Trocando Ideias 2009 Cidade Maravilhosa, 28 de agosto de 2009 HERPES GENITAL SUPRESSÃO Mauro Romero Leal Passos Universidade Federal Fluminense SBDST – SGORJ - FEBRASGO HSV DNA-vírus de grandes dimensoes pertencente à subfamília Alphaherpesviridae, apresentando quatro componentes básicos: a estrutura helicoidal de DNA em dupla hélice, envolvida por capsídeo icosaédrico e circundada por substância amorfa (tegumento), além do envelope lipídico. *Lupi O, Pereira Jr. AC. Herpesvírus humanos, considerações estruturais e imunopatogênicas. An Acad Nac Med 1994;27-9. Situação atual • infecção pelo HSV encontra-se disseminada por todo o mundo, até nas mais remotas tribos indígenas no Brasil¹ • Não há vetores animais conhecidos na transmissão do vírus e o homem é o único reservatório natural conhecido • Contato direto com secreções infectadas é o principal modo de transmissão • Estudos soroepidemiológicos confirmam que mais de 90% da população geral², na quarta década de vida, possuem anticorpos séricos contra ambas cepas do HSV 1- Black FL. Infectious diseases in primitive societies. Science 1975:187:515-24 2- CDC. Genital herpes infection - United States of America, 1966-¬1984. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 1986;35:402-4. 3- Cruter W. Das herpesvirus, seine aetiologische und klinische bedeutung. Munch Med Wochenschr 1924;71:1058-60. Epidemiologia Soroprevalência do HSV-2 em doadores de sangue e em gestantes acompanhadas em clinicas obstétricas País Ano de avaliação Soroprevalência (%) Reino Unido 1981 10 Suécia 1983 19 EUA 1985 28 Haiti 1982-1988 54 Suécia 1987 22 Brasil 1995 29,1 Adaptado de Lupi & Pereira Jr.,2000 Transmissão HSV-2 - transmitido predominantemente pelo contato sexual (inclusive oro-genital), com período de incubação de 3 a 14 dias, na primo-infecção sintomática; a transmissão pode-se dar, também pelo contato direto com lesões ou objetos contaminados Diagnóstico • O HSV-2 é comumente excretado da região anogenital sem que haja sinais ou sintomas, portanto, pode ser de difícil diagnostico apenas com base na história e no exame clínico • Pacientes com lesões ativas devem ser testados quanto à presença do vírus Diagnóstico • Citodiagnóstico de Tzanck - não detecta a presença viral, identifica apenas alterações celulares provocadas pelo vírus. Sensibilidade não ultrapassa 60%. A positividade é refletida pela multinucleação e balonização celulares. A utilização da coloração pelo Papanicolaou permite a observação de inclusões virais. Pode ser útil como método auxiliar • Embora o procedimento de biópsia não seja indicado rotineiramente, permite fazer, com alguma segurança, o diagnóstico por meio da identificação dos corpúsculos de inclusão Tratamento • Aciclovir é a droga de escolha no tratamento do HSV • Age como inibidor seletivo da replicação do HSV, sendo administrado sob a forma de pró-droga inativa. • Uso tópico do aciclovir - apresenta poucas vantagens em relação ao placebo • Acredita-se que o uso precoce do aciclovir na primoinfecção preveniria o estabelecimento da latência viral. Tratamento • 1º episódio de herpes genital - iniciar tratamento o mais precocemente possível com: - Aciclovir 200mg, 4/4 hs, 5x/dia, por 10 dias ou 400mg, VO, 8/8 horas, por 10 dias ou - Valaciclovir 1g, VO, 12/12 horas por 10 dias ou - Famciclovir 250mg, VO, 8/8 horas por 10 dias Tratamento • Recorrências - o tratamento deve ser iniciado de preferência no pródromo (aumento de sensibilidade, ardor, dor, prurido) com: - Aciclovir 400mg, VO, 8/8 horas por 5 dias (ou 200mg, 5x/dia por 5 dias) ou • Valaciclovir 500mg, VO, 12/12 horas por 5 dias; ou 1g dose única diária por 5 dias ou • Famciclovir 125mg, VO, 12/12 horas por 5 dias Casos especiais • Gestantes: tratar o primeiro episódio em qualquer trimestre da gestação • Herpes e HIV: No caso de manifestações severas com lesões mais extensas, pensar na presença de infecção pelo HIV, quando se recomenda tratamento injetável: - Aciclovir 5 a 10mg por Kg de peso EV de 8/8 horas por 5 a 7 dias ou até resolução clínica Manual de controle das doenças sexualmente transmissiveis -4ª edição 2006 Supressão • A supressão da recorrência do herpes simples pode ser obtida, em 85% dos casos, com a administração oral de aciclovir, em doses que variam de 400mg/dia a 600mg/dia, por períodos superiores a seis meses. • A droga está indicada em pacientes sujeitos a mais de seis recorrências por ano. Lupi O. Terapêutica anti-herpética. In: Lupi O, Silva AG, Pereira Jr. AC. Herpes: clínica, diagnóstico e tratamento. Rio deJaneiro: Medsi, 2000:233-54. Supressão • Terapêutica de supressão das recorrências do HSV com valaciclovir tem sido efetuada com doses variando de 500mg a 1g/dia, obtendo controle das recidivas de perfil similar ao do aciclovir • Acompanhamento por um ano demonstrou raros efeitos colaterais (0,02%) em mais de 2.100 pacientes, comprovando a segurança do fármaco • Seu uso durante a gestação permanece controverso* Reitano M, Tyring S, Lang W et al. Valaciclovir for the supression of recurrent genital herpes simplex virus infection: a large-scale dose range-finding study. J Infect Dis 1998;178(3):603-10. Supressão • Aciclovir 400mg, 12/12 hs por até 6 meses, ou • Valaciclovir 500mg por dia por até 1 ano, ou • Famciclovir 250mg 12/12 hs por dia por até 1 ano Manual de controle das doenças sexualmente transmissíveis -4ª edição -2006 Resistência • Resistência ocorre quando o vírus não é mais sensível ao medicamento e não é comum, exceto entre pessoas imunodeprimidas Tratamentos alternativos • Algumas pessoas acreditam que a dieta exerce um papel importante no estímulo ou supressão dos ataques de herpes, mesmo não havendo evidências conclusivas que apóiem essas afirmações • Há pesquisas que sugerem que aminoácidos chamados lisina (encontrados em laticínios, fermento e batatas) podem ajudar a prevenir o herpes WWW.aidsmap.com Outras Drogas • Foscanert - indicado nos casos de HSV resistentes ao aciclovir, dose 40mg/kg/dose EV de 8/8h - 14 a 26 dias – Nefrotoxicidade • Resiquimod gel à 0,3% ou 1% - pode provocar exulceraçoes na pele sã perilesional, nefrotóxico e gastrointestinal (sem registro na ANVISA) Lupi O, Novas perspectivas no tratamento do herpes simples. J Bras DST 1995;7(3):9-12 Obrigado!