Revista de Modelagem na Educação Matemática 2010, Vol. 1, No. 1, 1-1 Realidade. Possivelmente seja este o termo que melhor explique, classifique e justifique a Revista de Modelagem na Educação Matemática. Realidade por agora existir, mesmo que em ambiente virtual. Realidade por entendermos que a Revista é fruto de uma demanda por parte dos educadores matemáticos, em especial por aqueles que cultivam com maior afeto a modelagem matemática. Realidade, por ser este o campo de experiência da modelagem matemática. Parafraseando Bicudo, a realidade desta Revista foi construída, foi criada e foi percebida. O número é composto por cinco artigos esmerados. Ecléticos em suas abordagens e congruentes em seus fins. Trazem teoria, fazem teoria e constroem conhecimento. Cada um segue um caminho, ou talvez, faz um caminho. Pouco importa. Felizmente, todos parecem buscar um mesmo destino. Fazer educação matemática de qualidade por meio da modelagem matemática. A ordem poderia ser qualquer, até porque os artigos aduzidos primaram por nível, consistência e rigor. Estabelecer concretamente a ordem com que o leitor se deve deleitar deles seria no mínimo uma impostura. Assim, aceitem a sugestão ou façam as “suas gestões”. Iniciamos com o artigo de Maria Queiroga, intitulado: Realidade: uma aproximação através da modelagem matemática. O texto discute aspectos epistemológicos da modelagem. A professora deixa claro que a realidade não é matemática o que implica em compreender que descrevê-la matematicamente constitui uma das inúmeras possibilidades de conhecê-la. Dionísio Burak traz no segundo artigo: Modelagem Matemática sob um olhar de educação matemática e suas implicações para a construção do conhecimento matemático em sala de aula, contribuições para o campo da modelagem matemática relativas ao ensino e a aprendizagem. Traz à consideração, elementos da educação matemática a partir do modelo do Tetraedro de Higginson, sob a visão de duas vertentes da filosofia das ciências. A saber, o racionalismo crítico de Popper e a teoria crítica de Adorno. Em seqüência, Lourdes Maria Werle de Almeida traz o artigo: Perspectiva educacional e perspectiva cognitivista para a modelagem matemática: um estudo media por representações semióticas, que parece “conversar” entre suas partes, ou seja, em mesmo tempo que se sustenta na teoria, o texto segue para as formas de registros de representação, usando para isso a “dinâmica da nupcialidade”. Ambientados agora com a nova Revista, chega a vez de Alexandrina Monteiro, com o texto: Práticas de consumo e modelagem matemática: implicações curriculares. Texto leve, moderno e instigante. A pesquisadora nos traz o cotidiano escolar, dos seus imediatismos, das serventias. Enfim, nos traz a realidade. Por último e não menos importante, Pedro Augusto Pereira Borges em seu texto: Modelos em diferentes linguagens sobre análise de custos e lucros. Em linguagem direta o autor apresenta um generoso número de propostas em forma de modelos, a que ele se refere de: específicos, específicos com resultados e modelos algébricos. É sem dúvida uma incursão bastante bem organizada e delimitada das possibilidades que a modelagem matemática tem em contribuir em cenários cotidianos da economia do dia-a-dia. Merleau-Ponty ensinou: para pensar a própria ciência com rigor, para apreciar exatamente seu sentido, é preciso despertar a experiência do mundo da qual ela é a expressão segunda. Cremos que conseguimos neste número inicial da Revista de Modelagem na Educação Matemática despertar para a realidade. Boa leitura. Nelson Hein, Dr.Eng.