CHF 549 - Introdução à Filosofia I

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UEFS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E
FILOSOFIA
CÓDIGO
DISCIPLINA
CHF 549
CARGA
HORÁRIA
T
P
E
PROGRAMA DE
DISCIPLINA
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
CRÉDITOS
PROFESSOR (A)
60
Jorge Alberto da C. Rocha
EMENTA
Novas fronteiras da ciência. As interrogações emergentes. A importância do patrimônio filosófico
para a Geografia no estudo das relações dos homens com o meio físico. Novas espacialidades. A
Compreensão de Tempo e Espaço no pensamento Antigo. A Modernidade como invenção de
outras configurações do espaço e do tempo medievais. A Pós-Modernidade com a invenção de
novas configurações do espaço e do tempo modernos. Compressão espaço-temporal:
presentificação e globalização. O problema do conhecimento. O conhecimento científico, sua
produção, natureza e método. A questão do método nas ciências humanas. Caracterização da
filosofia da ciência e suas possibilidades lógico-histórica. A Geografia no âmbito do
conhecimento e suas implicações ético-científicas na sociedade contemporânea.
OBJETIVO GERAL –
Levando-se em conta a extensão da ementa acima, pretendemos privilegiar dois pontos capitais:
o nascimento da filosofia e os temas ligados à filosofia da ciência;
OBJETIVOS ESPECÍFICOS –
 Compreender a presença do espaço e do tempo na mitologia;
 Perceber como se deu o surgimento da filosofia, a partir dos horizontes abertos pelos PréSocráticos e por Sócrates;
 Margear algumas considerações gerais sobre a filosofia: conceito, finalidade etc.
 Perceber o contexto e o problema da origem do conhecimento na Filosofia Moderna:
racionalismo, empirismo e criticismo kantiano;
 Compreender aspectos fundamentais sobre o positivismo comteano e sua hipervalorização da ciência;
 Investigar três vertentes clássicas da crítica ao cientificismo: o marxismo, a
fenomenologia e o Estruturalismo;
APRESENTAÇÃO/JUSTIFICATIVA – Na impossibilidade de contemplar totalmente a
ementa acima, dividimos esse curso em três etapas: um primeiro momento pretende abordar o
surgimento da filosofia e os dois horizontes que foram abertos neste surgir: a reflexão sobre a
natureza ou Physis e, depois, sobre os assuntos humanos, como ética e política (nomos), julgando
tal abordagem ser imprescindível para uma “introdução” à disciplina, no sentido de perceber
como se deu o seu nascimento; o momento seguinte tenta concentrar-se em um ramo específico
da filosofia, a epistemologia, entendendo ser tais discussões particularmente importantes para
uma graduação em geografia, na medida em que procura mostrar aos alunos os horizontes
primeiros dos questionamentos sobre a origem do conhecimento. Neste sentido, se buscássemos
uma relação entre esses dois ramos do saber, a Filosofia e a Geografia, fatalmente iríamos
constatar que houve um “distanciamento e quase ausência” desse diálogo, tendo em vista a forte
tendência empiricista que vigorou ainda em boa parte do século XX, atravessando nosso recente
século XXI. Achamos necessário entender como se deu esse processo, através de dois caminhos:
1) mostrar o surgimento da ciência estrito senso na modernidade, com a querela entre
racionalismo e empirismo, culminando com a síntese kantiana (a “geografia pura” foi “primairmã da filosofia crítica de Kant”, no século XVIII, como disse Ruy Moreira) e com o
positivismo, que completa aquilo que é mais fundamental acerca do ciclo da confiança e
supervalorização da ciência, o propalado “cientificismo”; em segundo lugar abordar
introdutoriamente algumas contrapartidas dessa inclinação descritiva e quantitativa (que iria
redundar em uma geografia mais reflexiva, por assim dizer) que, a partir da segunda metade da
década de 60 do século passado, tentou resgatar correntes filosóficas como a dialética marxista e
a fenomenologia, na direção de um método mais apropriado para as Ciências Humanas, além da
corrente estruturalista, tentativa ou esforço para tornarem possíveis as ciências do homem. Por
fim, a partir a partir do contexto da modernidade visto anteriormente, como entender a chamada
era da pós-modernidade?
METODOLOGIA – Tentando-se recusar uma tendência “bancária” do ensino, onde o aluno é
mero depositário de conhecimentos advindos do professor, pretende-se levar o próprio discente à
leitura, reflexão e discussão de material bibliográfico ou temática selecionada, sempre com o
acompanhamento do professor-mediador. Assim, serão observadas as leituras dos textos
indicados para o curso, elaborados na forma de “módulos” (textos básicos, podendo ser
acrescentados outros títulos pelos discentes) devendo os alunos ajudarem diretamente com a
identificação das noções ou conceitos aventados. Para tanto, relativamente a alguns temas e
textos abaixo listados, alguns alunos serão incumbidos por vez a indicar pontos relevantes do
conteúdo aventado, bem como observações gerais ou dúvidas que tiverem, a fim de iniciar um
debate entre eles e o professor; àqueles cuja participação for efetiva poderão ganhar pontos
extras na avaliação;
1- AVALIAÇÃO – serão feitas três avaliações: uma prova escrita (I Unidade), um
seminário (II Unidade) e um trabalho em grupo relativo à III Unidade; serão conferidos
pontos por participação na discussão dos textos pelos sub-grupos e demais discentes,
participação aqui também entendida como freqüência (esta considerada boa caso não
ultrapasse 4 faltas, ou seja, dois encontros);
_____________________________________________________________________________
Temas para a identificação dos conceitos a serem sugeridos ao professor nas aulas por cada
sub-grupo de três pessoas:
1- A consciência mítica (-religiosa e intuitiva), e as noções de espaço e tempo;
2- O mito da neutralidade científica;
3- “Noções fundamentais do pensamento filosófico-científico”, p. 22-28;
4- Sócrates e a reflexão sobre o mundo humano;
5- “O que é Filosofia e para que serve”;
6- Marx: filosofia e crítica à sociedade burguesa;
Temas relativos aos seminários: os 5 temas constantes na II Unidade – tópicos de 4.1 a 4.5
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Unidade I: O nascimento da filosofia e seus horizontes de pesquisa
1- Apresentação do curso, programa, professor e alunos; (1 – estes números ao lado correspondem à
projeção do número de aulas para cumprir o conteúdo);
2- A consciência mítica (-religiosa e intuitiva) do homem antigo; texto Mito e realidade, de Mircea
Eliade, p. 7-23; (2)
2.1 Os mitos na atualidade e o mito da ciência neutra; Texto: “o mito da neutralidade científica”,
de Hilton Japiassu, in ARANHA, Maria Lúcia de; MARTINS, Maria Helena P. Filosofando,
Introdução à Filosofia, p. 122; (1)
3- Os dois horizontes temáticos no surgimento da filosofia:
4.1 Os Pré-Socráticos e a reflexão sobre a natureza (texto: “Noções fundamentais do pensamento
filosófico-científico”, in: Iniciação à história da filosofia, de Danilo Marcondes, p. 22-28); texto
complementar: “A pipoca”, de Rubem Alves; (2)
4.2 Sócrates e a reflexão sobre o mundo humano; texto de NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada
de filosofia: das origens à idade moderna, p. 49-61; (2)
4- “O que é Filosofia e para que serve” (p. 11-16 do livro Curso de Filosofia, de Antonio Rezende);
(2)
PRIMEIRA AVALIAÇÃO (1).............................11 encontros previstos
Unidade II: A construção da hegemonia empiricista da ciência
*Obs.: dois encontros reservados para a preparação dos seminários (2)
4.0 Imagens e problema da origem do conhecimento na Idade Moderna:
4.1 “As origens do pensamento moderno e a ideia de modernidade”, in MARCONDES, Danilo,
Iniciação à história da filosofia, p. 141-161; (1)
4.2 O Racionalismo de René Descartes; texto: “Descartes e a filosofia do cogito”, in
MARCONDES, Danilo, Iniciação à história da filosofia, p. 164-172; (1)
4.3 A vertente contrária do empirismo; texto “O empirismo inglês”, por Danilo Marcondes, in
REZENDE, Antonio (org), Curso de filosofia, p. 98-105; (1)
4.4 A síntese kantiana; livro Antologia ilustrada de filosofia, p. 321-330 (1)
4.5 O positivismo de Comte: prolongamento do empirismo e hiper-valorização da ciência; texto
“O positivismo de Comte”, in Rezende, Curso de Filosofia, p. 121-132; texto complementar:
Ideologias e Ciência social, in LÖWY, Michel, p. 35-65 (texto constante na Biblioteca); (1)
* Para os tópicos 4.2 a 4.4 o texto complementar é: Teoria do conhecimento, de HESSEN, Johannes,
p. 59-85, onde se encontra uma crítica às correntes filosóficas referidas; para o tópico 4.5 há o livro
disponível na Biblioteca da UEFS;
SEGUNDA AVALIAÇÃO (1).....................08 encontros previstos
Unidade III: Três perspectivas alternativas para a afirmação das Ciências Humanas:
5.0 Marx: filosofia e crítica à sociedade burguesa; texto “Marx”, in Antologia ilustrada de
filosofia, p. 394-404; texto complementar: “Dialética, dualismo epistemológico e pesquisa empírica”,
de Teresa Haguette, in HAGUETTE, A. (et. al.), Dialética hoje, p. 160-175; (1)
5.1 Vídeo: nascimento e influência da Rede Globo; (1)
6.0 A Fenomenologia; aula expositiva, a partir do texto “Introdução”, in LYOTARD, Jean-François,
A fenomenologia, p. 9-12; (1)
7.0 Introdução ao Estruturalismo; aula expositiva baseada no texto “A análise estrutural em
lingüística e em Antropologia”, in LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia estrutural, p. 45-70,
conforme resumo do professor anexo no módulo; (1)
8.0 A ambiência da pós-modernidade; texto básico: O que é pós-moderno, de SANTOS, Jair
Ferreira, p. 7-31; textos complementares para aprofundamento (não constantes no módulo): Tudo
que é sólido desmancha no ar, de BERMAN, Marshall e Condição pós-moderna, de HARVEY,
David; (1)
Terceira Avaliação (1)................................... 06 encontros previstos
Conclusão do curso (1)
REFERÊNCIAS PRINCIPAIS E COMPLEMENTARES
ALVES, Rubem. “A Pipoca”. In: ______. As melhores crônicas de Rubem Alves. São Paulo: Papirus, 2008.
ARANHA, Maria Lúcia de; MARTINS, Maria Helena P. Filosofando, Introdução à Filosofia, Editora Moderna, São
Paulo, s.d.
DESCARTES, R. Discurso do Método. Tradução Elza Marcelina. Brasília: Editora da UNB; São Paulo: Ática, 1990.
ELIADE, Mircea. Mito e racionalidade. Tradução de Pola Civelli. São Paulo: Perspectiva,1998.
HESSEN, Johannes. Teoria do conhecimento. Tradução de António Correia. Coimbra, Portugal: Arménio Amado, 1987.
LEVI-STRAUSS, Claude. “A análise estrutural em lingüística e em antropologia”. In: Antropologia estrutural.
Tradução de Chaim S. Katz e Eginardo Pires. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.
LÖWY, Michel. Ideologias e ciência social. Elementos para uma análise marxista. São Paulo: Cortez, 1985.
LYOTARD, Jean-François. A fenomenologia. Tradução de Armindo Rodrigues. Lisboa: Edições 70, 1986.
MARCODES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos Pré-Socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
OLIVA, Alberto. Epistemologia: a cientificidade em questão. Campinas, São Paulo: Papirus, 1990.
REZENDE, Antonio. Curso de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1991.
NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à idade moderna. Tradução de Maria De Luca. São
Paulo: Globo, 2005.
SANTOS, Jair Ferreira. O que é pós-moderno. São Paulo: Brasiliense, 1993.
OUTRAS REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, N. “As origens da ciência” in: ______. História da Filosofia. Tradução de Antonio R. Rosa. Lisboa:
Editorial Presença, 2000. Vol.VI, p.7-15.
ACHINSTEIN, Peter. “O problema da demarcação” http://criticanarede.com/html/cien_demarcacao.html
APEL, Karl-Otto. Estudos de moral moderna. Tradução de Benno Dischinger. Petrópolis: Vozes, 1994.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. Tradução de Mário da Gama Cury. In: Aristóteles (II). Tradução de Leonel
Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
______. Metafísica. In: ______. Aristóteles (II). Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo, Abril
Cultural, 1979.
ASSOLINE, Pablo J. “Sociedade de consumo: uma abordagem da pré à pós-modernidade”. http://caixaregistradora.blogspot.com/2008/11/artigo-sociedade-de-consumo-uma.html;
BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento.
Tradução de Estela Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
BAUDRILLARD, Jean. O sistema dos objetos. Tradução de Zumira Ribeiro Tavares. São Paulo: Perspectiva, 1989.
BERGSON, Henri. Curso sobre a filosofia grega. Tradução de Bento Prado Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar. A Aventura da
Modernidade. Tradução de Carlos
Felipe Moisés. São Paulo: Editora Schwarcz, 1992.
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia grega (3 v.). Petrópolis: Vozes, 1998.
BUZZI. Arcângelo R. Introdução ao pensar: o ser, o conhecimento, a linguagem. Petrópolis: Vozes, 1998.
CAMARGO, Jósé G. “O problema do método nas ciências humanas: o caso da Geografia”.
http://www.mercator.ufc.br/index.php/mercartor/article/viewFile/120/91
CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles, vol. I. São Paulo: Brasiliense,
1994.
______. Convite à Filosofia, São Paulo, Editora Ática, 1995.
CHIBENI, Sílvio. “O que é Ciência? In http://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidáticos/ciencia.pdf
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2002.
CHÂTELET, François (org.) História da filosofia. Tradução de Maria J. de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, vol I a
VIII, 1973.
CRUZ,
Osmir
A.
http://www.webartigos.com/articles/18547/1/A-Critica-de-Horkheimer-ao-RacionalismoCartesiano/pagina1.html
HABERMAS, Jügen. O discurso filosófico da modernidade. Tradução de Ana Maria Bernardo et. al. Lisboa,
Publicação Dom Quixote, 1990.
HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. Tradução: Toranno Jaa. São Paulo: Editora Iluminuras, 1991
HARVEY, Condição pós-moderna. Tradução de Udail Sobral e Maria Gonçalves. São Paulo: Loyola, 1992.
HOMERO. Odisséia. Tradução de Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 1997.
JAPIASSU,
Hilton.
“O
mal-estar
nas
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humanas”.
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JAEGER, Werner. Paidéia. A formação do homem grego. Tradução de Artur Parreira. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
KANT, Immanuel. “Resposta à pergunta: Que é ‘esclarecimento’?, in ______. Textos seletos. Tradução de Floriano
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LEITE, Lourenço. Do simbólico ao racional: ensaio sobre a gênese da mitologia grega como introdução à filosofia.
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LYOTARD, Jean-François. O pós-moderno. Tradução de Ricardo Correia Barbosa. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1993.
LIMA, Luiz Costa (org.). Teoria da cultura de massa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
MAIA, ISABEL SANTOS. “O desenvolvimento da ciência em Thomas Kuhn”, in http://www.consciencia.org/thomaskuhn-ciencia (2)
MARCONDES, Danilo. “É possível ensinar filosofia? E se possível, como?”. In: KOHAN, Walter O (org.). Filosofia:
caminho para seu ensino. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
______. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
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MORENTE, Manuel Garcia. Fundamentos de filosofia I: Lições preliminares. Tradução de Guilhermo de La Cruz
Coronado. São Paulo: Mestre Jou, 1979.
PÉREZ, Daniel G. (et. al.) “Para uma imagem não deformada do trabalho científico”, revista Ciência & educação, v. 7,
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PLATÃO. A República. In MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia.
POPPER, Karl. Conjecturas e refutações: o progresso do conhecimento científico. In:
http://people.br/~borges/publicacoes/notaveis/Popper.pdf, p. 1-7; (2)
PORTO, C. M. “A evolução do pensamento cosmológico e o nascimento da ciência moderna.” In: Revista Brasileira do
Ensino de Física. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-11172008000400015&script=sci_arttext
ROGUE, Christophe. Compreender Platão. Tradução de Jaime Clasen. Petrópolis: Vozes, 2007.
ROUANET, S. P. As razões do Iluminismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
SANTORO, Fernando. “O filósofo e o seu tempo”, in: PECORARO, Rossano (org.). Os filósofos clássicos da
filosofia, v. I. Rio de Janeiro: Editora PUC Rio, 2008.
VERNANT, Jean-Pierre. Origens do pensamento grego. Tradução de Manuela Torres. Lisboa: Teorema, 1987.
_______. Mito e pensamento entre os gregos. Tradução de Haiganuch Sarian. São Paulo: Edusp, 1973.
ADENDOS:
Adendo 1:
Diálogo Filosófico
Carlos Drummond de Andrade
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As coisas não são o que são, mas também não são o que não são - disse o professor suíço ao estudante
brasileiro.
Então, que são as coisas? - inquiriu o estudante.
As coisas simplesmente não.
Sem verbo?
Claro que sem verbo. O verbo não é coisa.
E que quer dizer coisas não?
Quer dizer o não das coisas, se você for suficientemente atilado para percebê-lo.
Então as coisas não têm um sim?
O sim das coisas é o não. E o não é sem coisa. Portanto, coisa e não são a mesma coisa, ou o mesmo não.
O professor tirou do bolso uma não-barra de chocolate e comeu um pedacinho, sem oferecer outro ao aluno,
porque o chocolate era não.
Contos Plausíveis, in Andrade, C. D. (1992): Poesia e Prosa, Rio de Janeiro: Aguilar, pg. 1261
Adendo 2:
Sobre os pré-socráticos, na comparação com o mito
Texto 1
(...)e então [Prometeu] feriu profundamente o coração de Zeus, o alto senhor do trovão, que ficou furioso
quando ele viu ao longe a luz do fogo entre os homens, e imediatamente ele lhes deu um problema para que
pagassem pelo fogo.
O famoso Deus Pacífico misturou argila e lhe deu a forma de uma virgem tímida, exatamente como Zeus
queria, e Athena, a deusa de olhos de coruja,
A vestiu em roupas prateadas e com suas próprias mãos lhe colocou um véu na cabeça (...)
Ele [Zeus] fez este lindo mal para equilibrar o bem,
Então ele a levou aos outros deuses e aos homens
...eles ficaram boquiabertos, deuses imortais e homens mortais, quando eles viram a arte de seduzir,
irresistível aos homens.
Da sua raça vem a raça das mulheres fêmeas, esta raça mortifica e população de mulheres, uma grande
infestação entre os homens mortais, que viviam com riqueza e sem pobreza.
Acontece o mesmo com as abelhas nas suas colméias alimentando os zangões, conspiradores maus.
As abelhas trabalham todo dia até o pôr-do-sol, ocupadas o dia inteiro fazendo pálidos favos, enquanto os
zangões ficam dentro [da colméia] nos favos vazios, enchendo o estômago com o trabalho dos outros.
Foi assim como Zeus, o alto senhor do trovão, fez as mulheres como uma maldição para os homens mortais,
conspiradoras do mal. E ele juntou outro mal para contrabalançar o bem. Qualquer um que escape ao casamento
e à maldade das mulheres, chega à velhice sem um filho que o mantenha. Ele não precisa de nada enquanto
viver, mas quando ele morre, parentes distantes. Dividem seus bens. Por outro lado, quem se casa como é
mandado, e tem uma boa esposa, compatível, tem uma vida equilibrada entre o mal e o bem, uma luta constante.
Mas se ele se casa com uma mulher abusiva, ele vive com dores no seu coração o tempo todo,
Dores no espírito e na mente, o mal incurável
(Hesíodo, Teogonia 567-612. Tradução de S. Lombardo
Texto 2
Assim estando as coisas, é preciso considerar que muitas coisas e de todo gênero se encontrem em tudo
aquilo que vem a ser por aglomeração e sementes que têm forma, cores e gostos de todo tipo. E se condensaram
homens e seres vivos que têm sensibilidade. E estes homens têm cidades habitadas e obras de manufatura, como
nós, e têm o sol e a lua e todas as coisas como nós, e a terra produz suas muitas coisas e de todo gênero, das mais
úteis das quais fazem uso, depois de reconhecê-las em sua moradia. Disse isso sobre a formação por separação,
porque não apenas entre nós é possível o processo de formação, mas também em outros lugares. Antes que tais
coisas se formassem, estando juntas todas as coisas, não se distinguia nenhuma cor. Havia, com efeito, o
obstáculo da mistura de todas as coisas, do úmido e do enxuto, do quente e do frio, do luminoso e do escuro e de
muita terra que aí se encontrava, e das sementes ilimitadas em quantidade, em nada semelhantes uma à outra.
Com efeito, nem mesmo das outras coisas em nada uma se assemelha a outra. Dessa forma, e preciso considerar
que no todo se encontra tudo.
( Anaxágoras, in: REALE, 1997, p. 65)
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