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Monitor
China Ultrapassa Japão como Segunda
Maior Economia Mundial
Fevereiro de 2011
Núcleo de Análises de Economia e Política dos Países BRICS
BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS
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China Ultrapassa Japão como Segunda
Maior Economia Mundial
Fevereiro de 2011
Núcleo de Análises de Economia e Política dos Países BRICS
BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS
BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR
China Ultrapassa Japão como Segunda Maior Economia Mundial
Autor: Emília Fernanda Prado
China Ultrapassa Japão como Segunda Maior
Economia Mundial
Em agosto de 2010, tornou-se pública a ultrapassagem da China sobre o Japão
como a segunda maior economia do mundo. Na última semana, a partir da análise
da coletânea dos dados anuais japoneses,
confirmou-se, com maior precisão, a posição
relativa das duas economias1 .
O Produto Interno Bruto (PIB) japonês foi avaliado em $5.47 trilhões com 3,9%
de crescimento anual, enquanto a China obteve $5.88 trilhões e cresceu mais de 10%,
de acordo com estatísticas dos dois países.
O Secretário Chefe de Gabinete japonês, Yukio Edano, afirmou que a principal
questão para seu país consiste em como
incorporar o crescimento chinês, utilizando
sua riqueza. Além disso, o governo nipônico
prevê que a China ultrapassará os Estados
Unidos dentro de 20 anos caso mantenha o
mesmo ritmo de crescimento. De acordo com
previsões mais ousadas, o mesmo ocorrerá
em uma década, como relatado pela BBC2 .
Com uma economia 90 vezes maior
do que a anterior às reformas do líder Deng
Xiaoping, em 1978, a China liderou o mundo
para fora da última recessão. Segundo Jim
1http://www.china.org.cn/business/2011-02/15/
content_21922256.htm
2 Idem 1
3http://www.bloomberg.com/news/2010-08-16/
china-economy-passes-japan-s-in-second-quarter-capping-three-decade-rise.html
O’Neill, criador do termo BRIC – atualmente BRICS, com a recente inserção da África
do Sul – o país ultrapassará os EUA por volta de 2027. Para o líder da divisão chinesa
do Fundo Monetário Internacional, Esward
Prasad, a ultrapassagem da China sobre o
Japão “é um marco de seu crescente papel
dominante na economia global”3 .
É notório lembrar que as relações
entre China e Japão apresentam tensões, já
que vivem em uma constante disputa sobre
quem modelará o regionalismo asiático e a
forma de suas instituições. O conflito entre
ambos opera em vários níveis, dentre eles, o
social, político e econômico.
O argumento chinês, desde as reformas de 1978, a fim de prolongar seu crescimento e sustentar sua posição de líder
regional, sempre remonta à ideia de que a
China é um país de renda per capita média,
sem pretensões bélicas que, portanto, precisa desenvolver-se, a fim de melhorar o
bem-estar de sua população. Ao adotar esse
posicionamento, procuram diminuir os temores com relação às suas ambições, especialmente no setor militar. Dessa forma, buscam
convencer o mundo de que sua projeção internacional objetiva, apenas, fins pacíficos.
Por outro lado, entretanto, pode-se
argumentar a natureza estratégica desse
tipo de discurso, já que ao afirmar a necessidade de prover melhorias para seu povo,
a China justifica seu crescimento demasiado, sem constrangimentos, consolidando-se
3
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China Ultrapassa Japão como Segunda Maior Economia Mundial
como uma grande potência internacional.
Corroborando os argumentos chineses, Qu Hongbing, um dos economistas chefes do HSBC, afirma que é muito cedo para
a China sonhar com a posição de liderança
mundial, especialmente ao considerarmos
sua enorme população e renda per capita,
consideravelmente menor que a norte-americana1. Em declaração, sustenta que “não
está na hora de nos gabarmos por representarmos a segunda maior economia mundial,
visto que a renda do povo chinês e seu bem-estar social permanecem para trás, enquanto a economia segue em frente”2 .
Já Zhou Shijian, foi mais longe ao
sustentar que “o PIB é algo inventado pelos
EUA para enganar os países em desenvolvimento, a fim de livrar-se de algumas responsabilidades. Seu cálculo leva em conta o
produto do Investimento Estrangeiro Direto
(IED), no qual países em desenvolvimento
apresentam vantagens, já que são os maiores receptores”. De acordo com o governo
chinês, seu IED excedeu $ 1 trilhão, enquanto o japonês ao fim de 2009 foi de apenas $
221 bilhões3 .
Os japoneses, todavia, creditam parte do crescimento chinês, indiretamente, aos
problemas em sua economia, deflacionada
por duas décadas. Além disso, disputas por
poder têm atrapalhado a estabilização do
1 De acordo com o “CIA – World Factbook” (disponível em: www.cia.gov), em 2010, a renda per capita do Japão consistiu em US$34.200, a da China em
US$7.400, e a dos EUA em US$ 47.400.
2 Idem 1
país, já que, segundo a CNN, o Japão conheceu seis Primeiro Ministros em apenas
cinco anos.
No dia 28 de fevereiro, em Tóquio,
ambos os países se reunirão em seu décimo primeiro “diálogo estratégico”, a fim de
discutir questões regionais e internacionais.
De acordo com o representante do Ministério das Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, é
esperado que os dois governos fortaleçam
sua comunicação estratégica. Também se
espera que “as duas partes aprofundem o
entendimento mútuo e a confiança política, a
fim de promover um desenvolvimento estável das relações bilaterais”4 .
Em reflexo do discurso de seu país,
Qu Hongbing acredita que o crescimento
econômico chinês sofrerá queda nos próximos quatro anos, de 8% para 10%. Contudo, ao que parece, o ritmo desenfreado de
crescimento econômico chinês permanecerá elevado, ao levarmos em consideração
os possíveis resultados da entrada da quinta
geração de líderes, em 2012. Em 2007, Xi
Jinping foi apontado para ser chefe do Comitê Central do Politburo do Partido Comunista
Chinês (instância máxima do órgão) e, provavelmente, seguirá uma linha mais conservadora que prioriza crescimento econômico.
Recentemente, o Primeiro Ministro,
Wen Jiabao, declarou uma meta de crescimento de 7% ao ano e reiterou sua deter-
3 Idem 1
4http://www.china.org.cn/world/2011-02/24/
content_21997588.htm
5http://www.china.org.cn/wap/2011-02/28/content_22018599.htm
4
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minação em conter a inflação5 . Além disso,
ainda que o setor residencial venha sofrendo
relativa queda, provavelmente, as exportações compensarão as perdas. É esperado,
também, que a China adote um posicionamento mais protecionista, o que geraria impactos, principalmente, no setor coorporativo norte-americano6 .
Sendo assim, ainda pode-se esperar
um elevado ritmo de aumento do PIB chinês
nos próximos anos, o que poderá resultar
em um futuro embate com os EUA. Embora as relações com os Estados Unidos sejam relativamente pacíficas e pautadas em
um processo de interdependência7 , há um
embate ideológico extremamente polarizado
entre as duas nações. Enquanto Washington
preza pelo modelo ortodoxo de pequeno papel do Estado no mercado, Pequim acredita
no modelo heterodoxo de atuação forte do
Estado e reformas graduais.
6http://www.brettonwoods.org/events/index.
php/61/U_S_and_China_Perspectives_Undercurrents_of_the_New_Multilateral_System
7 A China é o chão de fábrica fundamental e
fincou-se como o produtor final (majoritário) do mundo e os EUA como consumidor final. Os EUA fecham
suas contas externas emitindo títulos da dívida pública, os Fed Funds, e os chineses utilizam esse dinheiro
para suas reservas internacionais. Caso a China não
deseje mais comprar mais títulos norte-americanos,
os EUA não teriam como financiar sua dívida externa
completamente. Contudo, a China depende do mercado consumidor norte-americano e uma crise nos EUA
não seria bem vinda. Dessa forma, constata-se uma
interdependência comercial e financeira entre China e
EUA.
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