Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP - 2016 USO DE INFUSÃO DE CAPIM COLONIÃO (Panicum maximum) COMO ATRATIVO DE FÊMEAS GRÁVIDAS (Aedes aegypti) EM ARMADILHAS DE OVOPOSIÇÃO MILENA G. GIANETTI1, LEANDRO M. ALVES2, EDSON A. DUARTE3, MARIANA S. S. ALVES4 1 Aluna de escola pública estadual de Campinas, bolsista CNPq [email protected] Aluno do IFSP, bolsista IFSP, Campus Campinas, [email protected] 3 Professor do IFSP, Câmpus Campinas, [email protected] 4 Professor do IFSP, Câmpus Campinas, [email protected] 2 Área de conhecimento (Tabela CNPq): Saúde Pública – 4.06.02.00-1 Apresentado no 7° Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica do IFSP 29 de novembro a 02 de dezembro de 2016 - Matão-SP, Brasil RESUMO: O mosquito Aedes aegypti é vetor de vírus causadores de variadas arboviroses como Dengue, Zika e Chikungunya. Não há disponível para a população uma vacina eficaz para prevenção dessas doenças, portanto, a forma de evitar a transmissão desses vírus é através do combate ao mosquito vetor Aedes aegypti. É na fase adulta que ocorre a transmissão do vírus através do repasto sanguíneo da fêmea para maturação dos ovos. Sendo assim, o uso de armadilhas de ovoposição podem ser eficazes no combate ao mosquito, e ainda, o uso de atrativos nas armadilhas aumentam a eficácia de captura. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é testar o uso de infusões de capim colonião (P. maximum) como atrativo para fêmeas grávidas de Aedes aegypti utilizadas em armadilhas confeccionadas com garrafas PET. Até o momento foram definidos 11 pontos para posicionamento das armadilhas contendo infusões em diferentes tempos de fermentação. Esses pontos foram escolhidos utilizando como parâmetro o sombreamento, presença de pessoas circulantes e a presença de mosquitos. Até o momento a armadilha contendo apenas água, não se mostrou eficaz para atração de fêmeas grávidas, o que corrobora com a literatura que há a necessidade de testar substâncias atrativas para o mosquito Aedes aegypti. PALAVRAS-CHAVE: combate ao mosquito vetor dengue; zika; chikungunya; armadilha, atrativo; gramínea. GRASS INFUSION (Panicum maximum) AS ATTRACTIVE OF Aedes aegypti PREGNANT FEMALES IN OVIPOSITION TRAPS ABSTRACT: The mosquito vector Aedes aegypti transmits diferente vírus that cause different arboviruses, like Dengue, Chikungunya and Zika. There is no vaccine for the prevention of these diseases, so the way to prevent the transmission of these viruses is by combating the mosquito vector Aedes aegypti. It is in adulthood that occurs transmission of the virus through the female blood meal for maturation of eggs. Thus, the use of oviposition traps may be effective in combating mosquitoes, and also the use of the traps attractive increase the efficiency of capture. Thus, the aim of this study is to test the use of grass infusions (P. maximum) as attractive for pregnant female Aedes aegypti. Until this moment, were defined 11 points for positioning of the traps containing infusions at different fermentation times. These points were chosen using the parameters: shading and presence of mosquitoes and people. By the time, the trap containing only water was not effective to attract pregnant females, which corroborates to the literature that there is a need to test attractive substances to the mosquito Aedes aegypti. KEYWORDS: combat mosquito vector dengue; zika; chikungunya; trap, attractive; grass. INTRODUÇÃO O mosquito Aedes aegypti tem sido objeto de uma das maiores campanhas de saúde pública realizada no país, já que esse inseto é vetor dos vírus causador da Dengue, Chikungunya e mais recentemente, o vírus da Zika. A incidência dessas doenças aumenta com a chegada dos meses mais quentes e chuvosos do ano, já que o mosquito depende do acúmulo de água parada para a sua reprodução. No início do século XX o mosquito Aedes aegypti preocupava devido à transmissão da febre amarela. Atualmente o mosquito Aedes aegypti é encontrado em todos os estados brasileiros e é o agente principal de transmissão das doenças Dengue, Zika e Chikungunya. Em 2015, foram registrados 1.649.008 casos prováveis de dengue no país (BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO, 2016). Este número representa um aumento de 250% em relação ao ano de 2014. Desse valor, a região sudeste representa 62% dos casos de dengue no país. Sendo assim, os números de casos vêm aumentando significativamente de ano para ano, e ainda há um aumento do número de doenças que podem ser transmitidas por esse inseto, como a Zika, onde foi relatado o primeiro caso no ano de 2015, doença preocupante pois há indícios que o vírus da Zika cause alterações no sistema nervoso central de fetos. O mosquito Aedes aegypti possui em seu ciclo de vida quatro fases, sendo que duas dessas fases (larva e pupa) são aquáticas (FERNANDES, 2006). Sendo assim, a necessidade de atração de fêmeas grávidas em armadilhas de ovoposição são importantes para quebrar o ciclo biológico do mosquito impedindo que este chegue à fase adulta e transmita os vírus. E na literatura há muitos estudos de substâncias que podem ser utilizadas como atrativo de fêmeas, como por exemplo o capim colonião (P. maximum) (SANT’ANA, 2003; SANT’ANA et. al. 2006; ROQUE, 2007) sendo sua eficácia comparada à atrativos sintéticos disponíveis no mercado. MATERIAL E MÉTODOS Esse trabalho consiste na elaboração das armadilhas ecológicas, confeccionadas com garrafa PET, tecido microporos e alpiste. Após a confecção, as armadilhas foram distribuídas no campus para verificar os principais pontos de captura do mosquito. Em seguida, serão preparadas as infusões de capim colonião (P. maximum) com 5, 15, 25, 35 e 45 dias de fermentação. Amostras de 42,5 g de folhas frescas do capim colonião serão cortadas em pedaços de aproximadamente cinco centímetros e colocadas para fermentar em galões plásticos individuais hermeticamente fechados, contendo 5 litros de água de torneira, em sala climatizada a 27±1°C (SANT’ANA, 2003; SANT’ANA et al., 2006; ROQUE, 2002). Feito isso as armadilhas serão preparadas com as infusões e em seguida posicionadas nos pontos escolhidos. Em cada ponto serão disponibilizadas as armadilhas com a infusão e o controle somente com água, a fim de comparação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram confeccionadas primeiramente 15 armadilhas. Após preparação, essas armadilhas foram distribuídas em diferentes pontos do IFSP Câmpus Campinas. Os pontos foram previamente pensados de acordo com quantidade de pessoas circulantes nessas regiões e luminosidade. Sendo assim, inicialmente foram selecionados os seguintes pontos: ponto1) diretoria, ponto 2) recepção, ponto 3) copa, ponto 4) cantina, ponto 5) guarita, ponto 6) lago. No ponto 2 foi visto que havia um maior número de mosquitos, sendo assim nessa área foram colocados 2 pontos, 2.1 e 2.2., assim como no ponto 3, e ainda foram incluídos mais 3 pontos em áreas externas totalizando 11 pontos distribuídos ao longo do câmpus. Essas armadilhas foram posicionadas em áreas sombreadas, sem incidência direta do sol, além de evitar regiões sob vegetação devido ao acúmulo de matéria orgânica na armadilha e consequente dificuldade para visualização da presença/ausência de larvas no líquido. A Figura 1 mostra as armadilhas de cada ponto específico após 3 dias em campo. FIGURA 1. Armadilhas ecológicas sem atrativo para definição dos pontos de coleta no câmpus. 1) diretoria; 2.1) recepção frente; 2.2) recepção lateral; 3.1) copa área interna; 3.2) copa área externa; 4) cantina; 5) guarita; 6) lago; 7) área externa mais próxima à recepção; 8) área externa central; 9) área externa próxima à diretoria. A armadilha em si, apenas com água, não se mostrou eficaz para atração de fêmeas grávidas, o que corrobora com a literatura que há a necessidade de testar substâncias atrativas para o mosquito Aedes aegypti ser atraído até o local da armadilha e realizar a ovoposição. No presente momento estão sendo preparadas as infusões de capim colonião (P. maximum) para realização dos testes de atração de fêmeas nas armadilhas de ovoposição. CONCLUSÕES Foram selecionados 11 pontos no IFSP Câmpus Campinas para posicionamento das armadilhas de ovoposição utilizando como atrativo a infusão de capim colonião (P. maximum). Até o momento a armadilha somente com água não foi eficaz para a realização da ovoposição pelas fêmeas de Aedes aegypti. AGRADECIMENTOS Ao CNPq pelo fomento à pesquisa. REFERÊNCIAS BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO. Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde – Brasil. Vol 47, n.3, 2016. FERNANDES, C.R.M. Efeito da densidade, da temperatura e da qualidade da água no ciclo de vida do Aedes aegypti. Dissertação de mestrado. UFPA. 114p. 2006. ROQUE, R.A. Avaliação de atraentes de oviposição, identificados em infusões de capim colonião (Panicum maximum) para fêmeas de Aedes aegypti (L. 1762) (Diptera: Culicidae) em condições de semicampo e campo. – Tese de doutorado. UFMG. 98p. 2007. SANT’ANA, A. L. Avaliação, Extração, Identificação e Estudos Eletrofisiológicos dos Voláteis Presentes em Infusões de Panicum maximum que Estimulam e/ou Atraem Fêmeas de Aedes (Stegomyia) aegypti Linnaeus, 1762 (Diptera: Culicidae) para Oviposição. Tese de doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais. 103p. 2003. SANT’ANA, A. L., ROQUE, R. A. & EIRAS, A. E. Characteristics of grass infusions as oviposition attractants to Aedes (Stegomyia) (Diptera:Culicidae). J. Med. Entomol. 43: 214-220. 2006.