"armadilhas e artefatos em pet/ct utilizando fdg18 f".

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Armadilhas e Artefatos em PET/CT utilizando FDG-18 F
Pitfalls and Artifacts in PET/CT using 18F-FDG
Rosana Vicente
Biomédica pós-graduada no curso de especialização em Tomografia Computadorizada e
Medicina Nuclear do Instituto Cimas de Ensino, São Paulo, Brasil.
Endereço para correspondência:
Rua Jorge Jones, 45 – São Miguel Paulista
08030-720 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 2035-5762 Cel.: (11) 9380-8859
E-mail: [email protected]
Orientação: Profª Ana Claudia M. Silva
São Paulo, 2012
RESUMO
PET/CT (Tomografia por Emissão de Pósitrons) é uma modalidade de diagnóstico por imagem
do setor de Medicina Nuclear que permite a detecção precoce de diferentes tipos de câncer (CA)
e/ou metástases. Esta técnica permite detectar alterações funcionais, metabólicas e bioquímicas
em órgãos ou tecidos, sendo utilizado como um traçador radioativo a fluordeoxiglicose marcado
com flúor (FDG-18F), um análogo da glicose que indica as possíveis alterações. A união do PET
com a CT resultou em imagens simultâneas do metabolismo e da anatomia, gerando um grande
avanço mundial nas áreas da medicina moderna, particularmente a oncologia. A interpretação
correta das imagens exige grandes conhecimentos da distribuição fisiológica do FDG-18F, das
suas variáveis e causas de captação patológica. Todas as técnicas de diagnóstico por imagem
geram algumas armadilhas e artefatos que limitam sua acurácia. O PET combinado com a CT
trouxe melhorias no desempenho desta modalidade, porém também apresenta suas próprias
armadilhas e artefatos. Estes artefatos podem ser evitados com protocolos adequados de imagem
e atenção na preparação dos pacientes. Este artigo propõe revisar e ilustrar algumas armadilhas
e artefatos mais comuns na técnica de diagnóstico PET/CT, com o objetivo da execução correta
dos procedimentos e protocolos para que resultem em imagens com maior qualidade.
Unitermos: PET/CT; Armadilhas; Artefatos; Qualidade da Imagem; FDG-18F; Dose.
ABSTRACT
PET/CT (Positron Emission Tomography) is a form of diagnostic imaging in nuclear medicine
industry that allows early detection of different types of cancer (CA) and or metastases. This
technique allows the detection of functional, metabolic and biochemical changes in organs or
tissues, and is used as a radioactive tracer to fluordeoxiglicose labeled with fluorine (18F-FDG),
a glucose analogue that indicates the possible changes. The combination of PET with CT
images resulted in simultaneous metabolism and anatomy, creating a world breakthrough in the
areas of modern medicine, particularly oncology. The correct interpretation of images requires
extensive knowledge of the physiologic distribution of 18F-FDG, its variables and causes of
pathological uptake. All imaging techniques generate some pitfalls and artifacts that limit its
accuracy. PET combined with CT has improved the performance of this modality, but also has
its own pitfalls and artifacts. These artifacts can be avoided with appropriate imaging protocols
and care in the preparation of patients. This article aims to review and illustrate some common
pitfalls and artifacts in the art diagnostic PET/CT, with the goal of implementing the correct
procedures and protocols that result in higher quality images.
Keywords: PET/CT; Traps; Artifacts; Image Quality; 18F-FDG; Dose.
INTRODUÇÃO
Na década de 80 a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) foi introduzido na
comunidade médica, promovendo inúmeros avanços na prática clínica oncológica. Em 2001 o
PET sofreu grandes avanços tecnológicos com a incorporação da CT (Tomografia
Computadorizada), tornando-se um método de diagnóstico ainda mais completo por sinalizar as
alterações metabólicas, funcionais e anatômicas em um único exame (1).
A técnica de PET/CT usa na maioria dos estudos clínicos e das condutas clínicas,
análogo da glicose e/ou aminoácidos radiomarcados, por exemplo: carbono-11, nitrogênio-13,
oxigênio-15 e fluoreto-18
(2)
. Dentre esses o fluordeoxiglicose marcado com o flúor (FDG-18F),
é considerado padrão ouro na clínica médica, pois os tumores malignos apresentam alto
metabolismo glicolítico e alta afinidade pela glicose, sendo consumida pelas células ativas
indicando a função metabólica tecidual (3).
A formação da imagem na técnica de PET/CT é baseada na detecção de pósitrons
detectados por câmaras de cintilação especiais (4).
Com o advento das técnicas de Tomografia Computadorizada acoplada ao PET/CT,
surgiram muitas armadilhas e artefatos específicos e cada vez mais evidentes
(5)
, tornando-se
essenciais estudos e precauções sobre os artefatos gerados por esta técnica, possibilitando assim
um adequado preparo dos pacientes e da realização dos exames, de forma que a interpretação
correta dos resultados seja alcançada (6).
Por esta técnica ser de real importância atualmente na oncologia e destes artefatos e
armadilhas poderem comprometer na interpretação e qualidade dos resultados, este artigo possui
o objetivo de descrever e ilustrar métodos para minimizar as causas destes artefatos e
armadilhas.
PET/CT
O equipamento de PET/CT é constituído por três componentes principais: PET scanner,
CT scanner disposto em paralelo e uma cama que se desloca no eixo destes scanners. Os
detectores estão localizados dentro do gantry, operando separadamente. Quando o paciente é
posicionado na cama, primeiro ele é submetido à Tomografia Computadorizada e em seguida ao
PET scan. As imagens captadas pelos detectores são transmitidas para os computadores e
fundidas por softwares específicos (7, 8).
O PET/CT está revolucionando grandes áreas da medicina moderna, particularmente a
oncologia que está distinguindo processos malignos de benignos, integrando informações
funcionais (PET) e estruturais (CT) através da fusão destas imagens em um único exame
(9)
;
porém está técnica ainda apresenta uma limitação na resolução anatômica quando comparada
com a CT e uma dificuldade na identificação nos focos patológicos de hiperatividade
metabólica em regiões anatômicas próximas aos órgãos com captação do FDG-18F, como por
exemplo: os rins e o estômago (10). As imagens de PET detectam a lesão metabólica ativa, porém
a localização exata da lesão só é possível através da fusão com a CT. A fusão das imagens
permite uma localização precisa anatomicamente da estrutura patológica, aumentando
significativamente a precisão diagnóstica (4).
O recurso da CT aumenta a precisão diagnóstica dos exames de PET em 98%,
resultando significativamente no diagnóstico precoce, estadiamento, monitoramento e no
tratamento das lesões malignas
(3, 11)
, proporcionando também correção de atenuação das
imagens. Estes benefícios proporcionaram a técnica de PET/CT uma modalidade de excelência
nas imagens, entretanto o uso da CT na correção de atenuação apresenta o inconveniente de
produzir artefatos específicos da CT nas imagens finais (9).
PREPARO DO PACIENTE
A qualidade das imagens de PET/CT depende de um rigoroso preparo do paciente
iniciando na véspera do exame, para que artefato e erro de interpretação na imagem minimize
(2)
.
O paciente deve seguir uma dieta
(2)
, evitar exercícios físicos extenuantes por 24 horas
que antecedem o exame (2, 10) e deve permanecer em jejum de 4 a 6 horas antes da administração
do FDG-18F, para que os níveis plasmáticos de insulina estejam baixos, reduzindo a captação do
radiotraçador em gordura, músculos e coração (Figura 1) (12, 13, 14).
Figura 1 – Imagem demonstra paciente fora do preparo, após o paciente ter consumido carboidratos. As
setas indicam captação excessiva do radiotraçador pelos músculos (15).
Pacientes diabéticos precisam estar em jejum e não necessitam suspender o uso de
medicamentos
(13, 15)
. A glicemia de todos os pacientes devem ser monitoradas antes da
administração da FDG-18F, que preferencialmente deve estar menor que 150 ou até 200 mg/dl (14,
15)
. Se o paciente diabético apresentar glicemia maior que 200 mg/dL, é recomendado a
realização do exame em outro dia, pois a administração da insulina levará a diminuição da
captação do FDG-18F pelas lesões tumorais (10).
O paciente deve ser aconselhado a comparecer no dia do exame com roupas
confortáveis e quentes, evitando exposição ao frio, o que diminui a contração muscular e a
captação do FDG-18F na musculatura e a ativação de gordura marrom (15).
É realizado uma anamnese com o paciente no dia do exame, detalhando toda a sua
história clínica
(16)
, intervenções recentes, cirurgias, se está realizando quimioterapia e/ou
radioterapia; todas as informações radiológicas devem ser revistas. O pedido médico deve
incluir o(s) motivo(s) da solicitação do estudo de PET/CT e, em certas circunstâncias, um
exame físico limitado é solicitado para esclarecer alguns achados (17).
Após a administração do FDG-18F, o paciente permanece em um quarto adequado com
blindagem à prova de som, ambiente silencioso e escurecido por aproximadamente 60 minutos,
permanecendo em metabolismo basal até o momento do início da aquisição das imagens (4, 18).
AQUISIÇÃO DAS IMAGENS
A aquisição das imagens de PET/CT segue um protocolo: realização do scout para
localização da região a ser estudada, delimitando os locais de início e término da aquisição;
Aquisição da CT; Aquisição do PET (9, 13).
A formação da imagem no PET/CT ocorre através da aniquilação dos pósitrons emitidos
pelo radionuclídeo previamente administrado no paciente, com subsequente emissão de radiação
gama. Quando os pósitrons, elétrons positivos, ao atravessar o meio ambiente, colidem com
elétrons negativos e ambos se aniquilam dando origem a dois fótons de 511 keV de raios gamas
que propagam-se em sentidos opostos de 180º
(19, 20)
, esses raios são detectados no equipamento
de PET/CT através de cristais sensíveis a radiação dispostos em detectores que se localizam ao
longo de um anel, formando uma linha de respostas associados a circuitos eletrônicos de
coincidência
(20)
. Estes dados são transformados em coordenadas geométricas para cada evento
de aniquilação e são transmitidos através de softwares adequados para o computador (21).
DISTRIBUIÇÃO NORMAL DO FDG-18F E SUAS VARIÁVEIS
O FDG-18F atua como um análogo da glicose e segue de forma similar suas vias
metabólicas. Captações mais intensas ocorrem no cérebro, músculo cardíaco, sistema coletor e
bexiga (Figura 2) (14).
Figura 2: Imagens demonstram a biodistribuição normal da FDG-18F, as setas indicam os órgãos com
maior captação fisiológica do radiotraçador (fígado, miocárdio, intestino, bexiga, rins e esqueleto) (15).
Similar a glicose que é um açúcar o FDG-18F é metabolizado pelas células como
principal fonte de energia. As células tumorais demonstram maior consumo de glicose para o
seu metabolismo e multiplicação acelerada, comparado às células normais. A técnica de
PET/CT utiliza-se deste princípio para a captação das imagens determinando assim locais com
maior metabolismo da glicose (12, 13).
O cérebro apresenta alta captação de FDG-18F, especificamente no córtex e nos gânglios
da base, visto que a glicose é o principal substrato para o metabolismo cerebral (Figura 3) (12, 16).
Figura 3: Na imagem as setas indicam maior captação do FDG-18F permitindo a identificação precisa da
lesão (16).
Nos pulmões a captação do FDG-18F ocorre uma variação, apresentando maior captação
nos segmentos inferiores e posteriores, reduzindo a sensibilidade de detecção de lesões
(23)
. Na
área cardíaca a captação é variável, dependendo da disponibilidade do substrato, pois em
paciente em jejum que apresentam o nível de insulina baixo, o substrato que predomina é o
ácido graxo e o metabolismo da glicose é minimizado, apresentando menor captação do FDG 18
F (12, 14).
Nas áreas do fígado, baço e da medula óssea hematopoiética apresentam normalmente
baixo grau de captação do FDG-18F. Em condições normais o fígado apresenta maior atividade
(12, 14)
. Pacientes que foram submetidos à terapia de estimulação hematopoiética ou pacientes que
apresentam sangramento agudo podem apresentar um elevado grau de captação na medula óssea
(Figura 4) (14, 18).
Figura 4: As imagens demonstram intensa captação de FDG-18F pela medula óssea após paciente ter
realizado terapia de estimulação hematopoiética (setas) (18).
As áreas das tonsilas ou amígdalas faríngeas, palatinas e linguais apresentam captação
moderada do FDG-18F, especialmente nas adenoides em crianças, e nas amígdalas palatinas em
adultos jovens. A captação do timo é normalmente vista em crianças, adolescentes e jovens
adultos após quimioterapia em consequência do fenômeno de repercussão do timo
(24)
. As
glândulas salivares demonstram de baixa a moderada captação (21).
A glândula tireoide normal não apresenta captação de FDG-18F, podendo apresentar
captação de intensidade leve a moderada quando apresenta algum tipo de alteração patológica.
Se após a administração do FDG-18F o paciente degustar gomas de mascar ou permanecer
conversando, ocasionalmente ocorrerá captação do FDG-18F na região do pescoço e laringe
(Figura 5) (16, 25, 26).
A
B
Figura 5: Figura A demonstra imagem normal de paciente, porém após a administração do FDG -18F o
paciente permaneceu conversando onde apresentou intensa captação na musculatura da fonação (setas).
Na figura B demonstra captação do FDG-18F em paciente com processo patológico, tireoide de Hashimoto
(16)
.
A captação de FDG-18F no trato gastrointestinal é variável, normalmente é possível
verificar leves captações no esôfago; no estômago apresenta uma captação homogênea e
variável. Nota-se também uma pequena captação variável no intestino, geralmente de grau baixo
comparado ao cólon, onde a retenção pode variar de uma captação muita baixa até uma captação
intensa e difusa em sujeitos sem patologia do cólon. É comum observar atividade maior na
região do ceco e no reto sigmoide (10, 12, 16).
O trato urinário é mais uma fonte em potencial para artefatos nas imagens de PET/CT.
Ao contrário da glicose o FDG-18F não é reabsorvido pelos túbulos renais podendo ocasionar
focos de captação em qualquer segmento do trato urinário. Quando há suspeita de algum
processo patológico próximo desta região, recomenda-se a ingestão de no mínimo 2 copos de
água e o uso de diurético como a furosemida para minimizar a estase urinária, diminuindo assim
a captação do FDG-18F na região a ser estudada (Figura 6) (16).
Figura 6: Imagens demonstram captação do FDG-18F no ovário esquerdo (setas). Imagem obtida 1 hora
após a administração venosa de furosemida (2 horas após a administração do radiofármaco), a urina
radioativa está diluída na bexiga (16).
O endométrio e o ovário durante o período de ovulação apresentam captação do FDG18
F e também é observado captação no útero durante o período de menstruação. Em mulheres na
pré-menopausa a captação é variável e em mulheres menopausadas não há captação fisiológica
no útero (16, 27).
Os testículos podem apresentar atividade metabólica moderada, especialmente em
homens jovens
(28)
. A captação do FDG-18F nos músculos esqueléticos é variável. A realização
de atividade física 24 horas que antecedem o exame resulta em captação excessiva pelos
músculos e também em pacientes que não permaneceram relaxados após a administração do
FDG-18F
(14,16)
. Pacientes muito ansiosos que não conseguem relaxar é indicado a administração
oral de um relaxante muscular 30 minutos antes da administração do FDG-18F
(29)
. Um padrão
simétrico de atividade no pescoço, na região supraclavicular e paraespinhal pode ocorrer devido
à atividade de gordura marrom, podendo ser confundida com linfadenopatia maligna (Figura 7)
(16)
.
Figura 7: Figura A aquisição do exame de um paciente durante o inverno, apresentando hipercaptação do
FDG-18F em gordura marrom nas regiões supraclaviculares com extensão para as regiões cervicais e no
mediastino superior. Figura a direita, as áreas hipercaptantes correspondem a atenuação de gordura
marrom. Figura B a aquisição do exame foi realizado após 6 meses, em um dia quente, sem que o
paciente tivesse realizado qualquer tipo de tratamento, destacando ausência de captação de gordura
marrom (16).
A gordura marrom tem um importante papel na regulação térmica do organismo. É
visualizada mais frequentemente nos meses de inverno e em pacientes jovens, inclusive em
crianças com baixo índice de massa corporal (IMC). A gordura marrom pode ser visualizada
com menos frequência no mediastino e retroperitônio (12, 30). Uma medida muito utilizada para a
redução da gordura marrom é a administração de propranolol; um bloqueador β-adrenérgico
com ação vasoconstritora (16).
Com o advento da CT acoplada ao PET, interpretações incorretas relacionadas à
gordura marrom tornaram-se menos ratificáveis, sendo possível a correlação da atividade do
FDG-18F com as áreas de baixa densidade correspondentes a gordura marrom nas imagens da
CT (12).
ARTEFATOS ESPECÍFICOS RELACIONADOS A (CT)
A principal vantagem da CT acoplada ao PET é a fusão das imagens para a correção de
atenuação dos dados obtidos pelo PET. Após a conclusão da CT, os coeficientes de atenuação
correspondentes aos diferentes tipos de tecidos são mapeados para as suas respectivas energias
de PET (511 keV), gerando então um mapa de correção de atenuação
(9, 12)
. O tempo de
aquisição do exame de PET com a correção de atenuação pela CT reduziu em cerca de 40%,
apresentando imagens corrigidas, com menos ruído comparada com as imagens de PET
convencionais (8).
Os artefatos mais comuns vistos nas imagens de PET/CT ocorrem devido a utilização da
aquisição da CT para corrigir a atenuação dos dados de PET. Estes artefatos são devidos aos
(9,
31)
:
1) Implantes metálicos: próteses de quadril, cateteres de quimioterapia, restaurações de
amálgamas, entre outros, ocasionam artefatos na CT devido a alta densidade. Com o
aumento no coeficiente de absorção de fótons gera a um elevado coeficiente de
atenuação no exame de PET, ocasionando uma subestimação da atividade de FDG-18F
na região, podendo geral um falso positivo. Porém a maioria desses artefatos são
identificados e interpretados por comparação direta das imagens de PET corrigida e as
imagens da CT (32, 33) (Figura 8).
Figura 8: Imagem demonstra falso-positivo na região do implante do cateter para infusão
medicamental (setas) (16).
Antes de iniciar um exame de PET/CT, para evitar artefatos nas imagens, deve
solicitar para o paciente que retire todos os objetos metálicos. Para evitar que os
pacientes esqueçam de retirar algum objeto de metal é adequado que eles recebam uma
roupa específica para trocarem (2).
2) Respiração: durante o exame o movimento respiratório gera artefato devido a diferença
da posição do Tórax nas imagens da CT e do PET. Na CT a imagem é adquirida de
forma rápida resultando em apenas uma fase do ciclo respiratório. No PET a imagem é
adquirida enquanto o paciente respira normalmente, as imagens obtidas equivale a uma
média de vários episódios respiratórios. Na CT e no PET esta diferença de movimentos
respiratórios geram artefatos respiratórios na imagem final (9, 10, 29, 31) (Figura 9) (16):
Figura 9: Imagem ilustra artefato relacionado com o movimento respiratório, demonstrando o
deslocamento da porção do fígado para dentro do tórax (16).
Este artefato ocasiona um impacto profundo em pacientes com lesões no fígado,
devido ao movimento respiratório, a lesão hepática pode erroneamente aparecer na base
pulmonar, simulando um nódulo no pulmão, ou vice-versa. Rever as imagens da CT
geralmente é suficiente para confirmar que o registro incorreto das imagens ocorreu
durante a respiração (34).
3) Meios de Contraste: contrastes endovenosos ou orais, como por exemplo o Iodo e o
Sulfato de Bário são administrados nos pacientes para melhorar a qualidade das
imagens na CT, delineando os vasos e os tecidos moles, porém nas imagens do PET
afeta a precisão, semelhante aos implantes metálicos
(9, 10, 29)
. Os contrastes apresentam
alta densidade resultando em um aumento dos artefatos, devido à alta absorção dos
fótons; resulta também em elevados coeficientes de atenuação do PET, levando a uma
elevação na captação do FDG-18F, produzindo resultados falso-positivos (Figura 10) (16):
Figura 10: Interferência do contraste endovenoso. O artefato causado gera erro nas imagens de
PET com correção de atenuação, simulando captação focal, induzindo a uma interpretação
errônea de metástase em linfonodo mediastinal (16).
O artefato causado pelo contraste nas imagens de PET depende da concentração
administrada, distribuição, clareamento e do tempo entre a administração e o início da
aquisição das imagens
(9, 10)
. Este artefato pode ser evitado com técnicas de injeção
como, a administração de contraste seguido de flush de solução salina; utilização de
agentes de contraste oral negativo, como água ou sulfato de bário (35).
4) Truncamento: nos exames realizados no equipamento de PET dedicado, os pacientes
são, geralmente, posicionados com os braços paralelos ao corpo. Nos equipamentos de
PET/CT os pacientes são posicionados com os braços elevados para cima, ao lado da
cabeça, para evitar artefatos de truncamento (9, 19, 31) (Figura 11).
Figura 11: Imagem tomográfica (à esquerda) e metabólica de PET (à direita) realizadas com o
paciente posicionado com os braços para baixo o que levou a visualização do artefato de
truncamento. Demonstra a diferença de tamanho entre o FOV da CT e do PET e a qualidade das
imagens (15).
Os Artefatos de truncamento acontecem devido à diferença entre o tamanho do
campo de visão (Field of View - FOV) para o da CT (50 cm) e para o do PET (70 cm).
Estes artefatos geralmente ocorrem em pacientes obesos, ou em pacientes posicionados
com os braços para baixo, como em estudos de melanoma. Quando o paciente é
posicionado e alguma região fica fora do FOV, consequentemente esta região não estará
visível na reconstrução das imagens (9, 19, 31).
Ao posicionar o paciente ele deve estar confortável, pois no decorrer do exame ele pode
movimentar os braços, por mantê-los para cima por um longo período e estarem cansados.
Podem também mover a cabeça, especialmente quando eles adormecem durante o exame; por
esses motivos é importante manter o paciente confortável e sempre monitora-lo durante o
exame, evitando assim, artefatos de movimento (7).
FALSOS POSITIVOS NOS ESTUDOS ONCOLÓGICOS
Algumas patologias benignas podem captar o FDG-18F, induzindo a uma interpretação
falso-positiva. Dentre essas condições está o quadro de inflamação e infecção
(29)
. O FDG-18F
também é captado nos casos de fraturas agudas e em processo de consolidação, assim a
diferenciação de lesões ósseas metastáticas podem ser difíceis de interpretar (36, 37). Esta captação
deve ocorrer devido ao tecido de granulação e ao processo inflamatório que se associam as
fraturas durando em torno de três meses
(29)
. Outras patologias benignas esqueléticas podem
resultar em captação do FDG-18F, como por exemplo, na Doença de Paget, Displasia Fibrosa e
Osteomielite (29).
Diversas artropatias inflamatórias e degenerativas podem apresentar captação
significativa
de
FDG-18F,
especialmente
nas
articulações
acromioclaviculares,
esternoclaviculares e glenoumerais. Essas lesões podem produzir um padrão de captação
assimétrica e relativamente intensa que erroneamente pode ser interpretadas como lesões
tumorais ósseas primárias ou metastáticas. Os processos inflamatórios ou infecciosos associados
a uma infiltração tissular por leucócitos e macrófagos apresentam metabolismo glicolítico
aumentado e podem captar o FDG-18F (10).
FALSOS NEGATIVOS NOS ESTUDOS ONCOLÓGICOS
Apesar da captação homogênea do FDG-18F seja frequentemente vista na tireoide, sendo
usualmente associada à tireoidite auto-imune e hipertireoidismo, não é rara a captação
tireoidiana focal estar presente. Dessas captações cerca de 50% tendem a ser malignas. Sendo
assim, esses resultados não podem ser ignorados, exigindo investigação mais detalhada (29).
Existe uma série de tumores malignos que exibem pouca ou nenhuma captação de FDG18
F. Pequenas metástases pulmonares podem não aparecer devido a resolução do PET, podendo
piorar quando o paciente se movimenta durante o exame. Carcinoma de células
broncoalveolares exibe baixa atividade, podendo ser imperceptível (10).
Diferentes tumores como: Linfomas do Tecido Linfoide associados à mucosa; Linfoma
Linfocítico de pequenas células, alguns Tumores Neuroendócrinos, Carcinomas de células
renais e Metástases Cerebrais podem ser imperceptíveis, devido à baixa captação ou a atividade
de fundo (29).
Determinados tumores, como a maior parte das metástases cerebrais ou de carcinomas
uroteliais, são difíceis de serem detectados nas imagens de PET isoladas, por estarem em
regiões anatômicas com atividade metabólica de fundo aumentada. Outros tumores malignos
que de forma característica apresentam escassa captação de FDG-18F, são os que apresentam
importante componente necrótico e aqueles com degeneração mucinosa
(38)
. Os nódulos
pulmonares subcentimétricos, menores que 5 centímetros, podem não mostrar atividade
metabólica nas imagens de PET devido ao baixo poder de resolução espacial do PET (10).
SUV
O SUV (Standard Uptake Value), valor padronizado de captação, é uma medida semiquantitativa da captação de FDG-18F que pode ser determinada em qualquer ponto da imagem de
PET. O SUV é definido como a relação entre a concentração de FDG-18F nas lesões detectadas e
da atividade administrada, dividido pelo peso corporal do paciente. Este parâmetro tem um
papel importante para ajudar a discriminar uma lesão maligna (SUV alto) de uma resposta
inflamatória benigna (SUV baixo) (39).
O SUV de neoplasias malignas varia entre valores maiores que 2, podendo chegar a
valores como 20, modifica-se entre diferentes classes de neoplasias, como por exemplo, o
câncer de células não pequenas de pulmão possui SUV médio de 8.2, enquanto que o câncer de
mama tem um SUV médio de 3.2 (39).
RASTREAMENTO PÓS-TRATAMENTO
Para a avaliação da resposta terapêutica, ainda gera dúvidas quanto ao melhor momento
para realizar exames com FDG-18F, sendo após a quimioterapia ou a radioterapia. Após a
quimioterapia é possível gerar alterações nos tumores, onde a captação do FDG-18F pode ser
reduzida ou ausente por um período de até duas semanas, retornando ao normal após este
período. Essas alterações pode explicar a redução da sensibilidade da captação do FDG-18F após
a quimioterapia em alguns tipos de tumores (29).
É imprescindível a realização de mais estudos com diferentes tipos de tumores e seus
tratamentos, sendo indicado realizar o exame em pacientes que receberam de 1 a 2 ciclos de
quimioterapia com no mínimo 10 dias após o último tratamento (29).
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram realizados levantamentos bibliográficos referentes ao tema, utilizando como base
de dados:

PubMed

NCBI

Medline

Bireme - Biblioteca da Unifesp

Site: http://www.sciencedirect.com/

Site: http://bibliotecas.cnen.gov.br/
Limitou-se à pesquisa das armadilhas e artefatos em PET/CT com FDG-18F na
modalidade de diagnóstico por imagem, uma técnica do setor de Medicina Nuclear muito
utilizada.
CONCLUSÃO
A tecnologia de PET/CT é um método de diagnóstico por imagem que permite avaliar
com eficácia lesões malignas e metástases. Neste trabalho foram descritos as principais
armadilhas e artefatos que podem influenciar na correta interpretação das imagens em PET/CT.
A grande maioria dos erros de interpretação das imagens podem ser evitados, para isto
deve levar em consideração: os fatores técnicos da união da PET com a CT; os aspectos da
biodistribuição do radiofármaco; o correto preparo do paciente e a realização detalhada de uma
anamnese. Embora a técnica de PET/CT tenha seus próprios artefatos, em geral, sua grande
sensibilidade das imagens tem melhorado muito a interpretação das imagens, levando ao menor
número de falsos negativos, falsos relatos positivos e diagnósticos ambíguos, proporcionando
uma interpretação mais confiável e acurada nas imagens de PET, de CT e principalmente na
fusão destas imagens.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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