ALTERAÇÕES NO SISTEMA NEUROMUSCULAR DECORRENTES

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Rev. bras. fisioter. Vol. 7, No. 3 (2003), 201-207
©Associação Brasileira de Fisioterapia
ALTERAÇÕES NO SISTEMA NEUROMUSCULAR DECORRENTES DO
ENVELHECIMENTO E O PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO
NA MANUTENÇÃO DA FORÇA MUSCULAR EM INDIVÍDUOS IDOSOS
Davini, R 1 e Nunes, C. V?
Fisioterapeuta, mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas,
professor do curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, USF
1
Fisioterapeuta, mestre em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos,
professora do curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, USF
2
Correspondência para: Rafael Davini, Av. Andrade Neves, 2655, apto 92, Campinas, SP,
CEP 13070-000, e-mail: rafael.davini@saofran cisco.edu.br
Recebido: 3017/02- Aceito: 21/8/03
RESUMO
A diminuição da força muscular e subseqüente comprometimento da função motora, associados ao processo de envelhecimento, afetam
diretamente a vida de indivíduos idosos, diminuindo suas habilidades em tarefas simples como caminhar e dificultando a realização
de atividades de vida diária, comprometendo a qualidade de vida e a saúde mental dessa população. A participação regular em programas
de exercícios físicos de força muscular (EFFM) causa respostas favoráveis que contribuem para um envelhecimento saudável. Há
evidências de que a reeducação muscular realizada por meio da aplicação de exercícios físicos visando ao aumento da força muscular tem efeito positivo no sistema neuromuscular de indivíduos idosos. Estima-se que no ano de 2.030 o número de indivíduos com
65 anos ou mais poderá chegar a 70 milhões em países desenvolvidos, e no Brasil projeções estatísticas para o ano de 2025 indicam
que a população total aumentará 5 vezes em relação à de 1950, ao passo que a população acima de 60 anos terá aumentado cerca
de 15 vezes. Dessa forma, quanto mais a expectativa de vida aumenta, mais importante se torna determinar a extensão e os mecanismos
com os quais os EFFM podem melhorar as condições de saúde, a capacidade funcional, a qualidade de vida e a independência da
população de idosos. Assim, este artigo tem por objetivos revisar os efeitos do processo de envelhecimento sobre o sistema neuromuscular e ainda destacar a importância da reeducação muscular realizada por meio da aplicação dos EFFM com o intuito de amenizar
as alterações fisiológicas encontradas no sistema neuromuscular em decorrência do envelhecimento.
Palavras-chave: envelhecimento, sistema neuromuscular, exercício físico, hipertrofia muscular.
ABSTRACT
The decrease in muscular strength and resulting impairment of motor function associated with the a.ging process have a direct effect
on the life of the elderly, decreasing their ability to perform simples tasks such as walking, and making it difficult to perform everyday activities thus compromising the mental health and quality of life of this population. Positive re:sults have been achieved through
the frequent practice of physical exercises for muscular strength (PEMS), contributing to a healthy old age. There is also evidence
that muscle rehabilitation achieved by applying physical exercises for muscular strength has a beneficiai effect on the neuromuscular system of elderly individuais. It has been estimated that by the year 2030, the number of people aged 65 or above could reach
70 million in the developed countries. In Brazil statistical forecasts for the year 2025 project a total population of about five times
that present in 1950, while the number of people above 60 will have risen 15 times in the same period. For this reason, the higher
the life expectancy the more important it becomes to define to what extent and through which means PEMS can improve the conditions of health and functional ability, thus improving the quality of life and promoting independence for the elderly population. Therefore,
this article aims at revising the effects of aging on the neuromuscular system in addition to discussing the important role of muscle
rehabilitation with PEMS in reducing the physiological changes found in the neuromuscular system as a result of the aging process.
Key words: aging, neuromuscular system, physical exercise, muscular hypertrophy.
202
Davini. R. e Nunes, C. V
INTRODUÇÃO
Efeitos do Envelhecimento sobre os Sistemas
Neuromuscular e o Papel da Reabilitação no
Ganho e na Manutenção da Força Muscular
O envelhecimento é o responsável por algumas
alterações fisiológicas no sistema neuromuscular que levam
a um decréscimo da força muscular (FM) e conseqüente
decréscimo da função muscular, aumentando, assim, a perda
da densidade óssea mineral e o número de quedas e fraturas
ósseas.l.2· 3 A diminuição da área de secção transversa (AST)
e conseqüente atrofia muscular, perda de fibras musculares,
alteração na porcentagem de tecido muscular contrátil e déficit
na inervação muscular, incluindo recrutamento e disparo de
unidades motoras (UM), são as principais causas da redução
da FM verificada na população idosa. 3•4 Ao mesmo tempo
é evidente a capacidade de adaptação do sistema neuromuscular de indivíduos idosos ao treinamento objetivando
ganho de força muscular, o que pode ser verificado principalmente por meio do aumento da AST das fibras musculares
de indivíduos idosos após período de treinamento físico. 5·6
Efeitos do Envelhecimento na Força Muscular
Há consenso a respeito da redução da força muscular
na população idosa,I.5· 7·8 sendo que a maneira mais confiável
de quantificar essa perda é por meio de estudos longitudinais. 3
Aniansson et al. 9 acompanharam por um período de
11 anos 9 indivíduos do sexo masculino com idade entre
79 e 82 anos. Foi mensurada a força isométrica e isocinética
(30°/s e 60°/s) dos músculos extensores do joelho e ainda
a força isométrica dos flexores do cotovelo. Ao final do
período de investigação, os autores encontraram redução
de 35% para a contração isométrica e de 25% para a contração
isocinética dos extensores de joelho à velocidade de 30°/s e
ainda 35% de redução à velocidade de 60°/s para o mesmo
grupo muscular. A força dos flexores de cotovelo também
apresentou-se diminuída no final do período de investigação.
Seguindo a mesma linha de investigação, Rantanen et
al. 8 acompanharam as alterações na força muscular por um
período de 27 anos em indivíduos do sexo masculino com
idade entre 71 e 96 anos. O aparelho utilizado para as avaliações
e reavaliações da FM foi o Hand Grip, o qual proporciona
resistência à realização do movimento de preensão palmar.
Ao longo do período de acompanhamento, a FM apresentou
declínio diretamente proporcional ao aumento da idade cronológica, com perda média da FM de 1,0% ao ano para os
músculos flexores do punho, o que atinge de forma direta
algumas atividades de vida diária importantes, como, por
exemplo, manipular e carregar objetos.
Recentemente, Frontera et af.3 acompanharam o
comportamento da FM de 9 homens com média de idade de
Rev. bras. .fisiota
64,5 ± 4,2 anos por um período de 12 anos. Os autores mensuraram a força isocinética dos músculos flexores e extensores
do joelho (60°/s e 240°/s) e dos músculos flexores e extensores
do cotovelo (60°/s e 180°/s). Os autores encontraram redução
significativa da FM isocinética, que variou de 23,7% a 29,8%
para os músculos flexores e extensores do joelho nas duas
velocidades angulares testadas. Para o membro superior testado,
a perda de FM observada na velocidade de 60°/s foi de 16,4%
e 19,4% para os flexores e extensores do cotovelo,
respectivamente. A 180°/s a perda de força nos flexores do
cotovelo foi de 26,5%, enquanto para os extensores não houve
diferença estatisticamente significativa durante o período acompanhado. A perda anual da FM para os extensores e flexores
do joelho foi de 2,9% e 2,5%, respectivamente, já para os
músculos flexores e extensores do cotovelo a perda anual da
FM foi de 1,4% a 2,2% e 1,6%, respectivamente.
Alguns outros estudos também relatam a perda gradual
de FM ao longo do processo de envelhecimento. 6· 10
A contração excêntrica tem grande implicação funcional
para a população idosa, já que a ação muscular por meio
desse tipo de contração tem papel importante em atividades
como a marcha, proporcionando a produção de forças de
estabilização e desaceleração durante suas fases. 11 Alguns
autores 12·13.1 4 sugerem que a força excêntrica poderia ser menos
afetada pelo processo de envelhecimento quando comparada
à força isométrica, isotônica concêntrica e isocinética
concêntrica, principalmente em altas velocidades.
Vandervoort et al. 12 encontraram diferença de 53% no
pico de torque concêntrico e de apenas 34% no pico de torque
excêntrico para o grupo muscular de extensores do joelho
em mulheres com idades variando entre 23 e 72 anos. Os
autores concluíram que nas mulheres a força excêntrica é
menos afetada pelo processo de envelhecimento do que a
concêntrica e isto estaria relacionado ao fato de que mulheres
idosas possuem maior ciclo de alongamento-encurtamento
muscular e, assim, maior capacidade de armazenar e utilizar
a energia elástica no músculo esquelético em relação a homens
idosos e mulheres e homens jovens.
Influência do Sexo na Massa e na Força Muscular
em Indivíduos Idosos
Alguns estudos relatam que homens idosos apresentam
maior FM quando comparados a mulheres idosas.2.7. 15
Frontera et al. 7 observaram interações entre o sexo e a
FM. De acordo com os autores, indivíduos idosos do sexo
masculino apresentaram maior FM do que os do sexo feminino.
Isto poderia ser explicado pelas diferenças entre a composição
e o tamanho corporal existente entre indivíduos do sexo
masculino e feminino que se mantêm com o processo de
envelhecimento. Por meio de imagem de ressonância nuclear
magnética, Janssen et al. 15 inferiram que os homens apresentam
Vol. 7 No. 3, 2003
Envelhecimento, Força Muscular e Exercício Físico
maior quantidade de massa de músculo esquelético (MME) do
que as mulheres em termos absolutos (33 kg-21 kg) e relativos
(38%-30,6%). A MME tem grande influência na densidade óssea
mineral, assim, a maior prevalência da osteoporose nas mulheres
poderia ser explicada, em parte, por menor quantidade de MME
que estas apresentam. Desta forma, na prática fisioterapêutica,
o trabalho de fortalecimento muscular deve ser priorizado para
indivíduos idosos do sexo feminino, visando a ganhos na área
das fibras musculares esqueléticas e prevenindo e/ou reduzindo
quadros de perda de tecido ósseo mineral.
Mecanismos que Levam à Redução da Força Muscular
Durante o Processo de Envelhecimento
Possíveis explicações para a redução da FM em
indivíduos idosos seriam a ocorrência de diminuição da AST
das fibras do músculo esquelético em função de uma atrofia
seletiva das fibras musculares do tipo 11 e a perda no número
de fibras musculares. 3 · 16•17
Pmter et al. 18 revelaram que músculos como vasto lateral
(VL), tíbia! anterior (TA) e bíceps braquial (BB) apresentam
diminuição na AST de suas fibras musculares do tipo li durante
o processo de envelhecimento, enquanto as fibras musculares
do tipo I dos mesmos músculos não apresentaram alterações
importantes em sua AST. Em relação ao número de fibras
musculares, Rogers & Evans 19 mencionam que tanto as fibras
do tipo I quanto as fibras do tipo 11 diminuem numericamente
na mesma proporção ao longo do envelhecimento, porém,
outros estudos sugerem haver diminuição principalmente do
número de fibras do tipo II. 18 ·20
Lexell et aU0 realizaram autópsia do músculo VL de
43 homens com idade entre 15 e 83 anos e encontraram que
a atrofia muscular foi diretamente proporcional à idade dos
voluntários. De acordo com os autores, a atrofia observada
deve-se a uma redução no tamanho das fibras musculares,
principalmente as do tipo II, e também à perda de fibras
musculares sem predominância para nenhum dos dois tipos
de fibras, I ou II.
Já Coggan et aU 1 mencionam não haver diferença
significativa na quantidade de fibras tipo I, lia e Ilb com o
envelhecimento. Todavia, os autores propõem que as fibras
do tipo I ocupam maior porcentagem do total de área muscular
nos indivíduos idosos tanto do sexo masculino quanto do sexo
feminino, e isto ocorre em função de as fibras do tipo lia e
tipo IIb apresentarem área de secção transversa menor quando
comparadas às fibras musculares do tipo L
A capacidade que um músculo esquelético apresenta
de desenvolver FM não está relacionada apenas a
características anatômicas e morfológicas de suas fibras, mas
também ao controle neural que esse músculo recebe, assim,
alterações neuronais periféricas também podem acarretar
diminuição da força muscular.
Acredita-se que o envelhecimento seja responsável por
perda da quantidade de motoneurônios a, assim, indivíduos
203
idosos apresentariam menor quantidade de unidades motoras
(UM,). A perda do número de UM, decorrente do envelhecimento tem sido estimada em aproximadamente 1o/o do
total de UM, ao ano, com início a partir da terceira década
de vida, aumentando acentuadamente depois da sexta década.
Especula-se que, pelo fato de haver diminuição do número
de UM, no músculo esquelético de indivíduos idosos, as UM,
remanescentes apresentmiam maior tamanho ou aumentariam
sua taxa de inervação, desta maneira, para indivíduos idosos
cada neurônio motor inervaria maior número de fibras
musculares em comparação a indivíduos jovens. 16
De acordo com Brooks & Faulkner, 22 as UM, passam
por um ciclo natural de remodelamento, situação na qual
ocorrem algumas modificações nas conexões sinápticas na
junção neuromuscular, caracterizadas por perda da inervação,
brotamento axonal e reinervação das fibras do músculo
esquelético.
A diminuição das fibras musculares esqueléticas do tipo
11 verificada em indivíduos idosos pode estar associada à perda
da inervação dessas fibras e posterior reinervação dessas mesmas
fibras musculares por brotamento colateral de axônios de fibras
do tipo L Assim, essas fibras passariam a apresentar características
fisiológicas e bioquímicas das fibras de contração lenta (tipo
I). Desta forma, parece que o processo de remodelamento das
unidades motoras ocorre de modo diferenciado ao longo do
processo de envelhecimento, e tal fato poderia justificar a menor
diminuição na quantidade das fibras musculares do tipo li durante
o envelhecimento verificada em alguns estudos. 20 ·21
O fenômeno de remodelamento das UM s das fibras
musculares do tipo li por motoneurônios a de fibras oxidativas
poderia ocorrer em decorrência de um aumento da coexpressão dos tipos I e II dm. isoformas de miosina de cadeia
pesada observado na musculatura esquelética de indivíduos
idosos. 16·23 A miosina de cadeia pesada é a porção da cabeça
da molécula de miosina que determina a taxa de reação das
pontes cruzadas com o miofilamento de actina e, assim, a
velocidade de contração do músculo esquelético.
Sabe-se ainda que a freqüência de disparo das UM,
remanescentes pode se tornar mais variável ou ainda diminuir
com o envelhecimento, fato que levaria à deficiência do
controle motor e conseqüentemente ao comprometimento
do desenvolvimento de níveis maiores de FM. 4· 24 ·25
Kamen et al. 26 investigaram a relação da FM com a taxa
de disparo das UM, do primeiro músculo interósseo dorsal
de indivíduos jovens e idosos. A FM encontrada nos indivíduos
jovens foi 19% maior que a observada em indivíduos idosos.
A descarga máxima de UM, a 100% da contração voluntária
máxima no grupo de indivíduos idosos foi 64% menor quando
comparada ao grupo de voluntários jovens. Esses resultados
sugerem que a redução da força muscular máxima se deve
em parte a uma diminuição na capacidade de ativação das
unidades motoras remanescentes na musculatura esquelética
de indivíduos idosos.
204
Davini, R. e Nunes, C. V.
Acredita-se também que a redução da FM observada
durante o envelhecimento seja decorrência de um déficit na
ativação da musculatura esquelética pelo sistema nervoso
central. 27 ·28
Além dos fatores morfológicos e neurais centrais e
periféricos, a redução da força muscular em idosos também
tem sido atribuída a alterações em organelas como o retículo
sarcoplasmático (RS). 29 De acordo com Delbono et al. 29 a
quantidade de Ca+2 liberada pelo RS durante a despolarização
celular está reduzida na musculatura esquelética de indivíduos
idosos, e isto afetaria de forma direta os níveis de força muscular
desenvolvidos. Além disso, de acordo com Coggan et al., 21 a
capilatização da musculatura esquelética em idosos é cerca de
25% menor quando comparada a jovens, e algumas alterações
bioquímicas importantes são verificadas em relação a enzimas
mitocondriais, como redução de 25% na succinato desidrogenase,
citrato sintase e ~hidroxiacii-Coa desidrogenase. Essas mudanças
estruturais e bioquímicas contribuem de forma direta para a
redução da massa muscular, força e resistência muscular observadas na população de idosos, já que exercem influência direta
no metabolismo das células musculares.
Assim, podemos notar que as alterações estruturais no
músculo esquelético parecem não ser as únicas responsáveis
pelo decréscimo da FM observado durante o processo de
envelhecimento.
Efeito do Treinamento Físico no Músculo Esquelético
de Indivíduos Idosos
O treinamento da musculatura esquelética é dividido em
duas categorias: resistência e força. O primeiro está associado
ao aumento da aptidão cardion·espiratória e também muscular
com provável aumento nos valores de consumo máximo de
oxigênio (V02Má), já o segundo está mais associado à melhora
da capacidade de gerar força máxima. 5 .1 7
O treinamento de força prescrito para a população idosa
vem recebendo atenção considerável nas últimas décadas, e
isto ocorre em função do grande potencial que esse tipo de
recurso tem em diminuir a perda de massa muscular relacionada
ao processo de envelhecimento, bem como aumentat· o controle
neuromuscular de indivíduos idosos e desta forma amenizar
quadros de redução da FM e de comprometimento da função
do sistema neuromuscular, ambos associados ao processo de
envelhecimento. 5·6·30•31 ·32
Apesar disso, a aplicação do treinamento de FM para
a população idosa depende de alguns fatores a serem
analisados, como o grau de comprometimento dos sistemas
neuromuscular e a presença de patologias associadas ao
sistema cardiovascular. Quadros de cardiopatia isquêmica,
cardiomiopatia e hipertensão arterial sistêmica, ainda que
controlados, podem eventualmente contra-indicar a prescrição
de exercícios de força muscular pelo fato de que porcentagens
Rev. bras . .fisiora
maiores que 20% da contração isométrica voluntária máxima
(CIVM) podem causar elevação súbita da PA sistólica com
aumento da pós-carga, podendo desencadear quadros como
angina pectóris, arritmias cardíacas ou até mesmo disfunção
ventricular esquerda. 33 ·34 Para essa população, ainda que os
exercícios de força muscular sejam os mais indicados no
combate à sarcopenia, os exercícios de resistência muscular
devem ser aplicados como recurso de primeira eleição, já
que proporcionam menores riscos de complicações a outros
sistemas orgânicos 18 ·33 e ainda alguns benefícios ao sistema
muscular de indivíduos idosos. 35
Coogan et al. 35 estudaram as adaptações da musculatura
esquelética ao treinamento de resistência em homens e
mulheres com idade entre 60 e 70 anos. O estudo relatou
a capacidade de adaptação da musculatura esquelética desses
indivíduos ao treinamento de resistência por meio da
diminuição na porcentagem de fibras Ilb e aumento na
porcentagem de fibras lia e ainda aumento de 10% e 12%
na área das fibras musculares do tipo I e lia, respectivamente.
A área das fibras Ilb não sofreu alterações.
Em razão das alterações na estrutura e tipos de fibras
musculares, foi verificado aumento de 21 o/o no número de
capilares por milímetro quadrado de fibra muscular pré e
pós-treinamento, e este aumento da densidade capilar estaria
relacionado ao aumento da razão capilar-fibra bem como
ao aumento no número de capilares em contato com cada
fibra muscular. A atividade de enzimas como a succinato
desidrogenase, citrato sintase e ~-hidroxiacil-Coa desidrogenase, todas relacionadas à atividade mitocondrial,
aumentou pré e pós-período de treinamento físico de 24%
a 55%.
Podemos observar então que exercícios de resistência
com intensidades adequadas têm a capacidade de proporcionar adaptações benéficas à musculatura esquelética de
indivíduos idosos e, assim, devem ser empregados em casos
especiais em que os exercícios de força tenham restrições
de aplicação para essa população.
Quanto aos exercícios de força muscular, estes parecem
ser mais efetivos no combate à redução da quantidade e área
de fibras musculares esqueléticas. 31 ·36
Em estudo clássico, Frontera et al. 32 encontraram que
o treinamento de FM em indivíduos idosos com idade entre
60 e 72 anos leva à hipertrofia muscular e conseqüente melhora
da função motora. A porcentagem de aumento encontrada
foi de 117% para os extensores do joelho direito, 107,4% para
os extensores do joelho esquerdo e 226,7% para os flexores
do joelho direito e esquerdo. Os autores 32 atribuem o aumento
verificado na FM ao aumento na AST determinada por meio
da biopsia muscular e tomografia computadorizada das fibras
musculares. Após período de treinamento, a área das fibras
musculares do tipo I apresentou aumento de 33,5% e a área
Vol. 7 No. 3, 2003
205
Envelhecimento, Força Muscular e Exercício Físico
das fibras do tipo II, 27 ,6%. Não foram verificados aumentos
na proporção das fibras do tipo II após o treinamento.
Brown et af.3 1 investigaram a capacidade de adaptação
do músculo bíceps braquial de indivíduos com idade entre
60 e 70 anos ao treinamento de força. Os resultados obtidos
foram semelhantes aos do estudo de Frontera et al. 32 em
relação ao aumento na AST, porém. o aumento encontrado
na área média das fibras tipo 11 foi maior quando comparado
ao das fibras do tipo I, aumentando desta forma a razão fibra
tipo li/I.
Assim, podemos notar capacidade semelhante de
adaptação ao treinamento de força muscular para grupos
musculares tanto dos membros inferiores quanto dos membros
superiores.
Recentemente, Hakkinen et al. 36 estudaram a produção
de força e as características das fibras musculares do músculo
quadríceps femoral de indivíduos do sexo masculino e
feminino com média de idade de 72 ± 3 e 67 ± 3 anos,
respectivamente, que foram submetidos a um programa de
treinamento de força e explosão muscular no aparelho leg
press e mesa extensora. Em seus resultados os autores
relataram que após 6 meses de treinamento a produção de
força pelo músculo quadríceps femoral aumentou de 30%
para 60% para ambos os sexos, porém a AST das fibras
analisadas não aumentou na mesma proporção que a força
muscular.
Harridge et al. 37 submeteram indivíduos idosos com
idade entre 85 e 97 anos a um programa de treinamento de
força do músculo quadríceps femoral três vezes por semana
durante doze semanas. Ao final do treinamento, a produção
de FM do grupo quadríceps femoral aumentou 134%,
enquanto a AST desse mesmo grupo muscular aumentou de
15%al7%.
Estudos prévios 36•37 indicam que o aumento observado
na FM do grupo treinado foi maior que o aumento verificado
na AST desses músculos, o que nos sugere que o ganho de
FM após período de treinamento não estaria associado
somente a mudanças na morfologia das fibras musculares,
mas também a ganhos neurais (mudanças no recrutamento
e disparo das UM, decorrentes do aprendizado motor
adquirido durante o treinamento 36·38 ). As adaptações neurais
têm sido reportadas como sendo responsáveis pelo ganho
de força inicial observado durante as oito primeiras semanas
de treinamento de força muscular. 17 ·39
A capacidade de adaptação da musculatura esquelética
de indivíduos idosos ao treinamento de FM é clara, porém
é importante mencionar que alguns estudos relatam maior
facilidade de ocorrência de lesões musculares em indivíduos
idosos durante e após período de treinamento de FM. 40 .4'
As mulheres idosas parecem ser mais susceptíveis a
ocorrência de lesões musculares decorrentes do treinamento
de força de que os a homem. idosos quando ambos são com-·
parados a grupos de jovens, desta forma, seria indicado um
petiodo maior de adaptação para idosos do sexo feminino antes
do início dos protocolos que objetivam força máxima. 42
Roth et al. 41 não encontraram diferença significativa nos
níveis de lesão muscular do músculo VL, após período de
treinamento de força, entre indivíduos adultos jovens e idosos
do sexo masculino. Importante ressaltar que a FM apresentou
aumento de 27% após período de treinamento para ambos os
grupos. Porém, esses mesr.1os pesquisadores encontraram
diferença significativa nos níveis de lesão muscular entre
mulheres com idade entre 20 e 30 anos e 65 e 75 anos
submetidas a treinamento de FM, sendo que após período de
treinamento foi observado aumento de 38% e 25% na FM para
o grupo de mulheres jovens e idosas, respectivamente. Porém,
os níveis encontrados de lesão muscular após período de
treinamento de força apresentaram diferenças significativas,
sendo 5% para as mulheres jovens e 17% para as idosas.
Os estudos relatados ratificam que boa parte da
população de idosos tem condição de receber com segurança
cargas de treinamento a valores próximos de suas resistências
máximas para uma repetição, e, mais do que isto, todos os
estudos abordados reforçam a capacidade de adaptação ao
treinamento por intermédio principalmente do aumento da
FM pré e pós-período de treinamento.
CONCLUSÕES
Algumas mudanças ocorrem no músculo esquelético
em função do processo de envelhecimento. A mudança mais
marcante verificada é a diminuição na AST e a conseqüente
diminuição da quantidade de tecido contrátil. Mudanças
também são verificadas nas características de funcionamento
das UM, de indivíduos idosos. Os resultados dessas mudanças
são a diminuição na capacidade de produção da FM e
conseqüente decréscimo da função motora. Ao mesmo tempo
há evidências de que o treinamento de força muscular por
meio do exercício físico pode influenciar de forma positiva
a área, a força e a resistência do músculo esquelético de
indivíduos idosos. Os estudos relatados nesta revisão sugerem
que o treinamento de força, quando aplicado regularmente
e levando-se em conta intensidade, duração e freqüência,
pode reduzir alguns efeitos fisiológicos que ocorrem em
função do processo de envelhecimento.
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