LEVANTAMENTO FÍSICO-GEOGRÁFICO DO MUNICÍPIO DE CAMPOS GERAIS- MG Rafael Vilela Pereira1 e Marta Felícia Marujo Ferreira 2 [email protected], [email protected] 1 Bolsista de Iniciação Científica PROBIC/UNIFAL do curso de Geografia – Unifal-MG 2 Professor Adjunto II do curso de Geografia – Unifal-MG Palavras-chave: Diagnóstico físico- geográfico; geoprocessamento ; Campos Gerais-MG Introdução Este trabalho tem como finalidade o levantamento físico-geográfico do município de Campos Gerais (MG) a partir da elaboração de mapas temáticos tais como: uso do solo, compartimentação geomorfológica, hipsometria, declividades e orientação de encostas. A importância deste estudo para o município revela-se pela ausência de trabalhos que tratam da temática ambiental do ponto de vista geográfico. A área é pouco estudada, necessitando de estudos em escala municipal que possam trazer contribuições para o planejamento sócio-ambiental. O município localiza-se no sul de Minas Gerais na micro-região de Varginha, entre as coordenadas geográficas 21°14'06'' de latitude S e 45°45'31'' de longitude W, tendo como cidades limítrofes, Boa Esperança e Campo do Meio ao norte, Santana da Vargem e Três Pontas a leste, a sul Paraguaçu e Fama e a oeste Alfenas. O relevo da área é composto de colinas e morros destacando a Serra do Paraíso que exibe vertentes íngremes. A altitude da serra atinge 1266m, e altitudes menores de 786m e 850m estão localizadas próximas a Represa de Furnas e a área urbana, respectivamente Materias e métodos Os materiais cartográficos disponíveis sobre a área de estudo constituem de cartas topográficas nas escalas 1:50.000 e 1:250.000. Além destes mapas, foram relacionados também produtos de sensoriamento remoto, tais como fotografias aéreas. Inicialmente realizou-se o mapeamento e a elaboração preliminar de mapas na escala 1:50.000 tais como: 1 - rede hidrográfica – para a elaboração deste mapa, foram utilizadas cartas topográficas digitalizadas, disponíveis no site do IBGE, onde se fez a complementação da rede hidrográfica. - mapa hipsométrico, uso do solo, declividade e orientação de encostas – foi realizado com base nas cartas topográficas do município de Alfenas, Campo do Meio, Campos Gerais e Boa Esperança na escala 1:50.000 disponibilizadas pelo IBGE (1970), utilizando-se de software AutoCad e Ilwis. Os trabalhos de campo foram realizados para checagem das informações contidas nos mapas. Fundamentação Teórica O uso de ferramentas computacionais na Geografia tornou-se importante na medida em que os dados sócio-econômicos e ambientais levantados em uma área podem ser espacializados sobre uma base cartográfica, resultando na elaboração de mapas temáticos. Para a realização do prognóstico de uma determinada área, é extremamente necessária a utilização de SIG’s, para transformar os dados socioeconômicos e ambientais em mapas temáticos. Assad e Sano (1993) descrevem que o uso de computadores para aplicações gráficas e de imagens vem influenciando de maneira crescente as áreas de Cartografia, de Mapeamento de Análise de Recursos Naturais e Planejamento Urbano e Regional. Esta tecnologia automatiza tarefas realizadas manualmente e facilita a realização de análises complexas, através da integração de dados de diversas fontes e da criação de um banco de dados geocodificados. Segundo os mesmos autores os Sistemas de Informações Geográficas refere-se aqueles sistemas que efetuam o tratamento computacional de dados geográficos. Assim, o SIG armazena a geometria e os atributos dos dados que está localizado na superfície da terra e numa projeção cartográfica qualquer. LOBO (2000) afirma que o mapeamento das características físico-territoriais, socioeconômicas e dos bens e serviços dos municípios é que formará o SIG municipal. Segundo o autor, o conjunto dessas características agrega as informações espaciais às informações alfanuméricas em um só ambiente. Ele ainda cita que este ambiente permite análises urbanas relativas à política tributária, zoneamento e uso do solo, condições ambientais, características do tráfego e abrangências de redes de infra-estrutura, entre outras, subsidiando os processos de planejamento e tomada de decisões gerenciais. Permite, também, diagnosticar a compatibilidade entre os planos urbanísticos e a realidade urbana. Afirma ainda que a gestão municipal baseada em Geoprocessamento, contribui para a eficiência das prefeituras, otimizando sua arrecadação e construindo um novo conceito 2 gerencial baseado na informação espacial. Seu emprego é imprescindível, já que os gestores municipais dependem do conhecimento de seu território para uma gestão eficiente. Na última década, a tecnologia da geoinformação como tipo de aplicação computacional destinada à gestão e manejo de dados geográficos, converteu-se em uma importante ferramenta auxiliar para a geração de respostas e soluções às problemáticas sócio-espaciais e ambientais (BUZAI e DURAN, 1997). Resultados e Discussão Em termos regionais o município de Campos Gerais situa-se na Superfície do Alto Rio Grande, no Planalto de Varginha representado por morros convexos e colinas com altitudes de 900m, tendo como relevo proeminentes as serras do Paraíso e da Fortaleza, que exibem direção geral E-W. Estas serras estão condicionadas por um conjunto de falhas (Campo do Meio, Três Pontas, Campos Gerais, Nepomuceno) com direção E-W e ESE-WNW. A área tem como substrato o Complexo de Campos Gerais, sustentada por rochas do tipo gnaisses e rochas cataclásticas. A rede de drenagem da área exibe um padrão dendrítico a subdendrítico e localmente um padrão retangular que exibe forte controle estrutural, com vales alongados e cristas que exibem direção predominante ESE-WNW. O mapa hipsométrico revela que as faixas altimétricas de 780 a 880m corresponde ao domínio de relevos de colinas onde situam-se os principais rios da área como Ribeirão da Onça, Córrego do Cervo, do Galo e do Barreiro , cujo nível de base é a represa de Furnas. A declividade predominante nesta faixa está entre 2 a 6% com uso do solo de pastagem e café. Nestas vertentes ocorrem processos de rastejo que são intensificados pelo pisoteio do gado. A faixa de 880 a 980 predominam relevos de morrotes e morros isolados tendo algumas cristas alinhadas aos principais vales fluviais da área. Os declives estão entre 6 a 20% predominando a cultura de café nos setores mais elevados das vertentes. Nestas vertentes ocorrem processos de rastejo e rampas coluvionares que possivelmente estão associadas a eventos mais antigos. Acima da faixa de altitudes de 1000m ocorrem as serras do Paraíso e da Fortaleza, com direção E-W, que exibe vertentes convexo retilíneas contendo no sopé depósitos coluvionares que estão interdigitados por sedimentos aluvionares dos principais córregos que acompanham estas serras. Nesta faixa, o mapa de declividades revela declives acima de 30% onde ocorrem com maior intensidade processos erosivos tais como, rastejo e cicatrizes de escorregamento do tipo rotacional. Nas duas serras, as pequenas cabeceiras de drenagem expõe uma cobertura florestal mais densa. É 3 importante ressaltar que o mapa de orientação de encostas revela pequenas bacias voltadas para sul tendo encostas voltadas para leste e oeste. Segundo estudos realizados por COELHO NETTO (2005) no Maciço da Tijuca (RJ), as encostas voltadas para leste e oeste apresentam solos mais rasos e cobertura vegetal mais rarefeita com sistema de raízes pouco aprofundadas, denotando pouca evolução do perfil do solo ao longo das encostas. Conclusões A caracterização físico geográfica de Campos Gerais- MG é de grande importância , visto que estes mapas temáticos são inéditos para o município onde a utilização dos Sistemas de Informações Geográficas para o planejamento e gestão do ambiente urbano representa uma ferramenta extremamente útil e valiosa, pois através dos resultados gerados sob as mais diversas formas e através da integração destes dados, pode-se balizar futuras intervenções do poder público no sentido da construção da melhoria da qualidade de vida da população. Referência Bibliográfica ASSAD, E.D. & SANO, E.E. Sistema de Informação Geográfica: Aplicações na Agricultura. Planaltina, EMBRAPA CPAC, 1993. BOTELHO, R. G. M. Planejamento ambiental em microbacia hidrográfica. In: BOTELHO, R. G. M. (Org.). Erosão e conservação dos solos: Conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. p 269-300. COELHO NETTO, A L. A interface florestal-urbana e os desastres naturais relacionados à água no maciço da Tijuca: desafios ao planejamento urbano numa perspectiva sócioambiental. Revista do Departamento de Geografia, 16(2005), 46-60. LOBO, M. C. A gestão municipal inteligente. Home FATOR GIS. www.fatorgis.com.br. Artigos -Prefeituras. Curitiba, 1999. 4