CUIDADO AO ADULTO SUBMETIDO A

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CUIDADO AO ADULTO SUBMETIDO A CATETERISMO CARDÍACO:
ENFOQUE NAS COMPLICAÇÕES.
Juliane Umann1
Graciele Fernanda da Costa Linch2
Laura de Azevedo Guido3
Rafaela Andolhe4
Regiane Porsch Delavechia5
Luana Muller5
O cateterismo cardíaco é um procedimento invasivo utilizado para avaliação,
diagnóstico e controle de pacientes com doença cardíaca. Realizado no
Laboratório de hemodinâmica em pacientes ambulatoriais ou internados, tem
como indicação confirmar ou definir a extensão da cardiopatia, determinar a
gravidade da doença, bem como analisar a presença ou ausência de condições
relacionadas
(1)
. Esse procedimento é realizado com anestesia local na punção
arterial (braquial ou femural). São introduzidos guias e cateteres na artéria, que
avançam até aorta e ao ventrículo esquerdo
(2)
. A injeção do contraste e a
fluoroscopia são os responsáveis pela projeção das imagens das coronárias
em tempo real, sendo possível observarem as condições das mesmas se se
encontram abertas ou obstruídas, parcial ou totalmente. Embora as técnicas
não invasivas (eletrocardiograma, ecocardiografia, teste de esforço cardíaco)
representem um papel importante, o cateterismo cardíaco permanece como um
procedimento eficaz para avaliação e diagnóstico da doença coronária. Vale
destacar que aliado às condições clinicas do paciente, pode representar risco
potencial a algumas complicações. Além dos riscos do procedimento em si, o
paciente entra em contato com novas situações, movimentos, sons e
experiências que podem ser ameaçadores durante sua estada na unidade de
1
Autor, acadêmica do Curso de Enfermagem da UFSM, membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde,
Educação e Enfermagem e da linha de estudos e pesquisas “Stress, coping e burnout” da UFSM, bolsista
Pibic. Endereço: Silva Jardim, 2149, Apto 1205. Santa Maria-RS, E-mail: [email protected].
2
Autor, Enfermeira, Mestranda em Enfermagem pela UFSM, membro do Grupo de Pesquisa Trabalho,
Saúde, Educação e Enfermagem e da linha de estudos e pesquisas “Stress, coping e burnout” da UFSM.
3
Autor, Professora Orientadora, Enfermeira, Doutora, Professor Adjunto do Departamento de
Enfermagem da UFSM, pesquisadora, membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e
Enfermagem, coordenadora da linha de pesquisa “Stress, coping e burnout”, coordenadora da disciplina
“Adulto em situações críticas de vida”.
4
Autor, Enfermeira, Mestranda em Enfermagem pela UFSM, Professora Substituta do Departamento de
Enfermagem da UFSM, membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem e da
linha de estudos e pesquisas “Stress, coping e burnout” da UFSM, Bolsista CAPES.
5
Autor, acadêmica do Curso de Enfermagem da UFSM.
hemodinâmica
(1)
. Nesse sentido, as ações de enfermagem voltadas ao
paciente submetido ao cateterismo cardíaco são indispensáveis para o
estabelecimento de condições seguras, além da promoção e adaptação à nova
condição de vida destes pacientes e seus cuidadores. Nessa perspectiva, tratase de um estudo do tipo descritivo, realizado a partir de uma pesquisa
bibliográfica, cujo objetivo consistiu em identificar na literatura cientifica as
principais intervenções de enfermagem com o intuito de refletir sobre a
possibilidade de minimizar as complicações decorrentes de cateterismo
cardíaco. Realizou-se a busca nas seguintes Bases de Dados: LILACS,
BDENF, SCIELO, MEDLINE e Google Acadêmico. Utilizaram-se os seguintes
descritores ou combinações: cuidados de enfermagem, cateterismo cardíaco e
complicações. Para a pesquisa foram percorridas as seguintes etapas: seleção
de textos publicados nos últimos dez anos (1997-2007), disponíveis na íntegra
na Internet, em português ou espanhol, e destes os que abordavam a
assistência de enfermagem e complicações decorrentes de cateterismo
cardíaco. A partir da leitura inicial foram selecionados 98 trabalhos onde se
pode verificar que as complicações, mais freqüentes, relacionadas ao
cateterismo
cardíaco
envolvem
manifestações
vasculares,
isquêmicas,
arrítmicas, vasovagais e alérgicas. Refinando as buscas, de acordo com os
critérios de inclusão previamente definidos, realizou-se o estudo apoiadas em
seis artigos selecionados. Verificou-se que os eventos adversos associam-se
principalmente as condições clínicas de cada paciente, como a presença de
diabetes, tabagismo, cardiopatia isquêmica e lesão do tronco da coronária
esquerda, e também se relacionam ao uso concomitante de anticoagulantes ou
quando o tempo de exame é prolongado (3). Além disso, alguns autores relatam
que o medo, apreensão e a insegurança são sentimentos presentes na maioria
dos pacientes, e isto pode interferir negativamente na realização do
procedimento, sendo estes mais propensos a complicações
(4)
Em vista das
principais complicações, entende-se que a equipe de enfermagem pode atuar
de forma efetiva no intuito de minimizá-las. Para tanto, a assistência voltada
para a redução de possíveis danos inicia no preparo do paciente para a
realização do procedimento, com o acolhimento. É nesse instante que o
enfermeiro o avalia e orienta, facilitando o desenvolvimento das atividades
subseqüentes. Durante a avaliação deve ser elaborado o processo de
enfermagem, nesse são coletados dados relevantes à realização do
cateterismo cardíaco como: peso, altura, medicação de uso contínuo, histórico
da doença cardíaca e de alergias, conclusões de exames anteriores
(hemograma, eletrocardiograma, ecocardiograma, teste ergonométrico, dentre
outros). A anamnese, a realização do exame físico e verificação dos sinais
vitais são fundamentais para o levantando dos problemas do paciente, tendo a
partir deste o diagnóstico de enfermagem e a definição dos graus de
dependência do mesmo quanto aos cuidados de enfermagem. Por fim, elaborase o plano de assistência, e o plano de cuidados diários, ou prescrição de
enfermagem. Nesse período, é fundamental a orientação sobre o que irá ser
realizado, para que o paciente tenha melhor entendimento do procedimento, e
desta maneira diminua sua ansiedade, medo e insegurança, proporcionando
uma experiência mais agradável e menos estressante
(5)
. Essa orientação e o
esclarecimento de dúvidas devem ser feitos também durante a realização do
exame (alertar o paciente para o que está sendo realizado, por vezes
solicitando sua ajuda e colaboração, com informações caso ocorram
intercorrências devido à manipulação do cateter e/ou injeção do contraste nas
coronárias, ou ainda náuseas e vômitos). Durante o preparo do paciente, o
enfermeiro deve identificar possíveis riscos a complicações de acordo com as
características de cada paciente, por exemplo, reações alérgicas prévias,
histórico de hemorragias, presença de diabetes entre outras. O enfermeiro
deve atentar ao uso do contraste iônico (baixa osmolaridade) ou não-iônico,
obedecendo às indicações de cada um, e também controlar possíveis reações
que o paciente possa apresentar durante as injeções intra-cateter, como
alergias e arritmias imediatas. O cuidado com relação ao uso do contraste
também deve ser realizado após o procedimento, pois alguns pacientes podem
desenvolver nefropatia induzida por meio de contraste radiológico
(6)
. É de
responsabilidade do enfermeiro o balanço hídrico desse paciente, objetivando
balanço positivo de fluídos e alto débito urinário. Destaca-se que o enfermeiro
deve estar preparado para realizar a remoção do introdutor, aplicando uma
pressão manual no local de entrada da bainha até obter a hemostasia, e ainda
atentar para pulso e perfusão periférica a fim de identificar possíveis
complicações vasculares
(7)
, uma vez que algumas destas estão relacionadas
com a punção e também com a retirada do introdutor arterial. As complicações
relacionadas ao cateterismo cardíaco são as principais limitações desta técnica
e podem variar desde eventos adversos leves ate eventos graves, como infarto
agudo do miocárdio (IAM) ou morte
(3)
. Os cuidados de enfermagem para com
os pacientes que realizam o cateterismo cardíaco devem ser direcionados para
a prevenção e detecção precoce de complicações e, dessa forma, possibilitar
intervenções rápidas e adequadas. É importante salientar que, com base nos
levantamentos,
encontraram-se
limitações
em
relação
às
publicações
referentes ao tema abordado e podem-se perceber dificuldades na assistência
realizada de forma não sistematizada
(8)
. Considerando que essas situações
exigem desse profissional competência técnico-científica, ética, rapidez na
tomada de decisões e responsabilidade, intervindo em diferentes situações e
prestando
ao
paciente
os
cuidados
necessários,
habituando-se
às
intercorrências e complicações que possam surgir com a realização dos
procedimentos.
Palavras-chave:
Cuidados
de
Enfermagem,
Cateterismo
cardíaco
e
Complicações.
Área temática: Regulação do trabalho políticas e praticas em saúde e
enfermagem
Referências:
1. Woods SL, Froelicher ESS, Motzer SU. Enfermagem em Cardiologia. 4ª ed.
Barueri: Manole, 2005.
2. Brunner LS, Suddarth DS. Textbook of Medical-Surgical Nursing. 10. ed.,
Philadelphia: J.B.Lippincott Co. 2006; cap.26, p.713.
3. Rossato G, Quadros AS, Leite, RS, Gottschall CAM. Análise das
complicações hospitalares relacionadas ao Cateterismo Cardíaco. Rev Brás
Cardiol Invas 2007; 15(1): 44-51.
4. Rojas CID, Freitas MC, Veiga EV. Assistência de Enfermagem a pacientes
que realizam Cateterismo Cardíaco: uma proposta a partir do modelo de
adaptação de Callista Roy. Rev Virtual SOCESP 2007; 17(2).
5. Rojas CID, Eslava DG. El cateterismo caríaco: repensando el cuidado de
enfermage. Actual. enferm, 2002;5(4):7-11.
6. Ultramari FT, Bueno RRL, Cunha CLP, Andrade PMP, Nercolini DC,
Tarastchuk JCE, Faidiga AM, Melnik G, Guérios EE. Nefropatia Induzida pelos
Meios de Contraste Radiológico Após Cateterismo Cardíaco Diagnóstico e
Terapêutico. Arquivos Brasileiros de Cardiologia 2006; 87(3): 378- 390.
7. Lima LR, Pereira SVM, Chianca TCM. Diagnósticos de Enfermagem em
pacientes pós-cateterismo cardíaco – contribuição de Orem. Rev Brás Enferm
2006; 59(3): 285-90.
8. Lourenci R, Andrade M. Sistematização da Assistência de Enfermagem ao
paciente submetido ao Cateterismo Cardíaco: análise da produção científica.
Online Brasilian Journal of Nursing 2006; 5(3).
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