Avaliação de incidência de espécies de cucurbitáceas infetadas

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Avaliação de incidência de espécies de cucurbitáceas infetadas com
vírus em campo irrigado do Sub-médio São Francisco.
Lindomar Maria da Silveira1; Manoel Abilio de Queiróz2; José Albérsio de A. Lima3;
Aline Kelly Q. do Nascimento3; Maria Luciene da Silva2; Izaias da S. L. Neto2.
1
2
UFRERSA, Núcleo de pós Graduação, Cx. Postal 137, Mossoró-RN; UNEB, Edgard Chastinet, s/n, São
3
Geraldo, Juazeiro - BA; UFC, Lab. de Virologia Vegetal, Campus do PICI, Fortaleza-CE. e-mail:
[email protected]
RESUMO
Com o objetivo de monitorar a ocorrência de viroses em cucurbitáceas, foram coletadas
amostras de folhas e frutos com e sem sintomas de infecção por vírus nos anos de 2002,
2003, 2004, 2005 e 2006 em áreas irrigadas de Petrolina-PE e Juazeiro-BA. As amostras
foram enviadas ao laboratório de Virologia Vegetal da Universidade Federal do Ceará,
onde foram testadas por ELISA indireto contra anti-soros específicos para os potyvirus,
Papaya ringspot mosaic virus, type “watermelon” (PRSV-W), Watermelon mosaic virus
(WMV) e Zucchini yellow mosaic virus (ZYMV) e para o cucumovirus Cucumber mosaic
virus (CMV). Também foram testadas por dupla difusão em Agar contra anti-soro para o
comovirus Squash mosaic virus (SqMV). Em nenhuma das amostras foram detectados
CMV e SqMV. Em todas as amostragens foram detectadas as presenças dos três
potyvirus isoladamente ou em infecção mista, exceto no segundo semestre de 2002 e
primeiro semestre de 2003, onde não foram detectados o ZYMV e o WMV
respectivamente. Ainda que ocorrendo variação na freqüência de amostras infetadas por
cada um dos vírus testados, em nenhuma das amostragens foi detectada a ocorrência de
apenas um vírus. Mesmo quando ocorreram apenas dois vírus (2002/2 e 2003/1) foi
verificada infecção mista em 22 e 30 % das amostras infetadas. Vinte amostras sem
sintomas apresentaram infecção por vírus, podendo ser consideradas fontes de inóculo,
uma vez que permitem a multiplicação dos vírus sem expressar sintomas. Podem também
levar a resultados falso-negativos em estudos onde apenas as plantas que apresentam
sintomas são testadas sorologicamente. Assim, pôde-se constatar que os potyvirus
predominam na região e ocorrem de forma simultânea e consistentemente em todos os
anos pesquisados. Dessa forma, os programas de desenvolvimento de variedades
resistentes devem considerar os três potyvirus.
Palavras-chave: Cucurbitáceas, Potyvirus, infecção mista.
ABSTRACT - Evaluation of incidence of cucurbit species infected with virus in
irrigated field of the Sub-Medium São Francisco.
Aiming to monitor the incidence of viruses in cucurbit species, leaf and fruit samples, in
experiments and crop areas, with and without symptoms were collected from the year
2002 until beginning of 2006. The samples were sent to he Plant Virology of the Federal
University of Ceará, in Fortaleza. They were analyzed using indirect ELISA test against
specific anti-sera for Papaya ringspot mosaic virus, type watermelon” (PRSV-W),
Watermelon mosaic virus (WMV) and Zucchini yellow msaic virus (ZYMV) potyviruses and
cucumovirus Cucumber mosaic virus (CMV). Also, anti-serum for the comovirus Squash
mosaic virus (SqMV) was tested using “dupla difusão em Agar”. The viruses CMV and
SqMV were not detected in the samples analyzed. However, all samples showed the
incidence of the three potyviruses isolated or in mixed infections, except in the second
semester of 2002 and first semester of 2003 where WMV and ZYMV were not detected,
respectively. Although, the frequency of infected samples varied, in all sampling periods
occurred more than one virus. When only two virus occurred it was found mixed infections
in percentages of 22 (2002/2) and 30 (2003/1). Twenty leaf samples symptomless showed
virus infection and are able do infect new plants since they allowed virus multiplication.
They can also give misinterpretation of data if one decides to test only plants with
symptoms. The analyses showed the consistent presence of the three potyviruses isolated
or in mixed infections during the period analyzed. Therefore, the cultivar development
must consider the three potyviruses.
Key-Words: Cucurbits, Potyvirus, mixing infection.
INTRODUÇÃO
As Cucurbitáceas representam uma das mais importantes famílias de plantas utilizadas
para produção de alimentos, destacando-se em importância econômica para o Nordeste o
meloeiro (Cucumis melo L.), a melancia (Citrullus lanatus Matsum. & Nakai) e as
abóboras (Cucurbita spp.). Das 20 espécies de vírus capazes de infetar cucurbitáceas,
cinco têm sido reladas no Nordeste: Papaya ringspot mosaic virus, type “watermelon”
(PRSV-W), Watermelon mosaic virus (WMV) e Zucchini yellow mosaic virus (ZYMV)
pertencentes à família Potyvidae, gênero Potyvirus, Cucumber mosaic virus (CMV) família
Bromoviridae, gênero Cucumovirus e Squash mosaic vivus (SqMV), família Comoviridae,
gênero Comovirus (Oliveira et al., 2000; Moura et al. 2001). As plantas infetadas pelos
vírus podem apresentar mosaico, redução de limbo foliar e deformação nas folhas e frutos
entre outros sintomas, podendo a sintomatologia variar conforme o hospedeiro infetado
(Ramos et al., 2003). Elevada incidência de viroses em cucurbitáceas, na região do
Submédio São Francisco, tem sido notada, atribuindo-se a essas doenças grandes danos
quantitativos e qualitativos na produção de frutos. Dessa forma, o presente trabalho teve
como objetivo monitorar a ocorrência de viroses de cucurbitáceas coletadas em áreas
irrigadas de Petrolina-PE e Juazeiro-BA na região do Sub-Médio Francisco.
MATERIAL E MÉTODOS
Amostras foliares e de frutos de cucurbitáceas cultivadas em áreas irrigadas de PetrolinaPE e Juazeiro-BA, foram amostradas coletadas das seguintes espécies: melancia
(Citrullus lanatus), melancia (Citrulus lanatus var. citroides), melancia (Citrulus
colocynthis), melão (Cucumis melo), abóboras (Cucurbita spp.), maxixe (Cucumis
anguria), espécies selvagem de melão (Cucumis metulíferus) e melão de São Caetano
(Momordica charantia ). As amostras foram coletadas de plantas com e sem sintomas de
viroses, sendo as mesmas colocadas em sacos plásticos, acondicionadas em isopor com
gelo, e enviadas ao Laboratório de Virologia Vegetal da Universidade Federal do Ceará
(LabVVeg/UFC), onde foram testadas por “enzyme-linked immunosobent assay”, ELISA
indireto (Almeida & Lima, 2001) contra anti-soros específicos para PRSV-W, WMV, ZYMV
e CMV. As amostras foram também testadas por dupla difusão em Agar contra anti-soro
para SqMV.
As amostras sem sintomas aparentes foram testadas para verificar a
ocorrência de plantas que não expressam sintomas mesmo quando infetadas por vírus.
As amostragens foram realizadas no primeiro e segundo semestre de cada ano, conforme
o surgimento de sintomas de viroses nas plantas dos diversos experimentos de
cucurbitáceas, variando conforme as características dos experimentos em campo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao longo de quase quatro anos foram analisadas 397 amostras das quais 217 se
apresentaram infetadas e 110 não estavam infetadas (Tabela 1). Nenhuma das amostras
avaliadas apresentou infecção pelos vírus CMV e SqMV. O PRSV-W não foi detectado
infetando nenhuma amostra no primeiro semestre de 2003, porém, o número de amostras
infetadas por esse vírus foi superior às amostras infetadas pelos demais no primeiro
semestre de 2002, 2004 e 2005, assim como no segundo semestre de 2002 e 2003. No
primeiro semestre de 2003, 2005 e 2006, predominaram as infecções pelo WMV.
Excetuando-se as amostragens realizadas em 2002, o ZYMV, embora com menor
freqüência, esteve presente em todas as amostragens. Vale salientar que em 2006 o
número de amostras infetadas pelo ZYMV foi superior ao número de amostras infetadas
pelo PRSV-W e igual ao número de amostras infetadas pelo WMV (Tabela 1). Ainda que
ocorrendo variação na freqüência de amostras infetadas por cada um dos vírus testados,
em nenhuma das amostragens foi detectada a ocorrência de apenas um dos vírus.
Mesmo quando ocorreram apenas dois vírus (2002/2 e 2003/1) foi verificada infecção
mista em 22 e 30 % das amostras infetadas (Tabela 1). Os resultados concordam com
Lima et al. (1999) e Cruz et al. (1999), uma vez que em 1997 ao avaliarem 269 amostras
de cucurbitáceas com sintomas de viroses, coletadas em campos de produção de melão
e melancia do Submédio São Francisco, constataram predominância do PRSV-W,
enquanto que em 1999 o WMV ocorreu em um número maior de amostras. Os autores
não avaliaram as amostras para o ZYMV.
O número elevado de amostras não infetadas por vírus em 2002/2, 2003/1, 2005/1 e
2006/1(Tabela 1) se deve ao fato das amostras terem sido coletadas em sua maioria em
experimentos onde se cultivavam germoplasma de cucurbitáceas com freqüências
elevadas de alelos para resistência às viroses.
Das 117 amostras sem sintomas que foram testadas, 20 apresentaram infecção por vírus
(Tabela 1). Essas plantas podem ser fontes potenciais de inóculo, uma vez que permitem
a multiplicação dos vírus sem expressar sintomas. Além disso, também podem levar a
resultados falso-negativos em estudos onde apenas as plantas que apresentam sintomas
são testadas sorologicamente. Em diversos estudos realizados para identificação de
viroses em cucurbitáceas em regiões brasileiras, tem-se utilizado testes sorológicos,
porém apenas plantas com sintomas de viroses têm sido envolvidas nas amostragens
(Oliveira et al., 2000; Moura et al, 2001; Halfeld-Vieira et al., 2004).
De outra parte, é possível constatar que os potyvirus PRSV-W, WMV e ZYMV
predominam na região e ocorrem de forma simultânea e consistentemente em todos os
anos pesquisados. Dessa forma os programas de desenvolvimento de variedades ou
híbridos resistentes devem sempre considerar estes três potyvirus.
LITERATURA CITADA
ALMEIDA, A. M. R. ; LIMA, J. A. A. Princípios e técnicas aplicados em Fitovirologia. 1ª ed.
Brasília: Sociedade Brasileira de Fitopatologia, 2001, 186p.
CRUZ, E. S.; PAZ, C. D.; PIO-RIBEIRO, G.; BATISTA, D. C.; PEREIRA FILHO, G. G.;
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Francisco. Summa Phytopatologica, v. 25, p. 21, 1999 (Resumo).
HALFELD-VIEIRA, B. A.; RAMOS, N. F.; RABELO FILHO, F. A. C.; GONÇALVES, M. F.
B.; NECHET, K. L.; PEREIRA, P. R. V. S.; LIMA, J. A. A. Identificação sorológica de
espécies de potyvirus em melancia, no Estado de Roraima. Fitopatologia Brasileira, v. 29,
n. 6, p. 687-689, 2004.
LIMA, M. F.; QUEIROZ, M. A. de; DIAS, R. de C. S. Avaliação de germoplasma de
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p. 20-22, Suplemento, 1999.
MOURA, M. C. C. L.; LIMA, J. A. A.; OLIVEIRA, V. B.; GONÇALVES, M. F. B.
Identificação sorológica de espécies de vírus que infetam cucurbitáceas em áreas
produtoras do Maranhão. Fitopatologia Brasileira, v. 26, p. 90-92, 2001.
OLIVEIRA, V. B.; LIMA, J. A. A.; VALE, C. C.; PAIVA, W. O. Caracterização biológica e
sorológica de isolados de potyvírus obtidos de Cucurbitáceas no Nordeste brasileiro.
Fitopatologia Brasileira, v.25, p.628-636, 2000.
RAMOS, N. F.; LIMA, J. A. A.; GONÇALVES, M. de F. B. Efeitos da interação de potyvirus
em híbridos de meloeiro, variedades de melancia e abobrinha. Fitopatologia Brasileira, v.
28,
n.
2,
2003.
Tabela 1 – Levantamento de viroses em cucurbitáceas em Petrolina - PE e JuazeiroBA nos anos de 2002, 2003, 2004, 2005 e início de 2006. Fortaleza, 2006.
Ano/
semestre
Total
2002 / 2
2003 / 1
2003 / 2
2004 / 1
2004 / 2
2005 / 1
2005 / 2
2006 / 1
Total
20
20
29
35
20
112
10
151
3
397
1
Número de amostras
2
Infetadas
Não
infetadas
09
11
10
10
26
03
30
05
17
03
67
45
07
03
51
100
4
217
180
Número de amostras infetadas com vírus
1
PRSV-W
8
0
26
24
11
45
6
36
156
WMV
3
9
4
7
11
29
7
41
111
ZYMV
0
5
2
6
8
18
1
41
81
CMV
0
0
0
0
0
0
0
0
0
SqMV
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Infecção
Mistas
2
3
6
7
11
21
6
38
94
Número de amostras testadas por ELISA e Dupla difusão; 2 10 amostras de frutos com sintomas e todas infetadas;3 117 amostras não
apresentavam sintomas de infecção por vírus;4 20 amostras não apresentavam sintomas de infecção por vírus;
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