O debate científico sobre o aquecimento global - if

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O debate científico sobre o aquecimento global antropogênico –
Parte II
Alexandre L. Junges – Doutorando em Ensino de Física- IF-UFRGS
[email protected]
Neste texto são discutidos mais alguns aspectos sobre o tema do aquecimento
global, complementando alguns pontos já abordados anteriormente.
Em primeiro lugar uma observação de caráter epistemológico. Como já
observara Platão no diálogo Teeteto, conhecimento (episteme) e opinião (doxa) são
coisas distintas. A opinião é um palpite, uma aposta (eu acho que o número 50
sairá na loteria), mas o conhecimento é a opinião acompanhada de razões. Pessoas
podem ter opiniões sobre muitos assuntos, mas para uma opinião constituir
conhecimento ela deve vir acompanhada de razões, evidências, etc., que a
justifiquem.
No nosso cotidiano formamos opiniões a partir de diversas fontes incluindo a
memória, experiências individuais, testemunhos de colegas, notícias de jornais,
vídeos da internet, etc. Contudo, nem sempre nos damos o trabalho de checar a
confiabilidade das fontes de informação, muitas vezes nos satisfazemos com
informações que se alinham com a nossa forma de pensar.
Isso constitui um problema, especialmente quando tomamos em consideração
um tema complexo como o aquecimento global, onde muitas das notícias
circulantes na mídia carecem de confiabilidade. Além disso, a opinião de um
cientista individual também não constitui uma fonte de informação livre de
prejuízos, especialmente quando este fala ao público leigo, pois cientistas
individuais também têm suas preferências subjetivas, interesses e visões de
mundo.
Na ciência, felizmente, as coias são um pouco diferentes. Quando cientistas
individuais apresentam suas hipóteses (ou uma alegada descoberta) para a
comunidade científica, eles precisam fazê-lo apresentando publicamente as razões,
evidências e argumentos que justificam tal hipótese. Após essa exposição pública
da hipótese inicia um processo de escrutínio da comunidade científica competente
que não é nem um pouco tolerante com hipóteses sem fundamento. Cientistas são
ávidos em criticar os trabalhos de outros grupos “rivais”, buscando cada qual seu
espaço de destaque e reconhecimento, cujo prêmio maior é o de ser o responsável
por uma descoberta, uma nova hipótese ou teoria que resista ao crivo da
comunidade científica. Meras opiniões simplesmente não sobrevivem na ciência.
Assim, quando uma teoria vem recebendo atenção, envolvimento e
reconhecimento durante décadas por parte da grande comunidade de especialistas
da área, pode-se considerar que aí está uma questão com considerável status
epistêmico.
A teoria do aquecimento global antropogênico (ver também a teoria do dióxido
de carbono das mudanças climáticas) não é uma teoria que surgiu a pouco tempo.
Como veremos em seguida, esta é uma teoria que vem recebendo atenção
crescente de um número cada vez maior de cientistas desde a década de 1950.
Assim, se a grande comunidade de especialistas está envolvida com a questão, há
boas razões para considerar que se trata de algo sério.
Tratar do tema do aquecimento global requer que nos ocupemos do que é
razoável, como diria Stephen Toulmin. Milhares de cientistas pelo mundo,
trabalhando em grupos de pesquisa de alto prestígio científico, estão dedicados no
esforço comum de buscar uma compreensão cada vez melhor do planeta Terra,
nossa casa comum. A constatação científica de que o ser humano está afetando o
equilíbrio climático dos últimos 10.000 anos não é, de fato, uma notícia agradável e
coloca a humanidade num dilema moral. Por outro, lado não é uma notícia
apocalíptica definitiva. Existem caminhos alternativos e temos o conhecimento e a
tecnologia para isso. Mas mais do que conhecimento e tecnologia é preciso que
tenhamos sabedoria, de uma postura investigativa e de mente aberta do verdadeiro
cético.
A postura do negacionista do aquecimento global antropogênico não é uma
opção razoável. A posição negacionista é similar a posição do fumante que vai ao
médico, recebe o diagnóstico de que se continuar fumando vai morrer de câncer,
mas ao invés de parar de fumar, rejeita a opinião médica e continua fumando. É
uma aposta possível, talvez o médico possa estar mesmo enganado, mas o risco é
grande e não deixa de existir.
Tratar da questão climática é tratar da questão do risco. Cientistas não podem
nos fornecer uma certeza sobre o que vai acontecer com o clima, mas os melhores
modelos climáticos dão indicativos de que há um risco real de que a continuidade
das emissões humanas terá sérias consequências para o equilíbrio climático. O
tema do aquecimento global não é um tema para ser simplesmente negado, é um
tema que requer que todos nós nos informamos a respeito, pois assim como no
caso do fumante, o risco existe, e precisamos saber o que está acontecendo.
Abaixo são apresentadas algumas questões relacionadas ao tema do
aquecimento global, discutidas de forma resumida, mas cujo intuito principal é
fornecer mais algumas referências sobre a temática.
1. Aquecimento global é uma invenção da mídia?
A ideia de que o aquecimento global é uma invenção da mídia (ou da China
como diz Donald Trump), ou uma invenção de Al Gore, é facilmente descartada se
olharmos para a história da ciência do clima. Neste caso o site do físico e
historiador da ciência Spencer Weart do American Institute of Physics
(https://en.wikipedia.org/wiki/Spencer_R._Weart) é uma ótima fonte. Podemos
verificar em seu livro online (http://history.aip.org/climate/co2.htm) que a
história sobre o que se pode chamar de “Teoria do dióxido de carbono das
mudanças climáticas” remonta ao século XIX com a publicação de trabalhos de
cientistas como John Tyndal (1859), Svante Ahrenius (1896), Guy Stewart
Callendar (1938), Gilbert Plass (1955), Charles Keeling (1958) e Roger Revelle
(http://history.aip.org/climate/co2.htm). Destes Svante Ahrenius é inclusive um
prêmio Nobel de Química https://pt.wikipedia.org/wiki/Svante_Arrhenius.
Charles Keeling (1958) ficou famoso pelas suas medições no monte Mauna Loa
Havaii
gerando
famosa
curva
de
carbono
de
Keelling.
http://en.wikipedia.org/wiki/Keeling_Curve
O físico Gilbert Plass merece destaque pelo seu trabalho sobre a “Teoria do
dióxido carbono das mudanças climáticas” (1956).
https://en.wikipedia.org/wiki/Gilbert_Plass
http://cvining.com/system/files/Plass-Tellus-1956.pdf
Comentários recentes ao trabalho de Plass por parte do historiador da
meteorologia James Fleming e do climatologista da NASA Gavin Schmidt podem ser
acessados aqui:
http://www.americanscientist.org/issues/pub/2010/1/carbon-dioxide-andthe-climate/11 http://www.americanscientist.org/issues/pub/2010/1/carbondioxide-and-the-climate/12
De fato, como relata Spencer Weart, entre 1900 e 1950 a maioria dos cientistas
eram céticos com relação a “Teoria do dióxido de carbono das mudanças climáticas”.
Porém, as coisas começaram a mudar a partir da década de 1960, especialmente
com os trabalhos de Roger Revelle (http://history.aip.org/climate/Revelle.htm).
Como observa Spencer Weart em torno de 1950 a maioria dos cientistas acreditava
que qualquer excesso de CO2 que fosse emitido pelas atividades humanas, era
rapidamente absorvido pelos oceanos. Contudo, Roger Revelle, que era oceanógrafo,
descobriu que os oceanos tinham uma capacidade limitada de absorver CO2, de
modo que o excesso de emissões poderia sim afetar a composição atmosférica.
Revelle foi o autor da frase: "Human beings are now carrying out a large scale
geophysical experiment of a kind that could not have happened in the past nor be
reproduced in the future."
Após os trabalhos de Revelle muitos outros cientistas começaram a levar a
sério a possibilidade das emissões humanas afetarem o clima. Mais detalhes no
livro de Weart.
Apenas para citar um exemplo, em 1981 o astrofísico e climatologista da NASA
James Hansen e seus colegas publicaram um artigo em que fizeram as seguintes
previsões:
https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Hansen
http://pubs.giss.nasa.gov/docs/1981/1981_Hansen_ha04600x.pdf :
“Potential effects on climate in the 21st century include the creation of
drought-prone regions in North America and central Asia as part of a shifting of
climatic zones, erosion of the West Antarctic ice sheet with a consequent
worldwide rise in sea level, and opening of the fabled Northwest Passage." (Hansen,
et al., 1981)
Todas estas previsões foram essencialmente confirmadas:
http://www.skepticalscience.com/lessons-from-past-predictions-hansen1981.html
Uma das previsões mais impressionantes do trabalho de Hansen, et al. (1981) é
a de que o aquecimento global levaria a abertura da Passagem do Noroeste.
Previsão que atualmente se confirmou.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Passagem_do_Noroeste
Carl Sagan também estava entre aqueles cientistas preocupados com a questão.
Na sua série Cosmos ele aborda a questão em diversos momentos. Um exemplo é o
episódio 4 “Heaven and Hell”, onde ele discute o efeito estufa comparando o planeta
Vênus (com uma alta concentração de CO2) com o Planeta Terra. Ao final ele
também aborda a questão do aquecimento global.
https://www.youtube.com/watch?v=e2CQfewghyU
Por fim, é interessante notar que a própria gigante do petróleo Exxon Mobil
(que como veremos mais adiante financia muitos dos céticos negacionistas), já
sabia no final da década de 1970 que o aumento das emissões do CO 2 seria um
problema para o equilíbrio climático.
https://www.desmogblog.com/2016/04/26/there-no-doubt-exxon-knew-co2pollution-was-global-threat-late-1970s
Possivelmente, e de forma lamentável, a alegação de que o aquecimento global é
uma invenção da mídia vai voltar a ganhar força nos próximos anos com o
negacionista Donal Trump como presidente dos EUA. Por isso, é importante que
nos informamos a respeito deste tema.
2. A ciência do aquecimento global constitui uma área de pesquisa
consolidada?
Como visto anteriormente, cientistas vem estudando o clima a mais de um
século. A “Teoria do dióxido carbono das mudanças climáticas” começou a ser
levada a sério após os trabalho de Gilbert Plass, Charles Keeling, Roger Revelle, etc.,
nas décadas de 1950 e 1960. Pode-se perceber, então, que temos no mínimo 60
anos de pesquisa científica séria sobre o papel do CO2 na atmosfera e clima da
Terra.
Atualmente a área do estudo do clima possui dezenas de revistas consolidadas
(http://archive.sciencewatch.com/ana/st/climate/journals/)
e
inúmeras
publicações de livros especializados e livros textos para cursos de graduação em
geociências, etc., envolvendo temas como efeito estufa, aquecimento global,
mudanças climáticas. Apenas alguns exemplos:
ANDREWS, D. An Introduction to Atmospheric Physics. Cambridge University
Press, 2010.
AMBAUM, M. Thermal Physics of the Atmosphere. John Willey & Sons, 2010.
ARCHER, D. Global warming: understanding the forecast. John Willey & Sons,
2012.
HOUGTHON, J. Global warming: the complete briefing. Cambridge University
Press, 2009.
CHRISTOPHERSON, R. Geossistemas: uma introdução a geografia física. Porto
Alegre: Bookman, 2012.
Como já destacado, a ciência do aquecimento global têm predições confirmadas
como no trabalho de Hanson, et al (1981). Para mais discussão sobre previsões
usando modelos climáticos:
http://www.skepticalscience.com/climate-models-intermediate.htm
Max Planck Institute für Meteorologie:
https://www.mpg.de/8925360/climate-change-global-warming-slowdown
https://www.mpg.de/7274624/climate_change_global_warming
Um vídeo bem interessante que apresenta os meandros da pesquisa climática
é:
Thin Ice:
http://thiniceclimate.org/
3. O IPCC é confiável?
Como já destacado o IPCC (https://www.ipcc.ch/) é um órgão criado em 1988
pela ONU e pela Organização Meteorológica Mundial (http://public.wmo.int/en)
para avaliar o status do conhecimento científico na área. Importante lembrar que o
IPCC não faz ciência, mas apenas reuni e sumariza as publicações de revistas
especializadas na área para compor seus relatórios. Os relatórios do IPCC são
divididos em 3 grupos de trabalho (Working Group I: The Physical Science Basis;
Working Group II: Impacts, Adaptation and Vulnerability; Working Group III:
Mitigation of Climate Change).
Para se ter uma ideia, o primeiro grupo de trabalho (Working Group I: The
Physical Science Basis) no 1ª relatório (1990) contou com a contribuição de 170
cientistas de 25 países e mais 200 cientistas envolvidos no processo de peer review
(Houghton, 2009). No 4ª relatório (2007): o número cresceu para 152 autores
principais e 500 autores contribuidores e mais de 600 autores envolvidos em dois
estágios de peer review (Houghton, 2009, p.264). No 5ª e último relatório de
(2013) o número cresceu para 259 autores principais de 39 países e mais de
50.000
comentários
no
processo
de
peer
review
(http://www.climatechange2013.org/).
Vê-se, assim, que inúmeros cientistas competentes de diversos países
participam do IPCC. Pode-se consultar pelo nomes dos autores do Grupo de
Trabalho
I:
“The
physical
science
basis”
(2013).
http://www.climatechange2013.org/images/report/WG1AR5_SPM_FINAL.pdf.
A listas de cientistas que participaram do IPCC – 2007:
https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_authors_of_Climate_Change_2007:_The
_Physical_Science_Basis
Inclusive cientistas brasileiros importantes participam dos relatórios do IPCC.
Alguns deles são o físico Paulo Artaxo da USP que é especialista em física
atmosférica e pesquisadores do Inpe como Carlos Nobre e José Marengo, todos
entre os cientistas mais respeitados do Brasil, basta consultar seus currículos para
verificar.
No Brasil também temos o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC)
que fornece relatórios científicos sobre o tema. O PBMC foi criado em 2009 pelos
Ministérios da Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente.
http://www.pbmc.coppe.ufrj.br/pt/
Além disso, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) também fornece
relatórios científicos sobre mudanças climáticas que podem ser consultados no site.
http://mudancasclimaticas.cptec.inpe.br/
Vídeos educacionais do INPE:
http://videoseducacionais.cptec.inpe.br/
4. O clima sempre mudou no passado, então por que se preocupar?
O fato de o clima ter mudado no passado é algo conhecido por todos os
cientistas, mas isso em nada muda o cenário atual de aquecimento devido as
emissões humanas de gases estufas. Sabe-se que o CO2 (junto com o Sol, etc.)
sempre esteve associado as entradas e saídas de eras do gelo no passado. Colocar
mais CO2 na atmosfera, como estamos fazendo, trará consequências para o clima, a
física é clara a esse respeito. Mesmo que as medições de CO2 e da temperatura
sejam de pouco mais de um século, o que surpreende os cientistas é a rapidez com
que estamos aumentando a quantidade de CO2 e a temperatura. Por exemplo,
passamos de 280 ppm para 400 ppm de CO2 em pouco mais de um século,
resultando num aumento de cerca de 0.7 graus na temperatura. Pode parecer
pouco, mas a diferença entre uma era de gelo e um período interglacial é de apenas
4 a 7 graus, sendo que uma saída de era do gelo levava um tempo de 5.000 anos.
http://earthobservatory.nasa.gov/Features/GlobalWarming/page3.php
http://www.skepticalscience.com/climate-change-little-ice-age-medievalwarm-period-intermediate.htm
De fato, houve também mudanças abruptas no clima do passado.
http://www.skepticalscience.com/Rapid-climate-change-deadlier-than-
asteroid-impacts.html
O que preocupa os cientistas hoje é a rapidez do aquecimento global. Isso por
que possivelmente mudanças abruptas no clima do passado levaram a grandes
extinções de espécies, não dando tempo para que as espécies se adaptassem a
mudança. Sem alarmismos demasiados, mas atualmente há, de fato, um risco
considerável de que a mudança climática em curso possa levar a extinção massiva
de espécies. Novamente, vale lembrar, lidar com a questão climática é lidar com a
questão do RISCO.
5. O Sol é o principal fator que afeta o clima?
De fato, todos os cientistas reconhecem que o Sol é um fator importante na
regulação do clima global. Contudo o Sol não é o único fator, outros fatores como
erupções vulcânicas e a presença de gases estufa na atmosfera, etc. também devem
ser considerados.
A logica de considerar que apenas o Sol afeta o clima não é razoável. Como já
dizia o climatologista Stephen Schneider, se aceitamos que o clima é sensível a
variações na intensidade da radiação solar, então também precisamos aceitar que o
clima é sensível em variações no efeito estufa gerado pelo aumento de gases estufa.
https://en.wikipedia.org/wiki/Stephen_Schneider
Um comentário interessante sobre o papel do Sol no clima é feito no texto
abaixo do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas
http://www.pbmc.coppe.ufrj.br/en/news/471-a-falacia-da-qmini-era-dogeloq
Outras referências sobre o tema do Sol e mudança climática pode-se consultar:
http://www.skepticalscience.com/solar-activity-sunspots-global-warmingintermediate.htm
http://www.skepticalscience.com/grand-solar-minimum-mini-ice-age.htm
https://www.youtube.com/watch?v=IQHqgdvXTxE#t=337
https://www.scientificamerican.com/article/global-warming-reverses-arcticcooling/
6. As emissões naturais de CO2 são muito maiores que as humanas, por
que se preocupar?
O fato de que as emissões humanas serem muito menores do que as emissões
naturais não constitui um argumento contra as conclusões do IPCC. É preciso
lembrar que se trata do ciclo de carbono, onde há emissão de carbono, mas também
há absorção. Se a natureza emite essa grande quantidade de carbono (cerca de 776
bilhões de toneladas anuais) é preciso lembrar que a natureza também reabsorve
essa enorme quantidade de carbono a cada ano. Assim, o ponto é justamente que
antes da intervenção humana a quantidade de emissão natural de carbono e a
quantidade de absorção por parte do sistema natural era praticamente igual.
Contudo, com o acréscimo da emissão humana, começou a ter mais emissão do que
absorção, pois as plantas e os oceanos não conseguem absorver todo o carbono,
ficando o excesso acumulado, por exemplo, na atmosfera. Sabe-se hoje que a
quantidade natural de carbono (antes da revolução industrial) era da ordem de 280
ppm, as emissões humanas nos últimos 150 anos elevaram esse valor para os
atuais 400 ppm, ocasionando o aumento do efeito estufa atmosférico.
http://www.skepticalscience.com/human-co2-smaller-than-naturalemissions-intermediate.htm
http://www.skepticalscience.com/docs/Guide_Skepticism_Portuguese.pdf
https://en.wikipedia.org/wiki/Carbon_dioxide_in_Earth%27s_atmosphere
7. Mas se a Antártica está ganhando gelo, como fica o aquecimento global?
Num estudo recente pesquisadores da NASA concluem que a Antártica oriental
está ganhando mais gelo do que as perdas de gelo da Antártica ocidental.
Zwally, et al. Mass gains of the Antarctic ice exceed losses. Journal of Glaciology,
2015.
http://www.ingentaconnect.com/content/igsoc/jog/2015/00000061/00000
230/art00001?crawler=true
Seria então esse estudo evidência de que o aquecimento global não está
acontecendo?
Como pode ser verificado no artigo de Zwally, não há nenhum questionamento
a este respeito. Pelo contrário, o próprio Zwally, em entrevista a Nature, reconhece
que no longo prazo o aquecimento poderá levar a maiores perdas de gelo
novamente. Ou seja, com o aquecimento global é provável que a Antártica vai voltar
a perder mais gelo do que ganhar. Ele escreve:
“The findings do not mean that Antarctica is not in trouble”, Zwally notes. “I
know some of the climate deniers will jump on this, and say this means we don’t
have to worry as much as some people have been making out,” he says. “It should
not take away from the concern about climate warming.” As global temperatures
rise, Antarctica is expected to contribute more to sea-level rise, though when
exactly that effect will kick in, and to what extent, remains unclear”.
http://www.nature.com/news/gains-in-antarctic-ice-might-offset-losses1.18486
Mais depoimentos de Zwally podem ser acessados em:
http://mediamatters.org/research/2015/11/04/nasa-scientist-warneddeniers-would-distort-his/206612
https://www.nasa.gov/feature/goddard/nasa-study-mass-gains-of-antarcticice-sheet-greater-than-losses
Além disso, é importante observar que as próprias conclusões do estudo de
Zwally e colegas ainda é debatida pelos cientistas, ou seja, ainda não está confirmado
que a Antártica realmente está ganhando mais gelo do que perdendo. Para essas
discussões do significado do estudo de Zwally pode-se acessar:
http://www.realclimate.org/index.php/archives/2015/11/so-what-is-reallyhappening-in-antarctica/
http://sitn.hms.harvard.edu/flash/2016/why-is-antarcticas-ice-sheetgrowing-in-a-warming-world/
http://www.skepticalscience.com/antarctica-gaining-ice.htm
Como podemos ver, a controvérsia aqui é sobre a perda e ganho de gelo na
Antártica e sobre quais as melhores técnicas (radar, laser e tipo de satélite) para
medir o gelo na Antártica. Em nenhum momento estes cientistas, inclusive Zwally,
discordam ou descartam o aquecimento global. As diferenças entre os estudos de
Zwally e outros cientistas, apenas demostram como o sistema Antártico é complexo,
onde a perda ou ganho de gelo é afetada por diversos fatores como padrões de
vento, neve, temperatura do oceano, etc. Mas os cientistas estão no caminho certo
para compreender esses mecanismos.
Sobre a complexidade do funcionamento do clima da Antártica pode-se acessar
o link abaixo, embora seja anterior ao artigo de Zwally:
http://www.skepticalscience.com/translation.php?a=21&l=10
Pode-se também acessar a matéria da NASA abaixo, onde pode ser verificado
que no nível global (juntando hemisfério sul e norte) o gelo no planeta está
diminuindo.
https://www.nasa.gov/content/goddard/nasa-study-shows-global-sea-icediminishing-despite-antarctic-gains
8. É possível medir a temperatura média do Planeta?
Tratar da temperatura média do Planeta não é uma tarefa fácil. Contudo,
cientistas desenvolveram técnicas de análise de dados para lidar com a questão.
Uma breve descrição do processo pode ser acessada em:
https://www.acs.org/content/acs/en/climatescience/energybalance/earthte
mperature.html
http://data.giss.nasa.gov/gistemp/
Sobre o problema das ilhas de calor das cidades:
http://www.skepticalscience.com/surface-temperature-measurementsintermediate.htm
É importante observar que os relatórios do IPCC consideram os dados de pelo
menos 5 grandes grupos de pesquisa independentes que fazem esse tipo de análise
da temperatura. Entre esses grupos estão a NASA, a National Oceanic and
Atmosferic Administration (NOOA), o Climate Research Unit (CRU) da Inglaterra, a
Agência Meteorológica Japonesa e um grupo de Berkeley. Como pode ser verificado
no gráfico abaixo (e no primeiro link acima), todos esses grupos apesar de usarem
técnicas de análise distintas chegaram essencialmente aos mesmo resultados.
http://climate365.tumblr.com/search/temperature
Mais detalhe desse gráfico pode ser acessado em:
http://earthobservatory.nasa.gov/Features/WorldOfChange/decadaltemp.php
A NASA, por exemplo, utiliza dados de 6,300 estações meteorológicas
espalhadas pelo mundo, inclusive na Antártica.
Pode-se verificar que os grupos de pesquisa acima são grupos de grande
prestígio científico. Os dados desses grupos são todos públicos e quem tiver a
habilidade científica para analisá-los pode fazê-lo. Veja os dados no link da NASA
http://climate.nasa.gov/vital-signs/global-temperature/.
Por fim, mesmo que hipoteticamente não seja possível “medir” essa
temperatura média é importante observar que ela não é a única evidência do
aquecimento global. Cientistas chamam a atenção para diferentes linhas de
evidência como: o balanço de energia da Terra medido por satélites, a expansão dos
oceanos, o resfriamento da estratosfera e o aquecimento da baixa troposfera, etc.
Nos links abaixo pode-se verificar que há pelo menos 7 linhas de evidência que
convergem para a conclusão de que está havendo uma elevação da temperatura do
Planeta.
http://www.skepticalscience.com/docs/Guide_Skepticism_Portuguese.pdf
http://www.skepticalscience.com/big-picture.html
9. Mas não há cientistas que dizem que o aquecimento global não é um
problema?
De fato, há aqueles cientistas para os quais o aquecimento global
antropogênico não constitui um problema para a humanidade. Entre eles temos
inclusive alguns prêmios Nobel como Ivar Giaever e Freeman Dyson. Contudo, é
importante observar que Ivar Giaever e Freeman Dyson são dois físicos cujas áreas
de especialização não são as mudanças climáticas, mas áreas da física como a
supercondutividade e física teórica. Outros céticos de destaque são o físico Fred
Singer e o climatologista do MIT Richard Lindzen. Estes possuem ampla
especialização na área climática, contudo são cientistas com opiniões polêmicas
sobre diversos temas como veremos abaixo.
Ivar Giaever
Um vídeo em que Giaver questiona o aquecimento global antropogênico pode
ser acessado em:
https://www.youtube.com/watch?v=Dk60CUkf3Kw
Uma resposta e análise detalhada da fala de Giaever é feita aqui:
http://www.skepticalscience.com/ivar-giaever-nobel-physicist-climatepseudoscientist.html
Apenas para comentar alguns pontos do vídeo acima. Giaever afirma que
aquecimento global foi uma invenção de Al Gore. Como visto anteriormente, basta
olhar para a história da ciência do clima para ver que essa é uma alegação sem
fundamento. Giaever também afirma que o CO2 não é um poluente. Ora, mesmo
que o aumento do CO2 não tivesse nenhum impacto sobre o clima global, ainda
teríamos um outro problema que é a “acidificação dos oceanos” (devido ao
aumento de CO2 dissolvido na água) e que pode levar a morte de várias espécies
marinhas como os recifes de corais. Ou seja, o CO2 em excesso é sim um poluente.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acidifica%C3%A7%C3%A3o_oce%C3%A2nica
http://www.pmel.noaa.gov/co2/story/What+is+Ocean+Acidification%3F
Freeman Dyson
Um vídeo em que Dyson questiona o aquecimento global antropogênico pode
ser acessado em:
https://www.youtube.com/watch?v=BiKfWdXXfIs
Um comentário sobre Dyson pode ser acessado em:
http://www.realclimate.org/index.php/archives/2008/05/freeman-dysonsselective-vision/
https://blogs.scientificamerican.com/cross-check/freeman-dyson-globalwarming-esp-and-the-fun-of-being-bunkrapt/
http://www.skepticalscience.com/climate-models.htm
No vídeo acima, Dyson reconhece que existe aquecimento global, mas
argumenta que será uma coisa boa e que os cientista não estão levando isso em
conta. Contudo, pode-se verificar em diversas fontes, como os relatórios do IPCC,
que os cientistas consideram sim o balanço entre prejuízos e benefícios. O que os
cientistas dizem é que muito provavelmente os prejuízos serão maiores que os
ganhos. Novamente estamos lidando com a questão do risco. Sobre este tema podese consultar:
http://www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/wg2/ar5_wgII_spm_en.pdf
http://climate.nasa.gov/effects/
No contexto brasileiro:
http://www.pbmc.coppe.ufrj.br/en/news/458-os-reais-impactos-dasmudancas-climaticas-no-brasil-segundo-o-painel-brasileiro
http://www.pbmc.coppe.ufrj.br/documentos/GT2_sumario_portugues_v2.pdf
Richard Lidzen
Um vídeo em que Lindzen questiona o aquecimento global antropogênico pode
ser acessado em:
https://www.youtube.com/watch?v=-sHg3ZztDAw
Para discussão dos argumentos de Lidzen veja-se:
http://www.skepticalscience.com/skeptic_Richard_Lindzen.htm
Um dos argumentos muito utilizados por Lindzen é de que devido as incertezas
sobre diversos mecanismos de feedback (das nuvens, etc.), cientistas ainda são
ignorantes sobre o funcionamento e possibilidade de previsão do clima. De fato, os
cientistas reconhecem que tais incertezas existem, contudo, enfatizam que muitos
aspectos do clima já são conhecidos. Incerteza não é o mesmo que ignorância.
Veja-se:
http://www.skepticalscience.com/climate-scientists-take-on-RichardLindzen.html
No vídeo acima Lidzen também apresenta algumas citações do livro de Mike
Hulme. Why we disagree about climate change (2009). Como eu tenho o livro
tomei a liberdade de comparar as citações. Lidzen apresenta as citações de Hulme
parecendo sugerir que “climate change” é uma invenção, um mito. Contudo, é
preciso observar que Lidzen não menciona que Hulme distingue entre dois
significados de “climate change”. Ou seja, Hulme (2009, p. 327) distingue entre
“climate change” como “transformação física” (objeto de estudo das ciências
naturais) e “climate change” como “ideia” (onde aspectos culturais, sociais,
antropológicos, psicológicos são considerados). Nas citações que Lidzen usa de
Hulme (2009, p.341), Hulme está se referindo a “climate change” como “ideia”. Em
nenhum momento Hulme está questionando o primeiro sentido de “climate
change”, ou seja, de transformação do mundo físico. Além disso, a última citação que
Lidzen faz de Hulme também não está completa. A frase completa é: “Indeed, myths
in this anthropological sense transcend the scientific categories of “true” and
“false” (Hulme, 2009, p.341).
Ricahrd Lindzen, além de negar o problema do aquecimento global, também
está entre aqueles cientistas que argumentavam em décadas anteriores que o
tabagismo não traria risco para a saúde humana.
http://www.sourcewatch.org/index.php?title=Richard_S._Lindzen&redirect=n
o#On_Tobacco
Fred Singer:
Um vídeo em que Singer questiona o aquecimento global antropogênico pode
ser acessado em:
https://www.youtube.com/watch?v=mLM82B7rgy8
Comentário sobre Singer pode ser acessado em:
http://www.skepticalscience.com/fred-singer-debunks-and-denies.html
O físico Fred Singer é um dos principais céticos do aquecimento global
antropogênico, sendo o principal autor do NIPCC (Nongovernmental International
Panel on Climate Change) fundado pelo Heartland Institute (um “think thank”
conservador). Além do aquecimento global, Singer também esteve envolvido com
temas como a chuva ácida, CFCs e a camada de ozônio, tabaco e câncer, em todos
esses casos questionando a opinião da comunidade científica (Oreskes & Conway.
Merchants of Doubt. 2010).
https://en.wikipedia.org/wiki/Fred_Singer
Por exemplo, em 1995 Singer atesta no congresso americano questionando a
relação entre os CFCs e o buraco de ozônio. Interessante notar que no mesmo ano
de 1995, Paul Crutzen, Mario Molina e Sherwood Rowland receberam o Prêmio
Nobel de Química pela sua descoberta de que o CFC, ao alcançar a estratosfera,
libera o cloro, que reage com o ozônio destruindo a molécula.
Também em 1995 Singer e Baliunas (outra cética das mudanças climáticas)
atestaram no congresso americano de que o buraco de ozônio não traria risco para
a incidência de câncer de pele. Essa posição de Singer encontra-se já num artigo de
1987, onde escreve: “But there is no reliable evidence that the total amount of
ozone has decreased, and any increase in the incidence of melanoma, the most
serious
type
of
skin
cancer,
must
therefore
involve
other
causes”(http://www.fortfreedom.org/s13.htm).
Tais
testemunhos
são
completamente contrários à American Academy of Dermatology.
Também podemos encontrar defesas de Singer que contestam a relação entre o
tabaco
e
o
câncer
https://www.industrydocumentslibrary.ucsf.edu/tobacco/docs/#id=kxjj0132
Há também uma controvérsia envolvendo Fred Singer, Roger Revelle e Al Gore,
sobre isso pode-se consultar Oreskes & Conway. Merchants of Doubt, 2010, bem
como:
https://en.wikipedia.org/wiki/Roger_Revelle
http://ossfoundation.us/projects/environment/globalwarming/myths/revelle-gore-singer-lindzen/carolyn-revelle
http://media.hoover.org/sites/default/files/documents/0817939326_283.pdf
http://www.uscentrist.org/platform/positions/environment/contextenvironment/john_coleman/the-revelle-gore-story
http://ruby.fgcu.edu/courses/twimberley/envirophilo/lookbeforeyouleap.pdf
10. Há alguma ligação entre céticos e a indústria do Petróleo e Carvão?
De fato, muitos dos céticos, inclusive entre os acima mencionados, são
membros de “think thanks” financiados pela indústria do petróleo. Pode-se verificar
isso consultando:
http://www.exxonsecrets.org/html/index.php
http://www.sourcewatch.org/index.php/Climate_Change_Deniers
http://www.desmogblog.com/ivar-giaever
http://www.sourcewatch.org/index.php/S._Fred_Singer
http://www.desmogblog.com/s-fred-singer
http://www.desmogblog.com/richard-lindzen
http://www.sourcewatch.org/index.php?title=Richard_S._Lindzen&redirect=n
o#On_Tobacco
Vídeos sobre o tema:
Merchants of Doubt
https://www.youtube.com/watch?v=pRenGy0cg5s
PBS Frontline 2012 Climate of Doubt:
https://www.youtube.com/watch?v=J8te6eAZSlc
É interessante verificar também que não são muitos artigos publicados por
céticos (negacionistas), em revistas com processo de peer review, em que os
autores negam ou põe em dúvida o aquecimento global antropogênico.
http://www.skepticalscience.com/peerreviewedskeptics.php
A respeito das origens do movimento cético (negacionista) do aquecimento
global pode-se consultar os trabalhos de historiadores e sociólogos como:
Jacques, P., Dunlap, R. & Freeman, M. “The organization of denial: conservative
think thanks and environmental scepticism”. Environmental Politics, 2008.
http://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/09644010802055576
Dunlap, R. & Jacques, P. “Climate Change Denial Books and Conservative Think
Tanks”. The American Behavioral Scientist, 2013.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3787818/
Jamieson, D. & Herrick, C. Junk Science and Environmental Policy: Obscuring
Public Debate With Misleading Discourse. 2001.
http://environment.as.nyu.edu/docs/IO/1192/JunkScienceEnvironmentalPoli
cy.pdf
Oreskes, N. & Conway, E. Merchants of Doubt. 2010.
Jacques, Dunlap & Freeman (2008) analisaram 141 livros “céticos” (de língua
inglesa) publicados entre 1972-2005. Os autores verificaram que 92 % dos livros
possuem ligações com instituições (“think thanks”) conservadores. Jamieson &
Herrick (2001) concluiram em sua análise que os artigos negacionistas que
empregam o termo “junk science” baseiam-se em argumentos políticos e
ideológicos e não em argumentos científicos.
Os autores acima argumentam que a principal estratégia cética (negacionista)
contra o consenso científico existente é a “disseminação da dúvida” através do
desacordo, promovendo controvérsias cientificas artificiais. Este é com certeza um
problema considerável, afinal, como pode o público leigo distinguir entre uma
controvérsia artificial e uma controvérsia científica legítima? É por esse motivo
que, quando consideramos e avaliamos a controvérsia das mudanças climáticas,
fornecer um diagnóstico adequado deverá envolver um conhecimento dos fatores
circunstanciais envolvidos, conhecer os protagonistas envolvidos, seus argumentos
e suas motivações. Isso, é claro, requer um trabalho e tanto. Felizmente, em grande
parte este trabalho já foi feito por historiadores e sociólogos da ciência como
Naomi Oreskes, Spencer Weart, James Fleming, Peter Jacques, Riley, Dunlap, entre
outros.
11. A controvérsia climategate revelou fraude por parte dos cientistas?
O polêmico caso climategate iniciou em 2009 envolvendo o vazamento de emails de um dos grandes centros de pesquisas sobre mudanças climáticas na
Inglatera, o Climate Research Unit (CRU). Segundo os céticos, evidência da farsa do
aquecimento global seria a ocorrência das expressões “trick” e “hide the decline”
que aparecem num dos e-mails de Philip Jones, diretor do CRU. No centro dessas
alegações está a controvérsia sobre o gráfico de reconstrução de temperaturas
conhecido por Hockey Stick, que foi publicado pela primeira por Michael Mann et
al. (1998).
Como já observado na postagem anterior, na época comissões independentes
de cientistas foram encarregadas de analisar a acusação de fraude. Abaixo destaco
três grupos de comissões independentes que analisaram o caso, os primeiros dois
se ocuparam com o conteúdo dos e-mails. O terceiro de Lord Oxburgh se dedicou
exclusivamente a analisar a replicar os dados científicos. Pode-se verificar que
nenhuma comissão encontrou fraude. O que ficou dessa história foram
recomendações para que os cientistas adotassem medidas de transparência
disponibilizando todos os dados publicamente. Desde então essas medidas vem
sendo tomadas.
House of Commons Science and Technology Committee. The disclosure of
climate data from the Climate Research Unit at the University of East Anglia.
(2010).
Disponível
em:
http://www.publications.parliament.uk/pa/cm200910/cmselect/cmsctech/387/
387i.pdf>.
MUIR RUSSEL A. The Independent Climate Change E-mails Review. (2010).
Disponível em: http://www.cce-review.org/pdf/FINAL%20REPORT.pdf
OXBURGH, Ron (Lord). Science Assessment Panel. (2010). Disponível em:
http://www.uea.ac.uk/mac/comm/media/press/CRUstatements/SAP
Um livro que já mencionei e que vai a fundo na questão é:
PEARCE, Fred. The climate files: the battle for the truth about global warming.
(2010).
Um texto sobre Michael Mann antes da controvérsia:
https://www.scientificamerican.com/article/behind-the-hockey-stick/
Importante observar que o gráfico de Michael Mann é um gráfico cujos dados
posteriormente foram analisados por 11 grupos de pesquisa independentes ao
redor do mundo. Pode-se consultar:
http://history.aip.org/history/climate/xmillenia.htm
http://history.aip.org/climate/20ctrend.htm#hockey
12. Existem mesmo 30 mil cientistas que discordam do aquecimento
global antropogênico?
Nesse caso trata-se da Oregon Petition. É uma petição organizada em 1998 e
novamente em 2007 em que céticos alegam que há 17 mil (1998) e 30 mil (2008)
cientistas contra o AGA.
https://en.wikipedia.org/wiki/Oregon_Petition
http://yournewswire.com/tens-of-thousands-of-scientists-declare-climatechange-a-hoax/
Em primeiro lugar, pode-se observar que o critério adotado pelo Instituto
Oregon para definir o que é ser cientista é bem amplo: “Signatories are approved
for inclusion in the Petition Project list if they have obtained formal educational
degrees at the level of Bachelor of Science or higher in appropriate scientific fields”.
http://www.petitionproject.org/qualifications_of_signers.php
Uma análise da petição é feita em:
http://www.skepticalscience.com/OISM-Petition-Project-intermediate.htm
A petição de 1998 foi analisada pela Scientific American. Cuja análise concluiu
que uma minoria, cerca de 200, são cientistas do clima.
https://web.archive.org/web/20060823125025/http://www.sciam.com/pag
e.cfm?section=sidebar&articleID=0004F43C-DC1A-1C6E-84A9809EC588EF21
Além disso, entre os nomes que assinaram a petição foram inclusive
encontrados personagens de ficção do Star Wars e membros das Spice Girls. Mais
detalhes em:
http://www.desmogblog.com/oregon-petition
http://www.skepticalscience.com/news.php?n=158
13. Há petições que atestam a realidade dos riscos das Mudanças
Climáticas?
Vale lembrar que este ano 376 cientistas membros da National Academy of
Sciences, incluindo 30 prêmios Nobel, assinaram uma carta alertando para os riscos
das mudanças climáticas. Entre eles há também nomes de físicos como Stephen
Hawking e Kip Thorne.
http://responsiblescientists.org/
Também pode-se mencionar a declaração do encontro de Prêmios Nobel de
Lindau na Alemanha, com a assinatura de 36 Prêmios Nobel. É interessante notar
que foi neste encontro que Ivar Giaever proferiu a sua fala negacionista.
http://time.com/3945630/lindau-nobel-laureates-meetings/
http://qz.com/444787/a-group-of-nobel-laureates-have-signed-a-declarationcalling-for-urgent-action-on-climate-change/
De fato, ainda entre os Físicos, a American Physical Society apoia o consenso
científico:
https://www.aps.org/policy/statements/15_3.cfm
Por fim, espero que este texto e as referências sugeridas possam contribuir
mais um pouco para divulgação de informação e diálogo sobre o tema do
aquecimento global e das mudanças climáticas. Novamente gostaria de agradecer
ao CREF e seus idealizadores, em especial ao prof. Fernando Lang, pela promoção
do diálogo sobre o tema.
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