0 FACULDADE ASSIS GURGACZ INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO EM GESTANTES: INCIDÊNCIA E PERFIL DE SUSCETIBILIDADE Cascavel 2013 1 YÁSKARA GORCZEVSKI PIGOSSO INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO EM GESTANTES: INCIDÊNCIA E PERFIL DE SUSCETIBILIDADE Trabalho de conclusão de curso apresentado a Faculdade Assis Gurgacz, FAG, Curso de Farmácia. Prof. Orientador: Claudinei Mesquita da Silva Prof. Co-orientadora: Peder Cascavel 2013 Leyde Dayane de 2 YÁSKARA GORCZEVSKI PIGOSSO INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO EM GESTANTES: INCIDÊNCIA E PERFIL DE SUSCETIBILIDADE Trabalho apresentado no Curso de Farmácia da FAG, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia, sob a orientação do Professor Claudinei Mesquita da Silva. BANCA EXAMINADORA _______________________________ Claudinei Mesquita da Silva Mestre em Ciências- UNIFESP _______________________________ Nome do Professor Avaliador Titulação do Professor Avaliador _______________________________ Nome do 2º Professor Avaliador Titulação do Professor Avaliador Cascavel, 01 de Novembro de 2013 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, Narciso e Claudia G. Pigosso, pela oportunidade, apoio e incentivo na conclusão de mais uma etapa em minha vida. A vocês destino esta conquista. 4 Sumário 1. REVISÃO DA LITERATURA..................................................................... 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 22 2. ARTIGO..................................................................................................... 29 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 43 ANEXO 1 – NORMAS DA REVISTA SABIOS - REVISTA DE SAÚDE E BIOLOGIA...................................................................................................... 47 5 1. REVISÃO DE LITERATURA SISTEMA RENAL O sistema urinário, encarregado da produção, coleta e eliminação da urina está localizado no espaço retroperitonial, de cada lado da coluna vertebral dorsolombar. É constituído pelos rins direito e esquerdo, a pelve renal, que recebe os coletores de urina do parênquima renal, os ureteres, a bexiga e a uretra (SOUZA & ELIAS, 2006). Os rins exercem múltiplas funções que podem ser didaticamente definidas como filtração, reabsorção, secreção, funções endócrina e metabólica. A função primordial dos rins é a manutenção da homeostasia, regulando o meio interno predominantemente pela reabsorção de substâncias e íons filtrados nos glomérulos e excreção de outras substâncias (SODRÉ et al., 2007). O rim desenvolve um papel exócrino, que é em si a formação de urina, ora mais, ora menos diluída, e também desenvolve suas funções endócrinas, através de células secretoras específicas, das quais muitas ainda não são bem definidas. Contudo a função homeostática do meio interno, sendo a função principal do rim, é a efetuada pela formação de urina na unidade funcional básica do rim que é o néfron, um conjunto de estruturas vasculares e renais que visam à formação de urina de acordo com o papel homeostático do qual o rim está incumbido (MORAES & COLICIGNO, 2007). A função essencial do néfron consiste em depurar o plasma sanguíneo das substâncias que devem ser eliminadas do organismo. O néfron filtra uma grande proporção do plasma sanguíneo através da membrana glomerular. Cerca de 1/5 do volume que atravessa o glomérulo é filtrado para a cápsula de Bowman que coleta o filtrado glomerular. Em seguida, à medida que o filtrado glomerular atravessa os túbulos, as substâncias necessárias, como a água e grande parte dos eletrólitos são reabsorvidas, enquanto as demais substâncias, como ureia, creatinina e outras, não são reabsorvidas (SOUZA & ELIAS, 2006). São muitas as funções atribuídas ao rim, entre elas destacamos a regulação do volume e composição do sangue, regulação da pressão arterial, contribuição para o metabolismo (gliconeogênese, secreção de eritropoietina e participação na síntese de vitamina D), participação da formação do sistema renina-angiotensina periférico, 6 para posterior conversão em Angiotensina I e II que auxilia na formação de Aldosterona, o transporte, armazenamento e eliminação da urina, que é o produto final do intenso trabalho da depuração sanguínea. Cabe enfatizar que qualquer deformação ou desequilíbrio no funcionamento das estruturas pré, intra e pós-renais, podem desencadear sérios problemas renais, cardíacos, vasculares, hemodinâmicos e cerebrais, que se não forem diagnosticados e tratados a tempo podem se tornar irreversíveis, dificultando a qualidade de vida caso estes indivíduos venham a apresentar alguma nefropatologia (MORAES & COLICIGNO, 2007). INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO Define-se infecção urinária como sendo a colonização, com invasão tecidual, de qualquer estrutura do trato urinário (rins, sistemas coletores e bexiga), previamente estéril, por agentes patogênicos (FABBRI & PIRES, 2002). As Infecções do Trato Urinário (ITUs) correspondem ao crescimento e multiplicação de bactérias dentro do trato urinário provocando lesões de graus variáveis. Essas infecções podem ser agrupadas em quatro entidades clínicas diferentes, de acordo com a localização anatômica do agravo, mantendo, todavia, relações entre elas: bacteriúria assintomática, uretrite, cistite e pielonefrite (DUARTE et al., 2008). As infecções do trato urinário são classificadas quanto à localização, podendo ser baixas ou altas. As baixas referem-se a infecções que acometem a bexiga e a uretra e são denominadas cistites. As altas podem acometer os rins e as cavidades pielocaliciais ou simultaneamente, os rins, cavidades pielocaliciais, bexiga e uretra, também chamadas pielonefrites. Quanto à gravidade, podem ser complicadas ou não complicadas. São complicadas quando agridem um sistema urinário com alterações estruturais ou funcionais e não complicadas quando investem em um sistema urinário previamente normal (CARVALHO, 2002). Quanto à frequência, são esporádicas ou recorrentes. As esporádicas ocorrem quando há menos de três episódios de bacteriúria assintomática em um ano. As recorrentes, por sua vez, podem ser recidivantes, quando o mesmo patógeno é responsável pela infecção, ou reinfecção, quando o responsável pela 7 infecção é outro patógeno, e ocorre após quatro semanas da infecção anterior (LIMA, 2003). A aderência das bactérias à bexiga leva a um quadro de cistite bacteriana. Esses micro-organismos podem ascender para os ureteres e atingir a pelve renal causando um quadro de pielonefrite. Clinicamente, a pielonefrite costuma se diferenciar da cistite pela presença de sintomas clínicos sistêmicos (KAZMIRCZAK et al., 2005). As manifestações clínicas mais comuns das pielonefrites são micção frequente e dolorosa de pequenas quantidades de urina turva, peso suprapúbico com dor, febre e dor costovertebral. Em indivíduos idosos é comum dor abdominal (NICOLLE, 2001; HEILBERG & SCHOR 2003). O fluxo urinário comprometido, mecânica ou funcionalmente, é a condição básica mais comum que predispõe os pacientes a ITUs. A obstrução mecânica pode ser causada por cálculo renal, refluxo vesiculoureteral, obstrução do colo da bexiga, estrangulamento da uretra e hipertrofia prostática. Cateterismo e outros procedimentos mecânicos das vias urinárias colocam o paciente em alto risco. A expansão do útero durante a gravidez causa redução na capacidade urinária da bexiga e uma pressão externa sobre os ureteres. A nefropatia diabética, tabes dorsais ou poliomielite são causas funcionais menos comuns de comprometimento do fluxo urinário, e as lesões da coluna vertebral também podem levar a um mau funcionamento neurogênico das vias urinárias (FALCÃO & LEONE, 2000; IDE et al., 2000; KONEMAN et al., 2001). Hoje não se aceita mais o conceito antigo de que a infecção é apenas extracelular, havendo comprovação de que algumas cepas bacterianas podem replicar no interior da célula, explicando as dificuldades no tratamento de alguns casos (DUARTE et al., 2008). EPIDEMIOLOGIA A ITU é um dos problemas clínicos mais comuns. Estima-se que 150 milhões de pacientes sejam diagnosticados com ITUs anualmente, isso resulta em gastos com assistência médica de pelo menos 6 bilhões de dólares (STAMM & NORRBY, 2001). 8 A ITU é uma patologia extremamente frequente que ocorre em todas as idades, havendo, contudo, maior prevalência desse problema em três grupos etários: crianças até os seis anos de idade, mulheres jovens com vida sexual ativa, e adultos idosos com mais de 60 anos de idade. No Brasil as ITUs são consideradas as mais comuns das infecções bacterianas, são responsáveis por 80 em cada 1.000 consultas clínicas (DALBOSCO et al., 2003). Em recém-nascidos, acomete preferencialmente o sexo masculino, pois há um maior número de más formações congênitas, especialmente da válvula de uretra posterior. Em crianças acima de três meses de idade, cerca de 90% das ITUs se manifestam no sexo feminino (HEILBERG & SCHOR, 2003). Na vida adulta, a incidência no sexo feminino se eleva o que parece estar associado com o início da vida sexual. Estima-se que 48% das mulheres apresentam pelo menos um episódio de infecção urinária ao longo da vida. Na mulher a uretra é mais curta, com isso é maior a proximidade do ânus com o vestíbulo vaginal e uretra. No homem, é maior o comprimento uretral, maior o fluxo urinário e o fator antibacteriano prostático é protetor, com isso a susceptibilidade a ITU no homem é menor. Após 60 anos de idade a incidência de ITU aumenta, podendo atingir entre 3% a 4% dos homens e se relaciona com quadros de hiperplasia prostática (DALBOSCO et al., 2003; HEILBERG & SCHOR, 2003). Outros fatores que aumentam o risco de ITU nas mulheres incluem: episódios prévios de cistite, o ato sexual, o uso de certas geleias espermicidas, a gestação e o número de gestações, o diabetes (apenas no sexo feminino) e a higiene deficiente, mais frequente em pacientes com piores condições socioeconômicas e obesas (LOPES & TAVARES, 2005). Na gestação, a infecção urinária é de grande importância em função de sua elevada incidência neste período da vida da mulher. É a terceira intercorrência clínica mais comum na gestação, acometendo de 10 a 12% das grávidas, sendo que a maioria destas infecções ocorre no primeiro trimestre da gravidez, podendo contribuir para a mortalidade materno-infantil (JACOCIUNAS & PICOLI, 2007). 9 INFECÇÃO URINÁRIA NA GESTAÇÃO A gravidez constitui um período do ciclo de vida, que na maioria das vezes poderia transcorrer sem desvios da saúde, porém envolve em si uma crise adaptativa caracterizada por complexas transformações fisiológicas, emocionais, interpessoais e sóciodemográficas, as quais implicam em um potencial de risco eminente e por isso demanda atenção multidisciplinar de saúde (PEREIRA & BACHION, 2005). Como ITU, entende-se a presença e replicação de bactérias no trato urinário, provocando danos aos tecidos do sistema urinário. No entanto, durante a gravidez, o entendimento desta definição deve ser ampliado, considerando-se os riscos potenciais de complicações decorrentes da bacteriúria assintomática (BA) (DUARTE, 2004). Não raro, infecções significativas envolvendo o trato urinário podem estar presentes em pacientes que não apresentam nenhuma sintomatologia típica. Uma vez que essas infecções podem causar sério dano renal, caso permaneçam sem tratamento, muitos médicos consideram prudente solicitar testes para detecção de bacteriúria em indivíduos sob alto risco. Entre estes, estão os pacientes idosos, as grávidas, os diabéticos e aqueles com história prévia de infecções do trato urinário (MCPHERSON & PINCUS, 2012). A prevalência de bacteriúria assintomática é de até 10% na gravidez, podendo ser observada do início da gestação ao terceiro trimestre e 25 a 57% destas bacteriúrias não tratadas podem evoluir para infecção sintomática, inclusive pielonefrite, devido à dilatação fisiológica do ureter e pelve renal facilitando o refluxo, há também o risco de ocorrer necrose papilar. A incidência de bacteriúria também aumenta em relação ao número prévio de gestações (HEILBERG & SCHOR, 2003). A ITU é considerada complicada quando ocorre em indivíduos com anormalidades funcionais ou estruturais do trato geniturinário (NICOLLE, 2005; NEAL, 2008). Segundo a tendência atual, qualquer ITU durante a gravidez deve ser considerada como ITU complicada e necessita ser abordada como tal (LE et al., 2004). As alterações mecânicas e fisiológicas da gravidez que contribuem para ITU incluem: dilatação pélvica e hidroureter, aumento do tamanho renal (1 cm), 10 modificação da posição da bexiga que se torna um órgão abdominal e não pélvico, aumento da capacidade vesical devido à redução do tônus vesical hormôniomediado, relaxamento da musculatura lisa da bexiga e ureter progesteronamediados (HEILBERG & SCHOR, 2003). Dentro do espectro bacteriano que pode causar ITU na gestante, a Escherichia coli é o uropatógeno mais comum, responsável por aproximadamente 80% dos casos. Outras bactérias aeróbias Gram-negativas contribuem para a maioria dos casos restantes, tais como Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis e bactérias do gênero Enterobacter. Bactérias Gram-positivas também causam ITU (prevalência baixa), destacando-se o Staphylococcus saprophyticus, Streptococcus agalactiae e outros estafilococos coagulase negativos, principalmente em casos de infecções complicadas com litíase (DUARTE et al., 2008). Durante muitos anos, a gravidez foi vista como fator predisponente a todas as formas de ITU. Hoje, sabe-se que ela, como evento isolado, não é responsável por maior incidência de infecção urinária. No entanto, as mudanças anatômicas e fisiológicas impostas ao trato urinário pela gravidez predispõem a transformação de mulheres bacteriúricas assintomáticas em gestantes com ITU sintomáticas, deixando a impressão de que o número de infecções urinárias seja maior neste período da vida (NOWICKI, 2002). Dentre estas alterações, sobressaem a dilatação do sistema coletor (compressão extrínseca pelo útero gravídico e pelo complexo vascular ovariano dilatado ao nível do infundíbulo pélvico, hipertrofia da musculatura longitudinal no terço inferior do ureter e redução da atividade peristáltica decorrente da progesterona) e o aumento do débito urinário. A associação destes fatores à redução do tônus vesical favorece a estase urinária e o refluxo vésico-ureteral, transformando as infecções assintomáticas em sintomáticas (DUARTE et al., 2008). Sabe-se que a redução da capacidade renal de concentrar a urina durante a gravidez reduz a atividade antibacteriana deste fluido, passando a excretar quantidades menores de potássio e maiores de glicose e aminoácidos, além de produtos de degradação hormonal, fornecendo um meio apropriado para a proliferação bacteriana. Neste período, observa-se também que a urina da grávida apresenta pH mais alcalino, situação favorável ao crescimento das bactérias presentes no trato urinário. Adicionalmente, o hiperestrogenismo gestacional 11 contribui para a adesão de certas cepas de Escherichia coli, portadoras de adesinas tipo 1, às células uroepiteliais (ROOS et al., 2006). Assim, parece claro que, durante a gravidez, fatores mecânicos e hormonais contribuem para provocar mudanças no trato urinário materno, tornando-o mais susceptível às formas sintomáticas de infecções (NICOLLE, 2005). DEFESAS DO HOSPEDEIRO Fatores do hospedeiro têm papel essencial na patogênese da ITU. Para a prevenção da ITU, é essencial um fluxo urinário desobstruído, com subsequente solapamento da bactéria ascendente. Além disso, a própria urina possui características específicas (sua osmolaridade, concentração de ureia, concentração de ácidos orgânicos e pH) que inibem o crescimento e a colonização bacteriana. A urina também contém fatores que inibem a aderência bacteriana, como a glicoproteína de Tamm-Horsfall (TANAGHO & MCANINCH, 2007). Entretanto, quando a mucosa sofre lesão ou úlcera (devido à inserção de instrumentos ou cateteres), o pH e a osmolalidade da urina se alteram, como na gravidez. O mesmo ocorre com elevadas concentrações de glicose nos pacientes com Diabetes mellitus, para os quais existe possibilidade muito maior de que a bactéria introduzida na bexiga se multiplique e cause infecção. Corpos estranhos, como os cálculos renais e cateteres, servem como apoio para o crescimento das bactérias e são fontes de infecções crônicas e recorrentes das vias urinárias (DUARTE et al., 2002; KONEMAN et al., 2001). Retenção, estase ou refluxo urinário para o trato urinário superior podem promover crescimento bacteriano e subsequente infecção. Consequentemente, qualquer anormalidade anatômica ou funcional do trato urinário que venha a impedir o fluxo da urina é capaz de aumentar a suscetibilidade do hospedeiro à ITU. As anormalidades que podem ser condições obstrutivas em qualquer nível do trato urinário, doenças neurológicas que afetam a função do trato urinário inferior, diabetes e gravidez (TANAGHO & MCANINCH, 2007). Outros fatores de hospedeiro importantes são a flora normal da área periuretral ou da próstata, e a presença de refluxo vesico ureteral. Em mulheres, a flora normal da área periuretral, que se compõe de micro-organismos como 12 lactobacilos, serve de defesa contra a colonização de bactérias uropatogênicas (OSSET et al., 2001). DIAGNÓSTICO Diagnóstico clínico Para o diagnóstico clínico das ITUs durante a gravidez é necessário relembrar que alguns sintomas da infecção são difíceis de caracterizar, visto que, durante a gravidez, alguns deles podem estar presentes, a exemplo da polaciúria. Por sua vez, a BA, como o nome indica, não apresenta nenhuma manifestação clínica. No entanto, a anamnese permite identificar gestantes com maior risco para ITU (DUARTE et al., 2008). Também deve ser apontada a importância do diagnóstico topográfico da infecção, visto que, pedagogicamente, os sintomas e sinais são característicos de cada forma clínica, mas, na prática, estas manifestações podem confundir o profissional de saúde. Dentre as informações clínicas que fundamentam o diagnóstico de uretrite, destacam-se a disúria e a polaciúria. A urgência miccional pode estar presente, mas em percentual de ocorrência mais baixo. No entanto, estas manifestações podem também estar presentes na cistite e na pielonefrite, por irritação do epitélio uretral ou como dor irradiada de um processo infeccioso mais alto no trato urinário (DUARTE, 2004; LE et al., 2004). A infecção do trato urinário baixo (cistite), quando sintomática, exterioriza-se clinicamente pela presença habitual de disúria, urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor suprapúbica. Febre, neste caso, não é comum. Na anamnese, a ocorrência prévia de quadros semelhantes, diagnosticados como cistite, deve ser valorizada. O aspecto da urina pode também trazer informações valiosas: urina turva (pela presença de piúria) e/ou avermelhada (pela presença de sangue), causada por cálculo e/ou pelo próprio processo inflamatório (LOPES & TAVARES, 2005). A infecção do trato urinário alto (pielonefrite), que normalmente inicia-se como um quadro de cistite, é habitualmente acompanhada de febre, calafrios e dor lombar, uni ou bilateral. A tríade, febre, calafrios e dor lombar estão presentes na maioria dos quadros de pielonefrite. A dor lombar pode se irradiar para o abdômen ou para 13 o(s) flanco(s) e, mais raramente, para a virilha, situação que sugere mais fortemente a presença de cálculo, com ou sem infecção, na dependência da presença dos outros sintomas relacionados. A maioria dos pacientes com pielonefrite refere história prévia de cistite, geralmente detectada nos últimos seis meses (LOPES & TAVARES, 2005). O diagnóstico clínico, muitas vezes, é baseado em sinais e sintomas que incluem disúria, frequência miccional, dor lombar e/ou suprapúbica, febre, etc. No entanto, o paciente pode se apresentar assintomático e o diagnóstico definitivo nos dois casos (sintomático e assintomático) deve envolver análises clínica e laboratorial (PIRES, 2007). Diagnóstico laboratorial O estudo de amostras urinárias é o exame laboratorial mais antigo e começou a ser elucidado no século V antes de Cristo, quando Hipócrates iniciou a descrição das características físicas da urina e correlacionou-as a algumas manifestações clínicas. Desde então a análise de urina vem evoluindo e somando às peculiaridades físicas. Outros aspectos investigativos foram incorporados, como a análise química e sedimentoscópica, originando o exame parcial de urina (EPU) (MACHADO et al., 2003; MAYA & GOMEZ, 2006). O EPU, quando realizado de maneira correta, é um ótimo auxiliar no que diz respeito ao diagnóstico da infecção urinária sendo conhecido como um teste de triagem e é uma avaliação de rotina. É um exame que envolve um custo baixo, a amostra é de fácil obtenção e a execução é bastante simples. Além disso, permite a detecção de inúmeras patologias de grande importância que incluem doenças renais e do sistema genito-urinário (COSTA, 2006). A técnica do exame consiste nas avaliações física, química e microscópica, sendo que a análise física avalia cor, odor, volume, aspecto, depósito e densidade (utilização do refratômetro). A avaliação bioquímica baseia-se no emprego de tiras reagentes que analisam aspectos como proteínas, glicose, hemoglobina, corpos cetônicos, nitrito, urobilinogênio, bilirrubinas e pH. E por fim, a análise microscópica permite a pesquisa de diversos elementos figurados como hemácias, leucócitos, células epiteliais, muco cristais e bactérias (AMORIM et al., 2008). 14 O resultado da análise física pode explicar ou confirmar os resultados dos exames químico e microscópico. O emprego de tiras reativas para a realização da análise bioquímica da urina constitui uma forma eficiente, prática, econômica e rápida para a caracterização dos elementos a serem investigados. O exame microscópico do sedimento urinário é um dos principais parâmetros para a caracterização e prognóstico de infecções do trato urinário (COSTA, 2006). O EPU é um dos exames laboratoriais mais solicitados devido a sua capacidade de produzir informações úteis acerca de funções metabólicas, agravos renais, infecções urinárias, distúrbios sistêmicos e grau de hidratação (COSTA et al., 2013). A escolha de técnicas sensíveis e específicas torna-se fator preponderante para o bom desenvolvimento do exame. Com o advento das tiras reativas, as provas químicas, anteriormente complexas e laborosas, foram substituídas. Todavia, vez por outra é necessária a utilização de métodos químicos para a confirmação de alguns achados (MOURA, 2006; MULLER et al., 2008). Atualmente, têm-se buscado testes rápidos e de baixo custo para o diagnóstico de infecção urinária, baseados na mudança de cor dos reagentes de acordo com a bioquímica urinária. Dois desses testes são: o teste do nitrito e o da esterase de leucócitos. O teste do nitrito se baseia na capacidade de certas bactérias para reduzirem o nitrato urinário em nitrito. Tem sensibilidade de 50% e especificidade de 97 a 100% e pode apresentar resultados falsos-positivos quando utilizado em urina contaminada por germes vaginais ou urina concentrada, uma vez que segue princípios colorimétricos. O teste da esterase de leucócitos possui baixa sensibilidade e especificidade (25%) e também pode apresentar resultados falsospositivos. Ambos os testes apresentam baixa sensibilidade e, portanto, não servem como testes de screening para diagnóstico, a menos que sejam utilizados em associação a outros testes (MCNAIR et al., 2000). A coloração de amostra urinária pelo Gram é o melhor dos testes rápidos disponíveis para screening de ITU, apresentando sensibilidade e especificidade satisfatórias. Consiste na observação microscópica da urina corada pelo Gram, melhorando a acurácia da uroanálise microscópica. No entanto, não supera a urocultura (DUARTE et al., 2006). O método mais importante para diagnóstico de ITU na gravidez é a cultura de urina quantitativa que, avaliada em amostra de urina colhida assepticamente, jato 15 médio, poderá fornecer, na maioria dos casos, o agente etiológico causador da infecção e trazer subsídios para a conduta terapêutica (SBI; SBU, 2004). A urocultura é o exame considerado padrão-ouro no diagnóstico laboratorial da ITU, sendo 40 a 70% dos espécimes clínicos enviados para os laboratórios de microbiologia (MARTINO et al., 2002). A infecção urinária é caracterizada pelo crescimento bacteriano de pelo menos 105 unidades formadoras de colônias por ml de urina (100.000 UFC/ml) colhida em jato médio e de maneira asséptica. Em determinadas circunstâncias (paciente idoso, infecção crônica e uso de antimicrobianos) pode ser valorizado crescimento bacteriano igual ou acima de 104 colônias (10.000 UFC/ml) (LOPES & TAVARES, 2005). Como existem dificuldades para o diagnóstico diferencial da ITU oligosintomática em gestantes, a quantificação de colônias bacterianas/mL de urina cultivada maior que 105 continua sendo o padrão para confirmação desse diagnóstico. Entretanto, existem situações nas quais estas definições precisam ser avaliadas de forma diferenciada, a exemplo das infecções sintomáticas com piúria, nas quais o encontro de 102 colônias/mL de urina cultivada confirma o diagnóstico. Para o diagnóstico de BA, necessita-se a contagem de 105 colônias bacterianas/mL de urina em cultivos de duas amostras urinárias distintas, para evitar os resultados falsos-positivos, que podem chegar a 40% quando baseados em uma única urocultura (DUARTE et al., 2008). O Fluxograma I – Conduta na infecção urinária sintomática orienta o procedimento a ser seguido em laboratório nos casos de ITUs sintomáticas. 16 Fonte FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2009 Fluxograma I – Conduta na infecção urinária sintomática RESISTÊNCIA MICROBIANA No decorrer das últimas décadas, o desenvolvimento de fármacos eficientes no combate a infecções bacterianas revolucionou o tratamento médico, ocasionando a redução drástica da mortalidade causada por doenças microbianas. Por outro lado, 17 a disseminação do uso de antibióticos lamentavelmente fez com que as bactérias também desenvolvessem defesas relativas aos agentes antibacterianos, com o consequente aparecimento de resistência. O fenômeno da resistência bacteriana a diversos antibióticos e agentes quimioterápicos impõe sérias limitações às opções para o tratamento de infecções bacterianas, representando uma ameaça para a saúde pública. Esta resistência prolifera-se rapidamente através de transferência genética, atingindo algumas das principais bactérias Gram-positivas, como enterococos, estafilococos e estreptococos (SILVEIRA et al., 2006). O aparecimento de bactérias resistentes a antibióticos pode ser considerado como uma manifestação natural regida pelo princípio evolutivo da adaptação genética de organismos a mudanças no seu meio ambiente. Como o tempo de duplicação das bactérias pode ser de apenas 20 min, existe a possibilidade de serem produzidas muitas gerações em apenas algumas horas, havendo, portanto, inúmeras oportunidades para uma adaptação evolutiva (SILVEIRA et al., 2006). A associação entre o uso de antimicrobianos e o desenvolvimento de resistência bacteriana é conhecida desde a introdução da penicilina, tendo sido, a partir de então, sistematicamente confirmada após o lançamento de diversos representantes de cada uma das diferentes classes farmacológicas (GOTTESMAN, 2009). O período necessário para a ocorrência desse fenômeno mostrou-se surpreendentemente curto para muitos fármacos, enfatizando a imensa capacidade de adaptação dos micro-organismos a ambientes hostis, artificialmente criados pelo homem (PATERSON & BONOMO, 2005). Embora essas observações devessem intuitivamente soar como um sinal de alerta para a necessidade de se promover emprego terapêutico mais racional desses insumos, o que tem ocorrido, na verdade, é exatamente o oposto. Em alguns países, antimicrobianos são utilizados sem receita médica em até dois terços das ocasiões. Mesmo quando formalmente prescritos, sua indicação pode ser desnecessária em até 50% dos casos (WANNMACHER, 2004). Há provas, cada vez mais irrefutáveis, de que o mau uso de antimicrobianos é o principal responsável pela seleção de resistência. Essa assertiva deve ser planejada pelo prescritor que trabalha no setor de atenção primária à saúde, sobretudo porque lida com infecções de menor gravidade, nem sempre de etiologia bacteriana (por exemplo, infecções respiratórias altas de origem viral em crianças), 18 que não necessitam de antimicrobianos ou que curam facilmente com antibióticos mais comuns e com menor potencial de indução de resistência. A decisão terapêutica sobre eventual prescrição de antibióticos deve fundamentar-se em real indicação, e a seleção dos mesmos deve levar em conta os malefícios do emprego inadequado desses fármacos (ZIMERMAN, 2010). Além da falta de informação, o prescritor tem o desejo de satisfazer o paciente e sofre a pressão exercida pelos fabricantes que induzem o uso de que é mais novo e mais caro. As expectativas dos pacientes influenciam a prescrição médica. Os pacientes muitas vezes sentem-se no direito de receber um medicamento que produza cura imediata. Algumas vezes, exigem medicamento injetável. Antibiótico é considerado como a panaceia universal. A falsa impressão de eficácia é reforçada nas infecções autolimitadas, como as virais. A prescrição de antibiótico serve para encurtar a consulta (menor possibilidade de contágio, maior número de consultas por hora) e evitar nova consulta e realização de culturas diagnósticas (WANNMACHER, 2004). O uso indiscriminado de antibióticos no tratamento de ITU induz a uma pressão seletiva sobre as cepas bacterianas, favorecendo o aparecimento de microrganismos resistentes e consequentemente dificulta o controle dessa infecção (YUKSEL et al., 2006). Pesquisadores na Holanda observaram um aumento na resistência de amoxacilina e sulfametoxazol/trimetoprima em isolados de Escherichia coli, o principal responsável por infecções no trato urinário, em pacientes ambulatoriais. Contudo, com o passar dos anos, fluoroquinolonas começaram a serem prescritas mais frequentemente para o tratamento dessas infecções. Isso levou a um aumento das infecções urinárias causadas por E. coli resistente as fluoroquinolonas, dificultando seu tratamento (BAIL et al., 2006). Um estudo realizado no Canadá avaliou a resistência bacteriana de isolados do trato urinário de pacientes ambulatoriais. Os dados mostraram que a nitrofurantoína e a ciprofloxacina são mais eficientes, que o sulfametoxazol/trimetoprima e ampicilina, na terapia empírica das ITUs. Isso sugeriu uma reavaliação na terapêutica de primeira e segunda linha nas ITU’s (ZHANEL et al., 2000). 19 TRATAMENTO O teste de suscetibilidade aos antimicrobianos é uma das provas mais importantes do laboratório de microbiologia clínica, pois avalia a suscetibilidade dos microrganismos contra diferentes agentes antimicrobianos. Os resultados desses testes influenciam diretamente na escolha da terapêutica antimicrobiana (SEJAS et al., 2003). O desenvolvimento da resistência bacteriana pode ser diminuído, evitando o uso indiscriminado de antimicrobianos (CHAVES et al., 2003). Diversos métodos laboratoriais podem ser utilizados para medir a sensibilidade in vitro das bactérias aos agentes antimicrobianos. Em muitos laboratórios de microbiologia clínica, utiliza-se rotineiramente o método de discodifusão em ágar para testar os patógenos mais comuns, de crescimento rápido e determinadas bactérias fastidiosas (NCCLS, 2003). Os testes de disco-difusão baseados apenas na presença ou ausência de um halo de inibição, sem consideração do tamanho do halo, não são aceitáveis. Só podem ser obtidos resultados confiáveis com testes de disco-difusão que usam o princípio de metodologia padronizada e medidas do diâmetro do halo de inibição correlacionados às concentrações inibitórias mínimas (CIMs) com cepas reconhecidamente sensíveis e resistentes a diversos agentes antimicrobianos (NCCLS, 2003). Mesmo que haja restrição ao uso de alguns antimicrobianos (alto índice de resistência), o fato de o diagnóstico basear-se no resultado da urocultura, que normalmente vem junto com o antibiograma, facilita a escolha do antimicrobiano (DUARTE, 2004; SMAILL & VAZQUEZ, 2007). Neste caso, a escolha deverá considerar o padrão de sensibilidade bacteriana baseado em antibiograma. O tratamento pode ser feito por via oral e deve se estender por sete dias, visto tratar-se de infecção em gestante (LE et al., 2004). Os antimicrobianos mais utilizados são: cefuroxima 250 mg a cada oito horas, norfloxacin 400 mg a cada doze horas, nitrofurantoína 100 mg a cada seis horas e sulfametoxazol/trimetoprim 320/1600 mg uma vez ao dia. O uso da ampicilina 500 mg a cada seis horas ou da cefalexina 500 mg a cada seis horas está cada vez mais limitado em decorrência das elevadas taxas de resistência bacteriana. O tratamento 20 com dose única ou por curto período de tempo (três dias) mostrou altos índices de falha e não é indicado para gestantes (SMAILL et al., 2007). Para o tratamento ambulatorial das uretrites e cistites em gestantes, deve-se considerar a adesão da paciente ao tratamento, observando-se que amostra significativa da população atendida em serviços públicos não possui poder aquisitivo para arcar com os custos dessa terapêutica. Outro detalhe é saber se esta infecção é comunitária, ou seja, aquela que ocorre com pelo menos um mês de intervalo entre internação prévia, isenta de abordagem física em vias urinárias e/ou farmacológica sistêmica. Nesse caso, o tratamento mais adequado para cistite aguda considera o uso de cefuroxima 250 mg a cada oito horas, norfloxacin 400 mg a cada doze horas e nitrofurantoína 100 mg a cada seis horas. Caso a infecção não seja comunitária, pode ser mais prudente a internação da paciente, mantendo-a sob controle mais rigoroso (DUARTE et al., 2006). As preocupações com o uso da norfloxacina para tratar ITU em gestantes têm se mostrado infundadas, liberando seu uso como segunda opção. Face à possibilidade de efeitos colaterais, a nitrofurantoína tem sido reservada como opção secundária e para a profilaxia (DUARTE et al., 2008). No tratamento da pielonefrite, devem-se levar em consideração medidas de suporte a depender do grau de acometimento sistêmico da paciente. Gestantes com pielonefrite devem ser internadas para monitorização dos sinais vitais, incluindo débito urinário. O controle da dor pode ser necessário e é obtido com analgésicos e antiespasmódicos (paracetamol, escopolamina, entre outros). Antieméticos são indicados nos casos com exuberância de náuseas e vômitos. A correção do pH urinário está indicada principalmente nos casos em que há concomitância com nefrolitíase. Utiliza-se bicarbonato de sódio ou vitamina C, conforme o desvio que se quer corrigir (OCHOA-BRUST et al., 2007). A terapêutica antimicrobiana das pielonefrites é preferencialmente iniciada por via parenteral, só passando para via oral quando existe remissão do quadro clínico agudo por mais de 24-48 horas. Os antimicrobianos indicados são cefuroxima 750 mg, a cada oito horas, e ceftriaxona 1 g ao dia (DUARTE et al., 2008). Reservam-se os esquemas de maior risco para o feto apenas em casos orientados pelo antibiograma e falta de opções. A escolha de um antimicrobiano deve levar em conta, além da sensibilidade das bactérias mais prevalentes a ele, 21 outros fatores, tais como: a condição da paciente para adquirir a medicação, a sua tolerabilidade, a comodidade do esquema posológico e sua toxicidade materna e fetal (DUARTE et al., 2008). 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM, A. E.; PACHECO, J. B. P.; FERNANDES, T. T. Exame de urina tipo I: frequência percentual de amostras que sugerem infecção urinária. Anuário da produção de iniciação científica discente. Vol. XI, n 12, 2008. BAIL, L.; ITO, C. A. S.; ESMERINO, L. A. Infecção do trato urinário: comparação entre o perfil de susceptibilidade e a terapia empírica com antimicrobianos. RBAC, vol. 38(1): 51-56, 2006. CARVALHO, F. J. W. Envelhecimento do aparelho genito-urinário. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1252p. Cap. 50, p. 426429, 2002. CHAVES, J. M.; MENEZES, E. A.; MOREIRA, A. A.; CUNHA, F. A.; CARVALHO, T. M. J. P. 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Selecionou-se 50 gestantes da cidade de Missal-PR e realizaram-se análises físicas, bioquímicas e microscópicas das amostras, assim como sua identificação bioquímica e antibiograma. Obteve-se 18% de infecções urinárias acometidas em gestantes e 10% foram assintomáticas, o principal patógeno responsável foi a Escherichia coli, seguida de Enterococcus faecalis e Streptococcus agalactiae. O antibiograma não revelou uma quantidade significativamente alta de resistência bacteriana, porém observou-se que para os antimicrobianos norfloxacina, ampicilina, ciprofloxacino e levofloxiacino a E. coli apresentou maior número de casos de resistência. O estudo revela a grande importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado das ITUs em gestantes, evitando assim, complicações à gestante e ao futuro concepto. Palavras-chave: Infecção urinária; gravidez; incidência. URINARY TRACT INFECTION IN PREGNANT WOMEN: IMPLICATIONS AND PROFILE OF SUSCEPTIBILITY ABSTRACT During pregnancy, urinary tract infection is of great importance due to its high incidence in this period of a woman's life. The study was aimed at determining the incidence of UTI, its susceptibility factors, as well as the etiological agents responsible and their antibiotic resistance in the city of Missal - PR. We selected 50 pregnant women from Missal - PR and undertaken in physical, biochemical and microscopic analyzes of the samples, as well as its biochemical identification and antibiotic. Obtained 18 % of urinary tract infections in pregnant women affected and 10 % were asymptomatic, the main pathogen responsible was Escherichia coli, followed by Enterococcus faecalis and Streptococcus agalactiae. The susceptibility testing revealed no significantly high amount of resistant bacteria, but it was observed that for the antimicrobial norfloxacin, ampicillin, ciprofloxacin and levofloxiacin E. coli showed the highest number of cases of resistance. The study reveals the importance of early diagnosis and appropriate treatment of UTIs in pregnant women, thus avoiding complications to the mother and fetus future. Keywords: Urinary tract infection, pregnancy, incidence 30 INTRODUÇÃO As Infecções do Trato Urinário (ITUs) correspondem ao crescimento e multiplicação de bactérias dentro do trato urinário provocando lesões de graus variáveis. Essas infecções podem ser agrupadas em quatro entidades clínicas diferentes, de acordo com a localização anatômica do agravo, mantendo, todavia, relações entre elas: bacteriúria assintomática, uretrite, cistite e pielonefrite (1). As infecções do trato urinário são classificadas quanto à localização, podendo ser baixas ou altas. As baixas referem-se a infecções que acometem a bexiga e a uretra e são denominadas cistites. As altas podem acometer os rins e as cavidades pielocaliciais ou simultaneamente, os rins, cavidades pielocaliciais, bexiga e uretra, também chamadas pielonefrites. Quanto à gravidade, podem ser complicadas ou não complicadas. São complicadas quando agridem um sistema urinário com alterações estruturais ou funcionais e não complicadas quando investem em um sistema urinário previamente normal (2). O fluxo urinário comprometido, mecânica ou funcionalmente, é a condição básica mais comum que predispõe os pacientes a ITUs. A obstrução mecânica pode ser causada por cálculo renal, refluxo vesiculoureteral, obstrução do colo da bexiga, estrangulamento da uretra e hipertrofia prostática. Cateterismo e outros procedimentos mecânicos das vias urinárias colocam o paciente em alto risco. A expansão do útero durante a gravidez causa redução na capacidade urinária da bexiga e uma pressão externa sobre os ureteres. A nefropatia diabética, tabes dorsais ou poliomielite são causas funcionais menos comuns de comprometimento do fluxo urinário, e as lesões da coluna vertebral também podem levar a um mau funcionamento neurogênico das vias urinárias (3,4,5). As infecções do trato urinário não complicadas adquirida na comunidade constituem atualmente a infecção mais comum em mulheres nos Estados Unidos, com mais de oito milhões de consultas por ano, sendo também, significante causa de morbidade e responsável por elevados custos em saúde (6). No Brasil as ITUs são consideradas as mais comuns das infecções bacterianas, são responsáveis por 80 em cada 1.000 consultas clínicas (7). Na gestação, a infecção urinária é de grande importância em função de sua elevada incidência neste período de vida da mulher. É a terceira intercorrência 31 clínica mais comum na gestação, acometendo de 10 a 12% das grávidas (8). Além disso, está associada a uma maior incidência de nascimentos de crianças prematuras e/ou de baixo peso, assim como, uma maior mortalidade perinatal e maior morbidade materna (9). De forma geral, as complicações maternas das ITUs são secundárias ao dano tecidual causado por endotoxinas bacterianas, ocorrendo principalmente nos quadros de pielonefrite (10). Outras complicações têm sido associadas à infecção urinária, incluindo hipertensão/pré-eclâmpsia, (11) anemia, corioamnionite e endometrite (1). Alterações locais, como obstrução urinária, abscesso e celulite perinefrética, são mais raras e associadas à litíase ou quadros resistentes ao tratamento antimicrobiano (10,12). Não raro, infecções significativas envolvendo o trato urinário podem estar presentes em pacientes que não apresentam nenhuma sintomatologia típica. Uma vez que essas infecções podem causar sério dano renal, caso permaneçam sem tratamento, muitos médicos consideram prudente solicitar testes para detecção de bacteriúria em indivíduos com alto risco. Entre estes, estão os pacientes idosos, as grávidas, os diabéticos e aqueles com história prévia de infecções do trato urinário (13). A prevalência de bacteriúria assintomática (BA) é de até 10% na gravidez, podendo ser observada do início da gestação ao terceiro trimestre e 25 a 57% destas bacteriúrias não tratadas podem evoluir para infecção sintomática, inclusive pielonefrite, devido à dilatação fisiológica do ureter e pelve renal facilitando o refluxo, há também o risco de ocorrer necrose papilar. A incidência de bacteriúria também aumenta em relação ao número prévio de gestações (9). Vários fatores tornam a infecção do trato urinário uma relevante complicação do período gestacional, agravando tanto o prognóstico materno (14) quanto o perinatal (15). A preocupação adicional para os profissionais responsáveis pela atenção pré-natal destas mulheres é que, além da incidência aumentada de infecções sintomáticas entre grávidas, o arsenal terapêutico antimicrobiano e as possibilidades profiláticas são restritos, considerando-se a toxicidade de alguns fármacos para o produto conceptual (embrião/feto e placenta). Por estes motivos, o conjunto do diagnóstico precoce, seguido de terapêutica adequada e imediata, é 32 imprescindível durante a assistência pré-natal, evitando comprometer o prognóstico materno e gestacional (16). Devido a isto, o estudo teve por objetivo ampliar os conhecimentos a respeito desta patologia, sua incidência, fatores de suscetibilidade, assim como os agentes etiológicos responsáveis e sua sensibilidade a antimicrobianos na cidade de Missal – PR. Possibilitando assim, o controle das mesmas através do diagnóstico precoce e tratamento adequado. O trabalho buscou ainda, realizar uma análise comparativa do quadro infeccioso com o perfil de cada gestante, contribuindo para uma melhor abordagem do tema pelos profissionais que atuam na área da saúde, pois trata de questões epidemiológicas, clínicas e terapêuticas. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo teve início após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos da Faculdade Assis Gurgacz, sob o protocolo de número 072/2013. A pesquisa desenvolveu-se com a participação de 50 gestantes da cidade de Missal PR, as quais concordaram em participar como voluntárias e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As voluntárias foram instruídas verbalmente e através de informações impressas quanto à forma correta de coleta da amostra de urina, sendo esta realizada através do jato médio da primeira urina da manhã, com higienização prévia das genitais externas. Para isto, entregou-se um pote coletor universal de plástico para cada voluntária. Posteriormente, aplicou-se um questionário simples para obtenção de informações pessoais como idade, período da gestação em que se encontra paridade e sintomatologia aparente relacionada à infecção do trato urinário, para melhor abordar e relacionar o caso com suas condições clínicas. No mesmo dia, e no máximo uma hora após realizada a coleta, as amostras foram encaminhadas a um laboratório de análises clínicas e citopatológicas do município, o qual disponibilizou-se para a realização dos exames pelo pesquisador. Cada amostra foi submetida à análise física, bioquímica e microscópica. Para os resultados encontrados dentro da normalidade, dispensou-se a continuação das análises, ficando evidente que a gestante não possui quadro de infecção. 33 No entanto, para os resultados encontrados alterados em relação à quantidade de leucócitos no teste bioquímico e/ou microscópico, ou ainda para as amostras que obtiveram nitrito positivo, realizou-se o exame bacterioscópico através da coloração de Gram, o qual possibilitou a observação das características morfotintoriais dos micro-organismos. Em seguida, realizou-se a urocultura das mesmas em meios de cultura CLED e MacConkey, os quais permaneceram em estufa a uma temperatura de 37oC por um período de 24 horas. Transcorrido este tempo, observou-se o crescimento microbiológico nos mesmos e prosseguiram-se as análises conforme o resultado observado. Para as amostras que não apresentaram crescimento microbiano significativo no meio de cultura, seu resultado foi negativo, indicando a ausência de infecção. Enquanto que para os meios de cultura que apresentaram-se com significativo crescimento microbiano (superior a 100.000 UFC/ml) o resultado foi positivo, sugerindo desta forma, a presença de infecção do trato urinário. Assim, as amostras positivas foram submetidas ao teste de identificação bioquímica de acordo com suas características morfotintoriais observadas na coloração de Gram. Para identificação de bacilos gram negativos utilizou-se o kit de identificação para enterobactérias, composto pelos meios de cultura Rugai, LMI, MIO, Rhamnose e Citrato. Enquanto que na presença de cocos gram positivos realizou-se o teste da catalase e a identificação bioquímica automatizada. Em seguida, realizou-se o antibiograma para a determinação da sensibilidade da bactéria isolada para diferentes antibióticos. Os antimicrobianos foram selecionados conforme a padronização do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI), o qual indica os mesmos de acordo com o agente etiológico responsável pela infecção. Para realização do teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA), preparou-se um inóculo equivalente ao tubo 0,5 da escala de Mc Farland com as respectivas colônias isoladas e semeou-se em placas de Ágar Müeller Hinton. Logo após, inseriram-se nos meios de cultura, os discos dos antibióticos selecionados para o teste e manteve-os em estufa a 37oC por um período de 24 horas. 34 Os níveis de resistência foram propostos de acordo com os limites padronizados pelo CLSI. Após concluir as análises de todas as amostras, os laudos foram entregues às voluntárias da pesquisa no laboratório do município. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados do estudo, obtidos a partir de uma amostra representativa das gestantes da cidade de Missal - PR, levam a ressaltar a importância do acompanhamento pré-natal na prevenção de complicações gestacionais provenientes de infecções do trato urinário. De acordo com o resultado do questionário aplicado às voluntárias, o perfil de grande parte das gestantes estudadas foi de mulheres primigestas (60%) com média de idade de 25 anos (entre 14 e 40 anos), estando a maioria no primeiro trimestre da gestação (48%) e sem apresentar quadro prévio de infecção do trato urinário (64%). Entre as 50 gestantes que participaram da pesquisa, 9 apresentaram-se positivas mediante a realização da urocultura, representando 18% dos casos de ITU. Este número mostrou-se acima dos dados encontrados na literatura, a qual relata que infecções do trato urinário são acometidas em cerca de 10 a 12% das gestações segundo Jacociunas e Picoli (8) e entre 5 a 10% de acordo com Duarte et al. (17). Quanto ao perfil do grupo de gestantes que contraíram infecção, demonstrado na Tabela 1, pôde-se observar a prevalência de mulheres primigestas (66,67%) na faixa etária dos 21 à 30 anos de idade (44,44%) e sem ocorrência precedente de ITU (66,67%). 35 Dados Idade % (Quantidade) Até 20 anos 33,33% (3) 21 à 30 anos 44,44% (4) 31 à 40 anos 22,22% (2) Paridade 1 2 3 ou mais 66,67% (6) 22,22% (2) 11,11% (1) Trimestre da gestação Primeiro Segundo Terceiro 22,22% (2) 33,33% (3) 44,44% (4) Presença de sinais e/ou sintomas característicos de ITU Sim 44,44% (4) Não 55,56% (5) Sim 33,33% (3) Não 66,67% (6) Casos anteriores de ITU Tabela 1: Resultado do questionário aplicado às gestantes portadores de ITU, referente aos seus dados pessoais. Segundo Heilberg e Schor (9), a incidência de bacteriúria em gestantes aumenta em relação ao número prévio de gestações. Todavia, o estudo em questão mostra-se em desacordo com esta afirmativa, visto que a maior parte das infecções foram acometidas em gestantes primigestas. Porém, em estudo realizado por Duarte e colaboradores (17), observou-se maior incidência de infecções urinárias em pacientes primigestas (51,5%). Revelando desta forma, a discrepância de resultados na literatura relacionando paridade e infecções do trato urinário. Através do questionário, pode-se observar ainda, um número crescente de ITUs conforme a idade gestacional, ou seja, houve maior incidência de infecções urinárias acometidas durante o terceiro trimestre da gestação (44,44%) quando comparadas ao segundo trimestre (33,33%), e este ao primeiro trimestre (22,22%). Isso ocorre devido às alterações fisiológicas que ocorrem no trato urinário durante a 36 gestação, tornando-se mais evidentes no segundo e, principalmente no terceiro trimestre (18). Está associado à pressão exercida pela cabeça fetal sobre a bexiga, com consequente redução da capacidade vesical (19). Além da porcentagem consideravelmente alta de ITUs encontradas no grupo estudado, 10% dos casos foram assintomáticos, ou seja, não manifestaram nenhum sinal e/ou sintoma característico da doença. Este resultado encontra-se igualmente descrito por outros autores. A prevalência de bacteriúria assintomática (BA) na gravidez é de até 10%, podendo ser observada do início da gestação ao 3º trimestre e 25 a 57% destas bacteriúrias quando não tratadas podem evoluir para infecção sintomática, inclusive pielonefrite (9). As ITUs podem ser agrupadas em quatro entidades clínicas diferentes, de acordo com a localização anatômica do agravo, mantendo todavia, relações entre elas: bacteriúria assintomática, uretrite, cistite e pielonefrite (1). Sendo a bacteriúria assintomática a entidade clínica mais frequente (2-10%), seguida da cistite aguda (11,5%) e da pielonefrite aguda (0,5-2%) (20). Bacteriúria assintomática é a presença de bactérias na urina na ausência de ITU, geralmente não necessita de tratamento, à exceção da mulher grávida. Em gestantes, todos os casos de bacteriúria assintomática devem ser tratados, pois essas pacientes desenvolvem mais frequentemente infecções dos rins, que são potencialmente danosas e podem levar ao parto prematuro do bebe e hospitalização da gestante (18). As transformações anatômicas e fisiológicas que ocorrem no trato urinário durante a gravidez facilitam a evolução de infecções urinárias assintomáticas para sintomáticas. A compressão extrínseca dos ureteres e a redução da atividade peristáltica provocada pela progesterona provocam dilatação progressiva das pelves renais e ureteres. Essas mudanças, junto com o aumento do débito urinário, levam à estase urinária. A estase ainda é favorecida pela diminuição do tônus vesical, com subsequente aumento da capacidade da bexiga e seu esvaziamento incompleto, facilitando o refluxo vesicoureteral e pielonefrites. Além disso, o rim perde sua capacidade máxima de concentrar a urina, reduzindo sua atividade antibacteriana, e passa a excretar quantidades maiores de glicose e aminoácidos, fornecendo meio apropriado para a proliferação bacteriana (17). 37 Para o diagnóstico clínico das ITUs durante a gravidez alguns sintomas da infecção são difíceis de caracterizar, visto que, geralmente durante a gestação, alguns deles podem estar presentes, a exemplo da polaciúria (1). No exame físico das amostras de urinas das gestantes acometidas por ITU, o volume médio observado foi de 40 ml, com pH 6,5 em 22,22% dos casos, pH 7,0 em 11,11% e urina discretamente ácida (pH 5,5 à 6,0) em 66,67% dos casos. Densidade de 1.010 foi observada em duas amostras (22,22%), e acima disso, entre 1.015 e 1.025 em sete amostras (77,78%). Quanto ao aspecto, duas amostras (22,22%) apresentaram-se turvas e sete (77,78%) ligeiramente turvas, portanto, sem nenhuma amostra com aspecto límpido. A maioria possuía coloração amarelo citrino (66,67%), seguida de amarelo claro (33,33%). Para a triagem de casos agudos suspeitos de ITU, as fitas reagentes são notadamente úteis, principalmente em nível ambulatorial ou no consultório. As fitas detectam esterase leucocitária (indicativa de piúria) ou atividade redutora de nitrato (9). Segundo Sato et al. (21), o teste com tiras reagentes apresenta alta acurácia, baixo custo e possibilita rápido diagnóstico, no qual somente nitrito e esterase leucocitária mostram razoável precisão e exatidão, em comparação à cultura quantitativa. Entretanto, no presente estudo, o teste de esterase leucocitária obteve concordância de 77,78% em relação às uroculturas positivas, ou seja, dois casos com presença de infecção urinária não apresentaram alteração leucocitária no teste bioquímico com fita reagente, apesar de em ambos ter sido constatada a presença de nitrito positivo e considerável alteração de leucócitos no teste microscópico. Por outro lado, das 41 amostras ausentes de ITU, 4 (9,75%) mostraram-se com número de leucócitos aumentados e 1 (2,43%) obteve nitrito positivo. O teste do nitrito baseia-se na capacidade de certas bactérias em reduzir o nitrato urinário em nitrito. Tem sensibilidade de 50% e especificidade de 97 a 100% e pode apresentar resultados falsos-positivos quando utilizado em urina contaminada por germes vaginais ou urina concentrada, uma vez que segue princípios colorimétricos (1). Silva e colaboradores (22) relatam que resultados falso-positivos na prova de nitrito podem ser obtidos quando a mesma não é realizada com amostras recém- 38 coletadas. Isto se deve à multiplicação das bactérias contaminantes, que logo produzem quantidades mensuráveis de nitrito. Embora os resultados falso-positivos sejam extremamente raros, frequentes são os resultados falso-negativos. É excelente para detecção de enterobactérias, porém muito precária para o rastreio de estafilococos e estreptococos. Em determinados casos, mesmo em presença de bacteriúrias significativas e comprovadas por meio de cultura, os testes de nitrito mostram-se negativos. O teste de esterase leucocitária é um meio rápido de verificação da presença de piúria, um teste positivo correlaciona-se com oito a dez leucócitos por campo de grande aumento. O teste da esterase de leucócitos possui baixa sensibilidade e especificidade (25%) e também pode apresentar resultados falsos-positivos para infecção urinária (21), já que a presença de piúria traduz apenas a existência de uma inflamação, podendo ser o resultado de uma contaminação da urina por vulvovaginites ou uretrites (20). A presença de leucócitos alterados pode também ser devido a inúmeras causas de leucocitúria estéril como tuberculose, infecção por fungos, Chlamydia, Gonococcus, Lepstopira, Haemophilus, anaeróbios, vírus, etc. (9). Tanto o teste de nitrito quanto o de leucócitos possui baixa sensibilidade e, portanto, não servem como testes de screening para diagnóstico, a menos que sejam utilizados em associação a outros testes (1). A Tabela 2 representa o percentual de amostras com ITU que obtiveram alterações leucocitárias e presença de nitrito urinário em comparação com os uropatógenos encontrados no estudo. Micro-organismos Leucócitos alterados Presença de nitrito Escherichia coli 71,42% 85,71% Streptococcus agalactiae 100% 0% Enterococcus faecalis 100% 0% Tabela 2: Relação entre a presença de leucócitos alterados e nitrito positivo para os microorganismos encontrados nas amostras. Sendo assim, nas infecções por E. coli, duas amostras não apresentaram piúria e uma não obteve nitrito positivo no teste com fita reagente. Enquanto que nas 39 infecções por S. agalactiae e E. faecalis, ambas apresentaram piúria, porém sem presença de nitrito urinário. No exame microscópico, realizado após a centrifugação da urina, verificou-se a quantidade de hemácias, células epiteliais, a presença de cilindros, cristais, filamentos de muco e principalmente o número de leucócitos, os quais são indicativos de ITU. Foram consideradas anormais as contagens superiores a 7.000 leucócitos/ml ou 5 leucócitos/campo. O resultado foi de 14 amostras com alteração leucocitária (28%), sendo que entre estas, 9 possuíam infecção urinária. Referente à etiologia, a principal responsável pelas infecções foi a Escherichia coli, acometida em 77,78% dos casos, semelhante ao encontrado na literatura, seguido de Streptococcus agalactiae e Enterococcus faecalis, ambos com 11,11% de incidência. Estes por sua vez, menos comuns em ITUs durante a gravidez. Dentro do espectro bacteriano que pode causar ITU na gestante, a Escherichia coli é o uropatógeno mais comum, responsável por aproximadamente 80% dos casos (1). Este micro-organismo pertence à flora normal do intestino humano e pode contaminar, colonizar e, subsequentemente, causar infecções extraintestinais, sendo um dos principais agentes etiológicos de septicemias, meningites e infecções do trato urinário (23). A E. coli é encontrada na urina quando rompe-se o equilíbrio entre a sua virulência e a defesa do organismo. Pode aderir e colonizar a mucosa urogenital por meio de fímbrias e adesinas, sendo que esta aderência faz com que a bactéria seja capaz de resistir à eliminação pelo fluxo urinário e assim colonize a mucosa urogenital, causando uma bacteriúria significativa, geralmente ≥105 UFC/ml (18). Outros aeróbios gram negativos também podem ser causa de infecção urinária durante a gravidez, como Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Enterococcus sp. e Enterobacter sp. (20). Bactérias gram-positivas também causam ITU, apesar da sua baixa incidência, destacando-se o Staphylococcus saprophyticus, Streptococcus agalactiae e outros estafilococos coagulase negativos, principalmente em casos de infecções complicadas com litíase (1). Os enterococos são bactérias gram positivas aeróbias facultativas que colonizam a microbiota do trato gastrointestinal e do sítio anatômico genital. É um microrganismo que está envolvido em várias infecções humanas e tem como 40 característica o desenvolvimento de resistência adquirida às diversas classes de agentes antimicrobianos. É um dos principais patógenos causadores de infecções hospitalares, e atualmente sua presença é notável em infecções urinárias, infecções de sítio cirúrgico e bacteremias. Possui 16 espécies descritas, sendo que há predominância de duas a E. faecalis e E. faecium (24). Streptococcus agalactiae é um estreptococo do grupo B (EGB), e faz parte da microbiota de membranas mucosas, colonizado principalmente nos tratos intestinal e geniturinário. A grande relevância médica deste micro-organismo está na contaminação de neonatos, ocasionando quadros graves de septicemia, pneumonia e meningite (25). Durante a gravidez, a bacteriúria por Streptococcus do grupo B, mesmo que não significativa, está associada a inúmeras complicações como ruptura prematura de membranas de pré-termo, parto prematuro e sepses neonatal precoce. Desta forma, todas as mulheres com bacteriúria por EGB durante a gravidez devem ser tratadas no momento do diagnóstico, bem como submetidas a antibioticoterapia profilática intraparto, de forma a prevenir a infecção neonatal (20). No teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA) testaram-se dez antibióticos para as amostras contendo bacilos gram negativos, sendo eles a ceftriaxona, norfloxacina, ciprofloxacina, gentamicina, ampicilina, levofloxacina, nitrofurantoína, cefalotina, amicacina e cefazolina. O resultado mostrou um bom índice de sensibilidade aos antimicrobianos selecionados pelo principal agente etiológico responsável pelas ITUs, Escherichia coli. Observando-se poucos casos de resistência bacteriana. O Gráfico 1 representa o resultado do TSA realizado para as amostras com infecção urinária por E. coli. 41 Perfil de sensibilidade de Escherichia coli aos antimicrobianos 120% 100% 100% 100% 100% 100% 85,71% 85,71% 71,42% 71,42% 71,42% 71,42% 80% 60% 40% 20% 0% Gráfico 1: Teste de sensibilidade de bacilos gram negativos (Escherichia coli) aos antimicrobianos. De acordo com o antibiograma, nota-se que os antibióticos mais sensíveis à E. coli são ceftriaxona, gentamicina, nitrofurantoína e amicacina, os quais não obtiveram resistência bacteriana de nenhuma amostra. Enquanto que os antibióticos que adquiriram maior número de resistência bacteriana (dois casos) foram norfloxacina, ciprofloxacino, levofloxacino e ampicilina, resultados que mostraram-se de acordo com a literatura. Diversos pesquisadores têm chamado à atenção para o crescimento lento da resistência da E. coli a norfloxacina, ciprofloxacina e outras quinolonas, o que parece estar, em parte, relacionado ao uso frequente desses antimicrobianos na profilaxia de infecções e na terapia de ITUs (26). No TSA para Enterococcus faecalis, utilizaram-se os antimicrobianos linezolide, ciprofloxacino, penicilina, levofloxacino, ampicilina, nitrofurantoína, vancomicina, norfloxacina e tetraciclina. Com exceção da tetraciclina, a qual obteve sensibilidade intermediária, todos os antibióticos testados apresentaram-se sensíveis para a amostra contendo E. faecalis. Segundo a CLSI (27), a sensibilidade à penicilina pode ser usada para predizer sensibilidade à ampicilina, amoxicilina, ampicilina-sulbactam, amoxicilinaácido clavulânico, piperacilina e piperacilina-tazobactam de enterococos não produtores de β-lactamase. 42 Para o Streptococcus agalactiae, testou-se a atividade da ampicilina, levofloxacino, linezolide e penicilina e para todos os antibióticos a amostra obteve sensibilidade. Além disso, a CLSI (27) relata, que o teste de sensibilidade das penicilinas e outros β-lactâmicos para tratamento de infecções por Streptococcus agalactiae não são necessários para fins clínicos e não precisam ser realizados rotineiramente, uma vez que para a vancomicina, não têm sido identificadas cepas resistentes. O uso de antibióticos durante a gravidez é muito singular. Medicamentos utilizados diariamente com segurança na prática clínica diária não devem ser usados nas gestantes, a exemplo do cloranfenicol e sulfonamidas, além de tetraciclinas, quinolonas e sulfas no primeiro trimestre. A escolha do antibiótico deve levar em conta, além da sensibilidade das bactérias, outros fatores como a facilidade de obtenção pela paciente, a sua tolerabilidade, a comodidade de sua posologia, custo e toxicidade. Além disso, os antibióticos só devem ser prescritos quando seus efeitos benéficos sobrepujarem significativamente os seus possíveis riscos (28). O tratamento da bacteriúria assintomática é controverso, porém, a única indicação absoluta de tratamento de BA é na gravidez, devido ao risco da bacteriúria predispor à pielonefrite e necrose papilar. O tratamento de ITU na gravidez por dose única não é recomendado, este deve ser por no mínimo 7 dias. Os antimicrobianos que podem ser utilizados com segurança na gravidez são cefalexina, ampicilina, amoxacilina e nitrofurantoína. Com a ciprofloxacina, os riscos não podem ser descartados, não devendo ser, portanto, recomendada. Em casos de pielonefrite, o tratamento é preferencialmente por via parenteral em nível hospitalar (9). CONCLUSÃO O elevado número de infecções do trato urinário acometidas em gestantes do município de Missal-PR, especialmente as formas assintomáticas, reforçam a necessidade do diagnóstico precoce e tratamento adequado, a fim de evitar a evolução de cistites para pielonefrites e a ocorrência de complicações perinatais, como o trabalho de parto e o parto prematuro. O estudo epidemiológico dos uropatógenos e do perfil da sensibilidade aos antimicrobianos são aspectos que merecem atenção, pois podem ser 43 significantemente diferentes de acordo com a localidade. Além disso, a vigilância constante do aparecimento de novas cepas bacterianas resistentes é de grande importância, pois estas podem causar transtornos ao profissional médico na tentativa de combatê-las. Como medida de prevenção, todas as gestantes deveriam realizar a urocultura em cada trimestre da gestação, evitando assim, problemas futuros comprometendo a saúde da mãe e do bebê. O perfil de suscetibilidade das gestantes frente à ocorrência de ITUs contribui para o entendimento da reduzida defesa do hospedeiro neste período. Futuramente, o reconhecimento destes fatores poderá contribuir para a elaboração de programas preventivos que visem melhorar a qualidade da atenção oferecida durante o prénatal pelos profissionais da saúde. REFERÊNCIAS (1) DUARTE, G.; MARCOLIN, A. C.; QUINTANA, S. M.; CAVALLI, R. C. Infecção urinária na gravidez. . Ribeirão Preto: Rev Bras Ginecol Obstet. 30(2):93-100, 2008. (2) CARVALHO, F. J. W. Envelhecimento do aparelho genito-urinário. 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Formatação: O artigo deve conter a seguinte formatação: - Deve ser elaborado em folha tamanho A4 (210 mm x 297 mm), com margens superior e direita de 2 cm e inferior e esquerda de 3 cm. - A fonte deve ser Arial tamanho 12 e espaço entre linhas de 1,5 cm em todo o trabalho. - A numeração das páginas deve figurar no canto superior direito, iniciando pela página de título. - Todas as referências devem ser citadas no texto em formato numérico. - Os títulos das seções devem estar escritos em letra maiúscula, enquanto os subtítulos devem conter apenas as letras iniciais maiúsculas. - Unidades e abreviações: Utilize o System International (SI) de unidades métricas para as unidades e abreviações de unidades. No texto as abreviações devem ser utilizadas apenas após terem sido citadas por extenso. Apresentação: Deve abranger os seguintes tópicos: -Título (em inglês e português) curto e informativo sem conter abreviações, escrito em letras maiúsculas e negritadas. 48 - Nome(s) completo(s) do(s) autor(es). Todos os nomes devem ser seguidos de números sobrescritos identificando as instituições. - Instituição(ões) de cada autor (Departamento, Faculdade, Universidade), precedida dos números indicativos sobrescritos. - Nome, endereço completo para correspondência, incluindo o código postal, o número do telefone, o número do fax e o e-mail do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Esses dados devem ser precedidos do termo: Endereço para correspondência. - Subtítulo a ser utilizado como cabeçalho de página, não deve exceder 40 caracteres. Deve ser precedido do termo: Subtítulo. - Resumo (em inglês e português): deve apresentar claramente os objetivos, a metodologia, os resultados e as conclusões. Sua extensão deve ser de 100 a 250 palavras, ser escrito em parágrafo único (NBR 6028). - Palavras-chave (em inglês e português): indicar de três a cinco palavras que expressem o conteúdo do artigo de forma objetiva. Devem ser precedidas do termo: Palavras-chave. - Texto: deve obedecer aos critérios de cada categoria, de acordo com as instruções disponíveis em foco e escopo. - Agradecimentos: devem ser breves e relacionados a assistência técnica, opiniões, bem como ao apoio financeiro para a pesquisa e bolsas de estudo. Tabelas e Quadros: devem ser inseridos o mais próximo possível do texto em que foram mencionados. O título deve figurar acima da tabela e/ou quadro e ser precedido da palavra Tabela e de seu número de ordem no texto (em algarismos arábicos). As tabelas devem ser compreensíveis e auto-explicativas. As abreviações devem ser definidas nas legendas. Ilustrações e fotos: devem ser inseridas o mais próximo possível do texto em que foram mencionados. O título deve estar localizado abaixo das figuras, precedido da palavra Figura e de seu número de ordem no texto (em algarismos arábicos). Defina todas as abreviações e símbolos usados na figura, mesmo se eles estiverem definidos no texto. As ilustrações e fotos devem ser coladas no texto com resolução de boa qualidade, e também enviadas em arquivos separados, em formato .jpg. As 49 fotomicrografias devem incluir dados sobre a coloração e a ampliação no fim da legenda para cada parte da figura. Uma barra de ampliação deve ser adicionada a cada fotomicrografia. Caso não apareça nenhum marcador com escala na figura, a ampliação original deve ser informada na legenda. Referências: As referências bibliográficas devem ser digitadas em ordem numérica após a seção de agradecimentos. Numere as referências na ordem em que elas são citadas no texto pela primeira vez, usando algarismos arábicos entre parênteses. Duas ou mais referências devem ser separadas por vírgula sem espaço (1,5,7), três ou mais referências consecutivas devem ser separadas por um hífen (4-9) e duas ou mais referências consecutivas devem ser separadas por ponto e vírgula sem espaço (4-9;13-16). As referências devem ser elaboradas de acordo com a NBR 6023. Exemplos: -Artigo de Periódico: ABESSA, D.M.S.; SOUSA, E.C.P.M.; TOMMASI, L.R. Utilização de testes de toxicidade na avaliação da qualidade de sedimentos marinhos. Revista de Geologia, Fortaleza, v. 19, n. 2, p. 253-261, jul./dez. 2006. -Livro: TAVARES, M. C. G. C. Imagem corporal: conceito e desenvolvimento. São Paulo: Manole, 2003. -Capítulo de livro com autoria própria: MOREIRA, A. A profissionalização da enfermagem. In: OGUISSO, T. (Org.). Trajetória histórica e legal da enfermagem. São Paulo: Manole, 2005. p. 98-119. -Trabalho apresentado em evento: SIMÕES, G. S.; SILVA, J.; TOLEDO, A. S. Micobactérias não tuberculosas isoladas de pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA, 17., Santos. Anais... Santos: EDITORA, 1993. p.41. 50 -Teses e Dissertações: SILVA, M.A.B. Sistema de Classificação Fuzzy para áreas contaminadas. 2005. 221f. Tese (Doutorado em Engenharia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005. -Documento em meio eletrônico: SLATER, P. J. B.; JOANES, A. E. Timing of songs and distance call learning in zebra finches. Disponível em: <http://journals.ohaiolink.edu/etext/>. Acesso em: 22 jul. 2004. -Artigo ou livro ainda não publicado: Ao citar um artigo ou livro aceito para publicação mas ainda não publicado, inclua todos os dados necessários e ao final da referência escreva entre parênteses, o termo: no prelo. -Comunicações informais (Informação verbal): Mencionar em nota os dados disponíveis, e indicar entre parênteses, a expressão: informação verbal. Condições para submissão Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores. 1. Termo de Responsabilidade para Submissão de Artigo: O autor comprometese de que o artigo enviado para avaliação é inédito, e não será submetido à outra revista durante o processo de análise e em caso de deferimento para a publicação. Os direitos autorais do artigo, caso publicado, ficam automaticamente cedidos à SaBios - Revista de Saúde e Biologia que está autorizada a publicá-lo em meio impresso, digital, ou outro existente, sem 51 retribuição financeira para os autores. 2. Formato do arquivo: O autor deve certificar-se de que o artigo será enviado no formato de arquivo do programa Microsoft Office Word. 3. Os trabalhos serão publicados na ordem de aceitação e não de seu recebimento pela revista. O artigo será avaliado pelo corpo editorial da revista e submetido para avaliação à dois membros do corpo editorial de localidades diferentes. Após o recebimento do artigo pela revista, o autor poderá acompanhar o trâmite do mesmo pelo endereço eletrônico da revista. 4. Todos os endereços "URL" no texto (ex.: http://pkp.ubc.ca) devem estar ativos. 5. Os Artigos submetidos por alunos (graduação, especialização, mestrado e doutorado) devem obrigatoriamente possuir a co-autoria de um professor orientador, responsável pela coordenação da pesquisa realizada. 6. Todos os autores devem estar cientes e de acordo com a submissão do artigo para SaBios-Revista de Saúde e Biologia. Declaração de Direito Autoral Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são cedidos pelo autor à SaBios-Revista de Saúde e Biologia, que está autorizada a publicá-lo em meio impresso, digital, ou outro existente, sem retribuição financeira para os autores. Em virtude da aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais. Política de Privacidade Os nomes e os e-mails submetidos para esta revista, serão utilizados exclusivamente para os fins de publicação.