MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818) ALIMENTADOS COM DIFERENTES DIETAS CHARLLE ANDRERSON LIMA DE ALMEIDA 2014 1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA CHARLLE ANDRERSON LIMA DE ALMEIDA CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818) ALIMENTADOS COM DIFERENTES DIETAS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em zootecnia do Centro de Ciências Agrárias aplicadas da Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em zootecnia, linha de pesquisa em Alimentação e Nutrição Animal. Orientador: Prof. Dr. Jodnes Sobreira Vieira Co-orientador: Prof. Dr. Claudson Oliveira Brito São Cristóvão - SE 2014 2 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE A447c Almeida, Charlle Andrerson Lima de Caracterização do desenvolvimento embrionário e desempenho de pós-larvas de tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818) alimentados com diferentes dietas / Charlle Andrerson Lima de Almeida ; orientador Jodnes Sobreira Vieira. – São Cristóvão, 2014. 42 f. : il. Dissertação (mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Sergipe, 2014. 1. Zootecnia. 2. Peixe – Fecundidade. 3. Nutrição animal. 4. Tambaqui (Peixe) – Nutrição. 5. Larvas de peixes. I. Vieira, Jodnes Sobreira , orient. II. Título. CDU 636.98.084 3 CHARLLE ANDRERSON LIMA DE ALMEIDA CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818) ALIMENTADOS COM DIFERENTES DIETAS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em zootecnia do Centro de Ciências Agrárias aplicada da Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em zootecnia, linha de pesquisa em Alimentação e Nutrição Animal. Aprovada em: COMISSÃO EXAMINADORA: _________________________________________ Prof. Dr. Jodnes Sobreira Vieira Universidade Federal de Sergipe – UFS Orientador _________________________________________ Profa. Dra. Paula Gomes Rodrigues Universidade Federal de Sergipe – UFS _________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Yudi Fujimoto Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA – Tabuleiros Costeiros 4 Dedico à meus pais, Geraldo Alves de Almeida e Vera Lúcia Lima de Almeida 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por guiar meus passos. Aos meus amados pais, Geraldo Alves de Almeida e Vera Lúcia Lima de Almeida, pelo apoio e amor incondicionais, por sempre acreditarem na minha vitória, me apoiando e por fazerem todo o possível para que eu conquistasse os meus objetivos. Aos meus irmãos, Clay e Cherlle, pelo carinho e atenção sempre dispensados a mim, mesmo no momento de estresse e desespero. Aos meus sobrinhos que sempre trás alegria para casa. A toda a minha família, que sempre apoiou as minhas escolhas e me incentivou nessa caminhada. Aos meus amigos que sempre estavam dispostos a ouvir minhas angústias, lamentações e alegrias, em especial Sergio Lage e Josiane Nunes. Ao orientador Jodnes Sobreira Vieira e co-orientador Claudson Oliveira Brito, agradeço a confiança em mim depositada. A Jeff Cartaxo, Gicella e Thiago por toda ajuda nos momentos mais preciosos, muito obrigada. Aos companheiros do laboratório de nutrição, Jeff, Gicella, Kadja e Thiago sempre dispostos a quebrar meu galho. Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em zootecnia da UFS. A todos meus amigos que pude conhecer na Unidade de Aquicultura (UNIAQUA). Aos professores do Mestrado que compartilharam seus conhecimentos ajudando no meu crescimento profissional Ao Programa de Pós-Graduação em zootecnia pela oportunidade de realização do curso, crescimento pessoal e profissional. A todos aqueles que mesmo não tendo sido nominados tive a oportunidade de conviver nesses últimos dois anos e que muito contribuíram para que eu pudesse chegar até aqui. À CAPES pelo financiamento do projeto. Muito obrigada!!! 6 " A melhor de todas as coisas é aprender. O dinheiro pode ser perdido ou roubado, a saúde e força podem falhar, mas o que você dedicou a sua mente é seu para sempre." (Louis L. Amour) 7 Sumário 1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9 2 – REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 10 2.1 – Aquicultura brasileira ............................................................................ 10 2.2 – Tambaqui (Colossoma macropomum)............................................... 11 2.3 – Desenvolvimento embrionário ......................................................... 12 2.4 – Larvicultura ...................................................................................... 13 2.5 – Branchoneta (Dendrocephalus brasiliensis)............................... 14 2.6– Cisto de Artemia salina descapsulado ....................................... 15 2.7 – Leite em Pó ................................................................................ 16 2.8 – Proteína da clara do ovo......................................................... 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 18 3 – ARTIGOS APRESENTADOS SEGUNDO AS NORMAS DA REVISTA BRASILEIRA DE SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL ................................................. 56 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO TAMBAQUI, (COLOSSOMA MACROPOMUM, CUVIER, 1818) ............................................................................ 25 RESUMO .......................................................................................................... 25 ABSTRACT .................................................................................................... 26 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 26 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................... 27 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 32 UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES DIETAS NA PRIMEIRA ALIMENTAÇÃO DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum, CUVIER, 1818) ...................................... 35 RESUMO .......................................................................................................... 35 ABSTRACT .................................................................................................... 36 7 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 36 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................... 37 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 42 ANEXO 8 1 – INTRODUÇÃO A aquicultura é uma atividade de produção que vem crescendo nos últimos anos em todo o mundo, no Brasil, o excelente avanço da piscicultura é o reflexo de suas dimensões continentais, da presença de grande quantidade de água doce e clima favorável, além disso, o Brasil apresenta grande quantidade de espécies nativas com potencial para a aquicultura (MEURER et al., 2009). Apesar dos avanços, a piscicultura tem seu potencial de crescimento reduzido, sendo um dos entraves para esta falta de crescimento é o pouco conhecimento biológico das espécies nativas de valor comercial (GODINHO, 2007). A crescente produção nacional de pescado, aliada a necessidade de maior disponibilidade de juvenis, torna a larvicultura um desafio para pesquisadores e produtores que vem tentando aumentar a produção de animais saudáveis para a subsequente fase do ciclo de produção (LUZ & PORTELLA, 2005). As espécies nativas de peixes de piracema apresentam alta mortalidade nas primeiras fases do desenvolvimento embrionário e larval, o que torna importante estudar a ontogenia das espécies de interesse comercial (MACIEL, 2006). Entre os fatores que influenciam a larvicultura, a alimentação é considerada como um dos mais importantes atuando diretamente sobre o desempenho, sobrevivência e crescimento dos peixes (DIEMER et al ., 2010). A alimentação deficiente pode ocasionar grandes taxas de mortalidades nas fases inicias de vida, contudo, esse problema pode ser minimizado, quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada espécie (DIEMER et al ., 2012). Desta forma, a necessidade de desenvolver tecnologias que viabilizem a produção de espécies nativas em regime intensivo são desafios a serem vencidos pelos aquicultores e pesquisadores ligados ao setor, sendo assim, para que aquicultura possa atender à demanda crescente de pescado, todos os setores produtivos ligados a ela devem estar sincronizados, no entanto, um desses setores, a larvicultura e produção de juvenis, ainda apresentam 9 deficiências tecnológicas que dificultam o aumento da produção de pós-larvas e juvenis de várias espécies (ATENCIO-GARCIA e ZANIBONI FILHO et al., 2006; GANDRA, 2010). Nesse setor uma das principais deficiências é a falta de conhecimentos sobre a biologia alimentar de muitas espécies de interesse econômico, o que ocasiona altas taxas de mortalidade das fases iniciais de vida dos peixes, frequentemente porque a alimentação não supre as necessidades nutricionais das larvas, ocasionando baixos índices de produtividade (LANDINES-PARRA, 2003, PORTELLA & DABROWSKI, 2008). 2 – REVISÃO DE LITERATURA 2.1 – Aquicultura brasileira O Brasil produz mais de um milhão de toneladas de pescado por ano, segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura, o setor gera cerca de 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos e emprega, atualmente cerca de 800 mil profissionais entre pescadores e aquicultores (FAO, 2013). O potencial de crescimento pode tornar o Brasil um dos maiores produtores mundiais de pescado, isso porque têm condições extremamente favoráveis para o incremento da produção, como clima favorável, inúmeras espécies, grandes bacias hidrográficas (FAO, 2013). No país, a aquicultura tem sido um instrumento de inclusão social, possibilitando a participação no processo de produção do pescado cultivado de comunidades indígenas e tradicionais, assentados da reforma agrária, pescadores e pequenos produtores rurais (FAO, 2013). A aquicultura brasileira está se desenvolvendo modestamente, quando comparada a outras partes do mundo, que ocupam um lugar de destaque como produtos de exportação por excelência (FAO, 2013). Isto se dá, principalmente, em consequência da falta de uma política setorial que priorize linhas de apoio governamental a produção e, além disso, há necessidade de uma definição das alternativas de maior impacto socioeconômicos, com vistas ao aproveitamento das potencialidades naturais de cada região (CAMARGO & POUEY, 2005). A produção de pescado do Brasil, para o ano de 2011, foi de 1.431.974,4 toneladas (t), registrando um acréscimo de 13,2% em relação a 2010, quando foram produzidas 1.264.765 t de pescado. A pesca extrativa 10 marinha continuou sendo a principal fonte de produção de pescado nacional, sendo responsável por 553.670,0 t (38,7%do total de pescado), seguida, sucessivamente, pela aquicultura continental (544.490,0 t; 38,0%), pesca extrativa continental (249.600,2 t; 17,4%) e aquicultura marinha (84.214,3 t; ~6%), (MPA, 2013). A região nordeste no ano de 2011, com a pesca extrativa e aquicultura obteve a maior produção de pescado do país, com 454.216,9 t, respondendo por 31,7% da produção nacional (MPA, 2013). Na análise da produção nacional de pescado por Unidade da Federação para o ano de 2011, o estado de Sergipe foi responsável por 11.679,7 t, respondendo a 2,6% da produção de pescado no nordeste apresentando uma redução em relação ao produzido em 2010 que foi de 13.111,9 toneladas (MPA, 2013). 2.2 – Tambaqui (Colossoma macropomum) O tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1818), é uma espécie nativa das bacias dos rios Amazonas e Orinoco. Devido ao destaque nacional que esta espécie vem obtendo nos últimos anos, o tambaqui tem despertado o interesse de diversos setores no Brasil seja da iniciativa privada ou governamental (RESENDE, 2009). Esta espécie tem despertado interesse de pesquisadores e produtores devido a sua alta adaptação ao cativeiro, rápido crescimento, fácil aceitação de alimento artificial e elevado valor comercial de sua carne (MENDONÇA et al., 2009). Entre as espécies nativas de água doce, a produção de tambaqui com 54 toneladas/ano representa a maior produção na aquicultura brasileira, superado somente pelas espécies exóticas, tilápia (Oreochromis niloticus) com 155 toneladas e carpa (Cyprinus carpio) com 94 toneladas (MPA, 2013). A produção comercial do tambaqui vem crescendo cada vez mais no Brasil sendo cultivado em quase todas as regiões da federação e vários são os cuidados relacionados ao cultivo desta espécie, principalmente nos estágios iniciais de seu desenvolvimento, larvicultura e alevinagem (AFFONSO et al., 2009). Apesar dos esforços, esta espécie não possui um pacote tecnológico definido, ainda falta muito para que esse objetivo seja concretizado. As 11 tecnologias de produção existentes são baseadas em experiências práticas de acompanhamento de pisciculturas, aliadas ao baixo número de informações científicas existentes sobre a criação dessa espécie (IZEL e MELO, 2004; CAVERO et al., 2009; BARROS et al., 2011). Desta forma, são necessárias informações que venham incrementar as tecnologias de produção existentes com a finalidade da formação de um pacote tecnológico para o tambaqui. 2.3 – Desenvolvimento embrionário O desenvolvimento embrionário em peixes fornece informações a respeito da morfologia na cronologia dos eventos durante o processo de desenvolvimento inicial, podendo servir de informações a pesquisas tanto para a piscicultura comercial quanto para a conservação de espécies ameaçadas (PERINI et al., 2009). O desenvolvimento embrionário é um processo complexo que exige o conhecimento da ontogenia dos peixes e contribui para o aporte de informações a respeito da biologia, morfologia e fisiologia (FAUSTINO et al., 2011). Para laboratórios de piscicultura, estudos da ontogenia inicial são de extrema importância para determinação dos eventos relacionados à fertilização, eclosão, e abertura de boca, sem os quais seria difícil determinar a eficiência do processo reprodutivo e o momento de fornecimento de alimento às larvas (HONJI et al., 2012). As variações no desenvolvimento embrionário podem ser reduzidas quando se busca atingir as condições ambientais favoráveis para cada espécie, porém é difícil anular todos os fatores que influenciam essas variações, como qualidade físico-química da água e condições climáticas, sempre ocorrendo diferenças no desenvolvimento gonadal e embrionário (NINHAUS-SILVEIRA et al., 2006). A necessidade de conhecer o desenvolvimento embrionário e larval de peixes permite a identificação temporal da morfologia no processo de formação de um novo organismo, o qual auxilia no manejo da incubação e da produção de larvas (VALBUENA et al., 2012). 12 O tempo decorrente do desenvolvimento embrionário varia de acordo com a espécie, tamanho do ovo e com a temperatura da água, espécies que realizam migração, com desova total, com fecundação externa e que não realizam cuidado parental possuem ovos menores, fecundação maior e embriogênese mais rápida (GODINHO, 2007). A fase de embrião em peixes é considerada como o período entre a fertilização e a eclosão, sendo seguida pela de larva, pós – larva e alevino (GODINHO, 2007). Os principais estádios que envolvem o desenvolvimento embrionário são: zigoto, clivagem, blástula, gástrula, segmentação e organogênese, larval e eclosão (NINHAUS-SILVEIRA et al., 2006). Estes estádios podem ser representados por outras nomenclaturas dependendo da especificidade do estudo, ou da referência utilizada pelo autor, havendo adição ou supressão de etapas, como os relatos de Faustino et al., (2010a) que acrescenta o estádio de mórula antes do estádio de blástula, e a segmentação é dividida em histogênese e organogênese. O sucesso da produção de peixes depende do conhecimento das fases iniciais de desenvolvimento, que permite uma produção em massa para que a espécie seja sistematicamente comercializada (FAUSTINO et al., 2010a). 2.4 – Larvicultura A crescente produção nacional e a necessidade de maior disponibilidade de juvenis torna a larvicultura um desafio para pesquisadores e produtores que vem buscando aumentar a produção de animais saudáveis e aprimorar as técnicas de manejo para a subsequente fase do ciclo de produção (LUZ e PORTELLA, 2005; GODINHO, 2007). O processo embriogênico inicia-se quando o ovócito e fertilizado pelo espermatozoide através da micrópila e, então, ha uma reorganização dos elementos constituintes dos ovos (FAUSTINO et al., 2010b). A partir da fertilização, na fase de zigoto, iniciam-se movimentos citoplasmáticos em direção ao pólo animal para formação do blastodisco. Oposto ao pólo animal, o pólo vegetal se forma com densos grânulos de vitelo (HONJI et al., 2012). Uma camada de citoplasma cortical está presente neste estádio, cuja função é 13 elevar a camada de córion, encontrada na camada externa do embrião (FAUSTINO et al., 2010a). Os aspectos morfológicos relacionados à nutrição de peixes com potencialidade comercial são de extrema importância, principalmente nas fases iniciais do seu ciclo de vida, uma vez que a falta de informações da morfologia e fisiologia digestiva pode levar ao manejo nutricional inadequado podendo comprometer de maneira negativa o desempenho destes animais em cativeiro (MACIEL et al., 2009). A fase de larvicultura ainda é considerada um dos obstáculos para a criação intensiva de peixes devido às dificuldades relacionadas à alimentação e nutrição das larvas, como o desconhecimento da qualidade e quantidade adequadas do alimento a ser fornecido, refletindo nas taxas de sobrevivência e posterior qualidade dos juvenis produzidos (PEDREIRA et al., 2008; CONCEIÇÃO et al., 2009). O conhecimento do período inicial da alimentação exógena torna-se essencial para um melhor manejo em cativeiro, pois a mudança para a alimentação exógena sinaliza que as larvas já possuem estruturas morfológicas adequadas para a captura e ingestão do alimento, aumentando suas chances de sobrevivência (FERREIRA et al., 2009). O esgotamento do vitelo das larvas é considerado como um período crítico, em que ocorrem as mais altas mortalidades nas diversas espécies de peixes (KAMLER, 2008). Pesquisas demonstraram que o atraso da primeira alimentação em larvas de peixes afeta negativamente o comportamento alimentar (PEÑA & DUMAS, 2005), as condições nutricionais (GISBERT et al., 2004), o crescimento (SHAN et al., 2009), as taxas de sobrevivência (SHAN et al., 2008; ZHANG et al., 2009) e a diferenciação de órgãos (XIONG et al., 2006). 2.5 – Branchoneta (Dendrocephalus brasiliensis) As larvas necessitam de alimentos de alta qualidade nutricional para atender suas exigências e com um tamanho adequado a sua boca (ZANANDREA, 2010). Estes alimentos podem ser alimentos vivos (náuplios, larvas, zooplâncton ou larvas de outros peixes), líquido, encapsulado, biomassa 14 congelada ou ração balanceada, entretanto o alimento vivo vem mostrando maior eficácia há décadas (LOPES et al., 2007). Os microorganismos, que compõem os alimentos vivos, como o caso da Artemia sp., Dendrocephalus brasiliensis, outros microcrustáceos e algumas microalgas, possuem alto valor nutritivo, suprindo as exigências nutricionais das larvas de crustáceos e peixes de cultivo (SORGELOOS e LÉGER, 1992). Em busca de alternativas, surge como potencial para uso como alimento vivo um microcrustáceo de água doce da ordem Anostraca, a Dendrocephalus brasiliensis, popularmente conhecida como branchoneta, camarãozinho ou artêmia de água doce. Este microcrustáceo possui um ciclo reprodutivo bastante curto, é de fácil obtenção, forma cistos e apresenta grande atratividade, podendo ser mais uma importante fonte alternativa de alimento de larvas e alevinos das diversas espécies de peixes carnívoros, pois possui valores proteicos similares e/ou superiores aos de outros organismos vivos utilizados em grande escala na larvicultura mundial (LOPES et al., 1998). A branchoneta habita tipicamente lagoas temporárias de água doce, ambientes que apresentem um período com água e outro de seca, sendo comumente encontrados no nordeste do Brasil e norte da Argentina (MAI et al., 2008). Apresentando um ciclo de vida de aproximadamente 80 dias e uma variação de tamanho ao longo da vida bem grande, podem chegar até 30 mm quando cultivada sob condições adequadas (LOPES, 2007). Para a produção de biomassa, D. brasiliensis tem grande potencial para ser utilizado com vantagem sobre a A. salina, uma vez que esses animais podem atingir 25mm de comprimento ou mais, enquanto que as espécies de Artemia podem chegar a 11mm (LOPES et al., 1998). Além disso, trata-se de um organismo dulcícola de fácil cultivo em tanques de piscicultura e imensa atratividade para larvas, juvenis e adultos de peixes (LOPES et al., 1998). No entanto, são necessárias pesquisas que estabeleçam critérios para utilização racional e responsável dessa espécie como alimento vivo para organismos utilizados atualmente na aquicultura nacional e em programas de reconstituição faunística. 2.6 – Cisto de Artemia salina descapsulado 15 Para muitas espécies de peixes os alimentos vivos promovem melhores resultados em termos de crescimento e sobrevivência do que dietas artificiais (DABROWSKI, 1984). Cistos de Artemia descapsulados foram testados com sucesso para larvicultura de bagre Africano (VERRETH et al., 1987; PECTOR et al., 1994) e carpa comum (VANHAECKE et al., 1990). O valor nutricional de cistos descapsulados pode está ligado à qualidade do descapsulamento e os procedimentos de secagem subsequentes (GARCÍA-ORTEGA et al., 1998). A produção diária de náuplios de Artemia é trabalhosa, cara e geralmente requer instalações especificas para ultrapassar estes inconvenientes operacionais, o uso de cistos de Artemia pode oferecer uma alternativa viável. Os cistos têm um escudo de córion constituído de lipoproteínas, quitina e hematina (GARCÍA-ORTEGA et al., 1998). O tamanho da partícula dos cistos são pequenas (200-250 µm) é adequado para larvicultura de peixe e, após o camada não digerível ser quimicamente removida antes da alimentação ser fornecida, cistos descapsulados pode ser tratado como uma dieta inerte (VANHAECKE et al., 1990). Após o processo de descapsulação, os cistos podem ser facilmente utilizados (cistos fresco) ou desidratados em solução salina para armazenagem (cistos de salmoura), ou sujeitos a um processo de secagem para o armazenamento de longo prazo (os cistos secos) (VANHAECKE et al., 1990). 2.7 – Leite em Pó O uso dos alimentos como veículo de promoção do bem-estar e saúde e, ao mesmo tempo, como redutor dos riscos de algumas doenças, tem incentivado as pesquisas de novos componentes naturais e o desenvolvimento de novos ingredientes, possibilitando a inovação em produtos alimentícios e a criação de novos nichos de mercado (MATSUBARA, 2001). O leite em pó é um alimento complexo que apresenta um alto valor nutritivo, sendo composto por: água, carboidratos (basicamente lactose), gorduras, proteínas (principalmente caseína), minerais e vitaminas em diferentes estados de dispersão (FRANCO, 2007). 16 A mais comum fonte de lactose é o leite em pó, contendo 70% de lactose, e também o leite desnatado em pó, contendo 50% de lactose, sendo considerado um alimento que fornece proteína de alta qualidade (JUNQUEIRA et al., 2008). De acordo com Xu et al., (2000), dietas com produtos lácteos além de alta digestibilidade pode estimular o crescimento e maturação tecidual do trato gastrintestinal e reparar a mucosa injuriada. Apesar de ser considerado um alimento completo, o leite não possui quantidade suficiente de ferro e vitamina D para atender as exigências de uma nutrição completa (TORRES et al, 2000). 2.8 – Proteínas da Clara do Ovo A clara é uma fonte natural de proteínas de interesse tecnológico de reconhecido valor nutricional e biológico. A lisozima (3,5 % do total de proteínas da clara) tem propriedades antibactericidas e é usada amplamente na preservação de alimentos e na indústria farmacêutica. A conalbumina (13 % do total de proteínas da clara) é uma glicoproteína com atuação no transporte do ferro e de ampla atividade antimicrobiana. A ovoalbumina (54 % do total de proteínas da clara) é uma glicoproteína com propriedades de coagulação e gelificação (VACCHIER et al., 1995; AWADE et al., 1994). A clara do ovo pode ser considerada um sistema que consiste de numerosas proteínas globulares numa solução aquosa (MINE, 1995; VADEHRA e NATH, 1973). A clara de ovos é uma fonte natural de proteínas com alto valor nutricional e biológico. Entre estas, a lisozima a conalbumina e a ovoalbumina apresentam particular importância devido ao elevado valor nutricional e funcional (ROJAS et al., 2006). A clara do ovo vem despertando amplo interesse no desenvolvimento de novas técnicas para sua separação e purificação visando manter suas características funcionais inalteradas (ROJAS et al., 2006). O potencial para aplicações tecnológicas destas proteínas tem estimulado o aparecimento de novas metodologias, para sua separação e purificação. A adsorção foi aplicada, em escala de laboratório, para a purificação das proteínas da clara do 17 ovo por LEVISON et al., (1992), AWADE et al., (1994), VACCHIER et al., (1995) e CROGUENNEC et al., (2000). Muitos procedimentos para purificação destas proteínas foram desenvolvidos para estudar e, em alguns casos para usar, a atividade biológica das proteínas da clara do ovo. As purificações foram principalmente conduzidas em cromatografia líquida devido à ausência de desnaturação da proteína e à alta seletividade (GUÉRIN-DUBIARD et al., 2005). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFFONSO, E. G.; BARROS, F. P.; BRASIL, E. M.; TAVARES-DIAS, M.; ONO, E. A. Indicadores fisiológicos de estresse em peixes expostos ao peróxido de hidrogênio (H202). In: TAVARES-DIAS, M. (Org.). Manejo e sanidade de peixes em cultivo. Embrapa Amapá: Macapá, p. 346-360. 2009. ATENCIO-GARCIA, V.; ZANIBONI-FILHO, E. El canibalismo en la larvicultura de peces. Revista MVZ Córdoba, v.11, n. 1, p. 9-19, 2006. AWADE, A. C., MOREAU, S., MOLLE, D., BRULÉ, G. and MAUBOIS, J. L. Two-step chromatographic procedure for the purification of hen egg white ovomucin, ovotransferrin and ovalbumin ad characterization of purified proteins. Journal of Cromatography A, v. 677, p. 279-288, 1994. BARROS, A. F.; MARTINS, M. I. E. G.; SOUZA, O. M.. 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Com 87 MAF, foi observado o estágio de mórula, caracterizada pela presença de mais de 64 blastômeros. Foi observado com 140 MAF, a fase de blástula, caracterizada por apresentar forma de cúpula acima da massa do vitelo. Na fase de gástrula, pode ser visualizado o movimento de epibolia das células embrionárias, observado com 167 MAF, quando aproximadamente 30% do vitelo foi recoberto. Com 292 MAF havia cerca de 80 a 90% de epibolia e com 325 MAF, foi observado o final do movimento, que se completou com a formação de uma porção denominada de tampão vitelínico. No início da fase de histogênese e organogênese, com 370 MAF, notou-se o desenvolvimento das regiões cefálica, caudal e desenvolvimento dos primeiros somitos. A vesícula óptica tornou se mais evidente 440 MAF, ocorrendo simultaneamente ao aumento no número de somitos. A cauda demonstrou-se parcialmente desprendida do saco vitelínico aos 550 MAF. O embrião apresentou movimento de natação dentro da membrana coriônica até o momento em que a larva eclodiu e tornou-se livre. A eclosão das larvas ocorreu 774 MAF (12h54min), o equivalente há 360 horas-grau. Palavras-chave: fertilização, larva, peixe, vitelo. 25 SUMMARY The objective of monitoring the embryonic development of the tambaqui (Colossoma macropomum) through induced reproduction. Embryonic development presented the following sequence of events, (minutes after fertilization-MAF) when incubated at 28, 7 0 C. The five MAF, the cytoplasm became more evident in the animal pole, forming a disc of cytoplasm, highlighting an increase in perivitelline space. The cleavagens occurred between 25 and 60 MAF. With 87 MAF, it was observed the morula stage, characterized by the presence of more than 64 blastomeres. Was observed with 140 MAF, the blastula stage, characterized by presenting dome above the mass of the yolk. At gastrula stage, can be viewed epibolia movement of embryonic cells, observed with 167 MAF, when approximately 30% of the yolk was covered. With 292 MAF had around 80 to 90% of epibolia and with 325 MAF, it was observed the end of the movement, which was completed with the formation of a portion called yolk plug. At the beginning of the Histogenesis and organogenesis, with 370 MAF, noted the development of cephalic regions, tail and development of the first somitos. The optic vesicle became more obvious MAF 440, occurring simultaneously with the increase in the number of somitos. The tail has been partially disengaged from the vitelline sac to 550 MAF. The embryo has swimming movement inside the chorionic membrane until the moment in which the larvae broke out and became free. Hatching of larvae occurred 774 MAF (12:54h), the equivalent for 360 hours-degree. Keywords: Fertilization, fish, larvae, yolk. INTRODUÇÃO O Brasil possui grande potencial hídrico e climático para aquicultura, bem como, a fauna mais rica em peixes do globo terrestre, sendo enquadrado como um dos países mais promissores para a expansão desta atividade (BUZOLLO et al., 2011). O tambaqui (Colossoma macropomum) é uma espécie de alto potencial produtivo pelo fato de apresentar boa aceitação de ração artificial, crescimento rápido e resistência ao manuseio. Além disso, o tambaqui é uma das espécies de peixe que possui alto valor comercial e grande importância econômica e social na América Latina (SILVA et al., 2007). A produção comercial do tambaqui vem crescendo cada vez mais no Brasil e vários são os cuidados relacionados ao cultivo dessa espécie, principalmente nos estágios iniciais de seu desenvolvimento, larvicultura e alevinagem (AFFONSO et al., 2009). Reynalte-Tataje et al., (2004) e Ninhaus-Silveira et al., (2006) relataram que a descrição dos estágios embrionários em teleósteos traz informações necessárias para a produção 26 em grande escala de peixes em laboratório, além de contribuir com a sistemática e inventário ambiental. Segundo Maciel (2006), pesquisas sobre o estudo do desenvolvimento embrionário de peixes têm fornecido dados às pesquisas de grande repercussão e inovação no meio científico, pois gera informações básicas necessárias para a identificação de possíveis alterações do padrão do desenvolvimento, qualidade e viabilidade dos embriões causados pela aplicação de novas tecnologias, como a utilização de sêmen criopreservado. Diante destas considerações, este estudo teve como objetivo acompanhar o desenvolvimento embrionário do tambaqui (Colossoma macropomum). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros do Betume da (CODEVASF 4ª/CIB), localizada no perímetro irrigado de Betume, no município de Neópolis-SE, de 02 a 04 de abril de 2013. Os animais utilizados no experimento foram obtidos no plantel do próprio centro. Para minimizar o estresse da manipulação, os animais foram sedados mediante imersão em tanque contendo óleo de cravo (Eugenol) diluído em álcool absoluto 1:10:1000 (eugenol:álcool:água) segundo protocolo da própria empresa. Para a reprodução induzida foi seguido o protocolo de reprodução da empresa, onde a fêmea recebeu tratamento hormonal com duas doses de acetato de buserelina, sendo a primeira de 0,20 µL/kg de peso vivo, e a segunda de 0,50 µL/kg de peso vivo, com intervalo de 07h30min entre as aplicações. No macho foi administrada dose única de 0,08 µL/kg de peso vivo simultaneamente à segunda aplicação da fêmea. Para evitar a liberação dos ovócitos de forma espontânea no tanque realizou-se uma sutura sobre abertura urogenital da fêmea e, 09h20min após a segunda dose hormonal foi realizada a coleta dos gametas. Após a extrusão, os ovócitos foram acondicionados em bacias plásticas e, em seguida, foram misturados com sêmen. Posteriormente, foram acrescentados 1.000mL de água do tanque (28,4°C), que foi homogeneizado suavemente e permaneceram por cinco minutos para a ativação dos espermatozoides e hidratação dos ovos. O momento da adição da água foi anotado e considerado como início da fertilização (tempo zero). Após a hidratação, os ovos foram transferidos para incubadoras cônicas de fibra de vidro, com capacidade de 250 litros. 27 Para o acompanhamento do desenvolvimento embrionário, amostras de ovos foram periodicamente removidas das incubadoras com auxílio de uma pipeta graduada, depositadas em lâmina milimetrada. Na primeira hora após a fertilização, as observações foram feitas a cada 10 minutos, e posteriormente a cada 30 minutos, até a eclosão dos ovos. As observações e as capturas das imagens foram realizadas em estereomicroscópio trinocular TZM – 2 LED OPTIKA, acoplado à câmera digital Motic Moticam 2500. A câmera digital foi programada para capturar as imagens de 30 em 30 segundos até a eclosão das larvas. Para este estudo, foi utilizada a classificação de Faustino et al., (2011) ou seja, a expressão “ovócito” refere-se ao gameta feminino, antes da fertilização. O termo “ovo” referiu se aos estágios compreendidos entre a fertilização até o final da gastrulação, quando então ocorre a formação do eixo embrionário passando a ser denominado "embrião". A denominação “larva” foi utilizada desde o momento da eclosão até a absorção total do vitelo. RESULTADOS E DISCUSSÃO O desenvolvimento embrionário de tambaqui apresentou as sequências de eventos, expressos em (minutos após a fertilização - MAF). Quando incubados a temperatura média de 28,7±0,5 0C, foi observado que aos cinco MAF, o citoplasma tornou mais evidente no polo animal, formando um disco de citoplasma conhecido como blastodisco, disposto sob uma porção rica em vitelo no polo vegetal, destacando um aumento do espaço perivitelínico (Fig. 1A). Estes eventos também foram observados em ovos de piracanjuba (B. orbignyanus), por REYNALTÉ-TATAJE et al.,(2004) e em ovos de tambaqui (Colossoma macropomum), por LEITE et al., (2013) após 10 minutos de fertilização com a temperatura de 25,0 0C e 27,5 0C respectivamente, e por VALBUENA-VILLARREAL et al., (2012) em ovos de capaz (Pimelodus Grosskopffi) após 15 minutos de fertilização com temperatura de 27±1,0 0C. As clivagens ocorreram entre 25 e 60 MAF, dividindo o polo animal de 4 a 8 blastômeros, Fig. 1B e 1C de igual tamanho que, em seguida, sofreram divisão formando 16 blastômeros, e assim sucessivamente até a formação de 32 células (Fig. 1D e1E). Os eventos iniciais das clivagens corroboram com os resultados observados por SIVIDANES et al., (2012), que trabalharam com ovos de jundiá Rhamdia voulezi, com temperatura de 27,0 ± 0,5 0C e SIVIDANES, et al., (2013), incubaram ovos de piau vermelho Leporinus copelandii com temperatura da água de 27,7±0,8 0C. Resultados 28 semelhantes foram observados por NEUMANN, (2008) com incubação de ovos de Brycon spp., os quais sofreram clivajem com 20 minutos e temperaturas da água de 27,9 ± 0,8 0C e por LEITE et al., (2013), que incubaram ovos de tambaqui com temperatura de 27,5 0C, onde as clivagens ocorreram com 20 minutos. Devido o aumento da segmentação celular, foi observado uma diminuição gradativa no tamanho dos blastômeros, o que foi observado em outros experimentos, corroborando os relatos de LEITE et al., (2013) e MARQUES et al., (2008). Por isso, a partir dessa fase, não foi possível quantificar o número de blastômeros. Posteriormente, com 87 MAF, foi observado o estágio de mórula, caracterizada pela presença de mais de 64 blastômeros. A Fig. 1F mostra a mórula em seu estágio final, em que os blastômeros formaram um maciço celular semelhante a uma “meia amora”. Resultados semelhantes foram encontrados por Faustino et al., (2010), onde observaram os estágios de mórula em híbridos de surubim (Pseudoplatystoma spp.), após 90 minutos após a fertilização e temperatura entre 27 e 29 0C. Neumann (2008) e SIVIDANES et al., (2013) relataram que o estágio de mórula para Brycon spp., e piau vermelho (Leporinus copellandii) foi observado, respectivamente após 90 minutos, com a temperatura da água de 27,9 ± 0,8oC e 92 minutos, com a temperatura de 27,7±0,8°C. Foi observado com 140 MAF o estágio de blástula, que se caracteriza por apresentar forma de cúpula acima da massa do vitelo Fig. 1G. Esse formato é resultante da primeira clivagem no sentido horizontal, dividindo o embrião em duas camadas de células com uma cavidade entre elas chamada de blastocele (SALMITO-VANDERLEY e SANTANA, 2010). Resultados semelhantes foram encontrados por (SIVIDANES, et al., 2012), que verificaram a fase de blástula em jundiá Rhamdia voulezi, aos 128 minutos após fertilização com temperatura de 27,0 ± 0,5o C, (BUZOLLO et al., (2011) observaram a formação da blástula em mandi amarelo (Pimelodus maculatus) aos 120 a minutos temperatura de 29 oC, SIVIDANES et al., (2013), observaram a fase de blástula com 112 minutos após a fertilização para piau vermelho (Leporinus copelandii) com temperatura de 27,7±0,8°C. Na fase de gástrula, pode ser visualizado o movimento de epibolia das células embrionárias, as quais realizaram um movimento de divergência (epibolia) do pólo animal em direção ao pólo vegetativo. O início desta fase foi observado com 167 MAF, quando aproximadamente 30% do vitelo foi recoberto Fig. 1H. Com 206 MAF, visualizou-se 50% de epibolia (meia-gástrula - Fig. 1I, aos 292 MAF, cerca de 80 a 90% de epibolia Fig. 1J e, com 325 MAF, o final do movimento, que se completou com a 29 formação de uma porção de vitelo não recoberta pelo blastoderme após os movimentos celulares, denominada de tampão vitelínico Fig. 1K. (SIVIDANES et al., (2012), observaram o início da gástrula no jundiá (Rhamdia voulezi), aos 172 minutos após fertilização com temperatura de 27,0 ± 0,5o C. Resultados semelhantes com tetra-neon (Paracheirodon axelrodi) foram verificados por (ANJOS e ANJOS, 2006), que verificou o processo de gastrulação com 180 minutos após a fertilização com temperatura de 26,0 ± 1,0 0C. (SIVIDANES et al., (2012b), observaram em carpa prateada (Hypophthalmichthys molitrix), 80% da epibolia formada com 461 minutos após fertilização e 90% da epibolia com 552 minutos após fertilização com temperatura de 24,07 ± 0,23 0C. Também foi relatado por (DE ALEXANDRE et al., (2010) com matrinxã (Brycon cephalus) onde observou 90% da epibolia com 360 minutos após fertilização com temperatura de 26.8 0C. A sequencia de eventos também foi relatado por (LEITE et al., 2013) com tambaqui (Colossoma macropomum) onde a epibolia alcançou 50% da região vitelínica com 180 minutos após a fertilização é a gástrula final ou fechamento do blastóporo com 240 minutos após fertilização e temperatura de 27,5 0 C. Neumann (2008) estudando o desenvolvimento embrionário de (Brycon spp.), observou que 50% da gástrula estava formada em 270 minutos e após fertilização gastrulação final foi observada com 390 minutos após fecundação e temperatura de 27 0 C ± 1. No início da fase de histogênese e organogênese, com 370 MAF, notou-se o desenvolvimento das regiões cefálica, caudal e desenvolvimento dos primeiros somitos Fig. 1L. Resultados semelhantes foram encontrados por Buzollo et al., (2011) onde notou esses desenvolvimentos em mandi amarelo (Pimelodus maculatus) aos 360 minutos e temperatura de 29 0C. LEITE et al., (2013), relatou esses desenvolvimentos com 420 minutos após fertilização trabalhando com tambaqui (Colossoma macropomum) temperatura de 27,5 0C. DE ALEXANDRE et al., (2010), observaram esses desenvolvimentos em com matrinxã (Brycon cephalus) com 420 minutos após fertilização e temperatura de 26.8 0C. A vesícula óptica tornou se mais evidente 440 MAF, ocorrendo simultaneamente ao aumento no número de somitos Fig. 1M. Nessa fase, a cauda do embrião apresentou-se completamente aderida ao saco vitelínico. Resultados também foram observados por DE ALEXANDRE et al., (2010) e LEITE et al., (2013), onde observaram esses desenvolvimentos em com matrinxã (Brycon cephalus) com 420 minutos após fertilização e temperatura de 26,8 0C e com tambaqui (Colossoma macropomum) onde a 30 vesícula óptica evidenciou-se com 480 minutos após fertilização e temperatura de 27,5 0 C respectivamente. VALBUENA-VILLARREAL et al., (2012), observaram a formação da vesícula óptica em híbridos de capaz (Pimelodus grosskopfii.), com 510 minutos após fertilização e temperatura de 27±1,0 0C. Quando a cauda demonstrou-se parcialmente desprendida do saco vitelínico 550 MAF, foi observada a expansão do saco de vitelo na zona caudal, acompanhando o formato larval Fig. 1N. Resultados semelhantes foram observados por LEITE et al., (2013), relataram esses eventos com 570 minutos após fertilização com tambaqui (Colossoma macropomum) temperatura de 27,5 0C e FAUSTINO et al., (2010), em híbridos de Pseudoplatystoma spp., após 540 minutos após a fertilização e temperatura entre 27 e 29 0C. (DE ALEXANDRE et al., 2010), observaram em matrixã (Brycon cephalus) com 480 minutos após fertilização e temperatura de 26,8 0C. Também foi observado por (FAUSTINO et al., 2011) com Brycon gouldingi onde o desprendimento parcial da cauda ocorreu com 660 minutos após fertilização e temperatura de 26,4 ± 1,12 0C. O tempo decorrente do desenvolvimento embrionário varia de acordo com a espécie, tamanho do ovo e com a temperatura da água. Espécies que realizam migração, com desova total, com fecundação externa e que não realizam cuidado parental possuem ovos menores, fecundação maior e embriogênese mais rápida (GODINHO, 2007). Os movimentos se tornaram mais intensos à medida que a cauda soltava-se do saco vitelínico Fig. 1O. O embrião apresentou movimento de natação dentro da membrana coriônica, até o momento em que a larva eclodiu e tornou-se livre Fig. 1P. A eclosão das larvas ocorreu 774 MAF (12h54min), o equivalente há 360 horas-grau. LEITE et al., (2013), observaram com tambaqui (Colossoma macropomum) resultados semelhantes onde essas movimentações ocorreram e 780 minutos após fertilização ocorreu sua eclosão com temperatura de 27,5 0C. BUZOLLO et al., (2011) relatam em mandi amarelo (Pimelodus maculatus) movimentação constante para ruptura da membrana coriônica aos 780 minutos (temperatura de 29 oC). DE ALEXANDRE et al., (2010), observaram movimentos de natação fortes, essenciais para quebrar o córione em seguida a eclosão em matrixã (Brycon cephalus) com 660 minutos após fertilização e temperatura de 26.8 0C. (FAUSTINO et al., 2010), observaram a eclosão em híbridos de Pseudoplatystoma spp., entre 780 e 840 minutos após a fertilização e temperatura entre 27 e 29 0C. 31 Figura 1. Fases do desenvolvimento embrionário de C. macropomum. (A) destaca-se o aumento do espaço perivitelínico (↔); (B e C) dividindo o pólo animal de 4 a 8 blastômeros, (células embrionárias) respectivamente; (D e E) divisão formando 16 e 32 blastômeros; (F) fase de mórula, caracterizada pela presença de mais de 64 blastômeros; (G) fase de blástula, caracterizada por apresentar forma de cúpula acima da massa do vitelo; (H) fase de gástrula, pôde-se visualizar o movimento de epibolia das células embrionárias; (I) visualizou-se 50% de epibolia (meia-gástrula); (J) visualização de cerca de 80 a 90% de epibolia; (K) formação de uma porção de vitelo denominada de tampão vitelínico; (L) desenvolvimento das regiões cefálica (CE), caudal (CA) e dos primeiros somitos (retângulo); (M) evidencia da vesícula óptica (op) e aumento do número de somitos (retângulo); (N) cauda parcialmente desprendida do saco vitelínico (→); (O e P) larvas eclodidas. Por meio deste presente trabalho foi possível observar e registrar os principais estágios do desenvolvimento embrionário do tambaqui Colossoma macropomum, contribuindo dessa forma para o melhor conhecimento da biologia desta espécie. Na temperatura de incubação de 28,7 ± 0,5 0C a eclosão das larvas ocorreu após 12 horas e 54 minutos ou 370 horas-grau. REFERÊNCIAS AFFONSO, E. G.; BARROS, F. P.; BRASIL, E. M.; TAVARES-DIAS, M.; ONO, E. A. Indicadores fisiológicos de estresse em peixes expostos ao peróxido de hidrogênio 32 (H202). In: TAVARES-DIAS, M. (Org.). Manejo e sanidade de peixes em cultivo. Embrapa Amapá: Macapá, p. 346-360. 2009. ANJOS, H. D. B.; ANJOS, C. R. Biologia reprodutiva e desenvolvimento embrionário e larval do cardinal tetra, Paracheirodon axelrodi, Schultz, 1956 (Characiformes: Characidae), em laboratório. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, v. 32, n.2, p. 151-166. 2006. 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Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado, composto de quatro tratamentos e quatro repetições. Os alimentos avaliados foram pasta de branchoneta; leite em pó; albumina; cistos de Artêmia salina descapsulados. As larvas de tambaqui alimentadas com cistos de Artêmia salina descapsulados, apresentaram comprimento superior ao observado nos demais tratamentos. As larvas alimentadas com albumina apresentaram comprimento inferior ao registrado com cistos de Artêmia salina descapsulados, porém esse comprimento foi superior ao obtido nos tratamentos com leite em pó e pasta de branchoneta, nos quais as larvas apresentaram o menor comprimento. O resultado do comprimento foi inferior no tratamento com leite em pó isso foi relacionado com o valor proteico do leite que foi de (9% de proteína em uma porção de 26g) sendo bem inferior aos demais tratamentos, mas esse resultado foi superior ao tratamento com pasta de branchoneta que tem um valor proteico bem superior, isso deve está relacionado a forma com que a branchoneta foi fornecida na forma de pasta não se tornando muito atrativa para larvas de tambaqui. O tratamento com cisto de Artêmia salina descapsulados demonstrou ser bastante eficiente nas variáveis peso, comprimento e taxa sobrevivência, desta forma essa dieta pode ser utilizada na alimentação de pós-larva de tambaqui. Palavras-chave: albumina, artemia, branchoneta, leite em pó, nutrição, peixe 35 SUMMARY This study was conducted to assess the development of postlarvae of tambaqui (Colossoma macropomum) fed with different diets. Tambaqui 6,000 larvae were used, with total length of 5.70 ± 0.2894 mm and initial average weight of 0.0012±0.0010 mg and kept hatched in incubators tapered cylinder model of twelve 25 liters and 4 of 75 liters in storage density of 10 larvae/L. Was used a completely randomized design composed of four treatments and four replicates. The foods evaluated: were branchoneta folder; powdered milk; albumin; cysts of Artemia salina descapsulated. Tambaqui larvae fed cysts of Artemia salina descapsulated with showed higher length observed in the other treatments. The larvae fed with albumin showed length less than the registered with brine shrimp cysts Artemia salina descapsulated, however this length was higher than that obtained in the treatments with powdered milk and branchoneta folder, where the larvae showed the smallest length. The result of the length was less than in the treatment with powdered milk that was related to the protein value of milk that was (9% in a serving of protein 26 g) being lower than the other treatments, but this result was superior to treatment with branchoneta folder that has a far superior protein value, it must be related to how the branchoneta was provided in the form of folder not becoming very attractive to larvae of tambaqui. Treatment with cysts of Artemia salina descapsulated proved to be very efficient in the variables weight, length and survival rate in this way this diet can be used for the feeding of transition of tambaqui. Keywords: albumin, artemia, branchoneta, powdered milk, nutrition, fish INTRODUÇÃO A aquicultura é uma atividade de produção que vem crescendo nos últimos anos em todo o mundo. No Brasil, o excelente incremento da piscicultura é o reflexo de suas dimensões continentais, da presença de grande quantidade de água doce, de clima favorável e grande quantidade de espécies nativas com potencial para a aquicultura (MEURER et al., 2009). Apesar dos avanços, a piscicultura tem seu potencial de crescimento reduzido, sendo um dos entraves para este crescimento o pouco conhecimento biológico das espécies nativas de valor comercial (GODINHO, 2007). O tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1818), é uma espécie nativa das bacias dos rios Amazonas e Orinoco. Devido o destaque nacional que esta espécie vem obtendo nos últimos anos, o tambaqui tem despertado o interesse de diversos setores no Brasil seja da iniciativa privada ou governamental (RESENDE, 2009). Esta espécie tem despertado interesse de pesquisadores e produtores devido a sua adaptação ao cativeiro, 36 rápido crescimento, fácil aceitação de alimento artificial e elevado valor comercial de sua carne (MENDONÇA et al., 2009). Entre os fatores que influenciaram a larvicultura, a alimentação é considerada como um dos mais importante, pois atua diretamente sobre o desempenho, sobrevivência e crescimento dos peixes, desta forma a alimentação deficiente é uma das principais causas de mortalidade nas fases inicias de vida; contudo, esse problema pode ser minimizado, quando alimento apropriado são fornecidos para cada espécie (DIEMER et al ., 2012). A crescente produção nacional, aliada a grande necessidade de maior disponibilidade de juvenis, torna a larvicultura um desafio para pesquisadores e produtores que vem tentando aumentar a produção de animais saudáveis para a subsequente fase do ciclo de produção (LUZ & PORTELLA, 2005). Embora tenham ocorrido avanços no desenvolvimento de dietas inertes para larvicultura, a maior parte dela ainda está baseada na utilização de alimento vivo como estratégia de alimentação (CONCEIÇÃO et al., 2010). Este estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a utilização de diferentes dietas sobre o desenvolvimento de pós-larvas de tambaqui (Colossoma macropomum) durante a fase inicial. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado nas instalações do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros do Betume (CODEVASF), localizada no perímetro Irrigado de Betume, no município de Neópolis-SE, no período de 08 a 15 de abril de 2013. Foram utilizadas 6.000 larvas de tambaqui, obtidas por indução hormonal, e transferidas para as unidades experimentais com idade de 4 dias com comprimento total de 5,70±0,3 mm e peso médio inicial de 0,0012±0,0010 mg. Os animais foram contados individualmente e transferidos aleatoriamente para as unidades experimentais durante um período de 8 dias, foram utilizadas 12 incubadoras modelo cilindro cônico de 25 litros e 4 de 75 litros com fluxo aberto (3,0 L/mim), na densidade de estocagem de 10 larvas/L, sem aeração constante e com fotoperíodo natural. Os alimentos avaliados foram: Pasta de branchoneta; Leite em pó; Albumina; Cisto de artêmia salina descapsulados. Para o processo de descapsulação dos cistos de artêmia salina seguimos a metodologia proposta por (TAKATA, 2007). 37 Para produção da pasta de branchoneta as mesma foram capturadas nos viveiros da própria estação de piscicultura com rede de plâncton de malha de 25mm. Posteriormente as branchonetas foram lavadas em água corrente para retirada das impurezas e triturada em liquidificador até a formação de uma pasta homogênea que foi acondicionada na geladeira e retirada somente na hora da alimentação. A quantidade de cada alimento fornecido nos tratamentos foram 24g/dia por incubadoras de 25 litros e 72g/dia por incubadoras de 75 litros, distribuídos em 8 refeições diárias nos horários de (3h, 6h, 9h, 12h, 15h, 18h, 21h, 24h). Antes do fornecimento da alimentação o fluxo de água das incubadoras era cessado para evitar a perda de alimento. Uma vez por dia, uma hora após a alimentação, era feito a sifonagem das incubadoras para retirada de excretas e sobras de alimento. Em cada sifonagem retirava-se 50% do volume total da incubadora, e posteriormente, o fluxo de água era aberto. A cada dois dias foram coletados aleatoriamente de cada incubadora 10% do total de indivíduos estes animais foram fixados em formol 4% tamponado para a determinação do peso e comprimento e ao final do experimento. Para determinação do peso e do comprimento as larvas foram retiradas do formol e colocadas sobre papel absorvente para a retirada do excesso de líquidos, medindo-se seu comprimento padrão, da ponta do focinho até o inicio da inserção da nadadeira caudal. Decorridos 8 dias, as larvas restantes foram contadas para a determinação da taxa de sobrevivência. As medições das larvas foram realizadas sob estereomicroscópio trinocular TZM-2 LED OPTIKA, equipado com uma câmera digital Optika Vision Lite com aumento 1,5x. Posteriormente, foram pesadas em uma balança analítica SHIMADZU, modelo AY220 precisão de 0,0001g. Os parâmetros temperatura (oC) e o oxigênio dissolvido (mg.L-1)), foram monitorados diariamente pela manhã as 06h00min e à tarde as 18h00min, por meio de aparelho eletrônico portáteis (YSI 550A), assim como o pH (pHmetro HANNA HELP 5). O delineamento experimental foi de inteiramente casualizados (DIC), com quatro tratamentos e quatro repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e, no caso de diferenças estatísticas, aplicou-se o teste Tukey a 5% de probabilidade, por meio do programa computacional programa estatístico Sisvar versão 5.3. 38 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios para as variáveis físico-químicas da água durante o período experimental (Tabela 1) estiveram dentro dos limites considerados satisfatórios para a criação da espécie (KUBITZA, 2003). Tabela 1 - Parâmetros físico-químicos da água obtidos durante o experimento com larvas de tambaqui (Colossoma macropomum) submetidas a diferentes dietas Tratamentos Pasta de branchoneta Leite em pó Albumina Cisto de Artêmia salina descapsulados Temperatura (oC) 29,1±0,87 29,1±0,78 29,2±0,74 29,2±0,77 Oxigênio dissolvido (mg.L-1) 5,5±0,65 5,5±0,68 5,5±0,66 5,6±0,61 pH 7,6±0,19 7,6±0,17 7,5±0,18 7,4±0,16 Parâmetro Valores expressos na média ± desvio padrão dos dados coletados. Foram observadas diferenças significativa (P<0,05) entre os diferentes tratamentos para o peso e comprimento das larvas de tambaqui. Os valores médios de peso (g), comprimento (mm) e sobrevivência (%) das larvas de tambaqui submetidas a diferentes dietas estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2. Valores médios (± desvio padrão) de comprimento (mm) e sobrevivência (%) de larvas de tambaqui (Colossoma macropomum) submetidas a diferentes dietas. Tratamentos Variáveis Albumina Cisto de Artêmia salina descapsulados CV(%) 0,0015±0,0001b 0,0019±0,0003b 0,0037±0,0006a 12,24 5,73±0,03c 5,80±0,08c 6,07±0,10b 6,41±0,13a 1,01 83±12,9a 77±18,2a 84±3,1a 83±8,6a 13,60 Pasta de branchoneta Leite em pó Peso (g) 0,0014±0,0001b Comprimento (mm) Sobrevivência (%) Médias±desvio-padrão seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade 39 Segundo Luz (2007), o uso de alimento vivo proporciona melhor taxa de crescimento e sobrevivência das larvas e, como consequência, as larvas apresentam maior ganho de peso e biomassa final. As larvas de tambaqui alimentadas com cisto de artêmia salina descapsulados, apresentaram peso e comprimento superior (P<0,05) ao observado nos demais tratamentos (Tabela 2). Isso indica que os cistos de artêmia salina descapsulados demonstraram ser bem atrativos e proteicos, sendo bem aceitos pelas pós-larvas de tambaqui, provavelmente isso ocorreu devido a sua alta capacidade de flutuação e demora no afundamento no tanque de cultivo facilitando a sua captura. Segundo García et al., (2011), o melhor desempenho obtido em larvas de peixes alimentadas com cistos descapsulados pode estar relacionada com uma maior quantidade de alimentos (matéria seca) consumidas e, portanto, maior quantidade de proteínas, lipídios, carboidratos e energia. Esses resultados corroboram com os encontrados por LOMBARDI e GOMES, (2008) que alimentaram larvas de tambacu com cistos de Artemia salina descapsulado. Que também foi observado por BABOLI et al., (2012) alimentando larva de truta marrom (Salmo trutta caspius) com cistos de artemia descapsulados durante 35 dias. Resultados inferiores foram encontrados por (BEHR et al., 2000), alimentando larvas de jundiá (Rhamdia quelen) com ração contendo cistos de artemia descapsulados durante sete dias. As larvas alimentadas com Albumina apresentaram peso e comprimento inferior ao registrado com cistos de artêmia salina descapsulados, porém o peso e comprimento foram superiores (P<0,05) ao obtido nos tratamentos com Leite em pó e pasta de branchoneta, nos quais as larvas apresentaram o menor peso e comprimento. Isso deve estar relacionado com o fato valor proteico da albumina ser inferior ao dos cistos de artêmia salina descapsulados possuindo pouca palatabilidade. Nagel et al., (2012), obtiveram resultados inferiores trabalhando com substituição da farinha de peixe por albumina e globulina para juvenis truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss W.), analisou baixa digestibilidade de albumina quando comparada com farinha de peixe, não recomendado a substituição a níveis de 75 e 100% devido a sua palatabilidade provocando redução no desenvolvimento e aumento da mortalidade. Nagel et al., (2012), obtiveram bom resultado substituindo a farinha de peixe pela albumina com nível de 50% em experimento com juvenis de truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss W.). Resultados inferiores de peso e comprimento também foram encontrados por TRONCO 40 et al., (2007) em experimento, alimentando larva de jundiá (Rhamdia quelen) com uma dieta de 100% de albumina. Os resultados de peso e comprimento foram inferiores no tratamento com leite em pó isso pode estar relacionado com o valor proteico do leite que foi de (9% de proteína em uma porção de 26g) sendo inferior aos demais tratamentos. Segundo Dairiki & Silva, (2011), a quantidade de proteína ingerida diminui conforme o crescimento do peixe. Em larvas, a exigência está em torno de 42% e decresce para até 20% quando o peixe alcança a idade adulta. De acordo com Kubitza, (2003b), diversas pisciculturas alimentam as pós-larvas ainda nas incubadoras com ração, leite em pó, gema de ovo crua ou cozida, levedura e diversos outros produtos. A maioria das pós-larvas não são capazes de aproveitar diretamente os nutrientes presentes nestes alimentos. O desenvolvimento que se observa nas pós-larvas recebendo estes alimentos se deve à ingestão indireta das bactérias aderidas às micro partículas de alimento e dos protozoários que se proliferam na água das incubadoras graças ao aumento na população bacteriana e à presença das partículas de alimento em suspensão. Os resultados com pasta de branchoneta não foram observadas diferenças com a dieta com leite em pó, mesmo a pasta de branchoneta tendo um valor proteico bem superior, isso deve estar relacionado a forma que a branchoneta foi fornecida na forma de pasta não sendo atrativa, pelo fato, do diâmetro das partículas, não serem adequadas ao tamanho da boca das larvas de tambaqui. SONG et al., (2005), citaram que na primeira alimentação é muito importante analisar o tamanho da boca que possui uma relação positiva com o diâmetro do alimento, sendo importante dimensionar o tamanho do alimento proporcionalmente à dimensão da boca. Resultados inferiores também foram encontrados por MARINHO, (2007) ao alimentar larva de surubim (Pseudoplatystoma corruscans) com branchoneta em pó durante 10 dias, isso foi atribuído ao diâmetro das partículas do alimento. Yflaar & Olivera, ( 2003) alimentando larva de camarão cinza com náuplios de branchoneta congelados também obteve resultados inferiores de peso e comprimento até o estagio de PL10, isso foi atribuído ao processo de limpeza dos cistos de branchoneta e armazenamento inadequado. Não houve diferença significativa (P>0,05) na taxa de sobrevivência das larvas nos diferentes tratamentos (Tabela 2). Resultados inferiores e superiores de sobrevivência foram encontrados por LOMBARDI & GOMES, (2008) na primeira e segunda fase de seu experimento com sobrevivência em torno de 62% e 97% de sobrevivência respectivamente alimentando larva de 41 tambacu com cisto de Artemia salina descapsulado. TRONCO et al., (2007) encontraram resultados inferiores com 76,67% de sobrevivência em seu experimento II com 14 dias de criação, onde alimentou larva de jundiá (Rhamdia quelen) com uma dieta de 100% de albumina. Resultados superiores foi encontrado por Morais (2005), utilizando uma dieta à base de ovo cru e cozido de galinha obteve um ótimo resultado com a espécie Symplysodon sp. alcançando uma sobre de 91,98%. Neste trabalho foi observado que mesmo leite em pó tendo um valor proteico bem inferior quando comparado com os outros tratamentos isso não foi um fator decisivo na variável sobrevivência, sendo que não foi observada diferença significativa entre os tratamentos. Resultados inferiores de sobrevivência foram encontrados por MARINHO, (2007) alimentando larva de surubim (Pseudoplatystoma corruscans) com branchoneta em pó durante 10 dias onde obteve sobrevivência média de 13,75% e por YFLAAR & OLIVERA, (2003) alimentando larva de camarão cinza com náuplios de branchoneta congelados onde obteve uma taxa de sobrevivência de 36,6%. O tratamento com cisto de artêmia salina descapsulados demonstrou ser bastante eficiente nas variáveis peso, comprimento e taxa sobrevivência, desta forma essa dieta pode ser utilizada na alimentação de pós-larva de tambaqui. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATENCIO-GARCÍA, V.; ZANIBONI-FILHO, E.; PARDO-CARRASCO, S.; ARIASCASTELLANOS, A. Influência da primeira alimentação na larvicultura e alevinagem do yamú Brycon siebenthalae (Characidae). Acta Scientiarum Animal Sciences, Maringá, v. 25, n. 1, p. 61-72, 2003. BABOLI, M. J.; ROOZBEHFAR, R.; BIRIA, M. 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