UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA LEOCADIA FIGUEREDO MARTINS MOTIVANDO O ENSINO DE GEOMETRIA CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2008 LEOCADIA FIGUEREDO MARTINS MOTIVANDO O ENSINO DE GEOMETRIA Monografia apresentada à Diretoria de Pós-Graduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, para a obtenção do título de especialista em Educação Matemática. Orientadora: Profª. MSc. Adriane Brogni Uggioni. CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2008 Esta monografia é dedicada a alunos em curso de formação de professores, a professores do ensino fundamental, a professores que lecionam com compreensão, alegria e prazer, a professores interessados em despertar em seus alunos o gosto pela Geometria, e a todos que acreditam que Educação é o instrumento transformador do mundo. AGRADECIMENTOS A Deus por o dom da vida e por consentir mais esta vitória. A minha mãe Ana e ao meu pai Manoel pelo apoio, na medida do possível, em todas as minhas realizações. Ao meu filho Paulo Henrique que mesmo sem entender os motivos das ausências soube compreender com seu carinho e paciência. Ao meu namorado Eduardo pela companhia nos momentos difíceis, pelo auxílio nos momentos decisivos e pelo incentivo de coragem em mais uma etapa concluída. As minhas amigas companheiras desde o curso de graduação pelo aprendizado compartilhado, principalmente minha amiga Patrícia, que nos últimos anos esteve presente em muitas realizações. A minha orientadora Profª. MSc. Adriane o auxilio com competência, sabedoria e paciência, alicerces fundamentais para esta jornada. A todos os professores de Matemática da E. E. B. João Frassetto pela contribuição para realização deste trabalho. E a todos que contribuem para a mudança social, política e cultural, acreditando na melhoria da qualidade de ensino em nosso país. “Não há ramo da Matemática, por mais abstrato que seja, que não possa um dia vir a ser aplicado aos fenômenos do mundo real”. Lobachevsky RESUMO A educação sugere muitas metodologias para o ensino e aprendizagem de Matemática, cada professor elabora sua metodologia de trabalho. O presente estudo verifica a prática pedagógica dos professores de Matemática da Escola de Educação Básica João Frassetto no Município de Criciúma/SC. Objetiva analisar a metodologia utilizada por estes professores, constatar o ensino de Geometria e verificar a utilização do Número de Ouro nas aulas de Matemática. A realização deste estudo visa destacar as dificuldades enfrentadas por estes professores para acompanharem as mudanças sofridas pela educação, as tentativas de estarem em constantes atualizações para que possam atender as diferenças culturais dos seus alunos. A metodologia da pesquisa realizada utilizou contribuições teóricas de vários autores conhecedores do assunto: Educação Matemática e Geometria, uma pesquisa quantitativa auxiliou na coleta das informações a cerca da metodologia utilizada pelos professores de Matemática desta escola. Os resultados adquiridos neste processo mostraram professores preocupados com inovações no ensino e com a aprendizagem. Para suprir as necessidades dos alunos, estes professores utilizam em suas aulas as várias tendências que influenciam a educação, as diversificações dos métodos de ensino auxiliam um maior entendimento e leva o aluno a construir o seu conhecimento. Conclui-se que o ensino completo e eficiente da Geometria ainda está longe de acontecer, apesar de alguns professores procurarem motivar os alunos para o aprendizado da Geometria ainda se esbarram em alguns obstáculos: a quantidade excessiva de alunos por classe; número reduzido de horas/aula para uma quantidade grande de conteúdos. Verifica-se que o Número de Ouro também não esta tendo a devida atenção, o símbolo de beleza, proporcionalidade e simetria está esquecido pelos professores que ensinam Geometria. Para mudar esta situação o professor pode utilizar em suas aulas de Geometria o material concreto, onde se pode estar visualizando os conceitos e propriedades. A experimentação auxilia no entendimento do que antes era abstrato. Palavras-chave: Educação; Ensino; Geometria; Metodologia. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 – Concepção da Terra pelos Hindus .........................................................24 Figura 02 – Concepção da Terra pelos Egípcios ......................................................24 Figura 03 – Isaac Newton ..........................................................................................24 Figura 04 – Planeta Terra ..........................................................................................24 Figura 05 – As Pirâmides de Gizé .............................................................................35 Figura 06 – A Grande Pirâmide de Gizé ...................................................................35 Figura 07 – Paternon .................................................................................................36 Figura 08 – Retângulo Áureo ....................................................................................36 Figura 09 – Triângulo Áureo ......................................................................................37 Figura 10 – Quadro de Mona Lisa .............................................................................37 Figura 11 – Homem Vitruviano ..................................................................................37 Figura 12 – Medidas da mão .....................................................................................38 Figura 13 – Sequência de Fibonacci .........................................................................39 Figura 14 – Espiral da folha da Bromélia ..................................................................39 Figura 15 – Flor do Girassol ......................................................................................39 Figura 16 – Distribuição das sementes do Girassol ..................................................39 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Idade dos professores ............................................................................44 Gráfico 2 – Motivo pela falta de utilização dos meios tecnológicos ..........................45 Gráfico 3 – Matemática e realidade do aluno.............................................................46 Gráfico 5 – O ensino de Geometria ...........................................................................47 Gráfico 6 – A razão da perfeição ...............................................................................48 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10 1.1 Objetivo Geral......................................................................................................11 1.2 Objetivos Específicos...........................................................................................11 2 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA....................................................................................13 2.1 O ensino da matemática hoje...............................................................................13 2.2 Matemática escolar x matemática prática............................................................15 2.3 Tendências que influenciam a educação matemática ........................................16 2.3.1 Tendência Formalista Clássica ........................................................................17 2.3.2 Tendência Empírico-Ativista .............................................................................17 2.3.3 Tendência Formalista Moderna ........................................................................18 2.3.4 Tendência Tecnicista ........................................................................................18 2.3.5 Tendência Construtivista ..................................................................................18 2.3.6 Tendência Socioetnocultural ............................................................................19 2.4 É ensinando que se aprende................................................................................20 3 GEOMETRIA...........................................................................................................23 3.1 História da Geometria...........................................................................................23 3.2 Razões para ensinar Geometria...........................................................................27 3.3 Ausência da Geometria na escola........................................................................29 4 A RAZÃO DA PERFEIÇÃO.....................................................................................31 5 METODOLOGIA......................................................................................................40 5.1 Descrição da metodologia ...................................................................................40 5.2 Dados utilizados...................................................................................................41 5.2.1 Apoio Pedagógico da Escola............................................................................41 5.2.2 Objetivo Geral da Escola...................................................................................42 5.2.3 Objetivos Específicos da Escola.......................................................................42 5.2.4 Proposta Pedagógica........................................................................................43 5.2.4.1 Metodologia da Escola.................................................................................. 43 5.2.4.2 Missão da Escola ..........................................................................................43 9 5.3 Obtenção dos dados............................................................................................43 6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.........................................................44 7 CONCLUSÃO..........................................................................................................50 8 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES................................ ...................................53 REFERÊNCIAS..........................................................................................................55 APÊNDICE.................................................................................................................57 Apêndice 01 – Questionário.......................................................................................58 10 1 INTRODUÇÃO “A Matemática é componente importante na construção da cidadania, na medida em que a sociedade se utiliza, cada vez mais, de conhecimentos e recursos tecnológicos, dos quais os cidadãos devem se apropriar”. (PCNs1, 1998, pág. 19) Todos sabem que a sociedade mundial está em contínuas transformações culturais, sociais e econômicas. Todos os dias surgem novas tendências e com a mesma rapidez que surgem elas também desaparecem. Estamos na “Era da Informação e Comunicação”. Estas constantes transformações fazem com que os indivíduos se capacitem para conviver e dominar as muitas novas informações que aparecem quase que diariamente. Tendo acesso a informação e educação o cidadão saberá utilizar de todos os seus conhecimentos de forma adequada, possibilitando a sua adaptação na sociedade. Cada vez fica mais necessário direcionar a educação para mudanças de consciências, demonstrando que ela está presente na vida de todas as pessoas. A educação hoje tem outros valores, outros conceitos. Antes o aluno só precisava aprender as fórmulas e regras que o professor repassava, agora ele tem que aprender antes de tudo a importância de deter tais informações e para que assim possa construir o seu conhecimento. A educação também está inserida neste contexto de mudanças e transformações, e o presente trabalho tem como alvo principal a metodologia utilizada pelos professores de Matemática da Escola de Educação Básica João Frassetto do Município de Criciúma/SC. Descobrir as dificuldades enfrentadas por eles para estarem em constante atualizações e assim acompanharem as mudanças e a posterior análise dos dados recolhidos através de uma pesquisa quantitativa aplicada à estes professores. É de fundamental importância toda e qualquer forma de mudança da Educação Matemática, pois a maioria dos alunos não gostam de matemática por não entendê-la e talvez por não serem motivados a isso. 1 PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais. 11 O primeiro capítulo é voltado à uma breve apresentação das intenções deste trabalho. No segundo capítulo é feito uma abordagem sobre a Educação Matemática, o ensino da Matemática ao longo da história e nos dias atuais; as tendências que influenciam até hoje a forma metodológica dos professores de Matemática; os tipos de Matemática: a formal e a informal; prática e experiência do professor. O terceiro capítulo traz concepção sobre a Geometria bem como uma breve apresentação da sua história, fala das causas pelas quais os professores a deixam de lado na sala de aula e faz ênfase nos motivos que tornam a Geometria de extrema importância para a aprendizagem do aluno. O quarto capítulo é dedicado a Razão Áurea, proporção que está presente em muitos elementos da natureza, aparece em muitas construções antigas e em pinturas famosas com valores históricos bem relevantes. No quinto capítulo são sintetizadas as respostas dos professores de Matemática entrevistados através do questionário aplicado no decorrer do terceiro trimestre de 2008. A apresentação das análises partir das respostas dos professores a cerca do tema escolhido é feita no sexto capítulo. No sétimo capítulo são feitas as considerações finais deste trabalho. Para finalizar este trabalho no oitavo capítulo são feitas algumas recomendações e sugestões para que os professores de Matemática possam estimular os alunos para a construção do conhecimento. 1.1 Objetivo Geral: • Analisar a metodologia utilizada pelos professores de Matemática da Escola de Educação Básica João Frassetto do Município de Criciúma - SC. 1.2 Objetivos Específicos: • Levantar a produção bibliográfica a respeito da Educação Matemática nos dias atuais; 12 • Verificar o comportamento dos professores na aprendizagem de Matemática nos dias atuais; • Analisar a metodologia utilizada pelos professores de Matemática da Escola de Educação Básica João Frassetto do Município de Criciúma – SC; • Constatar como a disciplina de Geometria está sendo ensinada por estes professores; • Verificar a utilização do Número de Ouro com a aplicação nas aulas de Matemática da Escola de Educação Básica João Frassetto do Município de Criciúma – SC. 13 2 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 2.1 O ENSINO DA MATEMÁTICA HOJE Vivemos em uma sociedade em constantes avanços tecnológicos, onde as pessoas têm cada vez mais ferramentas que auxiliam os cálculos matemáticos. A metodologia utilizada nos anos anteriores já não dá mais conta de atender a demanda do século XXI, por estar nesta nova realidade, o mundo informatizado. O professor hoje se preocupa com a busca de mais conhecimentos, está sempre em constante atualização. A moda pode estar presente nos costumes, nas crenças, nos rituais e nos usos. Na educação, ela manifesta-se através de conhecimento, linguagens, tecnologias de ensino – informática -, cursos – psicopedagogias -, vocações – medicina -, modalidade de pesquisa – quantidade, etc. (Lorenzato, 2006, pág. 7) A matemática já não é ensinada com um enorme número de fórmulas prontas, é dado ao aluno condições para que ele busque alternativas para chegar ao resultado correto. O aluno está assim construindo o seu conhecimento. De certa forma, estes constantes avanços na educação têm mostrados novos valores sobre o ensino, forçando os professores e toda a sociedade educativa à busca de alternativas para que a escola acompanhe tais mudanças. Segundo Lorenzato (2006, pág. 8) “Cabe a cada professor a análise dos modismos, sempre tendo em vista a procura do que pode ser melhor para seus alunos”. É o professor que busca nova metodologia para acompanhar as mudanças da sociedade, tirar o que é velho e se preparar para o que novo, o professor sabe que uma simples mudança na sua metodologia faz com que os alunos se sintam motivados para a busca do conhecimento. A matemática ainda é uma das disciplinas que mais reprova, os alunos que nas séries iniciais não se sentem atraídos pelos números e cálculos, consequentemente não terão sucesso na vida escolar nesta disciplina. Há tempos atrás a Matemática selecionava pessoas, os alunos que tinham habilidades com a disciplina eram destaques, e consequentemente tinham as melhores oportunidades no mercado de trabalho. A insatisfação pela Matemática era resultado do ensino 14 mecanizado, sem contextualização e sem significado para o aluno. Segundo Lorenzato (2006, pág. 09), uma das formas de acabar com esse preconceito em relação à Matemática seria ensiná-la de maneira a formar cidadãos conscientes para sua utilização no cotidiano de cada um. Uma das grandes dificuldades encontradas pelos alunos nos dias atuais na resolução de problemas está na interpretação do enunciado. O aluno não consegue entender o problema, ou ainda faz a interpretação diferente da idéia do elaborador da questão. Isso ocorre quando o aluno não está preparado para resolver tais questões, ou porque o problema não está bem formulado. Sabe-se que um problema bem formulado muitas vezes contém a própria solução. É de fundamental importância no ensino da Matemática à exposição por parte do professor das finalidades da aprendizagem dos conteúdos, ela não é uma disciplina isolada, e visa principalmente, segundo os PCNs (1998, pág. 19), a formação de cidadãos conscientes de seus deveres e obrigações, pessoas críticas e que não só apenas qualificados em resolver cálculos, mas de elaborar novas situações-problemas. Os jovens alunos além de memorizarem a tabuada, precisam saber o motivo da importância de deter os conhecimentos matemáticos. A sociedade em geral conceitualiza aprender como uma ação feita necessariamente na escola, e que o pensar matemático está pronto e acabado na cabeça dos alunos, não tendo mais nada a construir a respeito da aprendizagem, e que ser capacitado matematicamente é deter definições memorizadas para se passar nos exames escolares. Estes conceitos a respeito da Educação Matemática já não fazem mais parte da aprendizagem. Um indivíduo detentor de conhecimento matemático constrói, reconstrói, faz descobertas com manipulações, ou melhor, redescobertas, experimenta, encontra o seu próprio caminho para a solução das situaçõesproblemas colocadas pela sociedade educadora. 15 2.2 MATEMÁTICA ESCOLAR X MATEMATICA PRÁTICA A escola ensina a Matemática formal, repassa esta disciplina através de muitas fórmulas e regras, onde o aluno muitas vezes não consegue obter total compreensão. A Matemática informal se aprende com a prática do dia-a-dia, e é mais significativa para o aluno que a Matemática escolar, por estar inserida no seu cotidiano, na sua realidade. Em muitas situações uma forma de aprendizagem não se aplica a outra, para se chegar a alguma resposta na escola pode não ser o mesmo método utilizado para obter a solução na vida do aluno, ou ainda, não existir a relação da Matemática escolar com o seu sentido prático. A associação da Matemática formal com a informal faz com que o aluno se aproprie do conhecimento real e o leva a refletir sobre as definições matemáticas e seus significados. Da mesma forma a Etnomatemática2, sustentada pelo matemático Ubiratan D’Ambrosio, que requer o ensino da matemática pelo contexto que o aluno está inserido, preservando a sua cultura. D’Ambrosio defende as diferentes culturas em diferentes formas de conhecimento. Criar motivação e interesse nos alunos do mundo atual com uma ciência criada e desenvolvida há muito tempo atrás é realmente uma situação difícil e delicada. Muito mais produtivo é estar ligando o ensino da matemática com situações atuais. Sabe-se que para se justificar feitos matemáticos o professor recorre ao passado, o conhecimento é gradativo, alguns pontos da história da matemática servem de embasamento para certos contextos de hoje. O professor mesmo usando o passado, usa linguagens modernas para sua exposição, sabe que alguns argumentos de aprendizagem já estão ultrapassados. Hoje a matemática vem passando por uma grande transformação. Isso é absolutamente natural. Os meios de observação, de coleção de dados e de processamento desses dados, que são essências na criação matemática, mudaram profundamente. Não que se tenha relaxado o rigor, mas, sem 2 Etnomatemática surgiu na década de 70 com o matemático Ubiratan D’Ambrosio, e defende o ensino da matemática em diferentes contextos culturais. 16 dúvida, o rigor científico hoje é de outra natureza. (D’Ambrosio, 2001, pág. 58). A educação hoje está voltada à construção de conhecimento pelo aluno, o professor é o mediador, ele mostra o rumo, mas o caminho quem faz é o próprio aluno. Existe uma grande diversidade cultural em nossa sociedade, e é esta diversidade que influência nesta escolha pela forma e maneira mais apropriada para cada indivíduo. Esta construção do conhecimento na sala de aula é o momento de interação entre a matemática formal, da escola, e a matemática como atividade humana. Mesmo que a matemática formal não deixe usar demonstrações indutivas, a aprendizagem se dá a partir de observações de eventos no mundo. 2.3 TENDÊNCIAS QUE INFLUENCIAM A EDUCAÇÃO MATEMATICA Ao longo da história da Educação existiram alguns modos de conceber o ensino, maneiras ou técnicas de repassar o saber matemático. Tais modos de ensino chamam-se ‘Tendências’. A cada nova Tendência que surgia, existia a preocupação pela redução das reprovações, relacionar ensino e o cotidiano dos alunos, e outras se preocupavam ainda com a boa formação de cidadãos. Em todas elas o conceito de ensino se modifica com determinações políticas, sócio-culturais e com as transformações dos valores da sociedade. Hoje, cada professor constrói com uma ou mais tendências o seu modo de ensino, o seu ideário pedagógico, e sempre com pressupostos de reflexão da sua prática de ensinar, nos valores e na finalidade do ensino matemático, na relação professor/aluno e principalmente da sua visão que tem da sociedade. Para Fiorentini (1995, pág. 05) as categorias descritivas das tendências são: [...] a concepção de matemática; a crença de como se dá o processo de obtenção/produção/descoberta do conhecimento matemático; as finalidades e os valores atribuídos ao ensino da matemática; a concepção de ensino; a concepção de aprendizagem; a cosmovisão subjacente; a relação professor aluno e sobretudo, a perspectiva de estudo/pesquisa com vistas à melhoria do ensino da matemática. 17 Fiorentini (1995, pág. 05) cita algumas tendências que fizeram e ainda fazem parte da metodologia utilizada no ensino da Matemática no Brasil: 2.3.1 Tendência Formalista Clássica Nesta tendência o professor é o centro da aprendizagem, ele é o transmissor, o expositor dos conteúdos, o aluno por sua vez absorve e repete os procedimentos repassados pelo professor. Não se constrói conhecimentos, se memorizam as regras. O professor dá ao aluno tudo “pronto e acabado” de forma sistematizada. O professor não precisa deter total conhecimento dos conteúdos, ele copia do livro didático, o aluno retém, copia e repete até aprender e devolve em forma de prova da mesma maneira que recebe. 2.3.2 Tendência Empírico-Ativista O professor não é o centro do ensino, ele é o facilitador da aprendizagem. O centro é o aluno. O currículo escolar é mudado para atender os interesses e o desenvolvimento dos alunos. É utilizado um rico material didático, jogos e experimentos nas aulas. O que marca esta tendência é que as idéias matemáticas são “obtidas” por descobertas, o aluno já não recebe tudo pronto, ele busca através do mundo físico o conhecimento. Foi com esta tendência que começou a Modelagem Matemática3, pois com ela se desenvolve a criatividade a partir dos interesses dos alunos. A visualização e a manipulação é a grande fonte de construção de conhecimento. 3 Modelagem matemática é a transformação de um problema em situações reais, em fenômenos da vivência do indivíduo. 18 2.3.3 Tendência Formalista Moderna Visa formação de especialistas em Matemática. Esta tendência não tem muitas mudanças em relação com a Formalista Clássica, o ensino continua centrado no professor, que expõe o conteúdo e o aluno copia e repete. Os significados dos conceitos matemáticos continuam sem importância para o aprendizado do aluno. A melhoria da qualidade nesta tendência está na importância da estrutura, a capacidade do aluno em aplicar as fórmulas, que é o pensamento inteligente das idéias matemáticas. 2.3.4 Tendência Tecnicista Ensino introduzido pelo regime militar na década de 60, tornando a escola mais eficiente e organizada, sua finalidade é preparar o aluno para o mercado de trabalho. Os conteúdos matemáticos são ensinados em passos seqüenciais, onde o aluno aprende repetindo exercícios, com um ensino mecanizado com regras e técnicas sem fundamentar os procedimentos. Esta tendência não enfatiza a compreensão e análise dos conteúdos, apenas no desenvolvimento de atitudes e na memorização de conceitos, capacitando o aluno para resolver exercícios. Na Tendência Tecnicista não há preocupação em formar cidadãos conscientes e críticos, mas em indivíduos competentes para o mundo capitalista. O centro da aprendizagem não está no professor e nem no aluno, mas no conteúdo, nos materiais, nos instrumentos e nas técnicas de ensino. Ela acredita que a qualidade da aprendizagem está voltada ao ensino de regras e princípios lógicos, ou “macetes” como é conhecido pelos alunos. 2.3.5 Tendência Construtivista Nasceu a partir das idéias de Piaget4, mesmo não sendo construída por ele, esta tendência pedagógica influência positivamente as inovações do ensino, ela 4 Jean Piaget formado em biologia e dedicou sua vida a psicologia, epistemologia e educação. Escreveu cerca de 100 livros e 600 artigos. Famoso por organizar o desenvolvimento cognitivo da criança. 19 defende maior entendimento dos conteúdos matemáticos, tomou lugar do ensino mecanizado e memorização dos procedimentos. Esta tendência é fortemente ligada ao ensino pelo uso de materiais concretos, e a construção do conhecimento pelo aluno. Segundo Freitag (1992, apud, Fiorentini, 1995, pág. 19) “o pensamento não tem fronteiras: que ele se constrói, se desconstrói, se reconstrói”. No construtivismo, a matemática é uma construção humana, é mais importante o desenvolvimento, o processo do que a resposta. A matemática é dita como construção do conhecimento, leva a desenvolver o pensamento lógico. Nesta tendência o erro cometido pelo aluno é motivo de investigação por parte do professor, ele deve descobrir os motivos que levaram o aluno a cometer o erro e não a simples correção da resposta. O conhecimento é construído a partir da pesquisa pelo próprio aluno. 2.3.6 Tendência Socioetnocultural O ensino é voltado para a realidade do aluno, está fortemente ligado a Etnomatemática, que defende a aprendizagem voltada aos contextos culturais do aluno. É o ensino pela matemática informal produzida pelo aluno fora da escola. O conhecimento matemático é relacionado com o saber prático, não sistematizado, produzido pelas diferentes práticas sociais. Esta tendência tenta compreender a realidade para a sua transformação através da troca de conhecimentos entre professor/aluno, com a problematização e a modelagem matemática. Este método de ensino consiste na pesquisa e discussão de problemas da realidade dos alunos. Ele fará desta forma, a construção do conhecimento a partir da compreensão dos conteúdos repassados em sala de aula com o seu cotidiano, a aprendizagem será significativa à sua realidade. Cada escola constrói o seu próprio currículo escolar, e é elaborado a partir das necessidades de cada região e do contexto cultural da escola e de seus alunos. Cada professor tem o seu modo de pensar sobre o ensino matemático, e ele pode seguir totalmente uma tendência como pode também ter um pouco de cada uma delas. O desejável seria o professor tomar conhecimento da diversidade de concepções, paradigmas e/ou ideologias para, então, criticamente, construir e assumir aquela perspectiva que 20 melhor atenda as suas expectativas enquanto educador e pesquisador. (Fiorentini, 1995, pág. 30) Quando um professor constrói novos significados e isso atinge outros professores, pode estar ai surgindo outras tendências pedagógicas. 2.4 É ENSINANDO QUE SE APRENDE Com o passar dos anos o professor adquire experiência, passa a reconhecer elementos fundamentais para a construção do conhecimento por parte dos alunos, começa a perceber quais metodologias tem maior entendimento dos seus alunos. Ele verifica então, o tipo de aula, exemplos que surtem mais efeito entre os alunos, a didática ideal a ser utilizada no contexto dos seus alunos. Não há curso superior para professores que proporcione essa riqueza de situações didáticas. Aqui está um paradoxo do qual nenhum professor escapa e que pode ser assim resumido: ao tentar ensinar, inevitavelmente ele aprende com seus alunos. (Lorenzato, 2006, pág. 9) Não se pode prever o futuro, nem tão pouco saber quais conteúdos matemáticos serão mais importantes, ou que serão mais úteis para as pessoas. Mas pode-se ter certeza de que não importa a quantidade de conteúdos que um cidadão possui, e sim com que facilidade, ele manipula e utiliza tais conhecimentos. O professor tem muitas propostas para o ensino de matemática, e todas visando à construção do conhecimento pelo aluno, fazendo com que ele fique estimulado para a busca deste conhecimento. E isto já não está só nos livros didáticos, está no ambiente de vida do aluno, no seu dia-a-dia, na natureza que o cerca. O ser humano evolui5 a partir de conhecimentos adquiridos pelos seus antepassados, ou seja, o que é descoberto de novo é passado de geração em geração, fazendo com que estes últimos têm um aproveitamento seletivo oferecidos pelo meio ambiente. 5 Evoluir do latim “evolvere”, significa desenvolver gradualmente, por etapas. 21 Todo este processo de evolução se dá a partir da experimentação ao meio em que se vive como garantia da sobrevivência do ser humano. Com a experiência e contextualização já vivenciada, o ser humano constrói o conhecimento e o raciocínio. A experimentação é própria da natureza humana, por isso que crianças se expõem ao perigo mais facilmente do que os adultos, elas estão formando o seu conhecimento do mundo que as rodeia. Na sala de aula experimentar, manipular o concreto, fazer descobertas e socializar com os colegas, faz com os alunos se envolvam com a disciplina. Tendo assim, valorização do que esta sendo ensinado pelo professor. Com a manipulação, os alunos observam, comparam, montam, desmontam e criam seus próprios conceitos sobre aquele conteúdo. Guimarães Rosa (apud Lorenzato, 2006, pág. 72) diz que “mesmo quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo”. O poder da experimentação está na maneira com que ela provoca o raciocínio lógico. E isto ocorre em todas as etapas da construção do conhecimento. A experimentação facilita que o aluno levante hipóteses, procure alternativas, tome novos caminhos, tire dúvidas e constate o que é verdadeiro, válido, correto ou solução. Experimentar é valorizar o processo de construção do saber em vez do resultado dele, pois na formação do aluno, mais importante que conhecer é saber como encontrá-la. Enfim, experimentar é investigar. (Lorenzato, 2006, pág. 72). Experimentar ajuda na compreensão das disciplinas, possibilita a redescoberta, integra os diferentes assuntos, e é um grande auxilio na verificação e memorização dos resultados. Com as descobertas, ou melhor, as redescobertas feitas pelos alunos através das manipulações com materiais concretos, fazem surgir nestes alunos o gosto pela Matemática. Cabe ao professor propiciar ambiente de redescobertas, incentivando os alunos a fazerem tentativas, ele pode apresentar exemplos e situações que levem os alunos nesta busca por conhecimento. É necessário o reconhecimento que incentivar as redescobertas pode por o professor diante de algumas dificuldades, os alunos podem apresentar situações que não estão no planejamento do professor, e até mesmo nem serem do seu conhecimento. O professor estando atento a estes acontecimentos aprende com 22 seus alunos. Pois ser professor é estar em constante aprendizado, e é “ensinando que se aprende”6. Com essa visão enfatiza-se ter prazer em descobrir, em investigar, em ter curiosidade, em construir e reconstruir o conhecimento. Aprender a conhecer implica aprender a aprender, compreendendo a aprendizagem como um processo que nunca está acabada. (Moran, Masetto, Behrens, 2006, pág. 79) A matemática tem sido trabalhada de maneira abstrata e sem contextualização. Não está tendo a devida consideração com a vida prática. A construção do conhecimento esta relacionada com materiais concretos do cotidiano, com a visualização do que é material. Existindo uma correlação entre prática, vivência e atividades reais despertam interesses e desenvolve o raciocínio lógico dos alunos. A produção do conhecimento com autonomia, com criatividade, com criticidade e espírito investigativo provoca a interpretação do conhecimento e não apenas a sua aceitação. Portanto, na prática pedagógica o professor deve propor projetos que provoquem um estudo sistemático, uma investigação orientada, para ultrapassar a visão de que o aluno é produto e objeto, e torná-lo sujeito e produto do próprio conhecimento. (Moran, Masetto, Behrens, 2006, pág. 87) Uma das maneiras de construção de conhecimento por parte do aluno é através da modelagem matemática, onde o aluno busca o seu próprio modelo matemático, o caminho, isso facilita a aprendizagem por estar fortemente ligado com o seu cotidiano. Um dos desafios principais da Educação Matemática é desenvolver nos alunos a criatividade, o ser crítico e ético, para que compreendam e transformem o mundo em que vivem. 6 Ditado popular brasileiro. 23 3 GEOMETRIA Geometria é o ramo da Matemática que estuda as formas geométricas, e é a mais antiga amostra conhecida da Matemática, tendo data de nascimento próximo a 3.000 a.C. As formas geométricas estão em todo lugar, basta observar em volta com curiosidade que encontraremos muitos objetos. Verificando estes objetos, constatamos muitos quesitos, como o tamanho, o peso, de que material é feito, mas o que chama mais atenção é o formato. Desde muito tempo o homem observando a natureza começou a perceber que identificar estas diferentes formas torna mais fácil a sua vida. E como se sabe, todas as coisas criadas pelo homem partiram da necessidade de resolver problemas e dificuldades que eram enfrentados pela sociedade, e com a Geometria não foi diferente. Diversos estudos e descobertas foram feitos a respeito das formas geométricas. Muito tempo se passou e as formas ganharam nomes: quadrado, triângulo, retângulo, círculo e muito mais. “Deus é o grande geômetra. Deus geometriza sem cessar”. Disse Platão7 3.1 HISTÓRIA DA GEOMETRIA No início o homem dizia que a Terra teria a forma de um plano reto. E por este motivo eles não navegavam muito longe da costa, pois acreditavam que poderiam despencar com seus barcos no momento em que a Terra terminasse. Esta era a concepção dos povos da Antiguidade, tal concepção fazia parte das suas crenças religiosas. Uma destas crenças pertencia aos Hindus, cuja concepção de que a Terra era sustentada por elefantes, e que estes estavam sobre uma enorme tartaruga, o deus Vishnu, e que este estava sobre uma cobra, que simbolizava a água. 7 Platão, seu verdadeiro nome era Aristocles, viveu nos séculos IV e III a.C. pertencia a família tradicional de Atenas. Tinha o nome Platão, que segundo historiadores, palavra deriva de platos que significa largura dos ombros, e foi homenageado pelos acontecimentos atléticos da sua juventude. 24 Figura 01 Figura 02 Concepção da Terra pelos Hindus Concepção da Terra pelos Egípcios (Fonte: Formas num mundo de formas) (Fonte: Formas num mundo de formas) Mas era dos Egípcios a concepção mais espetacular. Este povo dizia que a Terra era um deus reclinado, o Keb, com uma deusa encurvada que era o céu, por sua vez sustentada pelo deus da atmosfera. Em dois barcos, estava o deus Sol, que navega fazendo o dia e a noite. Só após muitos séculos de observação e estudos que se chegou a concepção que temos hoje da Terra. Uma forma arredondada e achatada nas pontas, esta afirmação se dá ao Físico e Matemático Isaac Newton, no final do século XVII. Figura 03 Figura 04 Isaac Newton (Fonte: Wikipédia) Planeta Terra (Fonte: Wikipédia) 25 Com a observação dos acontecimentos do cotidiano o homem obteve as primeiras formas da geometria, isto ocorre pela capacidade que se tem em comparar e reconhecer as formas, chamada de Geometria do Subconsciente8, como o contorno da Lua e do Sol, o arco-íris, o corte transversal do tronco de uma árvore, as sementes de plantas e flores. E ainda o arremesso de uma pedra lembra uma parábola, uma corda enrolada forma uma espiral, os círculos formados em um lago por uma pedra jogada nele. E sobre as conchas do mar, que com seus desenhos formam famílias de curvas. Com a forma de alguns ovos de pássaros e de frutas que lembram as elípses. A idéia de simetria esta nas folhas e flores, nos animais, em algumas conchas e cristais e até nos homens. Nos recipientes para guardar líquidos está a idéia de volume. Esta geometria do subconsciente era empregada pelo homem primitivo para fazer ornamentos decorativos e desenhos, e provavelmente é correto dizer-se que a arte primitiva preparou em grande escala o caminho para o desenvolvimento geométrico posterior. (Eves, 1992, pág. 02). Geometria, palavra que veio do grego geometrein, quer dizer “medir a terra” e teve seu surgimento inevitável por causa de problemas práticos, aconteceu da necessidade que os homens tinham em medir suas terras, construir suas casas e também na observação dos astros podendo assim prever seus movimentos. Teve sua origem muito modesta, mas avançou gradualmente através dos tempos e hoje ocupa uma enorme dimensão. Eles diziam que o Rei Sesóstris dividia a terra entre os egípcios de modo a dar a cada um deles um lote quadrado de igual tamanho e impondo-lhes o pagamento de um tributo anual. Mas qualquer homem despojado pelo rio de uma parte de sua terra teria de ir a Sesóstris e notificar-lhe o ocorrido. Ele então mandava homens seus observarem e medirem quanto a terra se tornara menor, para que o proprietário pudesse pagar sobre o que restava proporcionalmente ao tributo total. Dessa maneira parece-me que a Geometria teve origem. Heródoto (ano, apud Eves, 1992, pág. 03) Um dos primeiros conceitos geométricos que se desenvolveu foi a noção de distância, com a necessidade da civilização egípcia e babilônica em dividir as terras férteis às margens dos rios Nilo no Egito, o rio Tigre e o Eufrates na 8 Geometria do Subconsciente é observação e comparação, é a mesma evolução das formas utilizadas pelos bebês de hoje. 26 Mesopotâmia, e com isso mais tarde levou a noção de figuras geométricas, como o retângulo, o quadrado e o triângulo. Com a construção de casas e muros surgiu a noção de paralela, perpendicular e vertical. Estes povos construíram grandes estruturas, como edifícios, que requeria a geometria prática. A concepção de curvas, superfícies e sólidos vieram mais tarde com as observações que faziam no seu cotidiano. O marco culminante do desenvolvimento da Geometria como ramo da Matemática, se deu com as obras de Euclides9 os “Elementos” do século III a.C., contendo 13 volumes teve fundamental importância para os estudiosos da época. O autor sintetizou axiomas, postulados e definições por via de deduções introduzidas na Geometria por Tales de Mileto10. Euclides, com estes princípios e definições organiza de maneira sistemática as matérias e continua o desenvolvimento por dedução. Este trabalho era tão amplo que historiadores desconfiaram de que se tratava de um só autor. Mas mesmo assim Euclides não perdeu o mérito de ter sido o primeiro autor a propor um estudo da Matemática Lógica. A Geometria Euclidiana foi, durante muito tempo, um modelo para os outros ramos da Matemática e até mesmo para outras ciências como a Física. O físico Isaac Newton para exposição da sua Teoria da Gravitação usa “Os Elementos” como referência de seus “Principia”11 Os papiros de Moscou, com 25 problemas matemáticos, e Rhind com 85, são as principais informações da origem da Geometria, com data aproximada 1850 a.C. e 1650 a.C. respectivamente. Está no Museu de Berlim o instrumento mais antigo de agrimensura ou astronomia, criado no Egito em 1850 a.C. Se encontra no mesmo museu o Relógio de Sol mais antigo, do ano de 1.500 a.C. Antes todo problema de Geometria era resolvido com papel, lápis, esquadro, régua, etc, e – após o desenvolvimento da Geometria Analítica – tudo se transformar em fórmulas das figuras. A princípio, como as equações são complexas, os cálculos numéricos substituíram o papel, e os computadores vieram agilizar os cálculos mais complexos. (Compagner Disponível em: http://educacao.uol.com.br/matematica/ ult1705u33.jhtm. Acesso em 28 de julho de 2008). 9 Euclides era mestre na escola de Alexandria, viveu entre os séculos IV e III a.C. e é o mais importante geômetra de todos os tempos. 10 Tales de Mileto viveu no ano de 625 a.C., nasceu em Mileto na antiga Ásia menor, era geômetra, filósofo e astrônomo. Tales fez várias descobertas matemáticas. Estudou a geometria do círculo e do triângulo isósceles, e a mais importante demonstração de Tales foi o cálculo da altura de uma pirâmide, baseado no comprimento de sua sombra. 11 “Principia”, primeira obra sobre a teoria da Física, publicada em 1687 em três volumes. 27 A Geometria evidencia-se com a história que sempre esteve presente nas civilizações, e que ela nasceu também da necessidade do desenho, e continua até hoje, na era dos computadores. Segundo Compagner “um dos primeiros computadores da história da informática, o Eniac (1946), tinha como uma das suas tarefas produzir tabelas de tiro de canhões”. 3.2 RAZÕES PARA ENSINAR GEOMETRIA Até pouco tempo a Geometria era vista como sem importância por parte de alguns professores. Era ensinada de maneira a demonstrar os teoremas, deixando a interpretação das propriedades das figuras geométricas de lado. Mas esta visão está se modificando, a geometria agora é entendida como uma disciplina que desenvolve o raciocínio. Os conceitos geométricos constituem parte importante do currículo de Matemática no Ensino Fundamental, porque através deles, o aluno desenvolve um tipo especial de pensamento que lhe permite compreender, descrever e representar, de forma organizada, o mundo em que vive”. (PCNs, 2000, pág. 55) Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (200, pág. 55), a Geometria tem um amplo campo para se ensinar situações-problemas onde os alunos se mostram muitos interessados, e estimula-os a observar, explorar, perceber e identificar as diferenças e semelhanças. A Geometria sempre esteve e sempre vai estar presente no cotidiano das pessoas que sem perceberem aplicam seus conhecimentos geométricos para exercer suas atividades. O carpinteiro e pedreiro, por exemplo, nas construções de casas, usam sem saber os conceitos da Geometria escolar, e tendo as suas concepções de Geometria prática bem definidas. No momento de saber quanto de pisos ou ladrinhos é preciso para cobrir uma calçada ou parede, estes profissionais sabem fazer o cálculo corretamente, mesmo não tendo freqüentado a sala de aula, e pra espanto de muitos, o cálculo é feito com muita rapidez e precisão. Um pintor sabe calcular a quantidade de tinta que é necessário para pintar uma casa, ele só precisa saber quantos metros quadrados tem de paredes. Da 28 mesma forma a costureira, tendo as medidas da pessoa ela sabe calcular quantos metros de tecidos é necessário para confeccionar uma roupa. Para preparar algumas receitas caseiras, a dona de casa possui alguns conceitos de medidas. E isso tudo é possível, pois a Geometria esta presente em muitos objetos e acontecimentos ao nosso redor. Na natureza encontramos diferentes formas, curvas, relações geométricas. Estão nos frutos das árvores, nas mais diversas flores, nas folhas das plantas, e até em alguns animais, como nos chifres, nas presas dos elefantes e até em caramujos. Por estar em muitos ramos de atividades, e de estar presente no cotidiano, a Geometria é sem dúvida uma das disciplinas da Matemática mais importante, o seu entendimento faz com que o indivíduo raciocine diferente do ramo aritmético e do algébrico, e favorece o desenvolvimento da percepção visual e também o raciocínio geométrico e lógico. O estudo da Geometria auxilia a compreensão do espaço físico, oferece às crianças oportunidades de serem criativas espacialmente, facilita a aprendizagem de inúmeros tópicos aritméticos ou algébricos, esclarecendo abstrações e integrando a aritmética e a álgebra, é um campo fértil para a aprendizagem por descobertas e para fazer conjecturas, desenvolve habilidades que favorecem a construção do pensamento lógico e é importante instrumento à resolução de problemas. Sem a Geometria na escola, as pessoas não poderão desenvolver o pensamento Geométrico e nem o raciocínio visual. E por não possuírem tais habilidades, não conseguirão resolver situações em que necessite o pensar geométrico, já que este é facilitador para o entendimento de muitas questões práticas. Além de que a Geometria é uma importante auxiliadora às outras disciplinas, para interpretar um mapa, um gráfico estatístico e até mesmo alguns conceitos de medidas. Até Einstein12 dizia que a Geometria facilitava a comunicação das suas idéias com a evolução de seus pensamentos, ele atribuía importância à visão que tinha da Geometria, e que sem ela não teria formulado a teoria da relatividade. 12 Albert Einstein físico alemão, nascido em 1879, famoso por ter desenvolvido a Teoria da Relatividade. Tornou-se por este motivo sinônimo mundial de gênio. 29 Existe uma forte conexão entre a Geometria, a Aritmética e a Álgebra, pois seus objetos e relações se interligam uma com as outras. Os conceitos e propriedades da Aritmética e da Álgebra são traduzidos pela Geometria. 3.3 AUSENCIA DA GEOMETRIA NA ESCOLA Em pesquisa realizada por Lorenzato (1995, pág. 03) constatou-se, infelizmente, que o professor não entende a Geometria, a maioria dos professores de Matemática não domina, e nem mesmo possui os conhecimentos geométricos, não sabem se quer algumas definições mais simples. Uma pesquisa realizada com 255 professores de 1ª a 4ª séries com cerca de 10 anos de experiência de magistério: submetidos a 8 questões (propostas por alunos) referentes à Geometria plana euclidiana (conceitos de ângulos, paralelismo, perpendicularismo, círculo, perímetro, área e volume) foram obtidas 2.040 respostas erradas, isto é, o máximo possível de erros. E mais, somente 8% dos professores admitiram que tentavam ensinar Geometria aos alunos (Lorenzato, 1995, pág. 3). E como ensinar algo que não se sabe? E por não saber acaba por não gostar da matéria. O estudante de Licenciatura não dá a devida atenção a Geometria, pois não teve introdução a esta disciplina quando deveria, no ensino fundamental. Quando chega à graduação não se interessa pela Geometria por não entendê-la e isso segue por toda a jornada de sua carreira. O conteúdo de Geometria está geralmente no final do livro didático e isso prejudica a aprendizagem por não existir a correlação com a Álgebra. E também, o tempo das aulas de Matemática não é suficiente para chegar aos conteúdos do final do livro, onde se encontra a Geometria. Há ainda pouca importância nos currículos de cursos de formação de professores, a geometria possui uma fragilíssima posição, quando aparece. Como ninguém pode ensinar bem aquilo que não conhece, está aí mais uma razão para o atual esquecimento geométrico. Até mesmo nos cursos de Licenciatura os alunos apresentam grande dificuldade na compreensão e demonstração dos processos geométricos, não sabem usar e nem representar os conceitos básicos. A geometria é colocada como um complemento e de modo fortemente fragmentado, por assunto ou por série. A geometria é para ser trabalhada junto com 30 a aritmética e a álgebra não como algo que não faz sentido com os demais conteúdos. A ausência do material concreto, do experimental no ensino da Geometria é um dos principais motivos da falta de entendimento da disciplina por parte dos alunos. É preciso oferecer situações onde eles visualizem, comparem e desenhem formas, é o momento de dobrar, recortar, moldar, deformar, montar, fazer sombras. Pode parecer um passa tempo, mas é uma etapa de fundamental importância para a aprendizagem das formas geométricas. 13 No sistema bourbakista a geometria não existe. Nas revistas de crítica bibliográfica o que se inclui sob a denominação de geometria compreende menos de 5% do total dos artigos de pesquisa registrados. Nos programas universitários do mundo todo, a palavra geometria é apenas mencionada e os pesquisadores que poderiam chamar-se a si mesmos “geômetras” evitam o termo por parecer fora de moda. (Parra & Saiz, 1996, pág. 239) A idéia de conhecimento tem ligação com a de significado, pois conhecer é cada vez mais, entender o significado, e o processo de atribuições de significados depende das experiências de vida de cada um. A aprendizagem se constitui por um processo de construção de significados e reelaboração dos conhecimentos. As atribuições desses significados ainda seguem um processo que difere de cada pessoa. Nessa construção do conhecimento é necessário oferecer ao aluno curiosidades e desafios para que com isso cada um possa encontrar seu próprio caminho para o significado e o conhecimento. Essas situações devem ter a maior proximidade entre o cotidiano e o aluno. O professor precisa mostrar o interesse pela aula, pelo conteúdo e também o domínio sobre o assunto. Ninguém é capaz de motivar o aluno para o aprendizado, se não possuir motivação. Se você não gosta de um assunto, dificilmente fará com que seu aluno se interesse por ele. O interesse e entusiasmo do professor pelo que ensina são, portanto, indispensável, juntamente, é claro, com o conhecimento teórico de sua matéria: ninguém pode ensinar o que não sabe. (George Polya,1953, pág.12). 13 Sistema bourbakista refere-se ao método de ensino pela intuição matemática. Elaborado por Nicolas Bourbaki, que é um pseudônimo de um grupo de matemáticos, e escreveram vários livros sobre a Matemática. 31 4 A RAZÃO DA PERFEIÇÃO Uma forma de mudar a idéia de que a Geometria é complicada de entender e difícil de ensinar é a Razão Áurea. Desde os tempos da antiguidade, a Razão Áurea tem sido estudada, pois o homem sempre está ligando a busca das origens do mundo com crenças religiosas, tentando assim encontrar sua história. A Razão Áurea ou Número de Ouro, como também é conhecido, representa a proporção entre dois segmentos ou duas medidas. No retângulo perfeito, a medida maior é dividida pela medida menor tem-se como resposta 1,618034... Tornando-se assim um Retângulo de Ouro, como foi chamado pelos matemáticos. Chamaram esta razão de Phi (φ), a vigésima primeira letra do alfabeto grego, e recebeu este nome em homenagem ao seu inventor, Fidias, escultor e arquiteto do Parténon em Atenas. O Phi é encontrado através de deduções algébricas ou geométricas. O que influenciou esta construção foi à característica interessante do Retângulo Áureo, este pode ser dividido em um quadrado e em outro Retângulo de Ouro, isto pode ser dividido infinitamente, sempre com a razão constante. Esta proporção tem influência nos modelos arquitetônicos até nos dias atuais, pois o homem vive em busca da perfeição, da beleza desejada e admirada por todos. O arquiteto Le Corbusier mostra uma nova forma da arquitetura baseada em muitos edifícios antigos usando a Razão Áurea. Por estar em muitos lugares, objetos, plantas, aparecer frequentemente, o Número de Ouro, para muitos, parece mágico, por isso, que ele é usado por pesquisadores, artistas e escritores, não podendo esquecer que ele é encontrado através do desenvolvimento matemático. Este Número é considerado por muitos estudiosos como sendo um presente de Deus ou uma proporção divina, por simbolizar a perfeição e beleza, e é utilizado ao longo da historia para tal efeito. No Egito, foi construída a Pirâmide de Gizé, o quociente entre a altura de uma face e a metade do lado da base é quase 1.618... A “Era Áurea” da matemática teve ênfase a partir do século III a. C., mas a grandiosa obra, a Pirâmide de Gizé, construída a 2.900 a. C. já mostrava os conhecimentos práticos de proporção, simetria e beleza. 32 Em Atenas, Fidias, arquitetou e construiu o Parténon Grego, o templo representativo do Século de Péricles, usando o Retângulo de Ouro na base e fachada, na planta baixa está nas distâncias entre colunas e nos seus ambientes internos, isso para realizar uma bela e perfeita obra. Na literatura Matemática a Razão Áurea foi tema de discussões entre os vários filósofos matemáticos em diversas obras, uma delas a obra de Euclides “Os Elementos”. O autor usa o Número de Ouro para construir o primeiro pentágono regular e os sólidos regulares mais complexos, o dodecaedro (12 faces pentagonais) e o icosaedro (20 faces triangulares). O papiro de Rhind, fala de uma “razão sagrada” que se acredita em ser o Phi. O Número de Ouro recebeu este nome de fato, somente dois mil anos depois, dizem ser um dos primeiros números irracionais conhecido. Os Pitagóricos não conseguindo mostrar um quociente entre dois números inteiros, chamaram de irracional, não acreditavam que podiam existir números que não escrevesse em forma de fração. Ficaram muito impressionados, pois iam de contra a toda lógica que até então conheciam, daí tal denominação. O Número de Ouro está mais presente e mais próximo do que se imagina. Esta razão é muito utilizada em pinturas, obras de arte. É encontrada na proporção em conchas (o Nautilus, como é chamado), nos seres humanos ela aparece em muitas relações do corpo, a razão entre a altura de uma pessoa e a distância umbilical, na proporção da palma da mão e o tamanho dos dedos, no campo de visão a distância dos olhos até o objeto é um Retângulo de Ouro. Outros objetos também se relacionam com o Retângulo de Ouro, a carteira de identidade, cartões de créditos, capas de livros, são alguns exemplos. Os aparelhos de TV e os monitores de computadores têm aproximadamente a proporção áurea entre a altura e largura da tela. A Razão Áurea esta presente em quase tudo no mundo que vivemos e principalmente em áreas da Matemática pouco aplicada nas salas de aula, devido ao grau de dificuldade dos professores em conseguirem disponibilidade de tempo e vontade de aplicá-lo, que está inserida na Geometria. Através de exemplos práticos a Razão Áurea pode ser demonstrada, muitos dos grandes pensadores, gênios das artes e da arquitetura que desde a 33 antiguidade o vem utilizando de forma a alcançarem a perfeição absoluta, a beleza tão almejada e que nos enche os olhos quando vemos e admiramos sua beleza. Porém como surgiu a razão áurea? Ao tomar um segmento qualquer AB, tal que a medida (AB) = x unidade (etapa 1). Será encontrado um ponto D (etapa 2), que poderá estar em infinitos lugares (etapa 3), porém somente irá existir uma posição também chamada posição de ouro que dividirá o segmento AB em dois segmentos proporcionais (etapa 4). Conforme demonstração abaixo: Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Algebricamente, assim ocorre: 34 Ao tomar x a = e utilizar a propriedade fundamental da proporção que a x−a afirma que x(x – a) = a2, e aplicar a propriedade distributiva, chega-se numa equação algébrica de 2º grau: x 2 − ax − a 2 = 0 Conduzir esta dedução de forma que os alunos percebam que se atribuir um valor para a igual a 1 e resolver a equação pela forma de Bhaskara, chega-se a dois valores: um positivo e outro negativo. Por convenção anula-se o valor negativo e efetua-se a divisão somente do resultado positivo. x= 1 ± 12 + 4.1.1 1± 5 ⇒ x= 2.1 2 x' = Ao efetuar a divisão 1+ 5 1− 5 e x '' = 2 2 1+ 5 , encontra-se o Número de Ouro, também 2 conhecido pela letra φ (Phi) do alfabeto grego, cujo valor é de 1,618... Nome este que lhe foi dado em homenagem ao seu descobridor Fidias. Deve-se ressaltar que o Número de Ouro φ tornou-se de extrema importância, chegando a ser considerado pelos seus estudiosos como uma oferta de Deus a humanidade, tamanha a sua aplicação em diversas áreas e criações humanas e de Deus, desde a criação do mundo. Se somar 1 a φ , obteremos o seu quadrado ( φ 2); e se diminuirmos 1 de φ , encontrará o seu inverso. Em obras importantes para o mundo, como as pirâmides de Gizé, no Egito, o Partenon, na Grécia a razão áurea também está presente. 35 Figura 05 - As Pirâmides de Gizé (Fonte: Wikipédia) As pirâmides de Gizé, localizadas na cidade de Gizé, no Egito. Elas são as únicas das antigas maravilhas ainda de pé e que ainda nos encantam. De natureza mística, para a construção dessas pirâmides, usou-se uma série de conhecimentos de Geometria, e principalmente a proporcionalidade do Número de Ouro, voltados as dimensões da Terra redonda e projeções celestiais. Elas têm paredes triangulares numa base quadrada. Figura 06 - A grande Pirâmide de Gizé (Fonte: Wikipédia) 36 Figura 07 – Paternon (Fonte: Wikipédia) O nome Paternon deriva da monumental estátua de Atena Partenos, que está no salão leste da construção. É símbolo duradouro da democracia da Grécia, e é um dos maiores monumentos culturais do mundo. No mundo atual a Razão Áurea encontra-se em cartões de créditos, em carteiras de identidade. Estes documentos são do formato de um Retângulo Áureo cuja razão é igual 1, 618. Na Geometria, mais precisamente nos polígonos regulares a Razão Áurea tem maiores aplicações na Matemática. O Retângulo Áureo é o que mais frequentemente aparece. Figura 08 – Retângulo de Ouro (Fonte: Wikipédia) Triângulo Áureo, o Pentágono que unindo os seus vértices formam a Estrela de Pitágoras e o Decágono que na divisão formam no seu interior dez triângulos áureos, com um de seus vértices medindo 36º. 37 Figura 09 – Triângulo de Ouro (Fonte: Wikipédia) Na arte, Leonardo D’Vinci, utiliza a proporcionalidade, a Razão Áurea nas relações entre tronco e cabeça, na sua mais importante obra, a “Mona Lisa”, a utiliza também entre alguns elementos do rosto. É por este motivo que os apreciadores desta obra dizem se tratar de uma obra divina, pois existe neste quadro os maiores conceitos de beleza e perfeição. O pintor ainda utilizou esta razão na obra “Homem Vitruviano”, onde ele estudou profundamente as proporções do corpo humano e deixa bem claro todas as proporcionalidades inserido no círculo onde ele chama de “círculo ideal” e mostra estas proporções no “quadrado”. Figura 10 - Mona Lisa Figura 11 – Homem Vitruviano (Fonte: Wikipédia) (Fonte: Wikipédia) 38 Em 1496 o matemático Luca Pacioli utilizou o quadro do “Homem Vitruviano” em seu artigo “De Divina Proporcione”, que referenciava o Número de Ouro. Esta proporção também foi utilizada pelo pintor Botticelli na obra O Nascimento de Vênus, e mais na obra O Sacramento da Ultima Ceia, Salvador Dali usou tal proporcionalidade em suas dimensões. No corpo humano pode-se obter a Proporção Áurea com as medidas do tamanho dos dedos e a medida da dobra central até a ponta. A medida da dobra central até a ponta dividido e da segunda dobra até a ponta. Figura 12 – Medidas da mão (Fonte: Wikipédia) A altura do corpo humano e a medida do umbigo até o chão. A altura do crânio e a medida da mandíbula até o alto da cabeça. A medida da cintura até a cabeça e o tamanho do tórax. A medida do ombro à ponta do dedo e a medida do cotovelo à ponta do dedo. A medida do seu quadril ao chão e a medida do seu joelho até ao chão. A medida do cotovelo até o pulso e a medida do seu pé. Na natureza o Número de Ouro pode ser encontrado, por exemplo, no ananás, ele tem 8 diagonais num sentido e 13 no outro, as margaridas têm 34, 55 ou 89 pétalas, exatamente. As sementes do girassol (figura 15 e 16) estão “colocadas” sem intervalos, que quem as olha, vejam espirais tanto para a esquerda quanto para a direita. A quantidade de espirais para um lado e para o outro são números vizinhos da “Seqüência de Fibonacci”, seqüência em que cada elemento, a partir do terceiro, é obtido somando-se os dois anteriores, cuja divisão de qualquer um dos números desta seqüência pelo seu antecessor resulta sempre em uma razão próxima a 1.618... 39 Seqüência de Fibonacci: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 233, 377, 610... Obtém-se assim: 1+1 = 2; 1+2 = 3; 2+3 = 5; 3+5 = 8; 5+8 = 13... Figura 13 - Sequência de Fibonacci demonstrada no Retângulo de Ouro. (Fonte: Wikipédia) Figura 14 - Na espiral formada pela folha de uma bromélia. (Fonte: Wikipédia) Flor de girassol e a visualização da distribuição das suas sementes: Figura 15 – Flor do Girassol Figura 16 – Sementes do Girassol (Fonte: Wikipédia) (Fonte: Wikipédia) 40 5 METODOLOGIA 5.1 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA A metodologia consiste na maneira de captação dos dados para sua posterior análise e avaliação, ou seja, os caminhos percorridos para se chegar aos objetivos pretendidos. Método vem da palavra grega méthodos, que significa chegar ao fim, e metodologia são as etapas da produção de conhecimento a partir de experiências adquiridas no decorrer da busca por informações. Este trabalho é dividido em várias etapas até chegar ao seu objetivo principal. As fontes bibliográficas auxiliam no entendimento dos conceitos, e na apropriação do tema. Teve-se o cuidado da escolha do material consultado, o mesmo apresenta o assunto escolhido pela autora deste trabalho. Sendo que a opinião da bibliografia utilizada tem fundamental importância no momento da análise dos resultados. O processo metodológico utilizado para obtenção dos dados para este trabalho é uma pesquisa quantitativa, que consiste na elaboração e na posterior aplicação de um instrumento estruturado dirigido aos professores de Matemática da Escola de Educação Básica João Frassetto. Por ser quantitativa, esta pesquisa apura as opiniões e atitudes dos professores entrevistados através de um questionário com questões que norteiam a metodologia utilizada por eles. No momento da elaboração das perguntas do questionário teve-se o cuidado de não deixar ambigüidade para que as respostas destes professores não tomassem rumo diferente dos objetivos deste trabalho. Após a coleta dos dados foi feita a análise dos resultados obtidos, a exposição de opiniões e alguns comentários dos professores entrevistados. 41 5.2 DADOS UTILIZADOS Os entrevistados foram os professores de Matemática do ensino fundamental e médio da Escola de Educação Básica João Frassetto. A escolha do público alvo se deu em consideração à escola ser uma das mais antigas em ensino fundamental e médio do Município de Criciúma/SC, ter um grande número de matriculados e também de atender alunos pertencentes a vários bairros. A Escola de Educação Básica João Frassetto, fica situada no Bairro Santa Luzia, Avenida Monte Negro s/nº, Criciúma/SC. Ela iniciou seu funcionamento no ano de 1919 com denominação de Escola Mista Pública Santa Augusta. Em 07 de julho de 1937, passou a chamar-se Escola Pública Mista de Margem da Estrada Geral. Em 09 de julho de 1967, através do Decreto nº. SE/5458/67, passou de Escola Isolada para Escola Reunida João Frassetto. Em 1984, foi transformada em Grupo Escolar, pela portaria E0045/34. Em 03 de julho de 1985, passou a ser denominada Escola Básica João Frassetto, pela portaria nº. 238/85 e do parecer nº. 271/85. E finalmente no ano de 2000, segundo a Portaria E/017 SED, de 28 de março de 2000 no D. O. E. nº. 16387, de 05 de abril de 2000 passa a denominar-se Escola de Educação Básica João Frassetto. Atualmente atende 1300 alunos no Ensino Fundamental e Médio, distribuídos em três turnos: Matutino, Vespertino, Noturno. A escola conta com o apoio do Conselho Deliberativo Escolar, da Associação de Pais e Professores, 1 especialista, 1 diretor geral e 1 adjunto, 2 secretários, 5 bolsistas, 56 professores, 1 vigia e 7 serventes. Atende alunos de vários bairros, como: Vila Manaus, São Sebastião, Nova Esperança, Santa Luzia, Santa Libera, Cidade Mineira e outros. A crença predominante é a Religião Católica. O grau de instrução dos pais é diversificado e o nível sócio-econômico é baixo. As informações que se seguem foram obtidas do Projeto Político Pedagógico da Escola de Educação Básica João Frassetto: 5.2.1 Apoio Pedagógico da Escola: A educação, hoje, passa por um processo de mudança às quais estão exigindo do docente muito mais conhecimento pedagógico do que antes. 42 À escola cabe dar suporte para que o professor aperfeiçoe seus conhecimentos, oferecendo espaço para a troca de experiências e reflexão da pratica pedagógica. E para os alunos que vêm para a escola esperando muito mais do que ela oferece. Daí um desafio: orientar e motivar os alunos com aprendizagem lenta, sem esquecer aqueles que apresentam bom rendimento. Temos que proporcionar muito mais oportunidades e diferentes atividades para que os alunos com aprendizagem lenta possam desenvolver sua criatividade e aumentar sua auto-estima. A escola está situada numa região de periferia onde os alunos são oriundos de famílias de baixa-renda. Sabemos que, provenientes disso, muitos outros problemas são trazidos para a escola, desde a falta de acompanhamento da família até a falta de alimentação. Diante desse quadro faz-se necessário o serviço de apoio pedagógico na escola, que irá organizar atividades e criar oportunidades para amenizar, diminuir os problemas relacionados ao ensino-aprendizagem. 5.2.2 Objetivo Geral da Escola Disponibilizar de profissionais para coordenar e orientar o trabalho docente e discente, visando a melhoria do processo ensino-aprendizagem. 5.2.3 Objetivos Específicos da Escola • Atender aos alunos com dificuldades por meio de recuperação, com alvo aos alunos de 1ª à 4ª série e 5ª à 6ª séries; • Propiciar a vinda dos pais na escola para o acompanhamento do desempenho escolar de seus filhos; • Promover, incentivar e evidenciar o bom relacionamento e cidadania entre docente e discente, por meio de encontros, atividades extra-classe, jogos, grupo de estudos; • Promover palestras e cursos para o docente de acordo com os temas e projetos estudados; • Desenvolver projetos que levem o aluno a ter consciência de seus direitos e deveres; 43 • Organizar grupo de estudos com participação de pais, professores e alunos; • Fornecer materiais de apoio ao professor, sugestões de filmes, livros. Textos e outros tipos de materiais; • Organizar momentos de reflexão e estudo da prática pedagógica que promovem a ação-reflexão-ação. 5.2.4 Proposta Pedagógica 5.2.4.1 Metodologia da Escola: Fundamentados na teoria sócio-interacionista procuramos criar condições para o aluno desenvolver os processos de construção do conhecimento, possibilitando o desenvolvimento das estruturas do pensamento, para organizar o mundo e transformar sua realidade. 5.2.4.2 Missão da Escola: A Escola de Educação Básica João Frassetto, juntamente com a Associação de Pais e Professores (APP), o Conselho Deliberativo e a comunidade, têm como filosofia proporcionar meios pelos quais os alunos possam tornar-se ativos, críticos, participantes e criativos, formando assim, homens contextualizados com senso de justiça e agentes de transformações. 5.3 OBTENÇÃO DOS DADOS Para obtenção dos dados relevantes para este trabalho, foi então elaborado um questionário (apêndice 01) com 16 perguntas fechadas, com espaços para justificativa das respostas e 01 pergunta aberta, para que os entrevistados pudessem expor as suas idéias e terem a oportunidade de contribuir com sugestões para melhoria da educação escolar. O questionário foi entregue pessoalmente aos professores para que os mesmos colocassem suas respostas por escrito. 44 6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Os professores de Matemática da Escola de Educação Básica João Frassetto, em sua totalidade, ou seja, 100% deles são formados em Licenciatura em Matemática, importante comentar que foram encontrados em anos anteriores (Martins & Serafim, 2005) outros profissionais, como por exemplo, licenciados em Química, Física e até Engenheiros Civis lecionando a disciplina de Matemática em escolas desta cidade. 80 % destes professores se formaram aqui mesmo neste município, na Unesc14 e 20% na Unisul15 que fica no município vizinho, Tubarão/SC. Os anos de formação são bem variados, o professor com mais tempo de serviço se formou no ano de 1988 e o mais recente em 2002, assim como a idade deles também é bem variada, 40% deles têm idade menor que 30 anos, 40% têm entre 30 e 40 anos e apenas 20% têm mais que 40 anos, como mostra o gráfico 1. Quanto ao sexo destes professores, a maioria ainda continua sendo formado por profissionais do sexo feminino, 80%, e apenas 20% deles são do sexo masculino. Gráfico 1. Referente a idades dos professores entrevistados. Idade dos professores de Matemática da E. E. B. João Frassetto 20% 40% Menos de 30 anos Entre 30 e 40 anos Mais de 40 anos 40% Fonte: Pesquisa direta realizada na E. E. B. João Frassetto em Criciúma/SC em 2008. 14 UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense 15 UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina 45 Quando questionados sobre o motivo que os influenciou sobre a escolha da profissão e em particular a escolha da disciplina de Matemática, todos (100%) responderam que tem haver com a facilidade que eles tinham e continuam tendo com a Matemática. O livro didático é utilizado por todos os professores na sala de aula e em seus planejamentos, apenas 20% admite utilizar televisão/vídeo e outros meios tecnológicos, como exemplos foram citados o computador e calculadora cientifica (esta é utilizada apenas com as turmas do ensino médio) e ainda 40% deles responderam que utilizam compasso, régua, esquadros e jogos para repassar os conteúdos em suas aulas. O fato da não utilização dos meios tecnológicos foi atribuído aos motivos de falta de tempo para elaborar aulas para uso dos meios tecnológicos (25%), não possuir computador em casa (25%) que é onde são feitos os planejamentos de aula e metade deles (50%) afirmam que a escola não possui meios tecnológicos para serem utilizados nas aulas de Matemática. Dados no gráfico 2: Gráfico 2. Motivos da falta de utilização dos meios tecnológicos Motivos da falta de utilização dos meios tecnológicos nas aulas de Matemática 50% 40% 30% 20% A escola não possui meios tecnológicos O professor não possui computador em casa falta de tempo do professor 10% 0% Fonte: Pesquisa direta realizada na E. E. B. João Frassetto em Criciúma/SC em 2008. Para se atualizarem, 100% dos professores entrevistados responderam que fazem cursos de aperfeiçoamento em Matemática, ainda 20% deles fazem 46 cursos de especialização em Educação, 80% dos professores lêem livros e revistas para a busca de novos conhecimentos. Os professores mostraram que estão empenhados na busca por novidades para as aulas de Matemática, 100% deles pesquisam em outras fontes bibliográficas, não utilizam apenas os livros adotados pela escola. E ainda 60% buscam materiais na Internet e apenas 20% respondeu que é em cursos de especializações que encontram novas metodologias para aplicar em suas aulas. Mas mesmo com tanta busca por novas metodologias apenas 40% dos professores responderam que costumam referenciar os conteúdos matemáticos com a realidade e com o cotidiano dos alunos, os outros 60% responderam que a maioria dos conteúdos não há modo de estar fazendo as devidas menções. Dados no gráfico 3. Gráfico 3. Matemática e realidade dos alunos Matemática X Realidade 60% 50% Fazem referência das aulas com o cotidiano 40% 30% 20% 10% responderam que os conteúdos matemáticos não fazem referências com a realidade 0% Fonte: Pesquisa direta realizada na E. E. B. João Frassetto em Criciúma/SC em 2008. Quanto ao tipo de avaliação feita pelos professores com seus alunos, as provas escritas individuais continuam sendo aplicadas, (100%), os trabalhos em grupo também estão na mesma proporção (100%), 80% dos professores pesquisados fazem trabalhos individuais e 40% deles fazem alguma outra forma de avaliação, por exemplo, foram citados os testes orais, onde os alunos podem estar explicando o que estão entendendo do conteúdo e existem professores que fazem 47 teste oral da tabuada, que é a única forma de fazer com que os alunos estudem a operação de multiplicação. Para desapontamento de muitos adeptos da Geometria, a questão que se refere ao ensino deste conteúdo obteve resultado negativo, mesmo já se sabendo, de outras pesquisas realizadas (Lorenzato, 1995, pág. 3) que os professores de Matemática não ensinam a Geometria. E desta vez também não foi diferente, apenas 20% dos professores entrevistados responderam que em todas as séries que lecionam repassam a Geometria, e o restante (80%) ensinam com pouquíssima freqüência. Gráfico 4. O ensino de Geometria O ensino de Geometria entre os professores de Matemática da E. E. B. João Frassetto 20% Ensinam pouco Ensinam sempre 80% Fonte: Pesquisa direta realizada na E. E. B. João Frassetto em Criciúma/SC em 2008. E o motivo desta ausência da Geometria na sala de aula também continua os mesmos já apontados, 25% dos professores responderam que não incluem a Geometria em seus planejamentos de aula, 50% responderam que a Geometria está sempre no final do livro didático, e que por causa da pouca carga horária de Matemática não dá tempo de se chegar até lá. 25% não responderam qual o motivo que os levam a não ensinar a Geometria aos seus alunos. E nenhum professor entrevistado confessou que não sabe os conteúdos geométricos assinalando esta opção. 48 Quanto a pergunta sobre o Número de Ouro, aquele que referencia a beleza, a perfeição, e que foi muito utilizado em construções antigas, em pinturas famosas para que ficassem simétricas e perfeitas e que é encontrada em muitos elementos na natureza, apenas 20% dos professores entrevistados responderam que conhecem e ensinam aos seus alunos a Razão Áurea, ou o número da “beleza” como é chamada pelos alunos, comentou um dos professores entrevistados. 40% dos professores responderam que conhecem o Número de Ouro, mas que não repassam aos seus alunos e os outros 40% confessaram que nunca ouviram falar da tal proporção áurea. Gráfico 5. A razão da perfeição A razão da perfeição entre os professores de Matematica da E. E. B. João Frassetto 40% 30% Conhecem e aplicam nas aulas 20% Conhecem mas não aplicam Não conhecem 10% 0% Fonte: Pesquisa direta realizada na E. E. B. João Frassetto em Criciúma/SC em 2008. E quanto às tendências no ensino da Matemática, os professores tiveram respostas bem variadas, 20% deles responderam que se utilizam da Tendência Empírica Ativista, onde o professor é o facilitador da aprendizagem e o aluno aprende fazendo; 20% preferem a Tendência Socioetnocultural, onde existe a troca de conhecimentos entre professor/aluno e aluno/professor; 60% dos professores responderam que utilizam-se de várias tendências para ministrarem suas aulas: 50% destes professores usam a Tendência Construtivista, onde se prioriza a construção do conhecimento pelo aluno, o professor é o facilitador desta construção; 50% também exercem a Tendência Socioetnocultural; e ainda 100% deles além destas 49 duas citadas usam também a Tendência Empírica Ativista como metodologia das suas aulas. Neste processo de interpretação e análise dos dados é importante considerar todas as contribuições oferecidas pelos professores entrevistados. Apenas 20% destes professores “ousaram” em contribuir para este trabalho com comentários e/ou recomendações, que neste momento cabe apresentá-los: “Quem quer ser professor tem que saber que não pode parar de estudar”. “Tem que aprender a dar bons exemplos com suas atitudes”. “Seja professor só se tiver vocação e amor a esta profissão”. 50 7 CONCLUSÃO Auxiliar o aluno na compreensão dos conceitos e na construção da aprendizagem é um dos mais importantes deveres do professor. Existem muitos caminhos para essa tarefa, e não é fácil, o professor tem que cumprir esta missão com a grande diversidade cultural entre seus alunos. O aluno constrói o conhecimento por si só, com suas experiências matemáticas, mas sem o intermédio do professor isso ficará muito mais difícil. Esta pesquisa contou com a colaboração de todos os professores da disciplina de Matemática da Escola de Educação Básica João Frassetto do Município de Criciúma/SC, alguns com muita satisfação em estar respondendo as perguntas, fazendo justificativas das suas respostas e recomendações para os novos professores, outros apenas responderam as questões fechadas. Pode-se constatar que a postura do professor está mudando. Ele já não é o centro da aprendizagem como na Tendência Formalista, agora o professor é o mediador do conhecimento que será construído pelos seus alunos. O professor está preocupando pela utilização de metodologias e estratégias que façam o aluno buscar a construção do conhecimento. Os professores de Matemática da E. E. B. João Frassetto são maduros e experientes, sabem das necessidades dos seus alunos, tentam utilizar muitas metodologias em suas aulas para que todos eles possam ter total compreensão dos conteúdos. Os meios tecnológicos, que inevitavelmente chegam a nossas vidas, são utilizados pelos alunos desta escola em poucas situações. Isso ocorre por que a disciplina tem pouca carga horária e uma exposição dessas tomaria muito tempo, além de que o currículo de Matemática é muito amplo, com muitos conteúdos, o professor tem que repassar todos até o final do ano letivo. O uso dos meios tecnológicos ainda não é algo comum no cotidiano das aulas de Matemática. Os professores estão preocupados com as mudanças da Educação, e é de grande importância a constante busca por cursos de aperfeiçoamento. Nestes cursos eles buscam novas técnicas, novas metodologias e muitas novidades para repassarem aos seus alunos na sala de aula. E estes professores não buscam novidades só em cursos de aperfeiçoamento, eles estão dando credibilidade aos 51 professores pesquisadores em Educação Matemática, estão lendo seus livros e revistas, e contam ainda com a ajuda dos muitos artigos publicados na rede de computadores. Mesmo com esta diversidade de informação a grande maioria dos professores de Matemática da E. E. B. João Frassetto continua repassando aos seus alunos somente a Matemática Formal. Estão esquecendo de comparar e referenciar os conteúdos matemáticos da escola com os acontecimentos do dia-adia dos seus alunos. Os professores por seguirem o livro didático adotado pela escola, não referenciam os conteúdos com o cotidiano, apesar de alguns professores mencionarem que exercem a Tendência Socioetnocultural em suas aulas. Quando se fala em Geometria, alguns professores deixam claro que não ensinam aos seus alunos de forma como deveriam. A maioria deles “as vezes” repassa este conteúdo. Existe ainda a pouca importância da Geometria nos currículos escolares, a falta de conhecimento vem de longe, o elaborador dos currículos não exige, além do básico, o que não tem total compreensão. Com o Número de Ouro não é diferente, e desta vez os professores confessam não conhecer a Razão Áurea. Mesmo esta proporção sendo uma ótima maneira de estar compreendendo simetria e proporcionalidade, não é ensinada pela maioria dos professores que ousam repassar os conteúdos geométricos em suas aulas. Esta situação pode mudar. O professor introduzindo o ensino da Geometria com a utilização do material concreto, auxiliará os alunos para a compreensão total das propriedades e definições. Experimentando e manipulando o aluno tem entendimento dos conteúdos. A visualização faz com que os alunos comparem as formas dos objetos e construam o pensamento geométrico. O professor não precisa apoiar-se apenas em uma metodologia de ensino, ele pode experimentar diferentes maneiras de estar repassando os conteúdos matemáticos, desta forma os alunos que não conseguiram um entendimento do assunto podem estar obtendo-o no segundo momento da exposição. Os alunos gostam e se interessam pelo novo, quando é mostrado a eles algo diferente do que estão acostumados na sala de aula existe maior interação 52 entre professor e aluno. Esta ação acaba por contribuir para a aprendizagem do aluno. A Geometria é fácil de ser ensinada, é gostoso de aprender e fica ainda mais fácil quando lhe é apresentada utilizando o material concreto. Manipular os materiais, fazer experiências faz com que os alunos fiquem empolgados e motivados na busca pela construção do conhecimento. 53 8 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES Os professores podem estar fazendo com alunos das séries iniciais, até mesmo com alunos de 5ª e 6ª séries, curtos passeios pelo pátio da escola e até mesmo fora dela, e incentivar a observação em tudo que os rodeiam. De volta a sala de aula, os alunos devem descrever individualmente e mais tarde em duplas as formas observadas. E desta forma eles podem estar percebendo as diferenças e as semelhanças entre alguns objetos. Deve-se estar atento aos detalhes para incentivar os alunos nas descrições, fazer perguntas do tipo: era baixo ou alto? Era largo ou estreito? Parecia com uma bola? Ou com a porta da sala? Com isso, os alunos poderão estar tendo maior percepção dos detalhes dos objetos observados. No correria do dia a dia é necessário dar um espaço para a leitura, e é fundamental que se adquira este hábito, pela importância de se manter atualizado e as informações fazem melhorar a prática pedagógica de cada um. Existe atualmente no Brasil uma grande diversidade de materiais que podem ser utilizados pelos professores para estarem se aprofundando sobre o ensino da Matemática. Filmes, vídeos reportagens, jogos e materiais manipuláveis, propostas governamentais, como os PCNs, programas de TV, revistas, como exemplo a Nova Escola e Zetetiké e ainda uma infinidade de livros. Livros extra-classe que auxiliam no embasamento dos conteúdos matemáticos, cita-se como exemplo alguns autores: Sérgio Lorenzato, Dário Fiorentini, Malba Tahan, todos bem fáceis de encontrar nas bibliotecas e na rede de computadores. O ensino pelo concreto, o “ver” com as mãos está muito mais presente nas vidas das pessoas do que se pode imaginar, e muitas vezes não se percebe tal ação. Quando se faz compras no supermercado, por exemplo, ninguém compra frutas e legumes sem pegá-las nas mãos para verificar se estão boas para o consumo. Em uma loja de roupas as pessoas não compram apenas olhando para as peças, tem-se a necessidade de pegá-las nas mãos e experimentá-las. E com o ensino da Geometria não é diferente, o ver, o fazer e o tocar é muito mais forte do que apenas ouvir. Os materiais didáticos manipuláveis podem e 54 devem ser utilizados para todas as idades e não apenas para alunos das séries iniciais. O resultado desta prática é sempre de grande sucesso entre os alunos, todos conseguem visualizar com muita facilidade os conceitos e as propriedades dos conteúdos geométricos. Todo esforço de busca pelo ensino eficiente é bem recompensado se for aproveitado para a aprendizagem do aluno. 55 REFERÊNCIAS ALVES, Rubens. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. 8ª ed. Campinas: Papirus, 2005. 120 p. BRASIL. Escola de Educação Básica João Frassetto. Projeto Político Pedagógico da Escola. 2008. 82 p. BRASIL. Ministério da Educação Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. 2ªed. Brasília: DP&A, 1998. 148 p. CÂNDIDO, Suzana Laino. Formas num mundo de formas. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2002. 79 p. COMPAGNER, Carlos. História da Geometria. Uol Educação, Pedagogia & Educação. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/matematica/ult1705u33.jhtm. Acesso em 28 de julho de 2008. D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática. 8ª ed. Campinas: Papirus, 2001. 120 p. EVES, Howard. Tópicos de História da Matemática para uso em sala de aula: Geometria. São Paulo: Atual, 1992. 77 p. FAINGUELENT, Estela K. Educação Matemática: representação e construção em geometria. Porto Alegre: Artes Medicas Sul, 1999. 227 p. FIORENTINI, Dario. Alguns modos e ver e conceber o ensino da Matemática no Brasil. Revista Zetetiké, Campinas, nº. 04 ano 03. novembro /95. FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sérgio. Investigação Matemática. Campinas: Autores Associados, 2007. 240 p. em Educação FROTA, Paulo R. de O. (org). Pesquisa no ensino Fundamental e Médio. Teresina: EDUFPI, 2003. 118 p. GODOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artes Medicas, 2000. 294 p. JORNADA ACADÊMICA INTEGRADA, 20, 2006, Santa Maria. O que dizem os alunos sobre o ensino de Física ministrado em Criciúma/SC. Santa Maria: UFSM, 2006. LORENZATO, Sérgio. Para aprender Matemática. Campinas: Autores Associados, 2006. 139 p. LORENZATO, Sérgio. Porque ensinar Geometria? Educação Matemática em Revista, Florianópolis: SBEM, Nº. 04, 1995. 56 LOURENÇO, Leila; SIQUEIRA, Regina; et alli. Projeto Político Pedagógico da Rede Municipal de Educação de Criciúma. Criciúma: Unesc, 2004. 188 p. MORAN, José Manoel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2006. 172 p. PARRA, Cecília; SAIZ, Irma. 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Prezado professor, A sua colaboração no preenchimento deste questionário é de suma importância para a verificação da prática de ensino de matemática e a posterior conclusão do curso de Especialização em Educação Matemática – Unesc. Agradeço a sua colaboração. 1 – Em qual curso, instituição e ano em que você se formou? __________________________________________________________________________ 2 – Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 3 – Idade: ( ) menos de 20 anos ( ) de 41 à 50 anos ( ) de 20 à 30 anos ( ) de 31 à 40 ( ) de 51 à 60 anos ( ) mais de 61 anos 4 – A quantos anos leciona? _____________ 5 – Por que escolheu este curso? ( ) Facilidade com a disciplina ( ) Indicação de familiares ( ) Gostava da metodologia usada por alguns dos seus antigos professores ( ) Outros. Qual? ______________________________________________________ 6 – Qual destas tendências matemática você utiliza em suas aulas? Marque mais de uma alternativa se necessário. ( ) Formalista Clássica: professor expositor com conteúdos prontos e aluno apenas receptor; ( ) Empírico Ativista: professor facilitador da aprendizagem e o aluno aprende fazendo; ( ) Formalista Moderna: alunos reproduz o raciocínio exposto pelo professor; ( ) Tecnicista: a matemática é um conjunto de regras, técnicas para um ensino profissionalizante; ( ) Construtivista: prioriza a construção do conhecimento pelo aluno, professor é o facilitador; ( ) Socioetnocultural: troca de conhecimentos entre professor/aluno e/ou aluno/professor. Justifique sua resposta: _____________________________________________________ 7 – O que você usa em suas aulas? Marcar mais de um item se necessário. ( ) Quadro e giz ( ) retro projetor ( ) data show ( ) tv e vídeo ( ) Livro didático ( ) Outros. Quais? _________________________________________ Justifique sua resposta:______________________________________ 8 - Você usa meios tecnológicos em suas aulas? ( ) Sim ( ) Não. Assinale o motivo: ( ) Não tem tempo para elaborar aulas para estes meios; ( ) Os conteúdos não necessitam destes meios ; ( ) A escola não possui meios tecnológicos. Justifique sua resposta: _____________________________________________ 59 9 – Onde você busca materiais para suas aulas? ( ) Na biblioteca da escola ( ) em outras bibliotecas ( ) seus livros em casa ( ) Na Internet Justifique sua resposta:_____________________________________________________ 10 – Você costuma trazer novidades para a sala de aula? ( ) Sempre ( ) as vezes ( ) Nunca ( ) A disciplina não necessita de novidades. Justifique sua resposta: _____________________________________________________ 11 – Você faz referências dos conteúdos com o cotidiano dos alunos? ( ) Sempre ( ) As vezes ( ) Nunca ( ) A disciplina não faz referências com o cotidiano. Justifique sua resposta: _____________________________________________________ 12 – Como são suas avaliações? Marcar mais de um item se necessário. ( ) Provas escritas individuais ( ) Trabalhos escritos individuais ( ) Trabalhos escritos em grupo ( ) Outros. Quais?______________________________ Justifique sua resposta: _____________________________________________________ 13– Você ensina Geometria em suas aulas? ( ) Sempre ( ) as vezes ( ) normalmente sim ( ) normalmente não ( ) Nunca Justifique sua resposta: _____________________________________________________ 14 – Indique o motivo se por acaso não ensina: ( ) O conteúdo de Geometria está no final do livro didático e não se chega até lá; ( ) Não aprendeu Geometria na graduação, e por isso não repassa aos alunos; ( ) Não gosta de Geometria, e não ensina o que não gosta; ( ) O currículo da disciplina não inclui a Geometria; ( ) O aluno vem da série anterior sem aprender, e por isso não continua; ( ) Outro. Qual?__________________________________________________________ Justifique sua resposta: _____________________________________________________ 15 – Você tem conhecimento sobre o “Número de Ouro”? ( ) Conhece e aplica na aulas ( ) Conhece mas não aplica ( ) Não conhece Justifique sua resposta: _____________________________________________________ 16 – Como você se atualiza dos seus conhecimentos? ( ) Cursos de especialização ( ) lendo livros e revistas ( ) A disciplina não necessita de atualizações Justifique sua resposta: ______________________________________________________ 17 – Este espaço é para você fazer comentários e/ou recomendações. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________