14.3. Controle e Manejo das Ervas Invasoras

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Curso on-line de Aperfeiçoamento em Agricultura Orgânica
Prof. Silvio Penteado
Aula 14
MANEJO DAS ERVAS INVASORAS
14.1. Princípios
O princípio da agricultura orgânica quanto as ervas invasoras é que elas não devem
ser erradicadas, mas manejadas. Elas são entendidas como invasoras e não daninhas.
As plantas não individualizadas, porém fazem parte de um sistema. Devemos ao tratar
com a natureza, conhecer a sua linguagem, através dos seus ecotípos. Desta forma, as
plantas refletem as condições em que estão instaladas. As chamadas plantas daninhas
ou inços, são indicadoras do estágio em que se encontra o solo.
Pelo tipo de vegetação pode-se conhecer, os problemas de um solo, como pH alto ou
baixo, deficiência ou excesso de nutrientes, camadas de adensamento no subsolo, etc.
Os fatores que podem favorecer uma planta tornando-a agressiva no solo, como
invasora, pode ser físico (falta de aeração, excesso ou falta de umidade, etc); químico
( desequilíbrio de nutrientes, falta de cálcio, resíduos tóxicos, etc) e biológicos ( falta
ou baixa diversidade de microrganismos).
Quando possível, sua presença é importante no terreno pois aumentam a
biodiversidade, cobertura e estruturação do solo, além de reduzir a erosão devido a
força do seu sistema radicular. Ao serem cortadas, estas ervas podem ser aproveitadas
na produção de compostos orgânicos.
A agricultura orgânica não utiliza herbicidas químicos, pelos efeitos negativos destes
sobre a atividade enzimática dos solos, contaminação com ácido cianídrico e outros
prejuízos sobre a atividade microbiana do solo. Por esta razão, em algumas culturas o
controle e erradicação das ervas invasoras pode exigir elevada quantidade de mão de
obra.
14.2. Controle Cultural:
A semente ou a muda por ocasião da instalação do cultivo comercial, devem ser
colocadas em terreno bem preparado, onde a planta possa encontrar condições
favoráveis ao seu subsequente desenvolvimento. Depois da germinação a planta entra
numa fase crítica, de lento crescimento, quando as ervas daninhas concorrem com os
nutrientes e água.
Esta fase é atenuada, quando a planta desenvolve-se e cobre o terreno com suas
folhas, dentro de uma população (stand) de plantas adequado. Então serão as ervas
invasoras que terão de sofrer a concorrência da planta principal, quando havendo calor
e umidade suficientes, a planta tem rápido crescimento vegetativo, florescimento e
frutificação.
Como exemplo acima, o milho depois de atingir 40 a 50 cm de altura, cobrindo o
terreno com um stand adequado, a planta não sofre sérios prejuízos com a presença
de ervas invasoras.
Para muitos cultivos recomenda-se manter a faixa de terreno de 40 a 50 cm ao lado
das plantas capinadas. No meio das ruas, na faixa central, não há geralmente nenhum
prejuízo em manter a vegetação nativa.
14.3. Controle e Manejo das Ervas Invasoras
a. Medidas Preventivas
Dentre as várias medidas que podem prevenir e reduzir a infestação de ervas
invasoras, no cultivo poderão ser empregadas as seguintes:
Uso de sementes de boa qualidade, isentas de sementes estranhas.Para
evitar a infestação de ervas invasoras deve-se tomar cuidado com o emprego
de esterco de curral e a qualidade das sementes, pois são meios de introdução
de plantas indesejáveis no terreno.
Mudança da época de plantio, fazendo a semeadura mais cedo, para
promover a germinação da cultura antes das plantas invasoras.
Evitar o uso de estercos que possam conter ervas daninhas, principalmente
quando os animais se alimentam de capins ou gramas com sementes maduras,
com feno ou grãos que contenham sementes de ervas daninhas. No esterco do
gado tratados com alimentos ensilados ou tratados (moíodos ou cozidos) não
há este risco.
Nas áreas livres de ervas invasoras somente empregar estercos livres de
sementes estranhas e evitar trânsito ou pastejo de animais, para que não
ocorra a infestação das ervas indesejáveis.
Manter limpos os equipamentos agrícolas para que não sejam veículos
disseminadores de ervas indesejáveis para outras áreas.
Fazer a erradicação ou roçada das ervas invasoras antes da sua produção
de sementes.
b. Arranquio e Capina manual
Em pequenas áreas como hortas e jardins pode ser empregado a erradicação manual
das ervas indesejáveis. A capina pela enxada é uma prática comum, porém de alto
custo nos dias atuais. Deve ser verificado quando a planta está sofrendo a
concorrência das ervas, pois há períodos em que o desenvolvimento da planta
comercial é muito grande e a presença das ervas não causam prejuízos, sendo
dispensável as capinas.
c. Calagem:
Certas invasoras que desenvolvem-se bem em solos ácidos são erradicadas quando é
feita a calagem do solo. Como exemplo estão o carrapicho de carneiro, a samambaia e
o sapé.
d. Cobertura morta
A adição de palha, bagaços (ex: cana-de-açucar) e restos de cultivos melhoram as
condições do solo, reduzindo as infestações de capimcarrapicho, guanxuma, gramaseda, etc. O próprio capim marmelada ou papuã, quando roçado e coberto com palha
várias vezes morre. No caso do arroz, a drenagem do terreno e a incorporação
superficial de matéria orgânica combate-se o capim arroz.
e. Cobertura viva
O plantio de adubos verdes constitui uma cobertura viva do solo que pode estabelecer
uma relação de alta competição com as ervas indesejáveis, como o milheto, crotalária,
lab-lab, guandu, e outras. A vantagem é que o seu poder de inibição permanece após
o seu corte e distribuição sobre o solo, como realizado no plantio direto. É possível a
implantação de adubos verdes no verão e em seguida no inverno.
f. Cobertura com plástico
A cobertura do terreno com uma lâmina de polietileno (não transparente) vem sendo
muito utilizada para pequenas áreas, como no cultivo do morango e outras hortaliças.
Além de impedir o crescimento das ervas invasoras, ajuda a manter a umidade do
solo.
g. Cultivo mecânico
Consiste no emprego de cultivadores tracionados por animais. ou trator. É um método
bastante utilizado, principalmente no cultivos de cereais e grãos, como: milho, feijão,
etc. Poderá ser empregado a gradinha de dentes ( 5 cm), grades de discos, planet ou
cultivadores, rolo-faca e outros equipamentos.
h. Adubos Verdes
O plantio antecipado de adubos verdes com alta capacidade de cobertura do solo como
feijão de porco, milheto, crotalárias, mucuna preta, guandu, etc é uma das práticas
mais recomendáveis para evitar e reduzir a presença de ervas daninhas nos cultivos.
i. Plantas alelopáticas
São plantas que combatem outras plantas. Isto ocorre quando uma planta viva ou
morta exerce uma inibição química sobre a germinação ou desenvolvimento de outra.
Há uma liberação de substâncias químicas inibidoras, como os compostos fenólicos,
que podem ocorrer secretados na parte subterrânea de plantas em crescimento ou
liberadas por plantas mortas em decomposição.
Como exemplo: O feijão-de-porco provoca a erradicação da tiririca, assim como o
azevém afeta a guanxuma. A aveia preta inibe o desenvolvimento do capim
marmelada. A mucuna preta e as crotalárias abafam diversos capins, como a
brachiária decumbens. A mucuna-preta tem forte ação inibidora em Cype
rus rotundus.O capim-massambará tem ação alelopática sobre várias plantas daninhas
e outras cultivadas, como a soja. A palha da cana-de-açucar afeta a germinação de
várias espécies de plantas invasoras, também pelo efeito alelopático. A palha, sem
sementes, do capim Brachiária inibe o crescimento de muitas ervas invasoras. O
plantio e a incorporação da massa vegetal de aveia preta, permite o plantio no limpo
do feijão e do milho.
Algumas destas plantas além do benefício de erradicar plantas invasoras, atuam como
aradoras biológicas do solo, como a Crotalária juncea, Feijão de porco e Mucuna.
j. Roçadeiras
As roçadeiras manuais ou tratorizadas são meios simples e rápidos para o manejo das
ervas invasoras nas entre-linhas dos pomares e nas pastagens. A roçada do mato é
uma prática importante de conservação de solo nos terrenos inclinados.
A roçadeira deve ser empregada na fruticultura, fazendo a roçada alternada das ruas,
de forma a permitir a presença de inimigos naturais no pomar e condições de
biodiversidade de plantas. O emprego de grades no meio do pomar ou em plantas
perenes, como café ou reflorestamento é condenado pela agroecologia.
l. Rotação de culturas
As plantas invasoras são enfraquecidas nas áreas onde é feita a rotação de culturas.
Evitar a monocultura que permite a formação de invasoras persistentes. Há outros
benefícios como o melhor aproveitamento dos adubos e a redução das pragas e
moléstias.
k. Produtos Naturais
Na agricultura natural utiliza-se um produtos natural, como o EM4. Recomenda-se
gradear o terreno e na brotação aplicar o EM4, que vai favorecer a emergência e ou
germinação das plântulas e ou sementes das ervas invasoras . Posteriorente é controle
através dos procedimentos recomendados, como a gradeação.
Cultivador mecânico
Roçadeira lateral para pomares
Roçadeira para áreas em geral
m. Emprego do calor
Já estão sendo empregados outros recursos não convencionais como eletrochoques
com equipamentos especiais, o gás propano (lancha chamas e queimadores especiais)
para a flambagem ou então equipamentos tipo vaporizador que afetam as ervas
invasoras por desidratação.
Podem ser também empregados a solarização do terreno ou da terra para viveiro de
mudas; vapores d água, com introdução de tubos de ar quente em área coberta com
plástico. É importante observar que nestes ultimos métodos, pode ocorrer efeito
negativo sobre a população de microorganismos e o consequênte vazio biológico, por
esta causa, é recomendável posteriormente fazer a inoculação de material orgânico
como compostos ou biofertilizantes orgânicos, ricos em microrganismos.
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