vez que o seu conhecimento é importante para o estudo de conservação do produto. Neste trabalho, o valor obtido foi em torno de 88,6%, semelhante aos encontrados na literatura, que foram 89,5% (ALMEIDA et al., 2005), 89,1% (REIS et al., 2005) e 90,6% (RAUPP et al., 2008). Quanto à produtividade, experimentos descritos por outros autores mostraram uma média de 237.182 espigas ha-1, em uma população de 110.000 plantas, quando 21 híbridos simples de minimilho são comparados (RODRIGUES et al., 2004). Esse resultado supera o obtido neste trabalho, que foi de 77.003 espigas ha-1. Por outro lado, para o peso total de espigas empalhadas/peso de espigas empalhadas comercializáveis o autor obteve 8.270 kg ha-1, enquanto que neste trabalho foram obtidos 6.728 kg ha-1 para uma população de 50.000 plantas. Vale destacar que as populações testadas pelos autores acima citados foram selecionadas por vários anos para a produção de minimilho, o que não ocorreu no presente caso. Em termos de prolificidade, analisando a prática de colheita de minimilho, a cultivar BRS 2020 se mostrou mais prolífica, obtendo 1,84 espigas por planta, enquanto que as demais obtiveram aproximadamente 1,39, considerando a população de 50.000 plantas ha-1. Por meio destes dados, pode-se inferir que existe uma relação de prolificidade com o rendimento quando a colheita é realizada somente como minimilho, pois a cultivar BRS 2020 atingiu os maiores valores para número de espigas empalhadas comercializáveis, peso de espigas empalhadas comercializáveis e número de espigas despalhadas comercializáveis. Adicionalmente, o fator de precocidade das cultivares AG 1051, AG 2060 e BRS 2020, consideradas como semiprecoce, precoce e precoce, respectivamente, parece não ter influenciado de forma considerável as características avaliadas. Em várias regiões produtoras do mundo, as cultivares de milho-doce e pipoca são as mais utilizadas para o cultivo do minimilho (CARVALHO et al., 48 2003). No entanto, as cultivares utilizadas neste experimento apresentaram bom desempenho, indicando a importância do uso e avaliação de diferentes cultivares. Com relação ao comprimento e diâmetro de espigas despalhadas comercializáveis, os valores obtidos neste trabalho apresentaram em média 10 cm e 1,5 cm, respectivamente. Admitindo-se os valores limites de comercialização, 4 cm a 12 cm e 0,8 cm a 1,8 cm, respectivamente (CARVALHO et al., 2003), os resultados foram próximos ao limite máximo, o que pode promover maior rentabilidade para o produtor. Vale salientar que neste trabalho foi usada uma população de 50.000 plantas ha-1 e a variação do número de plantas por área influencia as características comerciais do produto tais como o comprimento e o diâmetro das espigas (PEREIRA FILHO, 2001). Estudando a correlação genotípica e fenotípica do rendimento de minimilho com diferentes componentes de rendimento, alguns autores verificaram que o número de espigas de minimilho por planta exibiu correlação positiva significativa com o rendimento de minimilho e que a análise do coeficiente de comportamento de rendimento indicou que o comprimento da espiga, seguido pelo número de espiga por planta, foi o mais importante componente com efeitos positivos diretos (VAGHELA et al., 2009). 4.2 Rendimento e características das espigas de milho verde Conforme análise de variância, as diferentes práticas de colheita influenciam tanto no número total de espigas empalhadas (p < 0,05), quanto no número de espigas empalhadas comercializáveis, ou seja, o número de espigas totais e comercializáveis varia em função das práticas de colheita utilizadas. Por outro lado, os tipos de cultivares não influem nessas características e a interação entre os fatores não é significativa (Tabela 15). De acordo com o teste de médias, verifica-se que a colheita da cultura somente como milho verde proporcionou o maior número de espigas ha-1 para ambas as características, número total de espigas empalhadas e número de espigas empalhadas comercializáveis (Tabela 16). 49 Com relação às características peso total de espigas empalhadas, peso de espigas empalhadas comercializáveis e número de espigas despalhadas comercializáveis, a análise de variância mostrou que tanto as cultivares, quanto as práticas de colheita influem significativamente, porém de forma independente, já que não ocorre interação entre esses fatores. Os resultados podem ser observados na Tabela 15. Para peso total de espigas empalhadas, o teste de médias mostrou que a cultivar AG 1051 apresentou o maior peso, enquanto que a cultivar BRS 2020 o menor, não havendo diferença destas em relação à AG 2060 (Tabela 16). Realizando o teste de Tukey para peso de espigas empalhadas comercializáveis e o número de espigas despalhadas comercializáveis, observa-se que as cultivares AG 1051 e AG 2060 alcançaram o maior valor e não diferiram estatisticamente entre si; já a cultivar BRS 2020 obteve o menor valor (Tabela 16). Quanto às práticas de colheita, para todas as características descritas na Tabela 16 foram obtidos maiores valores para a colheita exclusiva de milho verde. Comportamento diferenciado foi observado para a característica peso de espigas despalhadas comercializáveis. A análise de variância demonstra que existe interação entre as cultivares e as práticas de colheita (p < 0,01), ocorrendo então dependência dos fatores analisados (Tabela 15). No desdobramento de práticas de colheita em cada nível de cultivar, ocorre efeito das práticas de colheita para todas as cultivares. No desdobramento dos cultivares em cada nível de colheita, ocorreu efeito das cultivares para as duas práticas de colheita estudadas, com maior efeito para colheita exclusiva de milho verde (p < 0,01) (Tabela 17). 50 Tabela 15 - Resumo da análise de variância do número e peso totais de espigas empalhadas e do número e peso de espigas comercializáveis, empalhadas e despalhadas, de espigas de milho verde. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Quadrados médios Total de espigas Espigas empalhadas Fontes de Graus de empalhadas ha-1 comercializáveis ha-1 variação liberdade Número Peso Número Peso (kg) (kg) Bloco 9 107284403,64ns 9148439,03ns 74389750,94* 8057724,48ns Cultivar 2 64664983,95ns 45091030,22* 49091800,42ns 51274547,15** Erro 1 18 78946709,50 8584707,18 21493709,88 7441490,04 Colheita 1 601280395,35* 489461281,67** 2,59x109** 610125859,35** Cultivar x Colheita 2 47365410,65ns 776190,42ns 94515834,52ns 419878,55ns Erro 2 27 105500799,74 3436242,06 37895196,88 3306785,37 CVparcelas (%) = 18,7 22,3 11,0 21,9 CVsubparcelas (%) = 21,7 14,1 14,6 14,6 Média geral: 47416,8 13133,9 42172,9 12453,6 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. 51 Espigas despalhadas comercializáveis ha-1 Número Peso (kg) 23531713,30ns 1572284,05ns 299315746,62** 42002377,55** 29863335,49 2497596,18 8,36x109** 445324975,35** 40955779,72ns 8298645,05** 39401819,27 1392542,19 19,7 27,8 22,6 20,8 27744,9 5685,8 Tabela 16 - Número e peso totais de espigas empalhadas, número e peso de espigas empalhadas comercializáveis e número de espigas despalhadas comercializáveis de milho verde. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Tratamentos Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 Práticas de colheita Milho verde Minimilho + milho verde Número total de espigas de milho verde empalhadas (espigas ha-1) Peso total de espigas de milho verde empalhadas (kg ha-1 ) Médias Número de espigas de milho verde empalhadas comercializáveis (espigas ha-1) Peso de espigas de milho verde empalhadas comercializáveis (kg ha-1) Número de espigas de milho verde despalhadas comercializáveis (espigas ha-1) 49339,65 A 47133,60 A 45777,00 A 14358,50 A 13584,45 A B 11458,65 B 43965,50 A 41487,75 A 41065,50 A 13707,65 A 13003,00 A 10650,00 B 29689,65 A 30255,20 A 23289,80 B 50582,40 A 44251,10 B 15990,03 A 10277,70 B 48745,53 A 35600,30 B 15642,40 A 9264,70 B 39548,17 A 15941,60 B Em cada grupo de tratamentos e em cada característica, médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. 52 Tabela 17 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o peso de espigas de milho verde despalhadas comercializáveis. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em milho verde Cultivar em minimilho + milho verde Resíduo Graus de liberdade 1 1 1 27 2 2 36 Quadrado médio 191506227,20** 191964472,20** 78451566,05** 1392542,19 43560812,70** 6740209,90* 1945069,18 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. Quando as médias são comparadas, verifica-se que no desdobramento de cultivares na prática de colheita de milho verde, as cultivares com melhor desempenho foram a AG 2060 e a AG 1051, sendo que a BRS 2020 obteve o menor valor para o peso de espigas despalhadas comercializáveis. Dentro da prática minimilho mais milho verde, a cultivar AG 2060 apresentou o maior peso, enquanto que a BRS 2020 o menor, não ocorrendo diferença destes em relação à AG 1051. No desdobramento de práticas de colheita em cada nível de cultivar verifica-se que a prática de colheita de milho verde promoveu o melhor desempenho para todas as cultivares (Tabela 18). Tabela 18 - Médias do peso de espigas de milho verde despalhadas comercializáveis de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Práticas de colheita Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 MV (kg ha-1) 9.359,90 A a 9.853,40 A a 6.017,00 B a MM+MV (kg ha-1) 3.171,10 AB b 3.657,20 A b 2.055,90 B b 1 MV: milho verde; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Os resultados mostram que o comportamento obtido neste trabalho, no que se refere ao maior rendimento para o número e peso de espigas empalhadas e despalhadas quando a prática de colheita da cultura é exclusivamente como milho 53 verde, está em concordância com o encontrado por outros autores que realizaram estudo semelhante, com a mesma densidade de plantas (50.000 ha-1), porém com somente uma cultivar (SILVA et al., 2006). Essa superioridade de rendimento da prática de colheita MV pode ser justificada pelo fato de que parte das inflorescências formadas, após a remoção da primeira, pode não ter sido polinizada ou ter sido polinizada somente parcialmente, retardando a sua formação (Tabela 16) (SILVA et al., 2006). Deficiências na polinização podem ocorrer devido à dinâmica da liberação do pólen no milho, que tende a seguir uma curva de Gauss, isto é, uma quantia de grãos de pólen liberado aumenta com o tempo e, após alcançar valores máximos, diminui (LIZASO et. al., 2003). Assim, as inflorescências formadas mais tarde teriam menores probabilidades para ser polinizadas, uma vez que a viabilidade do pólen seria reduzida. O retardamento no desenvolvimento da inflorescência feminina estimula a assincronia entre a antese e o espigamento, reduzindo o número de grãos produzidos por espiga (BOLAGNOS e EDMEADES, 1996). Possivelmente as condições ambientais durante o período de florescimento, particularmente a umidade relativa e a temperatura, reduziram ainda mais a polinização. Ambientes secos e quentes causam a redução na viabilidade dos grãos de pólen (PURSEGLOVE, 1972). Comportamento semelhante também foi obtido por outros autores para as características número de espigas empalhadas comercializáveis, peso de espigas empalhadas comercializáveis, número de espigas despalhadas comercializáveis e peso de espigas despalhadas comercializáveis, usando a prática de colheita somente como milho verde e as cultivares AG 1051 e AG 2060, que não apresentaram diferença entre si (ALMEIDA et al., 2005). Com relação à produtividade, neste trabalho foram obtidos valores maiores, da ordem de 2 a 3 vezes para AG 1051 e da ordem de 1,5 a 2 vezes para AG 2060, apesar da mesma densidade populacional. Em um trabalho usando as cultivares AG 1051, AG 2060 e BRS 2020, e estudando o controle de plantas daninhas por meio da consorciação com gliricídia, as que apresentaram os melhores rendimentos de milho verde para a maioria das 54 características avaliadas foram AG 1051 e AG 2060 (SILVA et al., 2009). O comportamento foi semelhante ao obtido neste trabalho, utilizando-se a mesma densidade populacional de plantas. Quando as características quantitativas comerciais para o milho verde e sua relação com outros caracteres da espiga são estudadas, verifica-se que o peso da espiga despalhada está relacionado ao peso da espiga empalhada (OLIVEIRA et. al., 1987), relação esta também observada neste trabalho. Em termos comerciais, alguns autores relatam que o peso de espigas com palha é importante para o milho verde destinado às feiras livres e o peso de espigas sem palha para os supermercados (VALENTINI e SHIMOYA, 1998). Por outro lado, estudos avaliando vários cultivares para a produção de espigas verdes empalhadas e despalhadas, mostraram que nem sempre o material que apresenta maior produção de espigas despalhadas, apresenta também índice de rendimento comercial mais elevado (TABOSA et al., 2000). Quando se faz uma análise dos trabalhos aqui relatados, verifica-se que esses híbridos, mesmo em situações diferentes, apresentam boa estabilidade quanto ao comportamento. Além disso, os estudos são indicativos de que os resultados vão depender das condições ambientais locais e da carga genética dos materiais utilizados. 4.3 Rendimento e características das espigas de milho seco A análise de variância demonstrou que tanto as cultivares quanto as práticas de colheita influem no rendimento de grãos e no número de espigas de milho seco. Porém, de forma independente, uma vez que não ocorre interação entre estes fatores (Tabela 19). 55 Tabela 19 - Resumo da análise de variância do rendimento de grãos e seus componentes de cultivares de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade Bloco 9 Cultivar 2 Erro 1 18 Colheita 1 Cultivar x Colheita 2 Erro 2 27 CVparcelas (%) = CVsubparcelas (%) = Média geral: Rendimento de grãos (kg ha-1) 2141673,89ns 16916187,82** 1244252,61 275808448,02** 3575515,32ns 1106228,59 17,3 16,3 6458,4 Quadrados médios Número de espigas Peso de 100 grãos (espigas ha-1) (g) 57389339,12ns 26,49* 113235873,45* 160,05** 26754103,02 10,30 1,34x109** 12,72ns 13314278,12ns 25,33ns 34378305,74 17,58 11,6 9,6 13,1 12,5 44692,6 33,5 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. 56 Número de grãos por espiga 3239,74ns 34177,98** 2549,15 599720,03** 28945,82** 1905,93 12,1 10,5 416,6 De acordo com o teste de médias (Tabela 20), a cultivar AG 1051 foi a mais produtiva em rendimento de grãos, sendo que a AG 2060 e a BRS 2020 apresentaram valores mais baixos, sem ocorrer diferença significativa entre ambas. Por outro lado, em número de espigas, a cultivar que apresentou maior produtividade foi a BRS 2020, enquanto que a AG 2060 foi a menor e a AG 1051 não diferiu das demais. Com relação às práticas de colheita, verificou-se maior produtividade, tanto em rendimento de grãos quanto em número de espigas para a colheita exclusiva de milho seco (Tabela 20). Tabela 20 - Rendimento de grãos de cultivares de milho submetidos a práticas de colheita e seus componentes. Tratamentos Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 Práticas de colheita Milho seco Minimilho + milho seco Rendimento de grãos Número de espigas (kg ha-1) (espigas ha-1) Médias Comprimento de espigas (cm) Peso de 100 grãos Altura dos grãos (g) (mm) 7484,20 A 6183,35 B 5707,60 B 43863,20 AB 42838,85 B 47375,75 A 15,79 AB 16,07 A 15,04 B 36,72 A 36,72 B 31,77 B 12,83 A 11,23 B 11,21 B 8602,40 A 4314,37 B 49415,43 A 39969,77 B 16,77 A 14,49 B 33,93 A 33,01 A 12,14 A 11,38 B Em cada grupo de tratamentos e em cada característica, médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. A Tabela 19 mostra, ainda, que para o peso de 100 grãos não existe interação entre as cultivares e as práticas de colheita, ocorrendo somente efeito das cultivares. Quando as médias são comparadas (Tabela 20), verifica-se que a cultivar AG 1051 obteve o maior peso de 100 grãos, enquanto que a AG 2060 e a BRS 2020 obtiveram valores menores, sem diferirem entre si. As práticas de colheita não interferiram no valor para o peso de 100 grãos. Quanto ao número de grãos por espiga, a análise de variância demonstra que existe dependência entre as cultivares e as práticas de colheita (p > 0,01) (Tabela 19). 57 Assim, desdobrando as práticas de colheita em cada nível de cultivar, verifica-se que existe efeito das práticas estudadas para todas as cultivares. No desdobramento de cultivar em cada nível de colheita, ocorre efeito das cultivares apenas para a prática de colheita de milho seco (Tabela 21). Tabela 21 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o número de grãos por espiga de milho seco. UFERSA, MossoróRN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade 1 1 1 27 2 2 40 Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em milho seco Cultivar em minimilho + milho seco Resíduo Quadrado médio 276689,29** 317494,80** 63427,58** 1905,93 63013,33** 110,47ns 2227,54 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. Quando as médias são comparadas no desdobramento das cultivares, verifica-se que na prática de colheita de milho seco as cultivares AG 1051 e AG 2060 alcançaram os maiores números de grãos por espiga, não diferindo entre si, e a cultivar BRS 2020 obteve o menor valor, enquanto que na prática de colheita de minimilho com milho seco não ocorreu diferença de desempenho das cultivares. Por outro lado, desdobrando as práticas de colheita em cada nível de cultivar, observa-se que a prática de colheita de milho seco proporcionou os maiores valores para todas as cultivares (Tabela 22). Tabela 22 - Médias do número de grãos por espiga de milho seco de cultivares de milho, submetidas as diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 MS 553,89 A a 570,47 A a 425,44 B a Práticas de colheita MM+MS 318,65 A b 318,48 A b 312,81 A b 1 MS: milho seco; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. 58 Em relação às características das espigas, a análise de variância demonstra que ocorre efeito das cultivares e das práticas de colheita no comprimento das mesmas, mas de forma independente, não ocorrendo interação entre estes fatores (Tabela 23). Tabela 23 - Resumo da análise de variância do comprimento e diâmetro das espigas, e do número de fileiras de grãos por espiga de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade Bloco Cultivar Erro 1 Colheita Cultivar x Colheita Erro 2 CVparcelas (%) = CVsubparcelas (%) = Média geral: 9 2 18 1 2 27 Comprimento (cm) 0,7758ns 5,6356* 1,1941 78,2955** 1,3246ns 0,6470 7,0 5,2 15,6 Quadrados médios Diâmetro (cm) 0,0520ns 1,9947** 0,0369 4,8337** 0,2145* 0,0417 4,1 4,4 4,6 Número de fileiras de grãos 0,7476ns 33,1543** 0,4458 22,8784** 2,2687* 0,4652 4,7 4,8 14,1 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. O teste de médias demonstrou que para as cultivares, a AG 2060 foi a que apresentou maior comprimento de espigas, enquanto que a BRS 2020 apresentou o menor valor, não havendo diferença destas em relação à AG 1051. Com relação às práticas de colheita, verificou-se maior comprimento de espigas para a colheita exclusiva de milho seco (Tabela 20). Para o diâmetro de espigas e o número de fileiras de grãos, conforme mostra a Tabela 23, é significativa a interação entre as cultivares e as práticas de colheita (p < 0,05). No desdobramento de práticas de colheita em cada nível de cultivar e de cultivar em cada nível de prática de colheita, observa-se que para o diâmetro das espigas as práticas interferem no desempenho de todas as cultivares, assim como as cultivares interferem nas práticas de colheita (Tabela 24). 59 Tabela 24 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o diâmetro das espigas de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade 1 1 1 27 2 2 44 Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em milho seco Cultivar em minimilho + milho seco Resíduo Quadrado médio 1,9971** 2,7011** 0,5645** 0,0417 1,6183** 0,5910** 0,0393 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. Quando se compara as médias do diâmetro de espigas (Tabela 25), verifica-se que na prática de colheita de milho seco as cultivares AG 1051 e AG 2060 alcançaram o maior valor, sem diferirem entre si, e a BRS 2020 obteve a menor média. Na prática de minimilho mais milho seco observa-se a superioridade da cultivar AG 1051. No desdobramento das práticas de colheita em cada nível de cultivar, a prática de colheita de milho seco proporcionou os maiores diâmetros para todas as cultivares. Tabela 25 - Médias do diâmetro de espigas de milho seco de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Práticas de colheita Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 MS (cm) 5,26 A a 5,06 A a 4,49 B a MM+MS (cm) 4,63 A b 4,32 B b 4,15 B b 1 MS: milho seco; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Em relação à análise do desdobramento para o número de fileiras de grãos de espigas (Tabela 26), verifica-se que as práticas de colheita influem no comportamento das cultivares AG 1051 e AG 2060 (p < 0,01) e no desdobramento das cultivares em cada nível de prática de colheita observa-se que as cultivares influem nas duas práticas de colheita. 60 Tabela 26 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para o número das fileiras de grãos das espigas de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade 1 1 1 27 2 2 44 Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em milho seco Cultivar em minimilho + milho seco Resíduo Quadrado médio 13,9278** 12,4346** 1,0534ns 0,4652 25,7440** 9,6791** 0,4555 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. Quando se compara as médias (Tabela 27), no desdobramento das cultivares observa-se o mesmo comportamento para as duas práticas de colheita, ou seja, a cultivar AG 2060 apresenta o maior número de fileiras de grãos, seguida da cultivar AG 1051 e por fim a BRS 2020 com o menor número. No desdobramento das práticas de colheita, observa-se que a colheita de milho seco proporcionou os maiores valores para a AG 1051 e a AG 2060; para a BRS 2020 as duas práticas proporcionaram valores semelhantes. Tabela 27 - Médias do número de fileiras de grãos de espigas de milho seco de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 Práticas de colheita MS 15,27 B a 16,03 A a 12,95 C a MM+MS 13,60 B b 14,45 A b 12,49 C a 1 MS: milho seco; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Quanto às características dos grãos, a análise de variância (Tabela 28) mostra que para a altura dos grãos ocorre efeito das cultivares e das práticas de colheita, mas de forma independente, uma vez que não ocorre interação entre estes fatores. Por outro lado, para a largura e a espessura de grãos existe interação entre estes fatores. 61 Tabela 28 - Resumo da análise de variância da altura, largura e espessura dos grãos das espigas de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade Bloco Cultivar Erro 1 Colheita Cultivar x Colheita Erro 2 CVparcelas (%) = CVsubparcelas (%) = Média geral: 9 2 18 1 2 27 Quadrados médios Largura (mm) 0,3971ns 0,1136ns 17,2823** 2,9800** 0,2788 0,0726 8,6716** 0,00054ns ns 0,5340 0,6642* 0,2231 0,1251 4,5 3,1 4,0 4,0 11,8 8,8 Altura Espessura 0,1040ns 0,3822* 0,0772 1,8550** 0,4086** 0,0634 6,6 6,0 4,2 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. A Tabela 20 mostra que a cultivar AG 1051 apresentou a maior altura de grãos e as cultivares AG 2060 e BRS 2020 as menores, sem diferirem entre si; para as práticas de colheita, a de milho seco proporcionou a maior média. Para a largura de grãos, desdobrando a prática de colheita em cada nível de cultivar, verifica-se efeito apenas na cultivar AG 1051 e no desdobramento de cultivar em cada nível de colheita, ocorre efeito nas duas práticas de colheita (Tabela 29). Tabela 29 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para a largura dos grãos das espigas de milho seco. UFERSA, MossoróRN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade 1 1 1 27 2 2 45 Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em milho seco Cultivar em minimilho + milho seco Resíduo Quadrado médio 0,8000* 0,0638ns 0,4651ns 0,1251 1,6830** 1,9612** 0,0989 ns Não significativo; * Significativo, a 5% de probabilidade pelo Teste F e ** Significativo, a 1% de probabilidade pelo Teste F. Quando se compara as médias no desdobramento de cultivares, verifica-se que na prática de colheita de milho seco, a BRS 2020 obteve o maior valor, seguida pela AG 1051 e AG 2060, sendo esta última com o menor valor; e, na prática de 62 colheita de minimilho mais milho seco, as cultivares AG 1051 e BRS 2020 alcançaram o maior valor, sendo que a AG 2060 obteve o menor. Nas médias do desdobramento de práticas de colheita, a colheita de minimilho mais milho seco promoveu o maior valor na cultivar AG 1051 e para as cultivares AG 2060 e BRS 2020 os valores da largura de grãos não diferiram, ou seja, os valores obtidos foram semelhantes tanto para a colheita de milho seco, como para a de minimilho mais milho seco (Tabela 30). Tabela 30 - Médias da largura dos grãos de espigas de milho seco de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Práticas de colheita Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 MS (mm) 8,77 B b 8,42 C a 9,24 A a MM+MS (mm) 9,17 A a 8,31 B a 8,94 A a 1 MS: milho seco; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Quando se trata da espessura dos grãos, o desdobramento da prática de colheita mostra que ocorre influência da mesma sobre as cultivares AG 1051 e AG 2060. No desdobramento de cultivar, estas influenciam tanto na prática de colheita millho seco como minimilho + milho seco (Tabela 31). A Tabela 32 mostra que no desdobramento de cultivares para a prática de colheita de milho seco, as cultivares BRS 2020 e AG 2060 obtiveram a maior espessura de grãos e a AG 1051 a menor. Para a prática de colheita de minimilho mais milho seco a AG 2060 obteve o maior valor, enquanto que a cultivar BRS 2020 o menor, não havendo diferença destes em relação à AG 1051. 63 Tabela 31 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para a espessura dos grãos das espigas de milho seco. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade 1 1 1 27 2 2 41 Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em milho seco Cultivar em minimilho + milho seco Resíduo Quadrado médio 1,5457** 1,1234** 0,0031ns 0,0634 0,3666** 0,4241** 0,0703 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. Tabela 32 - Médias da espessura dos grãos de espigas de milho seco de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 MS (mm) 3,83 B b 4,14 A b 4,18 A a Práticas de colheita MM+MS (mm) 4,39 AB a 4,61 A a 4,20 B a 1 MS: milho seco; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Para o desdobramento de práticas de colheita, o tratamento minimilho mais milho seco proporcionou as maiores médias de espessura de grãos para a AG 1051 e a AG 2060. Para a BRS 2020, os valores obtidos foram semelhantes para as duas práticas estudadas (Tabela 32). Assim como observado para as produtividades obtidas para as práticas de colheita exclusivas de minimilho ou de milho verde, a superioridade do rendimento de grãos de milho seco, de cerca de 50% em plantas que não foram submetidas à remoção da primeira inflorescência, foi devido ao alto número de espigas ha-1 (Tabela 20) e de grãos espiga-1 (Tabela 22), visto que ambos os tratamentos não diferiram quanto a seus pesos de 100 grãos (Tabela 20). O alto número de espigas ha-1 (Tabela 20) provavelmente se deveu à maior polinização de espigas quando a prática de colheita é exclusivamente de milho seco. Com base nos dados obtidos, pode-se estimar que a proporção de espigas não 64 polinizadas foi da ordem de 20% do número de espigas produzidas sem a colheita da primeira espiga como minimilho, em concordância com os resultados obtidos por Silva et al. (2006), que reportaram uma porcentagem ao redor de 24% utilizando-se a cultivar AG 1051. Por outro lado, observa-se que o número de espigas ha-1 foi maior para a cultivar BRS 2020, que conforme demonstrado para o minimilho, esta cultivar caracterizou-se por maior número de espigas por planta. Apesar disso, apresentou menor rendimento de grãos devido ao menor valor obtido com as características comprimento e diâmetro de espigas, altura de grãos, peso de 100 grãos, número de grãos por espiga e número de fileiras de grãos. Em termos de rendimento de grãos, o maior valor foi observado para a cultivar AG 1051, numa combinação de todas as características estudadas para o milho seco, que na maioria das vezes alcançou o maior valor, mas nunca o menor valor entre as cultivares. Quando se compara os rendimentos obtidos neste trabalho, com aqueles reportados na literatura (SILVA e SILVA, 1991; SILVA et al., 1995; ALMEIDA et al., 2005), observa-se que nem sempre as melhores cultivares para a produção de milho verde são as melhores para a produção de grãos secos. Um dos fatores que podem contribuir para isso é que espigas descartadas na produção de milho verde podem ser perfeitamente aproveitadas quando o interesse for para grãos. Comportamento semelhante para as características rendimento de grãos, número de espigas por hectare, número de grãos por espiga, número de fileiras de grãos por espiga, comprimento e diâmetro de espigas, altura, largura e espessura dos grãos foi obtido em um estudo desenvolvido recentemente, utilizando densidade de população igual à deste trabalho (50.000 plantas ha-1), cultivo de milho seco sem remoção da primeira inflorescência como minimilho e avaliando as cultivares AG 1051 e BRS 2020 (MOREIRA, 2008). Vale salientar, entretanto, que o rendimento é o mais importante objetivo da reprodução de alguns cultivos, incluindo o milho. O rendimento é de caráter complexo, controlado por muitos fatores, incluindo alguns de seus componentes (SATYANARAYANA et al., 2009). 65 4.4 Altura das plantas, inserção das espigas e ramificação dos pendões Para as alturas das plantas e de inserção da espiga, a análise de variância mostra que existe dependência entre os fatores estudados, com interação significativa (p < 0,05 e p < 0,01) entre os mesmos (Tabela 33). O desdobramento de colheita em cada nível de cultivar para a altura de plantas mostra efeito das práticas de colheita para as cultivares AG 2060 e BRS 2020. Já o desdobramento das cultivares em cada nível de prática de colheita mostra a influência das cultivares somente para a prática de colheita de minimilho mais milho seco (Tabela 34). Quando se compara as médias no desdobramento das cultivares, verifica-se que para a prática de colheita de minimilho mais milho seco a AG 2060 alcançou o maior valor e a BRS 2020 o menor, não havendo diferença destas em relação à AG 1051. Para as demais práticas, não ocorreu diferença entre as cultivares. No desdobramento de praticas de colheita, verifica-se que somente a prática de colheita de minimilho mais milho seco mostrou diferença significativa, proporcionando menor valor para a cultivar BRS 2020. Nas demais práticas, as plantas apresentaram maior altura, não diferindo entre si (Tabela 35). Tabela 33 - Resumo da análise de variância das alturas das plantas e das espigas e do número de ramificações do pendão de cultivares de milho. UFERSA, Mossoró RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade Bloco 9 Cultivar 2 Erro 1 18 Colheita 4 Cultivar x Colheita 8 Erro 2 108 CVparcelas (%) = CVsubparcelas (%) = Média geral: Altura da planta (cm) 404,40ns 17,49ns 417,21 490,57** 265,23* 124,05 11,8 6,4 173,8 Quadrados médios Altura da Número de espiga ramificações (cm) do pendão 244,97ns 12,88** 1221,78ns 148,25** 474,96 2,94 183,83** 3,98ns 139,30** 2,41ns 51,74 3,53 25,8 13,2 8,5 14,4 84,6 13,0 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. 66 Tabela 34 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para a altura das plantas de cultivares de milho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade 4 4 4 108 2 2 2 2 2 70 Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em minimilho Cultivar em milho verde Cultivar em milho seco Cultivar em minimilho + milho verde Cultivar em minimilho + milho seco Resíduo Quadrado médio 145,41ns 306,04* 569,57** 124,05 239,60ns 217,49ns 22,96ns 7,02ns 591,32* 182,68 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. Tabela 35 - Médias da altura das plantas de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Cultivares MM AG 1051 AG 2060 BRS 2020 173,48 A a 167,20 A a 176,84 A a Práticas de colheita MS MM+MV (cm) 173,33 A a 178,23 A a 175,76 A a 167,31 A a 177,94 A a 177,37 A a 176,48 A a 180,70 A a 176,99 A a MV MM+MS 167,93 AB a 176,65 A a 161,31 B b 1 MM: minimilho; MV: milho verde; MS: milho seco; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Observa-se, no entanto, que o teste de Tukey não detectou a influência da prática de colheita na cultivar AG 2060 (Tabela 35), mostrada na análise de variância do desdobramento (Tabela 34). Na análise de desdobramentos para a altura das espigas (Tabela 36), ocorreu efeito das práticas de colheita somente para a cultivar BRS 2020. No desdobramento dos graus de liberdade das cultivares, a análise da variância não demonstrou efeito das mesmas sobre as práticas de colheita. 67 Tabela 36 - Desdobramento dos graus de liberdade da prática de colheita e de cultivares para a altura das espigas de cultivares de milho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Fontes de variação Graus de liberdade 4 4 4 108 2 2 2 2 2 36 Colheita na cultivar AG 1051 Colheita na cultivar AG 2060 Colheita na cultivar BRS 2020 Resíduo Cultivar em minimilho Cultivar em milho verde Cultivar em milho seco Cultivar em minimilho + milho verde Cultivar em minimilho + milho seco Resíduo Quadrado médio 63,33ns 98,72ns 300,37** 51,73 373,07ns 340,92ns 344,86ns 368,41ns 351,70ns 136,38 ns, , = não significativo e significativo a 5% ou a 1%, pelo Teste F, respectivamente. A comparação de médias (Tabela 37) demonstrou que para a prática de colheita de minimilho mais milho seco a cultivar BRS 2020 teve o menor desempenho, o mesmo não ocorrendo para esta cultivar nas demais práticas. Para as outras cultivares, não ocorreu diferença na aplicação das diferentes práticas de colheita. Tabela 37 - Médias da altura de inserção das espigas de cultivares de milho, submetidas a diferentes práticas de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Cultivares MM AG 1051 AG 2060 BRS 2020 78,24 A a 82,96 A a 90,36 A a Práticas de colheita MS MM+MV (cm) 80,72 A a 82,73 A a 80,33 A a 80,13 A a 86,00 A a 86,76 A a 90,53 A a 94,13 A a 92,46 A a MV MM+MS 76,15 A a 87,81 A a 80,11 A b 1 MM: minimilho; MV: milho verde; MS: milho seco; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Com relação ao número de ramificações do pendão, conforme análise de variância (Tabela 33), as cultivares influenciam significativamente nessa característica (p < 0,01), ou seja, o número de ramificações varia em função das cultivares utilizadas. Por outro lado, as práticas de colheita não influem nessa 68 característica, além de que não é observada nenhuma interação entre os fatores estudados. Analisando o teste de médias, observa-se que a cultivar AG 2060 apresentou o maior número de ramificações de pendão, enquanto que a AG 1051 e a BRS 2020 os menores, sem diferiram entre si (Tabela 38). Tabela 38 - Número de ramificações de pendão de cultivares de milho. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Ramificações do pendão Tratamentos Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 Práticas de colheita Cultivar em minimilho Cultivar em milho verde Cultivar em milho seco Cultivar em minimilho + milho verde Minimilho + milho seco 11,97 B 14,99 A 12,05 B 13,00 A 13,59 A 12,94 A 12,91 A 12,59 A Em cada grupo de tratamentos e em cada característica, médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Em relação às alturas das plantas e das espigas somente na prática de colheita MM + MS ocorreu comportamento distinto. Segundo Fornasieri Filho (1992), um fator que pode afetar a altura das plantas é o período de polinização do milho que dura, em média, de 5 a 8 dias e é caracterizado por uma interrupção no crescimento do caule. Em termos de valor, a altura das plantas registrada na literatura (ALMEIDA et al., 2005) foi maior que a observada neste experimento, provavelmente devido à diferente densidade de plantio entre os dois experimentos. Altas densidades de plantio, como a adotada por Almeida et al. (2005), de 178.571 plantas ha-1, podem causar o acamamento de algumas cultivares (BAVEC e BAVEC, 2002). Isso pode ser justificado pelo fato da menor oxidação de auxinas, decorrente da proximidade das plantas, estimular a elongação celular (SALISBURRY e ROSS, 1992). Com isso, os entrenós do colmo são mais longos, aumentando a estatura da planta e a altura de inserção de espigas. Além disso, a 69 maior competição intraespecífica por luz, o aumento da dominância apical e o estiolamento das plantas favorecem a redução no diâmetro do colmo e, portanto, o acamamento das plantas. Como o minimilho em geral é produzido em altas densidades de plantio, deve-se dar preferência a cultivares de menor porte, visando-se a diminuição nas perdas na produção, que podem ocorrer se o acamamento ocorrer antes da floração (ALMEIDA et al., 2005). Quanto ao número de ramificações do pendão, os valores obtidos neste experimento atingiram valores próximos aos descritos na literatura (ALMEIDA et al., 2005; MOREIRA, 2008), apesar das diferentes densidades de população para minimilho. De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, a cultivar AG 2060 foi a que apresentou o maior número de ramificações do pendão (Tabela 38), ao contrário do rendimento de grãos e do número de espigas por hectare, nos quais a cultivar apresentou os menores valores (Tabela 20). Esses resultados são coerentes com os descritos por outros autores, os quais reportam que a produção de grãos de milho e os componentes primários de produção, tais como número de plantas/área, número de espigas/planta (prolificidade), número de grãos por espiga e peso de grãos, correlacionam-se negativamente com o número de ramificações do pendão (MAGALHÃES et al., 2002). Progressos substanciais na produção de grãos por seleção no número de ramificações de pendão têm sido demonstrados, sendo que o maior número age negativamente na produção de grãos (GERALDI et al., 1985). Por outro lado, outros pesquisadores descrevem resultados distintos (SOUZA JÚNIOR et al., 1980; ZANETE e PATERNIANI, 1992). Esses autores obtiveram correlações positivas entre a produtividade e o número de ramificações do pendão. Considerando-se que o pendão é um forte dreno, podendo demandar expressiva quantidade de fotoassimilados, a competição por nutrientes e carboidratos entre a espiga e o pendão pode ser significativa e o efeito pode ser mais severo quanto maiores forem as condições adversas do meio ambiente (SANGOI et al., 2002). 70 Atualmente, têm sido desenvolvidos híbridos que produzem pendões menores (DUVICK e CASSMANN, 1999), que requerem menor quantidade de nutrientes e fotoassimilados para suportar o seu desenvolvimento (SANGOI e SALVADOR, 1998), além de produzirem menores quantidades de auxinas, diminuindo seu efeito inibitório sobre o desenvolvimento das espigas (SANGOI e SALVADOR, 1996). Desta forma, o menor poder de demanda e a menor dominância apical do pendão sobre as espigas pode favorecer o maior número de espigas por planta. 4.5 Análise econômica Na Tabela 39 estão representados os custos diferenciados, ou seja, os valores correspondentes aos itens de despesas que são diferentes para cada cultivar ou para cada prática de colheita. Neste aspecto, destaca-se a cultivar AG 1051, na modalidade de colheita de minimilho mais milho seco, com mais alto custo por hectare (R$1.543,00). As cultivares AG 2060 e BRS 2020, para a mesma modalidade de colheita, classificaram-se em segundo e terceiro lugar (R$ 1.518,00 e R$ 1.443,00), respectivamente. Se for utilizado, como exemplo, a cultivar AG 1051 para a prática de colheita minimilho mais milho seco (Tabela 39), o custo de sementes representou 12% em relação ao total gasto, o custo da irrigação representou 55% e o da colheita 33%. Para a prática que gerou menor custo (minimilho), o gasto com sementes representou 17% do custo total, enquanto que a irrigação representou 44% e a colheita 39%. Nota-se que tanto para as práticas de menor custo, quanto para as práticas de maior custo, os gastos com irrigação tiveram uma participação considerável. 71 Tabela 39 - Custos com sementes, irrigação e colheita, em reais, por hectare, para as cultivares de milho AG 1051, AG 2060 e BRS 2020, no município de MossoróRN, em 2009. Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 Práticas de Colheita1 Custos Diferenciados (R$) MS Sementes 185,00 Irrigação 854,00 Colheita 280,00 Total 1.319,00 MM 185,00 477,40 420,00 1.082,40 MV 185,00 597,00 364,00 1.146,00 MM+MV 185,00 597,00 616,00 1.398,00 MM+MS 185,00 854,00 504,00 1.543,00 MS 160,00 854,00 280,00 1.294,00 MM 160,00 477,40 420,00 1.057,40 MV 160,00 597,00 364,00 1.121,00 MM+MV 160,00 597,00 616,00 1.373,00 MM+MS 160,00 854,00 504,00 1.518,00 MS 85,00 854,00 280,00 1.219,00 MM 85,00 477,40 420,00 982,40 MV 85,00 597,00 364,00 1.046,00 MM+MV 85,00 597,00 616,00 1.298,00 MM+MS 85,00 854,00 504,00 1.443,00 1 MS: milho seco; MM: minimilho; MV: milho verde; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. No que concerne à receita total obtida com a venda do produto correspondente a cada prática de colheita, a modalidade minimilho mais milho verde foi a que mais receita proporcionou, independente da cultivar semeada (Tabela 40). O destaque, mais uma vez, ficou com a AG 1051 que superou as cultivares AG 2060 e BRS 2020, em 16,42% e 26,20%, respectivamente. A prática de colheita que gerou menor receita, independente da cultivar considerada, foi a de milho seco (MS), com ênfase para a cultivar BRS 2020 que, nessa modalidade de colheita, atingiu a menor receita por hectare (R$ 2.356,48). 72 Tabela 40 - Receita total, por hectare, com a venda dos produtos obtidos a partir de cada prática de colheita, considerando as três cultivares de milho (AG 1051, AG 2060 e BRS 2020), no município de Mossoró-RN, em 2009. Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 Práticas de Colheita1 MM Peso (kg ha-1) 606 Preço (R$ kg-1) 10,00 Receita Total MV 16.871 0,47 7.929,37 MS 9.863 0,32 3.156,16 MM + MV MM + MS MM 452 + 10.544 442 + 5.105 550 10,00 + 0,47 10,00 + 0,32 10,00 MV 16.348 0,47 7.683,56 MS 8.581 0,32 2.745,92 MM + MV MM + MS MM 360 + 9.658 369 + 3.786 641 10,00 + 0,47 10,00 + 0,32 10,00 MV 13.708 0,47 6.442,76 MS 7.364 0,32 2.356,48 MM + MV MM + MS 394 + 7.592 403 + 4.052 10,00 + 0,47 10,00 + 0,32 6.060,00 9.475,68 6.053,60 5.500,00 8.139,26 4.901,52 6.410,00 7.508,24 5.326,64 1 MS: milho seco; MM: minimilho; MV: milho verde; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. De acordo com as Tabelas 41, 42 e 43 e utilizando a razão receita adicional/custo adicional, verifica-se que no caso da prática de colheita de minimilho mais milho verde, para a cultivar AG 1051, cada real aplicado no custo adicional, gera R$ 79,99 de receita adicional. Utilizando a mesma relação, para a cultivar AG 2060 a receita adicional gerada é R$ 68,27 e para a BRS 2020 é R$ 65,21. 73 Tabela 41 – Indicadores econômicos para a cultivar AG 1051 por prática de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Indicadores R$ MS RT2 3.156,16 RA3 0 CD4 1.319,00 CA5 0 LA6 0 Valore relativos do LA (MM+MV = 100) Práticas de colheita1 MM MV MM+MV 6.060,00 7.929,37 9.475,68 2.903,84 4.774,21 6.319,52 1.082,40 1.146,00 1.398,00 -236,60 -173,00 79,00 3.140,44 4.946,21 6.240,52 50,32 79,26 100 MM+MS 6.053,60 2.897,44 1.543,00 224,00 2.673,44 42,84 1 MS: milho seco; MM: minimilho; MV: milho verde; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. 2 Receita Total. 3 Receita Adicional – diferença entre receita total de cada produto e receita total do MS. 4 Custo Diferenciado – custo referentes a despesas com sementes, irrigação (energia elétrica e mão de obra) e colheita. 5 Custo Adicional – diferença entre custo diferenciado de cada produto e custo diferenciada do MS. 6 Lucro Adicional – diferença entre receita adicional e o custo adicional. Tabela 42 - Indicadores econômicos para a cultivar AG 2060 por prática de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Indicadores R$ MS RT2 2.745,92 RA3 0 CD4 1.294,00 CA5 0 LA6 0 Valores relativos do LA (MM+MV =100) Práticas de colheita1 MM MV MM+MV 5.500,00 7.683,56 8.139,26 2.754,08 4.937,64 5.393,34 1.057,40 1.121,00 1.373,00 -236,60 -173,00 79,00 2.990,68 5.110,64 5.314,34 56,28 96,17 1 100 MM+MS 4.901,52 2.155,6 1.518,00 224,00 1.931,60 36,35 MS: milho seco; MM: minimilho; MV: milho verde; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. 2 Receita Total. 3 Receita Adicional – diferença entre receita total de cada produto e a receita total do MS. 4 Custo Diferenciado – custo referentes a despesas com sementes, irrigação (energia elétrica e mão de obra) e colheita. 5 Custo Adicional – diferença entre custo diferenciado de cada produto e custo diferenciada do MS. 6 Lucro Adicional – diferença entre receita adicional e o custo adicional. 74 Tabela 43 - Indicadores econômicos para a cultivar BRS 2020 por prática de colheita. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Indicadores R$ MS RT2 2.356,48 RA3 0 CD4 1.219,00 CA5 0 LA6 0 Valores relativos do LA (MM+MV =100) Práticas de colheita1 MM MV MM+MV 6.410,00 6.442,76 7.508,24 4.053,52 4.086,28 5.151,76 982,40 1.046,00 1.298,00 -236,60 -173,00 79,00 4.290,12 4.259,28 5.072,76 84,57 83,96 100 MM+MS 5.326,64 2.970,16 1.443,00 224,00 2.746,16 54,14 1 MS: milho seco; MM: minimilho; MV: milho verde; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. 2 Receita Total. 3 Receita Adicional – diferença entre receita total de cada produto e a receita total do MS. 4 Custo Diferenciado – custo referentes a despesas com sementes, irrigação (energia elétrica e mão de obra) e colheita. 5 Custo Adicional – diferença entre custo diferenciado de cada produto e custo diferenciada do MS. 6 Lucro Adicional – diferença entre receita adicional e o custo adicional. Em relação ao milho seco, o maior lucro adicional foi proporcionado pela prática de colheita de minimilho mais milho verde e a menor para minimilho mais milho seco para todas as cultivares. Quanto às cultivares para a produção de minimilho, a que apresentou o maior lucro adicional foi a BRS 2020; para a produção de milho verde foi a AG 2060; para minimilho mais milho verde foi a AG 1051 e para minimilho mais milho seco foi a BRS 2020 (Tabela 44). Vale salientar que no caso da prática de colheita de minimilho mais milho verde, o maior lucro adicional para a cultivar AG 1051 está relacionado ao maior custo adicional (cada real aplicado no custo adicional gera uma maior receita adicional, R$ 79,99). Tabela 44 – Lucro adicional, por prática de colheita, para as cultivares. UFERSA, Mossoró-RN, 2009. Cultivares AG 1051 AG 2060 BRS 2020 MS 0 0 0 Lucro adicional (R$)/Práticas de colheita MM MV MM+MV 3.140,44 4.947,62 6.240,52 2.990,68 5.110,64 5.314,34 4.290,12 4.259,28 5.072,76 1 MM+MS 2.673,44 1.931,60 2.746,16 MS: milho seco; MM: minimilho; MV: milho verde; MM+MV: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho verde; MM+MS: colheita da primeira espiga como minimilho e as demais como milho seco. 75 Para a definição da cultivar mais apropriada para as práticas a serem desenvolvidas na propriedade, o item irrigação se torna o de maior importância, uma vez que o custo com a colheita tem menor possibilidade de contenção de gasto, já que é uma atividade obrigatória. Neste sentido, para a irrigação existem várias possibilidades, tais como o plantio de sequeiro; a irrigação complementar nos momentos de veranico, aproveitando, por exemplo, a irrigação já instalada para outras culturas; ou ainda utilizar a irrigação durante todo o ciclo. Além disso, podese optar por diferentes sistemas de irrigação, mais eficientes e de menor custo, ou seja, mais apropriado para a região (MATTOSO, 2002). Qualquer que seja a decisão, sua implementação implica em custos e receitas cujas amplitudes determinarão o acerto da decisão tomada. Para tanto, deve-se levar em conta as peculiaridades locais, quanto aos aspectos ambiental, social e econômico. Os custos de produção variam de uma propriedade para outra, em função de particularidades, como fertilidade dos solos, topografia, tipo de máquinas utilizadas, nível tecnológico, tamanho da propriedade e até mesmo aspectos administrativos, o que torna diferenciada a estrutura dos custos de produção. Assim, a prática indicada deve considerar o perfil do produtor (VASCONCELOS, 2002). Em relação à maior rentabilidade obtida para o cultivo para a prática de MM+MV, independente da cultivar utilizada, os dados demonstram uma possibilidade de agregar valor no cultivo do milho, aumentando a lucratividade, principalmente quando se considera a agricultura familiar, que geralmente dispõe de áreas restritas para o cultivo. Esses resultados mostram que a análise econômica, isto é, a determinação de alguns índices de resultado econômico, é importante para se conhecer com mais detalhes a estrutura produtiva da atividade e se realizar as alterações necessárias ao aumento de sua eficiência. 76 5 CONCLUSÕES 1. Em todas as cultivares, os rendimentos de espigas verdes comercializáveis e de grãos, sem a remoção da primeira inflorescência, foram superiores aos respectivos rendimentos produzidos após a remoção da primeira inflorescência colhida como minimilho. 2. Colhendo somente a primeira espiga como minimilho e as demais espigas como espigas verdes ou secas, foram obtidos menores rendimentos de minimilho que colhendo-se todas as espigas como minimilho. 3. A cultivar AG 1051 foi a que apresentou o maior rendimento de grãos. Entretanto, para o minimilho e o milho verde, a escolha da melhor cultivar vai depender da forma de comercialização. Para o milho verde, se for comercializado por peso de espigas empalhadas, as cultivares mais indicadas são a AG 1051 e a AG 2060; se for por número de espigas empalhadas, qualquer uma das três cultivares pode ser utilizada; ser for em número ou peso de espigas despalhadas, as indicadas são AG 1051 e AG 2060. Para minimilho, a cultivar BRS 2020 é a mais indicada se a forma de comercialização for número espigas empalhadas, peso de espigas empalhadas ou número de espigas despalhadas; se for comercializado na forma de peso de espigas despalhadas a mais indicada é a AG 1051. 4. A colheita de minimilho + milho seco proporcionou o maior custo e a colheita minimilho + milho verde, a maior receita e o maior lucro adicional, com a cultivar AG 1051 superando as demais. 5. A escolha da cultivar mais adequada, em termos de lucro adicional, depende do tipo da atividade do produtor. Se o interesse for a produção de minimilho, a cultivar que apresentou o maior lucro adicional foi a BRS 2020; para a produção de 77 milho verde, foi a AG 2060; para minimilho + milho verde foi a AG 1051 e para minimilho + milho seco foi a BRS 2020. 78 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE MILHO. O cereal que enriquece alimentação humana. Disponível em: <www.abimilho.com.br/ocereal.htm>. Acesso em: 26 jun. 2007. AEKATASANAWAN, C. Baby corn. In: HALLAUER, A.R. (Ed.). Specialty Corns. 2 ed. Boca Raton: CRC Press, 2001. v. 2, p. 275-293. ALBUQUERQUE, C. J. B. Desempenho de híbridos de milho verde na região sul de Minas Gerais. 2005. 56 f. 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