Novo Edifício do call center da PT em Santo Tirso

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OBRAS&PROJECTOS
por | Isabel Sarmento e Marco Quaresma (Afaconsult)
grafismo AVAC | João Fitas
Projecto de instalações mecânicas
Novo Edifício do call center da PT
em Santo Tirso
O novo Edifício do CallCenter da PT localizar-se-á
em Santo Tirso, num terreno com uma área
aproximada de 4 700m² onde, à data da elaboração
do projecto, existe um horto da câmara Municipal.
O
novo Edifício do CallCenter da
PT localizar-se-á em Santo Tirso, num terreno com uma área
aproximada de 4 700m² onde, à data
da elaboração do projecto, existe um
horto da Câmara Municipal.
O edifício, da autoria do Arquitecto Francisco Aires Mateus, desenvolve-se em
três pisos, uma cobertura técnica e dois
pisos constituídos por diversas áreas
funcionais que perfazem uma área útil
de 3326 m2:
no piso térreo, incorpora: a entrada/
sala de espera, o open-space (com
pé direito duplo na área central e pé
direito simples nas áreas periféricas),
duas salas de reuniões, sala de coa ching, um help-desk, um pólo técnico
informático e um energético, cacifos,
áreas técnicas de instalações eléctri cas, lixos, arquivo, arrumos, insta lações sanitárias, limpeza e área para
depósitos de água;
nenquanto, o piso 1 incorpora: cinco
salas de formação, instalações sa nitárias, área de descanso, copa,
show room/área expositiva, gabinete
polivalente, circulações horizontais
de acesso aos vários espaços, arru mos, instalações sanitárias e uma
área técnica.
E ainda, três áreas exteriores: área
de fumo, pátio e terraço.
O projecto de instalações mecânicas,
elaborado pela afaconsult, desenvolveu-se, não só, na sua vertente de concepção dos sistemas para responder
às necessidades térmicas do edifício,
devidas à sua envolvente e aos seus
ganhos internos, mas, também, numa
74 | Maio/Junho climatização
perspectiva integrada de racionalidade
energética, em plena articulação com a
certificação energética e da qualidade
do ar interior.
Consequentemente, em integral cumprimento da legislação em vigor o RSECE
(Decreto-lei n.º 79/06 de 4 de Abril),
deu origem a uma proposta de valor
de IEE de referência para a tipologia
CallCenter, uma vez que se trata de uma
tipologia de edifício não caracterizada
no RSECE em termos de IEE, de acordo
com o previsto regulamentarmente no
n.º 4 do Artigo 31º. O edifício foi, então,
entendido como o primeiro sistema,
procurando optimizar o desempenho
térmico da sua envolvente, de modo
a reduzir as necessidades em energia
primária, caracterizando-se por:
nadequar os níveis de isolamento
térmico da envolvente, de modo a
minimizar a influência não desejável
do clima no interior do edifício;
nseleccionar criteriosamente a en volvente transparente, quanto ao seu
factor solar e coeficiente de trans missão térmica;
nadequar as respectivas protecções
solares, evitando ganhos excessivos
com o consequente risco de sobre aquecimento dos espaços e o des necessário aumento das necessida des energéticas em arrefecimento
ambiente, bem como, evitando si tuações de encandeamento;
nutilizar correctamente a inércia tér mica, limitando os valores da ampli tude térmica no ambiente interior.
A abordagem seguinte passou por, encontrar soluções para os sistemas de
tratamento ambiente simples, eficazes,
fiáveis e com baixos requisitos de manutenção, em harmonia com as expectativas da arquitectura, mas mantendo
a qualidade das prestações de cada
sistema per si, respondendo às solicitações originadas pela funcionalidade
do edifício, de modo a estabelecer as
condições de conforto térmico, e outras
exigidas para os espaços exclusivamente técnicos, mas, também, da qualidade
do ar interior, caracterizada por:
nevitar os sobredimensionamentos,
tendo em especial atenção o con tributo que uma envolvente bem
concebida e uma solução de ilumi nação eficiente induz em termos da
diminuição das necessidades ener géticas;
nexplorar não só o zonamento fun cional do edifício mas, também a
geometria dos espaços, optimizando
as estratégias de performance da
ventilação;
ncentralizar os sistemas energéticos,
proceder a um adequado escalona mento da sua potência e a uma se lecção com prioridade à eficiência;
nutilizar bombas de caudal variável e
de elevada eficiência energética,
para a distribuição de água quente e
de água refrigerada aos equipamen tos terminais;
nlocalizar as centrais de ventilação
nas proximidades das áreas a tratar,
reduzindo os trajectos das condutas
com a consequente minimização das
perdas térmicas e dos custos energé ticos associados ao transporte do
ar;
nutilizar ventiladores de transmissão
directa do tipo plug-fan e de elevada
eficiência energética;
nadoptar sistemas de arrefecimento
gratuito e de recuperação de ener gia no ar de exaustão, privilegiando
a recuperação térmica em detrimento
da recirculação, em especial quando
se trata de espaços com grandes
ocupações;
nadoptar um sistema de gestão cen tralizado permitindo, quer a imple mentação automática de estratégias
de economia de energia e um con trolo optimizado da instalação, quer
a monitorização do seu modus ope randi.
Os Sistemas de Climatização
Sem pretender uma descrição exaustiva
dos sistemas propostos, apresenta-se
de uma forma sumária as soluções propostas para os sistemas energéticos e
climatização Maio/Junho | 75
OBRAS&PROJECTOS
A extracção geral assenta
no mesmo princípio descrito
para a insuflação e é efectuada
em pleno a partir de rede
de condutas não isoladas,
existentes no interior do tecto
falso, ligadas aos andares
de extracção da UTN´s.
Figura 1 Cobertura técnica – rede de condutas
de tratamento ambiente dos espaços
mais relevantes no conteúdo funcional
do edifício.
O sistema energético é uma bomba
de calor de condensação a ar, a quatro
tubos, associada a dois depósitos de
acumulação, um de água refrigerada e
outro de água aquecida (DAR/Q) que
funcionam como volante térmico da
instalação, assegurando a produção
simultânea, quer de água refrigerada
quer de água quente, destinadas ao
tratamento ambiente.
A opção por uma bomba de calor águaar-água a quatro tubos é justificada pela
ausência de uma infra-estrutura de gás
natural, mas também devido aos elevados ganhos internos dos espaços e
à sua variação ao longo do dia, normal
em edifícios deste tipo, nos quais não
se consegue definir uma fronteira para
a estação de aquecimento, mas sim
apenas períodos ao longo do dia em que
é necessário promover o aquecimento
ambiente, principalmente durante a
manhã.
Uma bomba de calor a dois tubos seria
incapaz de produzir água refrigerada
e, num momento seguinte, responder,
atempadamente, a necessidades de
Figura 2 Piso 1 – rede de condutas
76 | Maio/Junho climatização
OBRAS&PROJECTOS
aquecimento. Deste modo, tendo em
visto um funcionamento contínuo do
edifício, a opção por uma bomba de calor a quatro tubos assegura o suprimento
das necessidades de arrefecimento e
aquecimento em simultâneo.
A distribuição de água quente e de água
refrigerada é assegurada por uma rede
de tubagem a quatro tubos composta
por 4 circuitos independentes, função do
zonamento considerado. De um modo
geral, a rede de tubagem desenvolve-se
horizontalmente no piso técnico da cobertura. Quando necessário, imerge verticalmente em courettes técnicas para
o interior do edificio, desenvolvendo-se
horizontalmente ao nível do tecto.
Open-Space (CallCenter)
O tratamento ambiente do open-space,
localizado no piso térreo é realizado
mediante um sistema que combina
três Unidades de Tratamento de Ar
(UTA_OS1\2\3) e baterias de reaquecimento terminal (BRTs), localizadas no
piso técnico da cobertura.
space de menor pé direito. Desta
forma, é possível remover a carga
térmica acumulada a nível alto da
área central e ao mesmo tempo pro mover a correcta ventilação\distri buição de ar no espaço;
npara a zona de menor pé-direito do
open-space com maior área (qua drante a sul), o tratamento ambiente
é garantido por uma UTA (UTA_OS3),
que, por intermédio de condutas,
interliga a difusores localizados a
nível do tecto. O retorno à unidade
é realizado, também, a nível do tec to.
nquanto às zonas de menor pé-di reito mas de menor área, o trata mento ambiente é promovido pelas
mesmas UTAs que garantem o
conforto térmico da área central, no
entanto, para um controlo indepen dente da temperatura de insuflação,
uma vez que se prevê que estas
áreas apresentem menores necessi dades em arrefecimento que na área
central, estão previstas baterias de
A extracção geral assenta
no mesmo princípio descrito
para a insuflação e é efectuada
em pleno a partir de rede
de condutas não isoladas,
existentes no interior do tecto
falso, ligadas aos andares
de extracção da UTN´s.
gratuito através da insuflação de 100% de ar novo e rejeição
da totalidade do ar de retorno.
Polos técnicos informático e energético
Figura 4 Modo de funcionamento no Verão
Uma vez que estes espaços apresentam necessidades e
um funcionamento distindo dos demais, o seu tratamento
ambiente é garantido através de duas unidades autónomas
de climatização do tipo close-control, por espaço, sendo
uma delas de redundância. As unidades interiores são do
tipo vertical instaladas no próprio espaço, enquanto que
as unidades exteriores (condensadores) são intaladas no
piso técnico de cobertura.
Figura 3 Open space – rede de condutas (modelo Revit)
Devido à diversidade da geometria e
volumetria do open-space, foram adoptadas três soluções para tratamento
ambiente e ventilação:
nna zona central, devido ao elevado
pé direito, o ar previamente tratado
por duas UTAs (UTA_OS1\2) é in suflado perifericamente a um nível
intermédio, correspondente pavi mento do piso 1, por intermédio de
injectores inseridos em conduta. A
extracção do ar, por sua vez, é rea lizada, parcialmente, a nível do tecto
da área central e outra parte a nível
do tecto das quatro zonas de open
78 | Maio/Junho climatização
reaquecimento terminal (BRTs)
controladas por um termostato pró prio. A difusão do ar é conseguida por
difusores ao nível do tecto, bem como
o retorno, à semelhança das restantes
zonas.
Do ar de retorno às Unidades de Tratamento de Ar, em situação normal,
uma parte é objecto de recuperação
térmica e depois é rejeitado (função da
quantidade de ar novo necessária para
garantir as condições de qualidade do
ar interior) e o restante é recirculado.
No entanto, sempre que termicamente
favorável, é promovido o arrefecimento
Figura 5 Modo de funcionamento no Inverno
Sempre que as temperaturas exteriores forem favoráveis, é
promovido um arrefecimento gratuito. Para tal, as unidades
de condensação exteriores são arrefecedores secos a água
(dry coolers), permitindo, sempre que a temperatura de
retorno do fluido de condensação seja favorável, que a
permuta de calor seja realizada directamente para essa
fonte (água de condensação), não sendo necessário que o
compressor da unidade interior entre em funcionamento.
Pretende-se com estas unidades realizar o controlo refinado
da temperatura e, apenas, a monitorização da humidade
relativa no interior do espaço, em conformidade com os
requisitos do Dono de Obra.
OBRAS&PROJECTOS
Generalidade dos espaços
O sistema de tratamento ambiente é
composto por unidades terminais do
tipo unidades de tratamento de ar de
baixo perfil (UTABP) ou ventiloconvectores (VC) que, através da circulação
de água aquecida ou arrefecida nas
respectivas baterias permutadoras de
calor, promovem o aquecimento e/ou
o arrefecimento ambiente, consoante
o necessário em cada espaço.
Diversas unidades de tratamento de ar
novo (UTAN) promovem a renovação do
ar. O ar antes de ser rejeitado é objecto
de recuperação térmica.
Ao que correspondem as seguintes
áreas úteis:
− espaços de CallCenter: 1 710m2;
− espaços de escritório: 1 093 m2;
− espaços de lojas: 165 m2;
− espaços de ensino: 358 m2;
Donde, resultou a necessidade de encontrar um valor característico em termos regulamentares para os espaços
destinados exclusivamente a Call Center,
caracterizado por elevados índices de
ocupação e de equipamento.
No que respeita às condições reais e
nominais foram tomados como base
os seguintes parâmetros:
Condições reais de projecto
− Ocupação: 3,1 m2/pessoa
− Equipamento: 66 W/m2
− Iluminação interior: 6 W/m2
− Iluminação exterior (W por área de
implantação): 2,15 W/m2
Figura 6 Secção da cobertura técnica – rede de
condutas (modelo Revit)
Cálculo do valor de IEE de referência
para a tipologia Call Center
Numa perspectiva de cálculo do IEE
do edifico, face à diversidade funcional
dos diferentes espaços que compõem
o edifício, foi adoptado o seguinte zonamento:
Proposta para o cálculo
do IEE de referência
− Ocupação: 3 m2/pessoa
− Equipamento: 60 W/m2
− luminação interior (*): 12 W/m2
− Iluminação exterior (W por área de
implantação): 5 W/m2
No que respeita aos perfis de utilização,
foram adoptados os perfis correspondentes à tipologia comunicações, sendo
uma boa aproximação aos perfis reais
perspectivados para o CallCenter.
Consumos energéticos
da área de CallCenter (1 710 m2)
O consumo anual global de energia primária para aquecimento, arrefecimento
e outros fins para o cálculo do IEE de
referência para uma tipologia CallCenter,
foi calculado com base em equipamentos standard, isto é, uma caldeira a gás
para produção de água aquecida com
rendimento de 90%, chiller ar-água para
produção de água arrefecida com COP
de 3,2 e ventiladores centrífugos de
transmissão por correia com curvatura
inclinada para a frente.
(*) segundo a norma EN13779 para se garantir o fluxo luminoso necessário para um espaço de trabalho é necessária uma potência de iluminação na ordem dos 12 W/m2.
80 | Maio/Junho climatização
OBRAS&PROJECTOS
Da simulação energética detalhada,
baseada nos parâmetros enunciados,
resultaram os seguintes consumos
energéticos:
Tipos de
consumos
Qap Aquecimento
10 400 x 1,05*
Qap Arrefecimento Factor
IEE nominal
de correcção [kgep/(m2.ano)]
Consumos energéticos
[kWh/ano] [kgep/ano]
61 700 1 021
0,57
0,3
17 893
0,89 9,3
Ventilação
112 600
32 654
1
19,1
Bombas
Qap
Iluminação
17 800
5 162
1
3,0
72 500 21 025 1
12,3
425 900 123 511 1
72,2
687 020
197 090
-
Equipamento
TOTAL
116,3
(*) considerado um acréscimo de 5% para contabilização das pontes térmicas lineares
desadregação dos consumos energéticos para a tipologia CallCenter
Donde resultou, como proposta à ADENE, um valor do IEE de referência para
CallCenter de 115 kgep/(m2.ano) e um
valor de S de 22. Tendo estes valores
sido aceites por aquela entidade.
Classe de eficiência energética
do edifício
O Consumo anual global de energia
primária do edifício para aquecimento,
arrefecimento e outros fins, calculado
com base nos equipamentos propostos
no projecto de execução é seguinte:
Consumos energéticos
[kWh/ano] [kgep/ano]
Tipos de
consumos
Qap Aquecimento
5 800 x 1,05*
Factor
IEE nominal
de correcção [kgep/(m2.ano)]
[-]
1 021
0,57
0,3
120 800 35 032
0,89 9,4
Ventilação
60 200
17 458
1
5,2
Bombas
Qap
Iluminação
Interior
28 400
8 236
1
2,5
91 600 23 664 1
7,1
496 100 143 869 1
43,3
37 109 10 761
1
3,2
830 030
240 787
Qap Arrefecimento Equipamento
Iluminação
exterior
TOTAL
-
71,0
(*) considerado um acréscimo de 5% para contabilização das pontes térmicas lineares
desadregação dos consumos energéticos o edifício
Classe Energética
Resultando numa Classe de Eficiência
Energética B, para o novo edifício do
Call Center da PT em Santo Tirso.
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IEE nom (kgep/m2.ano)
IEE nom = 71,0 kgep/m2.ano
A+
IEEnom ≤ IEEref – 0,75.S
… ≤ 62,0
A
IEEref – 0,75.S < IEEnom ≤ IEEref – 0,5.S
62,0 < … ≤ 68,6
B
IEEref – 0,5.S < IEEnom ≤ IEEref – 0,25.S
68,6 < 71,0 ≤ 75,1
B-
IEEref – 0,25.S < IEEnom ≤ IEEref
75,1< … ≤81,7
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