A CENTRALIZAÇÃO DO PODER MONÁRQUICO NO SACRO IMPÉRIO ROMANO-GERMÂNICO: DOS OTONIANOS AOS HOHENSTAUFENS Moisés Wagner Franciscon Ao se falar em centralização do poder não se pode deixar de pensar na questão das fronteiras nacionais (ou das casas reinantes), ou na própria existência e continuidade do Estado. A Europa Central e Oriental foi marcada até o fim da Segunda Guerra (ou talvez até o desmembramento da Sérvia e Montenegro) pelas constantes e amplas mudanças dos limites ou mesmo pela existência de reinos e países efêmeros. Joseph R. Strayer traz uma questão importante para se pensar nesse processo de formação das monarquias nacionais. A questão nacional na Europa teve como principal esteio a perenidade ou não dos reinos. Aqueles que conseguiram suportar todos os revesses e situações calamitosas entre os séculos IX e XIV foram aqueles que acabaram por constituir uma nacionalidade e a estabilidade mínima das fronteiras. Não foi a questão nacional ou suas instituições que os manteve de pé. Foi por terem permanecido de pé que puderam construir sua identidade e suas instituições. Isso nos leva a duas questões: pode-se falar em fronteiras nacionais na Europa Central da mesma época? A continuidade foi de fato tão importante para a formação nacional e a possibilidade da centralização do poder? Palavras-chave: Sacro Império Romano-Germânico, centralização, Idade Média A CENTRALIZAÇÃO DO PODER MONÁRQUICO NO SACRO IMPÉRIO ROMANO-GERMÂNICO: DOS OTONIANOS AOS HOHENSTAUFENS Moisés Wagner Franciscon As fronteiras da Europa Central e Oriental eram muito mais fluídas do que as da Europa Ocidental1. Migrações e invasões continuaram a forçar seus limites e a consistência ou existência de suas instituições, mas enquanto essas condições se amenizavam, os territórios mais a leste funcionavam como escudo contra novos distúrbios de uma ordem nascente: Os principais reinos que conseguiram sobreviver, o de Inglaterra, o dos Francos ocidentais (a futura França) e o dos Francos orientais (o núcleo da Alemanha), conservaram-se, de uma forma ou de outra, até os nossos dias [...] Esta crescente estabilidade política veio dar lugar ao aparecimento de uma das condições essenciais para a constituição do estado, a continuidade no espaço e no tempo (Strayer, 1989, 22). Isso nos leva a duas questões: pode-se falar em fronteiras nacionais na Europa Central da mesma época2? A continuidade foi de fato tão importante para a formação nacional e a possibilidade da centralização do poder? A tese do autor serve mais para a França oriunda da França Ocidental ou a Inglaterra normanda conquistada sobre a união territorial construída primeiro pelo rei Alfredo e em seguida pelos despojos insulares do rei Canuto 3. Apesar de explicar a breve existência do reino de Lotário, bem no meio dos antigos reinos da Nêustria e Austrásia, como grosso modo surgiram os reinos do Reino Franco Ocidental e do Reino Franco Oriental4, e da sua rivalidade milenar (inclusive quanto ao comando do continente e aos atributos do império). Mas na Europa Central, resistir durante alguns séculos não foi um passaporte para a consolidação. E quanto mais nos distanciamos da Europa Ocidental em direção à Europa Oriental, isso se torna mais claro, como o país dos pechenegs, a Valáquia ou as fronteiras da Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, prussianas ou do Reino das Duas Coroas/Comunidade Polaco-Lituana. Na medida em 1 HOBSBAMW, Eric J. Sobre história. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.p. 14. Apenas no recorte cronológico escolhido, o Sacro Império estendeu suas fronteiras do Reno ao Ródano, do Elba ao Oder, reinos e ducados independentes no leste europeu como a Eslavônia, Srednogora, Vidin, Severin, Karvana, Zeta, Volínia, Galícia, Zeitz, Lusatia, Meissen, Banato (ou Achtum ou ainda Ajtony), Gyula, Ragusa, entre outros, surgiram e pereceram. 2 JOHNSON, Lonnie. Central Europe: enemies, neighbors, friends. Nova Iorque: Oxford University Press US, 1996.p. 4. 3 LOYN, Henry R. Dicionário da Idade Média. Rio de janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 1990.p. 69. 4 FERNÁNDEZ, Emilio Mitre. Introducción a la historia de la Edad Media europea. Madrid: Ediciones AKAL, 2004.p. 41. que se atribuía a noção romana de império, como universal, abrigava várias nações e culturas distintas. As fronteiras ao leste só foram estabilizadas no tempo de Otão II (apesar das guerras com a Hungria por mais de um século), após o fim do novo ciclo de migrações e invasões dos séculos IX e X5, como a dos magiares ou os eslavos, recobrando os territórios dependentes de Carlos Magno, as marcas do Império, dos ávaros, tchecos, morávios, do Elba e Pomerânia Ocidental. Porém, nesse momento, as questões de fronteiras e estabelecimento de povos nômades não era uma singularidade do Sacro Império ou da França Oriental. A Irlanda também teve reinos passageiros, como Laigin, ou que apareciam, sucumbiam e voltavam à tona em seguida, como o reino de Meath, que desmoronaram sob o peso das incursões e assentamentos vikings, das jogadas diplomáticas entre reis daneses e noruegueses e da própria inconstância social e política da ilha6. Vários reinos (ou ducados com pretensão de reino) fugazes herdeiros da antiga Lotaríngia (Provença, Borgonha7, Arles, Lorena, Luxemburgo) acabaram sendo absorvidos primeiro pelo Sacro Império, que já exercia uma soberania oficial, seguido pela França no século XV ou mesmo durante as conquistas de Luís XIV. A França, a Inglaterra do período da Heptarquia, a Sicília, os principados russos, também tiveram que ceder partes ou a totalidade de seus territórios para invasores. Além disso, a França Oriental, seguida pelo Sacro Império, serviu de escudo por alguns séculos contra os povos que ainda não aderiram à vida sedentária, ao cristianismo e a constituição de cidades (ou ao menos cidades segundo a concepção e a organização românicas), como os daneses, poloneses, prussianos, lituanos, etc. Obrigatoriamente se defrontava com problemas ainda maiores que os dos reinos mais ao ocidente. Estabilização do Sacro Império Mas, da mesma forma que Carlos Magno pacificou a Saxônia através do trabalho missionário dos sacerdotes anglo-saxões8 (da mesma forma que estes foram cristianizados e a antiga Britannia romana foi recristianizada por missionários irlandeses) e da imposição de cidades e o atrelamento à terra, por volta do ano mil, pelas mesmas razões, a Polônia, os reinos escandinavos, a Hungria, os ávaros, os croatas e a Morávia deixaram de ser um foco de preocupação. Seguia-se a uma expansão dos limites dos costumes ocidentais e amaciamento dos usos autóctones, por meio de contato ou osmose9, como Roma havia feito ao cativar as nações em suas fronteiras para o modo de vida romano ou ao desejo de participar desse modo de vida. Os incursionistas húngaros foram derrotados em 955 em Lechfeld, por Otão I: 5 FRANCO JÚNIOR, Hilário. O ano 1000. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.p. 22. LOYN, Henry R. Dicionário da Idade Média. Rio de janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 1990.p. 210. 7 LE GOFF, Jacques. La civilización del Occidente Medieval. Barcelona: Paidós, 1999.p. 46-47. 8 HALPHEN, Louis: MARGALLO, María Elena Jorge. Carlomagno y el imperio carolingio. Madrid: Ediciones AKAL, 1991.p. 63. 9 BÁNKI, Timea. Historia de Hungría. Madrid: Ministerio de Educación y Ciencia de España, 2008.p. 25. 6 La invasión húngara ayudó a nacer a un nuevo poder en Occidente: el de la dinastía de los Otones que restaura en el 962 el poder imperial abandonado por los carolingios, minados más por su decadencia interna que por los asaltos externos (Le Goff, 1999, pg. 44). Diante da desorganização social, a dinastia saxônica pôde opor a administração dos bispos (sobre os bispados e o fornecimento de tropas) ao poder da nobreza10 e ainda obter o título imperial como legitimação de seus objetivos políticos de centralização e autoridade. O resultado em longo prazo, porém, foi um certo atraso na estabilização e normatização do Estado e da vida dos seus habitantes (atraso tanto maior quanto mais interna-se ao leste em áreas que estavam ainda em processo de sedentarização), com as consequentes defasagens econômicas, políticas e sociais, frente aos reinos do oeste, apesar de que, durante um período curto e subsequente aos traumas das novas invasões, os esforços de Otão II conseguiram deixar o Estado em uma situação organizacional melhor do que seus vizinhos ocidentais, ainda fragilizados11. Se as regiões, os territórios administrativos e as localidades da Europa Central e Oriental eram mais duradouras que os estados que as controlavam (apesar da constante mudança de nomes segundo a língua e pronúncia do conquistador do momento, quadro que se manteve até e durante todo o século XX12, mas que mantinham um topônimo comum, e também de uma mudança tremendamente mais profunda, como a mudança demográfica ou a substituição populacional, como nas áreas de colonização alemã mais ao leste) isso também se refletiu na natureza do próprio domínio romano-germânico. Com a pacificação dos povos fronteiriços, os imperadores da casa otoniana e sálica puderam desviar suas forças militares da defesa para o ataque, com o objetivo de reconquistar territórios perdidos ou reafirmar seu poder onde este foi usurpado, não era obedecido ou era afrontado por nobres revoltosos. Se Henrique I o Passarinheiro pôde apenas tentar resistir aos invasores13, Otão I pôde, além disso, retomar as incursões ao norte da Itália, cujas fronteiras mudavam a todo instante entre diferentes invasores, cidades e nobres sublevados, pretendentes à coroa e aventureiros. A mudança de foco das preocupações do imperador das fronteiras do leste para a Itália e o Papado O norte da Itália sucederia as guerras húngaras como a primeira preocupação dos imperadores. Era uma região rica, pela fertilidade do Vale do Pó, pelas condições comerciais, pela maior urbanização, estas duas características seriam mais intensas a 10 SOUZA, José Antônio de C. R. O reino e o sacerdócio: o pensamento político na Alta Idade Média. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995.p. 222. 11 MONTANELLI, Indro; GERVASO, Roberto. Historia de la Edad Media. Barcelona: Debolsillo, 2002.p. 217. 12 Alguns bons exemplos são as atuais cidades de Gdansk ou Dantzig, Wroclaw ou Breslau, Breslávia, e Vratislav na Silésia (que também já se chamou de acordo com conquistador do momento) por Schlesien, Śląsk e Slezsko) ou Lviv na Ucrânia, que já se chamou também por Lemberg e Lvov. Apesar de não ser uma situação apenas dos territórios mais ao leste, como Agrisgão, ou Aachen, ou Aix-la-Chapelle, na Renânia, o comprova. 13 MACKAY, Angus. Atlas of medieval Europe. Londres: Routledge, 1997.p. 28. partir das Cruzadas14, uma fonte importante de renda para o imperador, um domínio desde os tempos de Carlos Magno, um elo de ligação físico com o Patrimônio de São Pedro e Roma, onde o imperador deveria ser coroado. Seus recursos eram necessários para levar adiante o processo de centralização do poder ou subjugação dos nobres. Era importante também em suas relações com a Santa Sé. O imperador, como em Bizâncio, reivindicava um papel importante na condução dos negócios eclesiásticos. Como escolhia os bispos e abades, podia enfeudar os ricos territórios da Igreja com seus respectivos cargos para os nobres em troca de seu apoio e lealdade, ou vende-los e encher os cofres reais. Uma combinação de força real e revestimento de santidade. Seu poder sobre a Igreja possibilitava projetar seu poder sobre nobres turbulentos e a população, internamente, como manter o papel de destaque (e exercer pressão) entre as demais realezas cristãs, externamente. Seu poder também dependia do controle das nomeações para os bispados pela importância destes na administração pública e na condução das Dietas, Cortes Imperiais e Corporações, para ter garantido os votos de 50 territórios eclesiásticos15. Para o Papa a “Querela das Investiduras” era questão de moralização da Igreja e resgate ante a crise da pornocracia do século X, segundo o movimento reformista de Cluny, de reafirmação do celibato, de combate à simonia e da lealdade e observância dos bispos para com Roma e não o imperador, ou seja, do poder do bispo de Roma sobre todos os demais, de independência em matéria religiosa e de estrutura eclesiástica16. Para o imperador Henrique IV era uma questão da manutenção de seu poder político sobre a nobreza e os Patrimônios Imperiais, bem como de suas finanças para custear a administração. A situação gerou várias perguntas sobre a extensão do poder imperial: podem as ordenações entregues a um bispo simoníaco serem válidas? O poder temporal deve se submeter ao poder espiritual? Pode ser o imperador excomungado? Ele pode ser deposto pelo Papa? Seus vassalos podem ser liberados do juramento de fidelidade17. O poder real acabou por não retroceder em suas prerrogativas, através do exílio de Gregório VII. Com a Concordata de Worms de 1122 a investidura religiosa fica sob responsabilidade papal, e a investidura feudal e civil e o direito de decisão em eleições contestadas com o imperador18. Frederico I Barbarossa A disputa entre o Papado e os imperadores ressurgiu no tempo de Frederico Barbarrosa. Além das disputas sobre os limites territoriais do Patrimônio de São Pedro quanto aos espólios da condessa Matilde na Toscana, os Papas tomaram o partido da independência das cidades do norte da Itália e da soberania dos reis normandos da 14 PIRENNE, Henri. Historia económica y social de la Edad Media. México: Fondo de Cultura Económica, 1939.p. 32. 15 LEYSER, Karl. Medieval Germany and its neighbours: 900-1250. Londres: Continuum International Publishing Group, 1982.p. 141. 16 TOMAN, Rolf. The High Middle Ages in Germany. Colônia: Benedikt Taschen, 1990.p. 57. 17 LEYSER, Karl. Medieval Germany and its neighbours: 900-1250. Londres: Continuum International Publishing Group, 1982.p. 143. 18 KRITSCH, Raquel. Soberania: a construção de um conceito. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2002.p. 93. Sicília, enfeudando a Nápoles em troca de proteção militar. Barbarrossa apertava o laço em torno das cidades italianas, impondo sua administração e fisco (através dos ministeriales e podestás) que assegurava suas prerrogativas contra antigas liberdades, tentava submeter a Igreja ao Império, incluindo aí os principados eclesiásticos, sobre os quais reivindicava autoridade. Também se aliou com as facções familiares Orsini, Colonna e Savelli e ao senado de Roma, que pretendiam se erigir como governo civil, o que destruiria as bases do poder temporal dos papas. Desejoso de restabelecer a ordem e o poder imperiais como cópia do Império Romano, sustentou as atribuições imperiais de ser advogado da Igreja, convocar concílios e resolver as eleições papais contestadas, como foram as de 1160. Porém, além de não conseguir estabelecer consistentemente um papa aliado, reis, bispos e nobres alemães uniram-se ao papa do partido italiano, fragilizando as posições imperiais, o que obrigou a Frederico deixar de lado as campanhas na Itália para cimentar novamente suas posições na Alemanha. As posições entre o cesaropapismo dos imperadores e a hierocracia papal foram aprofundadas no tempo de Otão IV e Inocêncio III, que transformou o princípio da hierocracia transnacional sobre a Igreja em uma monarquia papal com a prerrogativa de arbitrar os problemas políticos europeus, como a interdição da Inglaterra de João Sem Terra ou o apoio aos guelfos, que deixou clara suas ideias ao comparar o poder dos papas e dos reis com a luz do Sol e o reflexo do luar19, o que, para Le Goff, ainda sugeria o temor medieval pela noite, ou segundo canonistas medievais, a relação de tamanho entre o Sol e a Lua20. O conflito dinástico entre guelfos e gibelinos parecia desaparecer diante de um imperador que tinha sangue das duas casas, como era o caso de Barbarrosa, mas o inverso aconteceu. Para o Sacro Império, o aprofundamento do conflito entre os guelfos e os gibelinos21 diante da dupla eleição de 1198, apesar de que no curto prazo tenha sido de pouca relevância pela ascensão de Frederico II (e, na medida em que existiam gibelinos, como Pisa, possuíam bases para operar na península), a médio e longo prazo se mostraria desastroso para o controle sobre a Itália, inclusive porque, uma vez que esse conflito se amalgamou entre as seculares lutas familiares italianas (quadro notório a partir da própria divisão do partido guelfo em cavaleiros negros [família Donati] e cavaleiros brancos [família Cerchi] em Florença22, seguida pelo destacamento de novas fações a partir do tronco guelfo), não poderia mais ser extirpado. 19 LE GOFF, Jacques. La civilización del Occidente Medieval. Barcelona: Paidós, 1999.p. 248. As entidades que povoavam a mente medieval tinham a noite como o horário de manifestação, dos demônios noturnos às bruxas e seu sabbath, dos lobos e das florestas onde não se entrava após o pôr do sol. Não é exatamente um elogio ao Estado e ao rei serem comparados à lua, nem mesmo pela clássica explicação de poder concedido ou reflexivo. 20 CANTU, Césare. História Universal. Vol.15. São Paulo: Editora das Américas, 1964.p. 197; 122. Para comparar o poder do Papa com o poder do rei de acordo com o tamanho do Sol e o da Lua, os clérigos recorreram à sabedoria e autoridade da Antiguidade. Buscaram nos textos de Aristarco de Samos (310 a.C. - 230 a.C.) a relação de proporções: a Lua é três vezes menor que a Terra e 20 vezes menor que o Sol. Também fez um cálculo sobre o brilho da luz do Sol e do claro do luar e o quanto o primeiro é muito mais intenso do que o segundo, o que, nesse sentido, reduziria ainda mais a importância do poder real. 21 FRANCO JUNIOR, Hilário. A Idade Média: o nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense.p. 103. 22 CANTU, Césare. História Universal. Vol.15. São Paulo: Editora das Américas, 1964.p. 197; 458. A riqueza comercial italiana se era a chave para a centralização imperial, também era a causa da crise de autoridade constante na Alemanha e na Itália e das lutas seguidas travadas entre as cidades e dentro de cada cidade de burgueses contra burgueses, de burgueses contra nobres. A questão do monopólio comercial foi resolvida no Báltico de uma maneira diferente da italiana: não através da conquista de uma cidade sobre a outra (como Florença e Siena) ou pela destruição (como Pisa sobre Amalfi) mas por meio da criação da Hansa23, que se opunha ao imperador muito menos que os italianos, inclusive na taxação. A centralização do poder real em outros reinos teve como aliado as cidades. Mas no Sacro Império a situação foi mais dúbia: Na Itália, as comunas tentaram ciosamente manter sua autonomia tanto contra a nobreza rural (que acabaria se fundindo com o patriciado urbano, isto é, a alta burguesia local) quanto contra o papa ou o imperador. Na França, de maneira geral, apoiaram o processo de centralização política monárquica. O mesmo ocorreu, apesar de serem fracas, na Península Ibérica. Na Inglaterra e na Alemanha seu jogo político oscilava conforme as circunstâncias, ora apoiando, ora enfrentando a realeza (Franco Júnior, 2001, pg. 130). A formação da Liga Lombarda, 26 cidades que opunham militarmente à Frederico, significou a derrota dos princípios imperiais dos modelos de Constantino e Justiniano e a assinatura do Tratado de Constância em 1183, em que as cidades italianas reconheciam a soberania, a regalia (impostos, cunhagem de moeda, impostos punitivos contra cidades, escolha e expulsão dos ocupantes de cargos administrativos) e a suserania do imperador sobre elas, em troca de escolherem magistrados e jurisdição próprios, terem o direito de formar ligas (e manter a Liga Lombarda) e praticarem as antigas liberdades italianas. Las relaciones que se establecieron entre los príncipes y los burgueses tuvieron también consecuencias políticas de primer orden. Resultaba imposible no tener en cuenta estas ciudades, a las que su riqueza creciente proporcionaba una influencia cada vez más considerable y que podían poner en pie, en caso de necesidad, a miles de hombres bien equipados. Los conservadores señores feudales sólo tuvieron, en un principio, desprecio por la audacia de las milicias urbanas. Otton de Freisingen se indigna al ver cómo los comuneros de Lombardía llevan casco y coraza y se permiten hacer frente a los nobles caballeros de Federico Barbarroja. Pero la aplastante victoria conseguida en Legnano (1176) por estos villanos sobre las tropas del emperador no tardó en demostrar lo que eran capaces de hacer. (Pirenne, 1983, pg. 69). 23 PIRENNE, Henri. Las ciudades de la Edad Media. Madrid: Alianza Editorial, 1983.p. 32. Como o Tratado de Constança, ocorreu um impasse entre o poder das cidades e do imperador, gerando um “guelfismo moderado24. Ainda assim, o reinado de Barbarrosa é visto como o ápice das tentativas de centralização do poder: conduziu cinco campanhas militares para se impor à Itália, tanto no norte quanto no sul, viajou constantemente pelo reino para presidir as dietas provinciais, convocou em 1157 uma dieta em Besançon para confiscar os direitos senhoriais da Borgonha, derrotou nos tribunais senhoriais ao turbulento duque Henrique o Leão e o despojou de seus feudos da Baviera e Saxônia, o que deu vigor as relações de posse feudal com a devida fidelidade ao suserano, tentou dividir e enfraquecer os ducados e grandes senhores, adquiriu o poder de submeter a sua jurisdição direta todos os nobres dependentes dele25. Frederico II O poder imperial experimentaria um refluxo após a morte de seu filho Henrique VI, logo após submeter a Sicília e Nápoles. Não ocorreu uma regência que assegurasse o poder ao seu filho ainda criança, Frederico II. Os atritos entre o guelfo Otão IV e Inocêncio III fez com que o Papa retirasse seu apoio e o antagonizasse, 10 anos de guerra civil entre as facções dos dois pretendentes à coroa e a derrota militar para os franceses em Bouvines em 121426 enfraqueceram o poder imperial de tal forma que Otão procurou apoio na Alemanha se sujeitando aos Estados. Isso abriu o caminho para o retorno dos gibelinos Hohenstaufen. Frederico II se impôs aos barões normandos da Sicília ao nivelar seu poder diante dos magistrados, retirando-lhes o poder público, bem como as cidades aos bispos. Com essa experiência, em 1231, através das Constituições de Melfi, reformulou o direito feudal, eclesiástico e civil, bem como a administração e o direito político, que nivelou os diversos povos do império. Combateu as guerras privadas e impôs restrições aos nobres armados. Mas as bases sobre as quais agia, após as contendas da eleição dupla, não eram tão sólidas quanto às de seu pai ou avô. Estes, mesmo excomungados, não sofreram perdas no séquito ou enfrentamentos pesados na Alemanha. Quando Frederico o foi em 1227, por adiar constantemente sua participação nas Cruzadas, acabou reduzido a condições parecidas com as que Henrique IV enfrentou 150 anos antes, o que é uma boa medida para o refluxo do poder imperial. Pouco antes, em 1220, para tranquilizar o império e poder devotar suas energias na Itália, onde permanecia a maior parte do tempo, delegou poderes aos bispos e príncipes, em detrimento da centralização do poder. Eles deveriam participar da administração do império, aliviando a carga sobre Frederico, como taxar, cunhar moedas, constituir tribunais, construir castelos. Personagem controvertido, tipo por alguns como herético ou mesmo ateu27, tido por auto-messiânico28 por outros, e anti-Cristo por seus inimigos, 24 LE GOFF, Jacques. La Baja Edad Media. Madrid: Siglo XXI de España Editores, 1990.p. 101. CANTU, Césare. História Universal. Vol.14. São Paulo: Editora das Américas, 1964.p. 160-161. 26 DUBY, Georges. France in the Middle Ages 987-1460: from Hugh Capet to Joan of Arc. Hong Kong: Wiley-Blackwell, 1993.p. 220. 27 ABULAFIA, David. Frederick II: a medieval emperor. Londres: Oxford University Press, 1992.p. 319. 28 FRANCO JUNIOR, Hilário. A Idade Média: o nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense.p. 232. 25 foi o último grande imperador antes de Carlos V e responsável pela anarquia da vacância do trono entre 1250 e 1273 que fez sucumbir os esforços e as estruturas de consolidação do poder imperial29 Quando os imperadores emergem novamente, após 23 anos, estão desfalcados de tropas e recursos financeiros. Seus direitos de regalias sobre as cidades italianas estão perdidos e tal forma irrecuperáveis que seus pequenos exércitos e comitivas, que não tem mais condições reais para se impor, são recebidos a portas fechadas pelos tiranos locais. Os nobres alemães se recusam a fornecer dinheiro ou tropas, apesar das relações de suserania-vassalagem. A disputa entre Igreja e Império, de um estado de equilíbrio após Worms, passa a uma vitória efêmera da Igreja: La lucha, bajo una forma u otra, se reaviva con Federico I Barbarroja (1152-1190) y alcanza su paroxismo con Federico II en la primera mitad del siglo XIII. Finalmente el papado parece haber salido definitivamente victorioso. Federico II muere en el 1250 y deja el Imperio sumido en la anarquía del Gran Interregno (1250-1273). Pero al encarnizarse contra un ídolo con los pies de barro, contra un poder anacrónico como es el del emperador, el papa ha olvidado «e incluso ha favorecido» la aparición de un poder nuevo, el de los reyes (Le Goff, 1999, pg. 83). Essa noção da destruição mútua da hegemonia sobre a cristandade é melhor descrita por Hilário Franco: Os poderes universalistas (Igreja e Império) estavam em choque constante, porque pela própria natureza do que reivindicavam - a herança do Império Romano - somente um deles poderia ter sucesso. Assim, ambos fracassaram, permitindo a emergência de poderes particularistas (feudos e comunas) e nacionalistas (monarquias). Mais do que isso, quando ficou patente, em fins da Idade Média, que o futuro pertencia a estas últimas, duas nacionalidades já tinham perdido sua oportunidade histórica de organizar Estados centralizados. A luta entre os universalistas debilitara as bases territoriais e nacionais da Itália (centronevrálgico da Igreja) e da Alemanha (base do Sacro Império) (Franco Junior, 2001, 86). As pretensões de soberania imperial sobre os demais reis se baseavam nos códigos de Teodósio II e de Justiniano, confirmados pela Dieta de Roncáglia (1158), de onde os demais reis poderiam ser chamados de reges provinciales30. A Hegemonia e liderança sobre os reis europeus se era mais formal ou moral do que real, começou a ser contestada ainda no período Otoniano pelos reis da França. O Papa Inocêncio III confirmou a inexistência de poderes temporais superiores aos reis em 1202. A ideia de 29 30 LE GOFF, Jacques. La Baja Edad Media. Madrid: Siglo XXI de España Editores, 1990.p. 222. CANTU, Césare. História Universal. Vol.14. São Paulo: Editora das Américas, 1964.p. 482. império se fragmentou, com o título de imperador autoproclamado por Afonso VII em Leão, em 113531. Felipe Augusto conquistava domínios e os possuía diretamente32, o que consolidou o poder dos reis da França até as derrotas nas fases iniciais da Guerra dos Cem anos. Já o imperador o fazia menos frequentemente. Mesmo com a conversão dos territórios de Henrique o Leão diretamente para Frederico Barbarossa, este devolveu parte dos mesmos a Henrique (que, anos depois, capitanearia os barões contra a centralização do poder continuada pelo filho de Barbarossa, Henrique VI) durante a reconciliação e o restante reenfeudou. Um meio rápido para se conseguir vassalos e tropas temporárias, mas um obstáculo a mais para seu próprio poder posteriormente. Territórios conquistados a feudos rebelados (como a Silésia retirada da Polônia) não passaram também para a casa real, mas novamente foram enfeudados. Talvez a maior fonte de aumentos territoriais para a casa imperial foram não as conquistas e repressões aos barões, mas sim a compra de feudos ou o retorno desses à coroa quando a sua linha de herança direta se esgotava, como os feudos de Guelfo VII e da condessa Matilde33. Outro problema importante resolvido na França mas não no Sacro Império foi a questão dos duques turbulentos e dos laços de sangue através do matrimônio. A disseminação do título de Príncipe de França sujeitou os nobres poderosos a um poder central, uma vez que eles e seus descendentes também teriam alguma chance de um dia chegar à posição real. Combater o poder monárquico, portanto, deixou de ser uma necessidade de longo prazo para os ducados, pelo contrário. Já o Império não teve sequer uma regularidade previsível na sucessão até a ascensão de Alberto II em 1438 e a estabilidade da Casa Habsburgo no poder real. Constituir uma monarquia nacional no Sacro Império, na época em que os reinos da Europa Ocidental faziam o mesmo, era uma tarefa difícil, pela divisão do país em tribos: saxões, hessenos, bávaros, turíngios, etc. A Inglaterra também apresentava a mesma situação, dividida entre bretões-romanos, anglo-saxões, daneses, normandos, inclusive com a última das ondas de assaltantes tendo chegado tão tarde quanto 1066. Porém as relações entre esses grupos foram de subsequentes invasões e conquistas. Guilherme o Conquistador possuía as condições para exigir a vassalagem direta a ele e não aos senhores territoriais ou para impor seu Domesday Book34. As antigas leis tribais começaram a desaparecer no século X e acabaram substituídas por um novo direito, o territorial, assim que a estrutura confederativa se impôs. Estabelecia a paz, as dietas provinciais e níveis baixos de interferência da jurisdição nas terras dos senhores, dissociava os direitos e a propriedade da terra, resguardando os direitos de soberania para os príncipes territoriais e por fim, no século XII e reformulada com a Bula de Ouro de 1356, substituiu a lei eleitoral tribal para a lei de eleição do imperador pelos príncipes eleitores35. Mas o imperador não conseguiu aprovar a hereditariedade do trono. A existência de bases reconhecidas de sucessão real deveria evitar que o império 31 LE GOFF, Jacques. La civilización del Occidente Medieval. Barcelona: Paidós, 1999.p. 241. LE GOFF, Jacques. La Baja Edad Media. Madrid: Siglo XXI de España Editores, 1990.p. 225. 33 CANTU, Césare. História Universal. Vol.14. São Paulo: Editora das Américas, 1964.p. 162. 34 LOYN, Henry R. Dicionário da Idade Média. Rio de janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 1990.p. 181. 35 TOMAN, Rolf. The High Middle Ages in Germany. Colônia: Benedikt Taschen, 1990.p. 59. 32 caísse na anarquia, que a eleição dupla em 1198 do gibelino Felipe da Suábia e do guelfo Otão IV e o Grande Interregno após Frederico II mostraram ser uma ilusão. Entre as dificuldades da imposição do poder central sobre a nobreza pode-se destacar a necessidade de uma dupla coroação em ocasiões distintas, como rei dos germânicos e como imperador, agravado pelos intervalos entre as eleições ou mesmo impasses que duravam anos, que até diante das eleições papais significavam perda de terreno, como: los treinta y cuatro meses que separan la muerte de Clemente IV en noviembre de 1268 y la elección de Gregorio X en septiembre de 1271 durante el gran interregno entre la muerte de Federico II (1250) y la elección de Rodolfo de Habsburgo (1273) (Le Goff, 1999, pg. 241). O território nacional foi definido não no espaço multinacional do império, mas no espaço local de cada Estado constituinte do I Reich, chefiada por seu respectivo senhor territorial, ou na fragmentação de uma mesma nação nos mesmos territórios sem que um se impusesse ao outro. E ainda senhores territoriais cujas fronteiras de seus domínios não abarcavam um mesmo povo. A tarefa de centralização era mais fácil em áreas com uma delimitação étnica ou linguística mais precisa, ou também com uma pequena extensão, como Portugal. A centralização em áreas vastas poderia também ser bem mais demorada e complexa, como a imposição dos príncipes da Moscóvia sobre canatos e hordas decadentes, outros príncipes e antigas cidades administrativas e de burgueses, ciosas de sua liberdade, que atravessou os séculos XIV, XV e XIV, sem ter vizinhos tão poderosos quanto o Sacro Império. Sobre os fundamentos organizacionais fragilizadas pelas invasões, suportes fiscais exauridas e com problemas em fazer a taxação, bases populacionais em fuga, da produção de alimentos em queda, da organização política e das tropas em decomposição, muitos estados não poderiam se firmar. O fracasso das ações de unificação da soberania na figura do Imperador no século XIII seria seguido de outros obstáculos intransponíveis nos séculos seguintes. Após a era de Carlos V, uma nova ação de centralização e resistência à desagregação do poder na periferia do Império teve início com Fernando II, porém a Defenestração de Praga e o início da Guerra dos Trinta Anos daria fim às possibilidades de centralização do poder no Sacro Império ou mesmo uma unificação germânica36. Perry Anderson chama a atenção para a divisão que passou a caracterizar a Alemanha também no campo econômico a partir da crise do século XIV, segundo o rio Elba37, e que Hobsbawm situa um pouco mais ao ocidente, como “pico ou crista do dinamismo econômico e cultural europeu”38, com uma violenta reação dominial. O absolutismo na Europa Central, que só conseguiria vingar nos territórios imperiais e principados e não no cume do controle do Sacro Império, iria diferir do absolutismo ocidental em natureza. No 36 PARKER, Geoffrey. The Thirty Years' War. Londres: Routledge, 1997.p. 163. ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. Porto: Afrontamentos, 1984.p. 227. 38 HOBSBAWM, Eric. J. Sobre história. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.p. 14. 37 Ocidente o absolutismo se impôs como uma forma da classe senhorial continuar taxando e administrando o reino apesar da urbanização e da decadência das relações feudais e servis e das taxações auferidas do campesinato. Uma adaptação necessária aos novos tempos. Na Europa Central e do Leste não ocorreu um desenvolvimento econômico e urbanização tão intensos. Porém as taxas cobradas aos camponeses também decaíram por conta da crise do século XIV. Mas diferentemente do Ocidente, não surgiram burgos em que os citadinos pudessem desafiar a nobreza. Pelo contrário, a servidão se intensificou ainda mais como forma da nobreza manter seus rendimentos. O Absolutismo foi a personificação do Estado repressor necessário para que essas relações fossem recrudescidas, bem como das tentativas de imposição de cima para baixo de políticas para o fortalecimento dos mesmos Estados, como forma de se opor ou resistir aos reinos ocidentais que, mais desenvolvidos economicamente, se erigiam em potências. Os reinos que não conseguiram promover essas mudanças e se tornarem absolutistas, como a Polônia, acabaram por sucumbir aos países vizinhos. O Sacro Império teve uma sobrevida de apenas 20 anos sobre a Polônia, e, ironicamente, o homem que pôs um termo em sua existência foi mesmo que ressuscitou a Polônia temporariamente sob a forma de um ducado39. O poder do rei polonês era ainda mais vacilante que o do imperador, na medida em que o Liberum Veto permitia que apenas um delegado territorial embargasse toda a votação e anular a legislação em trâmite, ou mesmo dissolver as assembleias provinciais e nacionais40. Ao contrário da Polônia, soberanos não natos no império (como Carlos V e seu irmão Fernando I) e dinastias estrangeiras foram algo raro. Mais comum era o fornecimento, por parte dos Estados Imperiais, de soberanos para outros reinos, como Grécia, Romênia, Inglaterra. Os otonianos não tiveram muito tempo para tratar do fortalecimento do poder real e do abatimento do poder da nobreza após as últimas invasões e tensões do século X. Sobre os Hohenstaufen e as tentativas de consolidação e centralização do poder nos séculos XI, XII e XIII, com suas idas e vindas, pode-se dizer que: Cruzados e poderosos governantes, eles não conseguiram, por uma complexidade de fatores, construir instituições permanentes de governo na Alemanha e na Itália, e deixaram um sabor de fracasso que iria obcecar a historiografia alemã por muitas gerações (Loyn, 1990. pg. 194). REFERÊNCIA ABULAFIA, David. Frederick II: a medieval emperor. Londres: Oxford University Press, 1992. 39 ENGLUND, Steven. Napoleon: A Political Life. Cambridge: Harvard University Press, 2005.p. 289. O Sacro Império e o Reino da Polônia surgiram em datas bem próximas: o primeiro em 962, o segundo em 1025. Passaram por fases de invasões com o assentamento da tribo polana, de guerra com a formação de sua monarquia, de disputa com a afirmação da dinastia dos Piastas, de vassalagem polonesa e de uma conquista e dissolução também em datas próximas. 40 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. Porto: Afrontamentos, 1984.p. 349. ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. Porto: Afrontamentos, 1984. ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1987. BÁNKI, Timea. Historia de Hungría. Madrid: Ministerio de Educación y Ciencia de España, 2008. BURKE, Peter. A escrita da história. São Paulo: Novas perspectivas/UNESP, 1992. CANTU, Césare. História Universal. Vol. 14-15. São Paulo: Editora das Américas, 1964. DUBY, Georges. France in the Middle Ages 987-1460: from Hugh Capet to Joan of Arc. Hong Kong: Wiley-Blackwell, 1993. DUBY, Georges. O domingo de Bouvines: 27 de julho de 1214. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993. ENGLUND, Steven. Napoleon: A Political Life. Cambridge: Harvard University Press, 2005.p. 289. FERNÁNDEZ, Emilio Mitre. Introducción a la historia de la Edad Media europea. Madrid: Ediciones AKAL, 2004. FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: o nascimento do Ocidente. 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