HOLANDA Holanda ganha fama internacional devido à produção de insetos Texto: Beatriz Bringsken Em maio de 2013, a FAO (agência da ONU de combate à fome) divulgou, em Roma, um relatório que fortalece a produção mundial de insetos como fonte de proteínas. Rejeitados no cardápio humano devido ao nojo, tal ingrediente poderá, em breve, passar a ser matéria-prima da ração animal. A Universidade de Wageningen, na Holanda, liderou o estudo, e o país já é pioneiro. O novo produto recebeu total apoio do setor público e privado, que visa diminuir a importação do farelo de soja, usada na ração animal. O Brasil perderia com essa medida, pois 10% da soja que é exportada vem para a Holanda. O país das tulipas, tamancos e moinhos, é um grande produtor de suínos e aves, e agora também reconhecido pela produção de insetos, possui 18 empresas que juntas fabricam uma tonelada de larvas por dia. Contudo, para substituir em 5% o farelo de soja para frangos de corte seria necessário possuir 200 unidades. setor aposta no uso da ração para animais domésticos como: peixes, pássaros, repteis, mamíferos e anfíbios. O grupo de investidores acredita ser possível suprir parte da demanda nacional em 2015, e até mesmo exportar o produto em 2020. A meta é atingir o preço competitivo Aos poucos, o setor toma o espaço da ração para peixes e pássaros, mesmo com um preço 12 vezes maior do que a farinha de peixe. O produto alternativo tornaria-se competitivo ao atingir o patamar de preço em torno de € 1,00 a € 1,50 por quilo. A farinha de peixe custa atualmente cerca de € 1,24 e tende a subir nos próximos anos. A indústria prevê a redução de custos com: uso de lixo orgânico na alimentação dos insetos; automação, mecanização e logística; economia de escala; baratear o uso de energia Em países como África do Sul, Austrália, Alemanha e até fazendo a troca de calor e a ventilação otimizada; selecionar mesmo no Brasil (Minas Gerais) investidores pioneiros já as espécies para o melhoramento genético; tornar a extração produzem em pequena escala a ração animal. Feita da da proteína pura eficiente e desenvolver novas técnicas. proteína de insetos, que tem o mesmo teor que o farelo de Especialistas garantem que o produto logo conquistará soja, o segredo é a quitina, uma rica fonte de fibra natural, a confiança do mercado e a ração alternativa substituirá a só perde para a celulose. Substituir a tradicional matéria- farinha de peixe. prima da ração animal por insetos pode diminuir os riscos da segurança alimentar e ajudar a amortecer os preços da soja A empresa líder é a Jagran, que produz mais de 350 mil no mercado europeu. moscas domésticas ao dia. O dono é o veterinário Walter Jansen. Há quatro anos, ele teve a ideia de usar o inseto O maior entrave é a legislação de segurança alimentar da União para ração animal ao ouvir a ministra da agricultura dizer que Europeia, que ainda não permite tal ração. Os parlamentares apoiaria a alternativa. Jansen conseguiu o apoio da prefeitura discutem uma mudança que permitiria o uso de insetos, de Amsterdã, que doa o lixo orgânico urbano para alimentar porém estão cautelosos devido às polêmicas alimentares, os insetos. No início, ele coletou as moscas encontradas na como a da vaca louca. O governo holandês apoia a indústria própria fazenda, pesquisou-as até desvendar as melhores e acredita ultrapassar a barreira da UE com mais pesquisas condições de reprodução. e lobby. Os dois próximos passos são incluir a produção de insetos na certificação de segurança alimentar, e ainda Pesquisas científicas este ano mudar as leis holandesas garantindo o bem-estar animal ao ingerir insetos. Até mesmo a pegada ecológica no O professor de Nutrição Animal, Teun Veldkamp, garante ciclo de vida dos insetos já foi calculada. No curto prazo, o que não existe qualquer risco de doenças na produção dos w w w. b r a s i l e i r o s n a h o l a n d a . c o m