Caracterização fitoquímica em acesso de maniçoba

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Caracterização fitoquímica em acesso de maniçoba (Manihot spp.)
Kleitiane Balduino da Silva1, Divan Soares da Silva2, Alberício Pereira de Andrade2, Mailson Monteiro do
Rêgo3, Janieire Dorlamis Cordeiro Bezerra4, Ariosvaldo Nunes de Medeiros2
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Mestranda - programa de Pós-graduação em zootecnia, UFPB, Areia, Paraíba, Brasil. Bolsista da CAPES. Email: [email protected]
Professor do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia UFPB. Bolsista Produtividade CNPq .
Professor Adjunto - III, do Departamento de Ciências Biológicas do Centro de Ciências Agrárias da UFPB. Bolsista PQ do CNPq
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Doutoranda - Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia/UFPB, Areia, Paraíba Brasil, Bolsista do CNPq
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Resumo: A maniçoba (Manihot spp.) é uma Euphorbiaceae conhecida por apresentar metabólitos secundários
que atuam contra estresses bióticos e abióticos. Além disso, é uma forrageira muito utilizada na região semiárida
na alimentação animal. O objetivo do trabalho foi caracterizar os principais grupos de metabólitos secundários
presentes na maniçoba em diferentes estádios de maturação da planta, oriundos do banco de germoplasma
pertencente à Universidade Federal da Paraíba (UFPB). No estudo foram utilizados extratos etanólicos brutos
dos diferentes estádios de maturação (jovem, madura e senescente). Dos testes preliminares realizados para a
identificação das principais classes (alcaloides, esteroides, taninos, flavonoides, e saponinas), foi detectada a
ausência de alcaloides e presença das demais classes em todos os estádios de maturação. Os esteroides
diminuiram sua intensidade de acordo com o amadurecimento da planta. A presença de tanino pelo método de
sais de ferro detectou presença máxima nos diferentes estádios. Os flavonoides apresentaram melhor intensidade
pelo método de Taubouk. A intensidade da saponina aumentou com o amadurecimento da planta. Os resultados
do perfil fitoquímico indicam haver diferença entre os diferentes estádios de maturação.
Palavras-chave: estádio de maturação, euforbiácea, forrageira, metabólitos secundários
Phytochemical characterization in maniçoba access (Manihot spp.)
Abstract: Maniçoba (Manihot spp.) Is a Euphorbiaceae known for introducing secondary metabolites that act
against biotic and abiotic stresses. Moreover, it is a forage widely used in semi-arid region in animal feed. The
objective was to characterize the main groups of secondary metabolites present in the plant maniçoba in different
stages of maturation, derived from the germplasm bank belongs to the Federal University of Paraíba (UFPB).
For the study, crude ethanol extracts from different maturation stages (young, mature and senescent).
Preliminary tests to identify the main classes (alkaloids, steroids, tannins, flavonoids, and saponins), the absence
of alkaloids and the presence of other classes in all stages of maturation was detected. Steroids decreased in
intensity according to the maturity of the plant. The presence of tannin by iron salts method detected maximum
presence in different stages. Flavonoids showed better intensity by Taubouk method. The intensity of saponin
increased with the maturity of the plant. The results of the phytochemical profile indicate difference between of
the different maturation stages.
Keywords: maturation stage, euforbiácea, forage, secondary metabolites
Introdução
Das diversas espécies encontradas na caatinga que pode ser explorada como forragem, destaca-se a
maniçoba (Manihot spp.), pertencente à família Euphorbiaceae. Considerada um recurso forrageiro de boa
qualidade, podendo ser cultivada de forma sistemática, com o objetivo de aumentar a oferta de forragem durante
o período de carência de alimentos (BELTRÃO et al., 2006).
O estudo dos metabólitos secundários em espécies forrageiras adaptadas aos estresses bióticos e
abióticos cada vez mais vem ganhando destaque. Estes compostos são conhecidos por desempenharem funções
importantes na adaptação das plantas aos seus ambientes e também representam uma fonte importante de
substâncias farmacologicamente ativas. A maniçoba por apresentar uma grande quantidade de compostos
químicos presentes em sua composição, existe a necessidade de saber quais estádios esses compostos se
apresentam com maior intensidade. Assim, o objetivo desse trabalho foi caracterizar os principais grupos de
metabólitos secundários presentes na maniçoba (Manihot spp.), nos diferentes estádios de maturação da planta.
Material e Métodos
Na pesquisa foram utilizados diferentes estádios de maturação de maniçoba, coletadas no Banco Ativo
de Germoplasma (BAG) pertencente ao Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal da Paraíba (CCA/UFPB), Campus II – Areia, PB.
As amostras foram coletadas no período da manhã, após a coleta o material foi identificado e colocado
para secar no sol por 2 horas das 08:00 às 10:00 horas da manhã em seguida transportados para uma sala que
permaneceu na sombra para terminar a desidratação, posteriormente foram transportadas para o Laboratório de
Análise de Alimentos e Nutrição Animal- LAANA, pertencente a UFPB onde foram feita a moagem em moinho
Wiley, usando peneiras de 1mm para a determinacões dos metabólitos secundários.
Para identificar a presença de compostos secundários as amostras foram transportadas para o
Laboratório de Tecnologia Farmacêutica CCS/UFPB, onde foi obtido o estrato etanólico bruto para realização do
screening fitoquímico para avaliar a presença (+) ou ausência (-) de alcaloides, esteroides, saponinas,
flavonoides e taninos, sendo a abundância expressa pela quantidade de sinais. Utilizou-se, aproximadamente, 1g
das amostras, para as análise de determinação dos metabólitos secundários de acordo com (MATOS, 2009).
Os alcaloides foram detectados pelo método de precipitação, usando-se os reativos de Bouchardat (A),
Mayer (B), Dragendorf (C) e Bertrand ou ácido sílico-túngstico (D). Os esteroides foram detectados pela reação
de Liebermann-Burchard. Os taninos pelos métodos de precipitação com sais de ferro e gelatina. Os flavonoides
detectados pelas reações de Shinoda e Taubouk. As saponinas pela agitação do extrato aquoso com formação de
espuma persistente (DESOTI et al., 2011).
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos na triagem fotoquímica de extrato etanólico bruto da maniçoba, encontram-se na
Tabela 1. Dos testes preliminares realizados para a identificação das principais classes (alcaloides, esteroides,
taninos, flavonoides, e saponinas) presente nos diferentes estádios de maturação, foi detectado a ausência de
alcaloides e presença das demais classes, cuja suas intensidades variaram de acordo com o estádio de maturação
da planta.
Tabela 1. Perfil fitoquímico de extrato bruto etanólico de maniçoba (Manihot spp.) em diferentes estádios de
maturação
Alcalóides
Esteróides
Taninos
Flavonóides
Saponina
(LiebermannEstádios de
A B C D
Gelatina FeCl3
FitaFluorescência
Burchard)
Maturação
0,5%
magnésio
(Taubouk)
2%
Espuma
(Shinoda)
Acesso 02
Jovem
-
-
-
-
+++
++
+++
++
+++
+
Madura
- - ++
++
+++
++
+++
+
Senescente
- - ++
++
+++
++
++
++
Legenda: (A) Bouchardat, (B) Maye, (C) Dragendorf, (D) Bertrand ou ácido sílico-túngstico; “+++” (intensidade
alta), “++” (intensidade média), “+” (intensidade baixa), “-” (reação negativa)
Os resultados do perfil fitoquímico indicaram que a intensidade dos esteroides e flavonoides
diminuíram de acordo com o amadurecimento da planta, principalmente pelo método de Taubouk nos
flavonoides. Conforme Slimestad (1998), os tecidos mais novos, geralmente, apresentam maiores taxas
biossintéticas de metabólitos, como os flavonóides. A idade e o desenvolvimento da planta também podem
influenciar na proporção desses componentes.
A presença de tanino pelo método de sais de ferro detectou intensidade máxima nos diferentes estádios
de maturação, mostrando que este composto químico está presente em todos os estádios da maniçoba. A
intensidade da saponina aumentou com o amadurecimento da planta, evidenciando que este composto apresentase com maior intensidade nos estádios mais avançados.
Possivelmente, a produção de metabólitos secundários pode estar restrita a um estágio específico do
desenvolvimento do vegetal ou a determinadas condições ambientais. Além disso, poderá encontrar diferenças
no perfil metabólito entre espécies e até mesmo dentro da mesma espécie. Os fatores que contribuem para essa
diferença são fatores como sazonalidade, temperatura, idade da planta, disponibilidade hídrica, bem como o
desenvolvimento do vegetal, fatores que podem influenciar a concentração dos metabólitos produzidos, isolados
ou associados uns aos outros (GOBBO-NETO e LOPES, 2007). Provavelmente alguns destes fatores tenham
causado interferência no teor de compostos químicos para este estudo.
Conclusões
Todos os estádios de maturação da maniçoba apresentaram positividade para as classes de metabólitos
estudados, variando com o amadurecimento da planta, com exceção dos alcaloides.
Referências
BELTRÃO, F. A. S.; FELIX, L. P.; SILVA, D. S. da; Beltrão, A. E. S.; LAMOCA-ZARATE, R. M.
Morfometria de acessos de maniçoba (Manihot pseudoglaziovii Pax & Hoffm.) e de duas espécies afins de
interesse forrageiro. Revista Caatinga, v.19, n.2, p.103-111, 2006.
DESOTI, V.C.; MALDANER, C.L.; CARLETTO, M.S.; HEINZ, A.A.; COELHO, M.S.; PIATI, D. TIUMAN,
T.S. Triagem fitoquímica e avaliação das atividades antimicrobiana e citotóxica de plantas medicinais nativas da
região oeste do estado do Paraná. Arquivos de Ciência da Saúde da UNIPAR, v.15, n.1, p.3-13, 2011.
MATOS, F.J.A. Introdução à fitoquímica experimental. 3. ed. Fortaleza: EdUFC, 2009. 150p.
SLIMESTAD, R. Amount of flavonols and stilbenes during needle development of Picea abies; variations
between provenances. Biochem. Syst. Ecol., v. 26, p. 225-238, 1998.
GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos
secundários. Quim. Nova, v. 30, n. 2, p. 374-381, 2007.
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