universidade cândido mendes pós-graduação “lato sensu”

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
MOTIVAÇÃO EDUCACIONAL E APRENDIZAGEM
ANTONIO CARLOS DE ARAUJO SILVA
Orientador
Professor: Luiz Claudio Lopes Alves
Rio de Janeiro
2004
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
MOTIVAÇÃO EDUCACIONAL E APRENDIZAGEM
Apresentação
de
monografia
à
Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do curso de Pós-graduação “Lato Sensu”
em Docência do Ensino Superior.
Por: Antonio Carlos de Araújo Silva
AGRADECIMENTOS
A
DEUS,
pelo
oportunidades
de
presente
da
vida
e
aprendizado
que
ele
pelas
me
proporciona.
Aos professores Fátima Alves e Martha Relvas que
tanto colaboraram para execução do presente
trabalho.
As amigas Elaine Cristina de Oliveira, Janete Pereira
da Silva e Mônica Rasga de Carvalho, pela troca de
experiências
caminhada.
que
ajudaram a
enriquecer
esta
DEDICATÓRIA
Com muito carinho, a minha mãe que tem sido,
até hoje, grande suporte na minha vida.
A Elaine e Juarez, pela força e compreensão
que depositam em mim.
EPÍGRAFE
"O motor do conhecimento não é a
técnica; é a paixão. O educador precisa
alimentar a paixão por sua missão. O único
papel de uma escola é ser uma casa de
sonhos, em que cada um possa descobrir
seu dom, sua paixão".
(Gilberto Dimenstein)
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
06
CAPÍTULO I – MOTIVAÇÃO EDUCACIONAL
08
CAPÍTULO II – AMBIENTE MOTIVANTE E APRENDIZAGEM
17
CAPÍTULO
III
–
ESCOLA
-
DA
INTERAÇÃO
MOTIVADORA
À
APRENDIZAGEM
25
CONCLUSÕES
30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
33
ÍNDICE
35
INTRODUÇÃO
A pesquisa terá como tema central a Motivação Educacional e
Aprendizagem. Um dos questionamentos que sublinha essa pesquisa é: A
motivação é realmente um método eficaz no processo de aprendizagem?
Uma das respostas é que no momento da aprendizagem, os fatores
motivacionais são importantes, porque o aluno deve desenvolver sempre
expectativas positivas em relação à aprendizagem e sentir-se motivado para
o trabalho escolar, sabendo que: o motivo é um fator interno que dá início,
dirige e integra o comportamento de uma pessoa.
Pode parecer nossa pretensão afirmar que a motivação é
determinante para a aprendizagem, mas este é um desafio inscrito na
possibilidade humana de sonhar utopias educacionais. Embasamos esse
tema por teóricos como HAYDT, ROGERS, MURRAY e DELOURS.
Iremos definir uma moldura teórica que possa direcionar e propiciar uma
visão abrangente sobre o atual contexto da Educação no Brasil. Defendese o professor-motivador porque este facilita as aprendizagens mais
complexas, favorece a estrutura competitiva e acentua a idéia de
capacidades intelectuais inatas, aguça os esforços pessoais do aluno.
Os estudos científicos sobre o tema Motivação Educacional só
apareceram há pouco mais de três décadas. Justificamos o presente
estudo pela inovação do assunto em termos, ao final deste trabalho, de
fazer com que os professores, proponham um olhar diferenciado sobre a
prática escolar. A escolha do tema reside no fato de acreditarmos que ao
propiciarmos ao aluno condições e atividades que permitam a construção
da aprendizagem de forma motivacional e criativa, obteremos um
resultado mais significativo no processo educacional.
Nossa concepção propõe a motivação como forma de intervenção
pedagógica, constituindo verdadeira ajuda educativa, onde o trabalho deve
ser feito de forma a construir e/ou reforçar positivamente tanto a auto-estima
como a dignidade dos alunos.
Seguimos uma metodologia de trabalho embasada na pesquisa
bibliográfica, descrevendo idéias relacionadas à motivação educacional,
fazendo algumas sugestões de estratégias motivadoras, pois a motivação é
atualmente um dos fatores de suma importância para o educador frente à
crise educacional, que vivemos.
Em suma, a busca sobre a motivação nos leva a aprofundar
conhecimentos decorrentes de vivências em sala de aula, onde as duas
facetas: a faceta motivacional; e a aprendizagem como um todo;
complementam-se e interpõem.
O Capítulo I define motivação com base nos autores pesquisados.
O Capítulo II descreve a necessidade de um ambiente motivante à
aprendizagem, reflete sobre a importância de despertar o interesse dos
alunos, estabelecer desafios e lista um conjunto de dicas motivacionais. O
Capítulo III aborda as vivências na escola e a influência da motivação no
comportamento frente à aprendizagem.
CAPÍTULO I
MOTIVAÇÃO EDUCACIONAL
1.1- Definindo Motivação
A grande maioria dos autores define a motivação como determinante
na aprendizagem, outros a vinculam ao processo de aprender e aos motivos
internos e externos que são a relação pedagógica. O conceito de Motivação
vem do latino motion (movimento) e a emoção tem esta origem. Assim, até
na origem do nome há relação entre motivação e emoção, não há uma sem
a outra. Podemos definir Motivação como sendo o conjunto de fatores
variáveis responsáveis pelo despertar e direção do comportamento.
O Ser Humano nasce com uma inata motivação interna, auto-estima,
dignidade, curiosidade e alegria em aprender. Enquanto isso, nem sempre o
sistema educacional ajuda e muitas vezes, os motivadores externos atuam
negativamente. A realidade mostra que uma atitude de reconhecimento
pode significar muito mais para um aluno do que qualquer prêmio em
dinheiro
ou
medalha.
Precisamos
de
relações
pedagógicas
entre
professores e alunos marcadas pela maestria interativa e o desenvolvimento
da autoconfiança.
Motivação pode ser entendida como o conjunto dos meus motivos,
quer dizer, de tudo aquilo que, a partir do meu interior, me move a fazer, a
pensar e a decidir. Pode expressar também a ajuda que me presta outra
pessoa para reconhecer os meus motivos dominantes, a ter outros mais
elevados, ordená-los ou hierarquizá-los. A nossa vontade necessita de
razões e motivos. Um motivo é o efeito da descoberta de um valor. Há uma
estreita relação entre motivos e valores. Somos seres que damos e nos
doamos, mas também temos necessidades.
“O verdadeiro início das teorias científicas de motivação foi
devido à teoria da evolução de Darwin. Darwin acreditava
que os instintos surgiam através da seleção natural. Pensase usualmente, que os instintos são mais flexíveis do que os
reflexos e permitem, assim, um comportamento mais
variável.”
(NOVAES, 1998: 64).
O conceito de motivação tem sido utilizado com diferentes sentidos.
De modo genérico, motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir
de determinada forma. Este impulso à ação pode ser provocado por um
estímulo externo ou pode ser gerado no íntimo do ser humano, através de
processos de raciocínio do indivíduo. Neste aspecto, relaciona-se com o
sistema de cognição.
“Cognição (ou conhecimento) representa aquilo que as
pessoas sabem a respeito de si mesmas e sobre o
ambiente que as rodeia. O sistema cognitivo de cada
pessoa inclui seus valores pessoais e é profundamente
influenciado por seu ambiente físico e social, por sua
estrutura fisiológica, por seus processos fisiológicos, por
suas necessidades e por suas experiências anteriores.
Assim, todos os atos do indivíduo são guiados pela
cognição - pelo que ele pensa, acredita, prevê. Ao
perguntar-se o motivo pelo qual o indivíduo age daquela
forma, entra-se na questão da motivação. E a motivação é
dada em palavras como receio e desejo”.
(THOMPSON; HOUTEN, 1975: 30-31)
O pensar de THOMPSON nos leva a entender que a motivação é
uma necessidade humana, sendo estas necessidades motivacionais
intrínsecas. A Teoria Administrativa das Relações Humanas passou a
estudar a influência da motivação no comportamento das pessoas. Os
fatores de motivação têm um papel a desempenhar em relação ao
comportamento humano, eles são os energizadores deste
comportamento.
Certa teoria de Newton
*1
pressupõe a tese do tipo: “ação e reação”,
“causa e efeito” e “estímulo-resposta”, que influenciaram o trabalho
doravante sobre motivação. É demasiadamente conhecida a teoria sobre a
motivação desenvolvida por Abraham Maslow, centrada nas necessidades:
“O homem é um ser indigente, mal uma das suas necessidades é satisfeita,
aparece outra no seu lugar. Este processo é interminável, dura desde o
nascimento até à morte.”
“Motivação é um processo psicológico e energético, interno e
profundo, que impele o indivíduo para a ação, determinando
a direção do comportamento. É um fenômeno pessoal que
depende da experiência prévia de cada aluno e do seu nível
de aspiração.”
(HAYDT, 1997: 87).
*1- Newton – Isaac Newton – físico.
A palavra motivação, ainda para muitos, soa como novidade no
âmbito do discurso pedagógico, por que muitos estão acostumados ao
discurso unívoco de que aprender é um processo natural e vital. A
motivação imprime um novo ritmo a escola onde aprender se torna um
prazer. O ato pedagógico se realiza pelo diálogo e não pelo monólogo. A
motivação é um dos aspectos mais importantes do processo de ensinoaprendizagem. A escola deverá principalmente, levar o estudante a aprender
como aprender. Na sociedade do conhecimento, segundo DRUCKER (1997)
"as matérias podem ser menos importantes do que a capacidade dos
estudantes para continuar aprendendo e sua motivação para fazê-lo". O
estudante deverá assumir a responsabilidade por sua aprendizagem isto
porque aprender a aprender, será o único conhecimento duradouro na
sociedade contemporânea.
Nessa perspectiva, a educação deve, além de se preocupar com a
formação básica dos indivíduos, fornecer conhecimento dos processos,
ensinar como fazer para chegar aonde se quer chegar, incentivar para
que se encontrem soluções, enfim um processo criativo. O professor deve
assumir o papel de orientador, de instigador e de motivador do processo
educacional. A educação é vista como um diálogo aberto que se
transforma mediante processos de assimilação, acomodação e equilíbrio.
O movimento fruto das interações locais traduzidas pelas relações entre
educador e educando, educando e seu contexto é que caracteriza o
processo de aprendizagem.
A ligação que se estabelece entre o professor e seus alunos
acontecem exatamente através do primeiro momento, das primeiras
palavras proferidas. É no contato inicial que se capta e retém a boa vontade
dos alunos e se cria a empatia. Na primeira aula, o professor deve se
empenhar em cativar seus alunos.
A motivação dos alunos para as atividades da aula depende de muitos
fatores, tais como a idade, a aptidão intelectual, a situação econômica,
social e familiar e os traços individuais da personalidade. Analisando os
tipos mais comuns, encontramos: o aluno automotivado, que não precisa de
estímulo. Gere a sua aprendizagem apoiada por um conjunto de fatores
culturais, com base na família e nos recursos que lhe são fornecidos como
as atividades artísticas, visitas a museus e bibliotecas, acesso à farta
bibliografia, vivendo inserido em um meio sócio-econômico mais favorecido.
O aluno médio necessita continuamente do estímulo do professor
para prosseguir. Não se mostra entusiasmado, nem tão pouco desmotivado,
mas revela “altos e baixos” no aproveitamento. Menos raro que o anterior,
não causa grandes problemas em sala de aula.
Há ainda um terceiro grupo, dificílimo de motivar, que constitui um
caso sério para os professores: o aluno desmotivado. Muito freqüente nas
escolas públicas, é ele que transforma o ato de educar num constante
desafio. Não se impressiona com a magia do ensinar, através das quais lhe
queremos transmitir os conteúdos, fica alheio a todo o tipo de atividades de
classe.
O aluno provocador pertence quase sempre, a classes sociais
diametralmente opostas: média/alta ou de nível sócio-cultural muito baixo.
As razões que levam estes alunos a serem insensíveis aos estímulos são
diversas. Na escola pesquisada vivenciamos casos de alunos provocadores
que pertenciam ao nível sócio-cultural muito baixo, e vimos que agiam dessa
forma em sala de aula porque não encontravam qualquer tipo de relação
entre os seus interesses e aspirações e o conteúdo das matérias que lhes
eram transmitidas.
Se nada do mundo exterior, nenhum episódio da sua experiência
vivencial tem ligação com o que se passa na aula. Então, como motivá-los?
É preciso que primeiro se assegure a empatia despertando a curiosidade do
aluno. Uma boa relação pedagógica professor/aluno é facilitadora da
aprendizagem e resolve uma grande parte do problema. O aluno tem de
aprender a gostar de aprender. O professor tem de saber incutir-lhe esse
gosto. Só assim se poderá avançar, quer no campo afetivo, quer no domínio
cognitivo para, depois, passar à fase seguinte: ensinar a estudar. O
ambiente familiar poderá estar entre as várias razões na origem deste
problema. Neste contexto, motivar estes alunos para a escola passa por
educá-los, em primeiro lugar, na sua vida diária.
1.2- Pretensão Educativa
A escola precisa ser criativa, deixando que os alunos utilizem a sua
capacidade de criação, de modificação, fazendo da sala de aula um
ambiente de construção do saber, de desenvolvimento pleno do ser. A
relação do professor com o aluno é em essência, uma relação interpessoal e
intersubjetiva de serviço e de ajuda. Interpessoal e intersubjetiva porque
envolvem dois sujeitos autônomos, ainda que diferentes e em interação
dissimétrica. A práxis pedagógica também existe como um instrumento que
possibilita alguém ajudar a outrem a aprender algo, a proceder bem, a
aperfeiçoar seu desempenho ou a melhorar no plano técnico, no plano ético,
no plano humano ou no plano social o resultado de sua atividade.
“O diálogo é, na verdade, a expressão própria da autêntica
comunicação dos homens entre si, forma que foi emergindo
mediante um aprimoramento silencioso das proto-formas
universais dos processos interativos que sempre se fizeram
presentes em todos os segmentos da sociedade.”
(SEVERINO, 2000:85).
O professor ajuda o aluno ensinando-o a desempenhar o seu papel na
sociedade e a realizar algum procedimento técnico que possibilite a
construção de sua autonomia pessoal. O processo pedagógico significa
transmitir informações, desenvolver ou reabilitar aptidões, transformando-as
em capacidades, mobilizando e cultivando as atitudes nos alunos.
São três as modalidades essenciais dos processos educacionais e
podem ser denominadas: instrução que é o ato ou processo de comunicar e
assimilar informações, a recolher dados, a conhecer as coisas e
acontecimentos pelo acúmulo de conhecimentos, de elementos cognitivos
sobre eles; treinamento que significa procedimento ou processo de adquirir
e desenvolver as habilidades e os hábitos cognitivos, afetivos, psicomotoras
ou sociais exigidos pela sua atividade alvo, aprender a pensar, a sentir, a
fazer e a interagir com crescente habilidade; e formação ou educação, com
sentido pedagógico estrito que consiste em aprender a mobilizar e a
desenvolver atitudes, a se predispor a pensar, a sentir, a agir, a interagir de
uma certa maneira.
Significando então, aprender a estudar sozinho e a resolver os
problemas educacionais que surgirem por si mesmo com crescente
autonomia. A escola precisa considerar os aspectos da realidade social,
desenvolvendo uma proposta pedagógica que esteja de acordo com a
realidade do aluno, contextualizada com a vida e com as relações que
desenvolve na escola, na rua, na família, em todo o espaço do qual
participa. Como destaca WERNECK (2000:36): “Não adianta mais ter,
apenas, foco, é preciso ter visão global, holística, do mundo e da vida, para
compreender as coisas e as pessoas.”
Como todo ser é geneticamente um ser social, não seria diferente
com o aluno. De acordo com PIAGET e VYGOTSKY (1973): “A inteligência
humana somente se desenvolve no indivíduo em função das interações
sociais...”. O processo educacional ocupa um lugar importante no âmbito
social e dele depende todo o bom andamento das estruturas da sociedade,
que conta com a formação dos alunos na moral, nas atitudes, nos
pensamentos e na conduta diante dos seus semelhantes no grupo social.
“A educação é algo pessoal, cada aluno representa um caso,
é um caso específico e, como tal deverá ser tratado. Quem
tratará disso? A escola, através do conjunto de seus
educadores, dentro dos limites da ética e do sigilo
profissional, inerente a qualquer profissão.”
(WERNECK, 2001)
O processo de aprendizagem sofre interferência de vários fatores
intrínsecos à vida humana, tais como: o lado intelectual, o psicomotor, mas é
do fator emocional que depende grande parte da educação das crianças.
Certas
experiências
em
família
podem
negativamente
bloquear
a
capacidade da criança em aprender. Como afirma WERNECK (2001): “ A
participação das famílias no processo de educação do filho é necessária...”.
A primeira fonte de aprendizagem, certamente é a família, que primeiro
proporciona experiências educacionais às crianças, passando as noções
básicas para a aprendizagem de hábitos e comportamentos adequados aos
meios sociais.
“O indivíduo como um ser geneticamente social, necessita,
sem dúvida, do outro para se delimitar como pessoa. Nessa
trajetória de extensão de sim, tudo o que lhe é estranho
representa
potencialmente,
uma
oportunidade
para
a
expressão e a realização individual.”
(ALMEIDA, 2001)
Com certeza, a experiência é o maior dos mestres, os acontecimentos
experimentados ou vivenciados em casa, no meio geográfico da criança e
em vários outros ambientes sociais, trazem conhecimentos múltiplos sobre a
vida, sobre a sociedade e sobre o próprio EU.
Na escola, o professor além de ensinar os conteúdos de sua matéria,
também é um educador que estimula a busca do saber e facilita os processo
de aprendizagem, calcando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e
no afeto. Professores e família têm uma responsabilidade mútua com
relação ao sucesso do aluno. O que é aprendido precisa ser significativo
para o aluno, e para isso ele precisa estar motivado.
CAPÍTULO II
AMBIENTE MOTIVANTE E APRENDIZAGEM
2.1- Movendo o Ser Humano
Dentre os fenômenos que movem o Ser Humano os motivos são os
principais. Na motivação extrínseca, damos destaque as conseqüências
que o ser espera alcançar devido às reações do ambiente; na motivação
intrínseca pelo que espera que produza nele, Ser Humano, a sua própria
ação e na motivação transcendente o que o Ser Humano espera que a sua
ação produza em outras pessoas presentes à sua volta.
São três motivações que se encontram em todas as pessoas, embora
em proporções distintas. Se predominar a motivação extrínseca a pessoa
está dependente, de certo modo, das reações dos outros e atua de forma
interesseira; se predominar a intrínseca, a pessoa pode decidir-se pela ação
tendo em vista a sua melhoria pessoal; se predominar a transcendente a
pessoa atua pensando ou abrindo-se às necessidades alheias ou à melhoria
pessoal dos destinatários da sua atividade.
As expectativas do professor sobre o aluno parecem profecias que se
cumprem por si mesmas. É preciso então, articular o objetivo de fazer com
que o aluno renda educacionalmente. A atmosfera interpessoal na qual se
desenrola o trabalho escolar deve permitir ao aluno sentir-se apoiado e
respeitado como pessoa, e assim ser capaz de dirigir e orientar a sua
própria ação.
Um ambiente de otimismo aumenta a motivação. Tem de se cuidar a
motivação extrínseca nas tarefas rotineiras e nas tarefas que tem por base a
memória, e da motivação intrínseca nas tarefas de aprendizagem conceitual,
de resolução dos problemas propostos com base na criatividade. Alcançar
esse propósito não é fácil. O trajeto é longo e sinuoso, porque convivemos
com uma heterogeneidade de seres e situações nas salas de aula
diariamente.
O professor-motivador facilita as aprendizagens mais complexas, e
promove a motivação para a aprendizagem, favorece a estrutura competitiva
e acentua a idéia de capacidades intelectuais inatas, acentuando os
esforços pessoais. Fomenta a reflexão e a interiorização e cria mecanismos
para diminuição do estresse perante situações desafiadoras. Encontra
trilhas para desenvolver a capacidade de trabalhar com grupos de forma
eficaz e produtiva, despertando a motivação pessoal inerente no ser
humano.
As atividades educativas devem graduar-se de tal forma que, a partir
das mais fáceis, o aluno vá obtendo êxitos sucessivos. A elaboração
significativa das tarefas escolares gera motivação intrínseca. Não acontece
o mesmo com as tarefas repetitivas e conceitualmente fora de contextos.
Isto se deve ao fato de que a aprendizagem é significativa quando tem
sentido para o aluno, coisa que não acontece com uma aprendizagem
mecânica. O nível de estimulação dos alunos tem de ser adequado. Se a
estimulação é muito reduzida não se produzem mudanças. Se for excessiva,
costuma produzir ansiedade e frustração.
Escutando atentamente os discursos instituídos em sala de aula,
devemos respeitar o nível de dificuldade das tarefas propostas e podemos
afirmar que as mudanças moderadas no nível de dificuldade e complexidade
de uma tarefa favorecem a motivação intrínseca de quem as realiza por
serem atraentes e agradáveis. As mudanças bruscas são rejeitadas pelos
alunos ao serem identificadas como desagradáveis.
Isso demanda que exista uma definição de um processo de
ensino/aprendizagem onde o nível de dificuldade de uma tarefa seja
adequado, favorecendo o próximo passo dos alunos. As tarefas percebidas
como muito fáceis ou muito difíceis não criam motivação. As mais
motivantes são aquelas percebidas com um nível médio de dificuldade. O
professor que dá autonomia no trabalho promove o sucesso e a auto-estima,
aumentando assim a motivação intrínseca. Já os professores centrados no
controle, diminuem a motivação.
Em relação ao ensino e a aprendizagem, pode-se dizer que a
motivação é fundamental. Uma vez motivado, um aluno pode aprender,
mesmo com pouca eficiência, sem professor, sem livros, sem escola e
sem quaisquer recursos que promovam a aprendizagem, no entanto,
mesmo estando cercado de recursos, se não existir alguma motivação de
quem aprende, a aprendizagem não acontece.
Na educação é estabelecido que temos que aprender algumas coisas
em determinadas horas da vida - isto não é motivante. Se aprender é vital,
quando uma pessoa não quer aprender, está num processo degenerativo,
está morto. A aprendizagem também se dá se não estamos motivados, de
forma mecânica, sem querer, sem se dar conta de que aprendeu. Mas,
quando se aprende obrigado - não há significatividade. Quando se aprende
querendo - o que se aprende é significativo e profundo. Portanto, quando
motivação e aprendizagem caminham juntas, tudo dá certo. Sabemos que é
muito difícil ser motivante e ensinante ao mesmo tempo porque no caso
específico da escola, os ensinantes são educadores.
Motivar significa predispor-se com um comportamento desejado
para determinado fim. Os motivos ativam o organismo na tentativa de
satisfazer suas necessidades e dirigem o comportamento para um
objetivo que suprirá uma ou mais necessidades. Chamamos de motivação
por
impulso
cognitivo,
uma
conseqüência
da
motivação
por
engrandecimento do ego, que se dá como a necessidade de passar de
um ano à outro, se livrar da disciplina para se graduar ou, de alguma
forma, progredir ou evitar o fracasso, podem levar à aprendizagem
apoiada nesse tipo de motivação considerada como impulso cognitivo.
“Tem-se de encontrar uma maneira de desenvolver, dentro
do sistema educacional como um todo, e em cada
componente,
um
pessoal;
clima
um
assustadora,
em
clima
conducente
no
que
qual
as
a
ao
crescimento
inovação
capacidades
não
criadoras
seja
de
administradores, professores e estudantes sejam nutridas
e
expressadas,
ao
invés
de
abafadas.
Tem-se
de
encontrar, no sistema, uma maneira na qual a focalização
não incida sobre o ensino, mas sobre a facilitação da
aprendizagem autodirigida.”
(ROGERS, 1986: 321).
ROGERS, nos mostra que é preciso partir da própria experiência para
chegar na formulação de princípios e leis que visem o método indutivo. Isto
se torna presente em sala de aula, quando se inserem ocorrências, fatos e
situações ocasionais da vida real dos alunos no desenvolvimento do tema
correspondente e também quando se relaciona o que se ensina com a
realidade circundante vivencial para o aluno. Valorizamos estes aspectos
por entender que eles nos trazem as chaves para ver e compreender o
papel da motivação educacional.
A aprendizagem de fatos ou acontecimentos atuais costuma ter
grande relevância no fazer uso da experimentação. Trata-se de tornar, na
medida do possível, a teoria mais extraída da prática para não se ficar na
pura teoria, indo do particular para o geral, do conhecido para o
desconhecido, dos fatos para os princípios, do simples para o complexo.
Participamos assim, do movimento de transformação que está sendo
demandado e criado nos espaços diários colocados ainda à sombra da
educação transformadora.
Pensar e fazer um ambiente motivacional dependem das estratégias
didáticas
empregadas
e
de
aulas
operativas
e
participativas
em
contrapartida as passivas e dogmáticas. Os resultados são melhores quando
o aluno descobre verdades científicas, e quando as tarefas são realizadas
sem pressão. Rogers definiu aprendizagem como sendo uma "insaciável
curiosidade" inerente ao ser humano e que a sua essência é o significado.
Traduzindo para a sala de aula vemos que o foco está no processo e não no
conteúdo da aprendizagem.
2.2- Interesse e Desafio
Existe um relativo consenso entre os educadores sobre qual é o
principal problema dos alunos na escola: a falta de interesse. Em relação
ao ensino fundamental e médio, a dificuldade de envolver os alunos nas
atividades de aprendizagem, levá-los a persistir nas tarefas desafiadoras,
em suma, a valorizarem a educação, vemos relatada em artigos, livros e
entrevistas.
Parece que, para alguns estudantes, não é claro o porquê de
estudar. Desse modo, é alimentada uma esperança de que, quando
estiverem mais maduros e então puderem optar por uma área do
conhecimento
de
seu
interesse,
sua
motivação
em
relação
a
aprendizagem se modifique positivamente, mas nem nos cursos de nível
superior isso efetivamente acontece.
Muitos
estudantes
comparecem
o
mínimo
necessário
para
aprovação na disciplina e passam com notas exprimidas, este é o reflexo
de uma educação bancária, arraigada nos últimos anos, em que ter um
diploma universitário é importante, deixando de lado o aprender
universitário, o buscar, pesquisar, se envolver...
Por isso o tema motivação e aprendizagem têm sido objeto de
investigação dos psicólogos educacionais nos últimos anos e o problema
da falta de motivação dos estudantes representa um dos maiores desafios
à eficácia do ensino. Alguns determinantes da motivação escolar já são
conhecidos e podem auxiliar o trabalho do professor que pretenda ver
seus alunos genuinamente envolvidos.
São muitos os aspectos abordados pelos estudos sobre a
motivação no contexto escolar que podem auxiliar o professor a
compreender os problemas e a agir de modo efetivo para superá-los.
Mas, certamente o envolvimento dos estudantes com os conteúdos
decorrem, em parte, das ações docentes nesse complexo ambiente em
que se configura a sala de aula.
Apesar de não existir uma receita mágica, é possível até “encantar”
os alunos. A maior dificuldade, hoje, reside no planejamento da aula, que
deve ser elaborada de forma a interessar a todos, porque cada aluno traz
em si características muito diferentes e por isso é muito complicado criar
um clima de aprendizagem. Isso acontece porque a motivação não é
apenas algo natural, mas depende de fatores externos – motivação
extrínseca.
A maioria dos especialistas diverge criando uma divisão entre a
motivação intrínseca — quando o próprio conteúdo basta para gerar um
interesse — e a extrínseca — quando se recorre a elogios, notas ou
prêmios. As pesquisas mostram que quanto mais idade o aluno tem mais se
torna imprescindível à motivação intrínseca.
Para trabalhar essa motivação, o mais importante é estimular o
progresso do grupo e criar um ambiente agradável em sala. O estudante
precisa perceber que o que ele faz é valorizado. Para a auto-estima do
aluno isso é essencial.
O aluno é naturalmente motivado para tudo aquilo que esteja ligado
ao momento de vida pelo qual está passando. As pesquisas revelam que
muitos professores planejam as atividades apenas de acordo com seu ponto
de vista, sem definir os desafios a partir da perspectiva da classe. Uma boa
dica é inverter os papéis: Se o professor descobrir o que a classe quer, com
certeza vai atrair sua atenção.
2.3- Dicas Motivacionais para o professor:
O professor deve estabelecer metas individuais. Isso permite que
os alunos desenvolvam seu próprio critério de sucesso.
Está provado que emoções positivas melhoram a motivação. Se for
possível tornar alguma coisa engraçada ou emocionante, a turma
tende a aprender muito mais.
É preciso demonstrar por meio de ações que o aprendizado pode
ser agradável, despertando no aluno o desejo de aprender.
O aluno precisa ter certeza de que o professor se interessa pelo
sucesso dele.
Em várias propostas pedagógicas é possível mostrar ao aluno
como o conteúdo pode ser aplicado na vida real.
Não se pode simplesmente jogar a matéria. É preciso explicar
sempre os objetivos de cada atividade.
É muito importante ser flexível ao ensinar.
Diante do avanço na sociedade contemporânea, é possível tornar a
aula mais atraente com recursos visuais, como desenhos, fotos,
gráficos, objetos, multimídia...
CAPÍTULO III
ESCOLA -DA INTERAÇÃO MOTIVADORA À
APRENDIZAGEM
Desde os anos 70, as mais variadas mudanças alteraram o modo
de entender, de sentir e de agir, dentro das organizações escolares,
impulsionando alternativas motivacionais para a resolução dos novos
desafios que se impõem à estrutura atual. As possibilidades de motivar o
profissional da educação para que, ao educar, possa enfrentar a mutação
dos valores das crenças e das estruturas, há muito estratificadas, devem
ser analisadas.
O conceito de motivação tem sido utilizado com diferentes sentidos.
De modo genérico, motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir
de determinada forma. Este impulso à ação pode ser provocado por um
estímulo externo ou pode ser gerado no íntimo do ser humano, através de
processos de raciocínio do indivíduo. Neste aspecto, relaciona-se com o
sistema de cognição.
Todo ser humano receia as ameaças à auto-estima e deseja o
poder, o “status”. Desta maneira, esforça-se e usa seu tempo executando
o que o leva à conquista do poder, dentro desse quadro os padrões do
comportamento de cada indivíduo são motivados por necessidades, que
dão sentido e conteúdo a este comportamento.
3.1- A Influência da motivação no comportamento
A Teoria Administrativa das Relações Humanas passou a estudar a
influência da motivação no comportamento das pessoas. Os fatores de
motivação têm um papel a desempenhar em relação ao comportamento
humano: são os energizadores deste comportamento. Entre os estudiosos
do comportamento humano há nomes como: Abraham MASLOW,
Frederick HERZBERG, Victor H. WROOM, Douglas MC GREGOR, Rensis
LIKERT entre outros.
Tanto as pesquisas como a prática vivenciada levam a conclusão
de que nas instituições o trabalho em equipe aumenta a qualidade das
decisões tomadas e das ações empreendidas, ao passo que diminui o
risco de fracasso.
Atualmente a idéia de que ensinar é uma tarefa complexa já é voz
corrente entre os educadores. As áreas de conhecimento, cada qual com
sua didática, indicam para a compreensão de elementos variados que
podem aproximar a tarefa de ensinar do sucesso na aprendizagem. Para
isso, é preciso considerar os conhecimentos dos alunos para que ocorra
uma aprendizagem significativa, compreender como os alunos aprendem
os conteúdos em sua especificidade e ainda considerar as muitas
variáveis que influenciam o processo de ensinar, dentre elas, a
motivação.
A educação deve desenvolver padrões de crescimento que,
permitindo a cada indivíduo manter e melhorar a sua identidade, num
diálogo processual, possibilite uma formação dinâmica e uma correta
adequação à sociedade. O conjunto de ações que a escola, o professor, a
família e o meio exercem no processo de socialização, deve ser enfocado
por uma visão do ensino que, para além de enfatizar o domínio cognitivo,
enfatize também o domínio sócio-afetivo já que, como tem mostrado a
recente psicologia da educação, todo o conhecimento é inútil quando
desacompanhado de motivações, interesses e atitudes.
O ser humano insere-se num contexto social e é através de
processos inter-reagentes que o indivíduo devém pessoa. Educar é
suscitar modificações significativas nos padrões de comportamento dos
alunos, a prática educativa, pressupõe uma concepção otimista do mundo
e do papel do homem no mundo.
A escola é o lugar privilegiado do encontro dos vários agentes
educativos na procura solidária, quer de um projeto de alargamento da
autonomia
individual,
quer
da
autonomia
social.
Existe
hoje,
a
necessidade de centrar a escola como o lugar de encontro de uma
comunidade educativa e social. Decorre desta concepção o deslocamento
da função do professor, assumindo este o papel de organizador de
aprendizagens no processo de aprendizagem.
Na escola então, a práxis pedagógica só se efetiva na sua plenitude
quando permeada por uma estratégia de aprendizagem, isto é, os meios
através dos quais os objetivos educacionais são trabalhados. O devir
pedagógico, as tarefas de aprendizagem, devem partir o mais possível de
problemas reais, e feitos de forma motivante.
Segundo D’ANGELO (1995), a gestão tradicional entende a escola
como se fosse um feudo e os profissionais como se fossem os vassalos.
As escolas precisam mudar. Essa mudança deve acontecer de cima para
baixo, tendo início pelo gestor. O gestor deve ser participativo e
utilizando-se de novas motivações e novos significados, incorpore as
mudanças, transformando a escolas em uma instituição sincrônica e não
anacrônica.
Uma boa equipe docente é aquela que sabe motivar, usa a lógica, a
persuasão e procura evitar os extremos. Cede em determinados pontos
para ganhar terreno, e, em outros, serve-se de acordos. Planeja o
trabalho, deixando margem à responsabilidade e à iniciativa. Quando há
conflito entre as condições de aprendizado e as aspirações dos alunos,
motivando o corpo docente e os alunos. Esta é a escola de sucesso; a
que garante a todos os alunos uma trajetória escolar bem sucedida, sem
obstáculos, sem tropeços e sem voltas.
O papel da Educação no mundo atual coloca, para a escola, um
horizonte mais amplo e diversificado. Segundo MILLENSON (1975), a
motivação do comportamento é interpretada, em geral, como o conjunto
de determinantes ou causas do comportamento. Tanto o conceito mais
clássico de motivação, voltado às necessidades, vontades, aspirações,
desejos ou impulsos, quanto a definição à luz da análise experimental têm
em comum a relação entre motivação e reforçadores.
A elaboração e análise das variáveis que modulam as propriedades
dos reforçadores constituem o campo da motivação. Ou seja, é preciso
analisar quais as operações de estímulos que tornam a motivação mais
ou menos provável. A motivação está diretamente associada à interação
do ambiente e isto nos remete à necessidade de prever e planejar
situações antecedentes e conseqüentes ao processo de aprender em sala
de aula.
É necessário que as escolas comecem a repensar suas atividades
sob a perspectiva do consenso e de um trabalho integrado, planejado e
executado por todos os elementos que fazem parte do processo
ensino/aprendizagem. A aprendizagem refere-se a um confrontamento
objetivo e uma motivação: para aprender; é necessário um vínculo e para
que este vínculo se instale ela passa, também, pelo afeto e chega a
motivação.
Segundo PICHON, (1980), a aprendizagem é uma estrutura dinâmica
em contínuo movimento, que funciona acionada ou movida por motivações
psicológicas. DELORS (1999), cita os quatro pilares essenciais para um
novo conceito de educação quais sejam: aprender a conhecer, aprender a
viver juntos, aprender a fazer e aprender a ser. Um desses pilares reflete
uma postura amadurecida com relação ao aluno:
“... aprender para conhecer supõe, antes de tudo,
aprender a aprender, exercitando a atenção, a
memória
e
o
aprendizagem
acabado,
e
experiência.
pensamento.
do
pode
A
O
processo
conhecimento
enriquecer-se
educação
nunca
com
primária
de
está
qualquer
pode
ser
considerada bem sucedida se conseguir transmitir
às pessoas o impulso e as bases que façam com
que continuem a aprender ao longo de toda vida,
tanto na escola como fora dela.
(DELORS, 1999: 92).
Torna-se preciso então criar um clima de liberdade psicológica de
vontade e escolha que comprometa e faça emergir a motivação para a
aprendizagem, favorecendo o sentimento de confiança na relação
profissional entre aluno e professor.
Tendo a motivação como implícita no ser humano, sendo o
combustível central da aprendizagem significativa, aquela que se repete
em todos os contextos vivenciais do aluno, facilitando mudanças de
atitudes e comportamentos, para que ela apareça e permaneça, é
necessário que o processo educativo seja encaminhado facilitando e
promovendo o interesse pelo conteúdo que será abordado.
CONCLUSÕES
Falar de motivação no ambiente escolar exige uma atenção muito
especial, pois estamos falando de algo que tem vida, de sujeitos que têm
sonhos e aspirações. É por essa razão que precisamos estar atentos às
relações e conteúdos que se constroem nesse espaço, refletindo sobre: O
que estamos ensinando? Para quem estamos ensinando? E como estamos
transmitindo este ensino? Independente de categorias sociais e culturais, o
mais importante é que todos percebam seu valor como sujeitos nesse
processo de construção e reconstrução do conhecimento.
Outro ponto importante que não podemos esquecer, quando falamos
de sala de aula é o prazer de estar na sala e esse prazer acontece quando o
aluno sente o desejo pela aprendizagem. A vontade de aprender passa
também pela motivação de conhecer o desconhecido. A motivação envolve
também o professor, pois numa sala de aula não basta acompanhar o aluno,
mas
investir
na
qualidade
desse
acompanhamento,
oferecendo-lhe
situações de aprendizagem que contemplem o desenvolvimento de suas
competências e habilidades, nas diversas áreas do conhecimento.
Organizar e vivenciar atividades contextualizadas em sala de aula
exige a presença de um planejamento de qualidade, rico em situações
didáticas tanto para o aluno como para o professor, visto que o momento de
construção e multiplicação do conhecimento tem que ser um momento de
prazer para ambos. Construir um olhar vivo, prazeroso e alegre sobre a sala
de aula é poder transformar esse espaço num cenário didático, onde o
conhecimento poderá ser construído através das diversas linguagens,
girando sempre em torno da cumplicidade e respeito entre aluno e professor,
com diálogos motivantes.
Toda atividade precisa de motivação. Motivar é criar interesse pelo
tema e vontade de saber mais sobre ele. Tradicionalmente, isto era
chamado de incentivação inicial. Centramos nossa visão sobre os benefícios
da
motivação
no
processo
de
aprendizagem
escolar.
Vimos
que
aprendemos pelo prazer e porque gostamos de um assunto, de uma mídia,
de uma pessoa. Aprendemos mais ao conseguirmos juntar todos os fatores:
interesse, motivação e ao desenvolver hábitos que facilitem o processo da
aprendizagem em si, onde acabamos por sentir prazer no que estudamos e
na forma de fazê-lo.
Não nos foi possível ignorar a preocupação dos professores que
implique o questionamento das práticas educacionais em função dos
dados adquiridos através da investigação. O fundamento desta temática
está associado à preocupação e com a pertinência da mesma no contexto
escolar. Em linhas gerais vimos que aprendemos melhor quando
vivenciamos,
experimentamos,
sentimos.
Aprendemos
quando
relacionamos, estabelecemos vínculos, laços entre o que estava solto,
caótico,
disperso,
integrando-o
em
um
novo
contexto,
dando-lhe
significado, encontrando um novo sentido.
É importante recordar que precisamos abrir mão de posturas
radicais e abraçar a motivação como determinante da aprendizagem,
considerando o aluno em sua amplitude. Sabemos que existem muitos
obstáculos a serem vencidos, mas não podemos esperar para vivenciar
uma transformação educacional de fora para dentro, faz-se necessário e
urgente que a motivação passe da retórica à prática educacional em
nossa sala de aula, no nosso dia a dia.
Esperamos ter contribuído com nossas explicações e lembramos
que elas foram elaboradas dentro de uma perspectiva educacional
vigente, onde aprofundamos o necessário ao esclarecimento da questão
da motivação com vistas a alcançar resultados na aprendizagem escolar.
Muitas certezas emolduraram nossa pesquisa, e alguns desafios ainda
precisam ser vencidos. Fica aqui a perspectiva e o desejo de que no
futuro bem próximo a “fórmula mágica” motivação se faça efetivamente
presente.
Delineamos novos percursos, e sinalizamos objetivos que devem
ser convertidos à prática educacional, porque é evidente que ao
proporcionar ao aluno condições e atividades que permitam a construção
do conhecimento, de forma motivacional e criativa, se obtém um resultado
significativo no processo ensino-aprendizagem. Pode parecer pretensão
afirmar que a motivação é determinante para a aprendizagem, mas este é
um
desafio
inscrito
na
possibilidade
humana
de
sonhar
utopias
educacionais.
Certamente, se continuarmos a fazer o que sempre fizemos,
continuaremos a obter os resultados que sempre obtivemos. É preciso
promover
mudanças
(paradigmáticas,
gerenciais
e
pedagógicas)
motivacionais, amplas e coerentes com a realidade da sala de aula.
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Fontes, 1984.
WERNECK, Hamilton. Se a boa escola é a que reprova o bom
hospital é o que mata. Rio de Janeiro: DP&A, 1998.
ÍNDICE
DEDICATÓRIA
ii
AGRADECIMENTOS
iii
EPÍGRAFE
iv
SUMÁRIO
v
INTRODUÇÃO
06
CAPÍTULO I – MOTIVAÇÃO EDUCACIONAL
08
1.1-Definindo Motivação
08
1.2- Pretensão educativa
13
CAPÍTULO II – AMBIENTE MOTIVANTE E APRENDIZAGEM
17
2.1- Movendo o Ser Humano
17
2.2- Interesse e Desafio
21
2.3- Dicas Motivacionais para o professor
23
CAPÍTULO
III
–
ESCOLA
-
DA
INTERAÇÃO
APRENDIZAGEM.
3.1- A influência da motivação no comportamento
MOTIVADORA
À
25
26
CONCLUSÕES
30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
33
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