PANORAMA SANITÁRIO DA COMERCIALIZAÇÃO DE FRUTAS E HORTALIÇAS NA FEIRA-LIVRE DE PIRES DO RIO-GO OVERVIEW OF HEALTH MARKETING OF FRUITS AND VEGETABLES IN FREE COMMERCE FROM PIRES DO RIO – GO Selbert Ferreira Prates Neves¹, Juliene Vanessa da Silva Souza², Gizelda de Siqueira Pedrosa Cardoso³, Rogério dos Santos Silva¹, Millene Aparecida Gomes¹ ¹ Aluno de Graduação do Curso de Tecnologia em Alimentos – Instituto Federal Goiano Campus Urutaí - GO ² Graduada em Tecnologia em Alimentos - Instituto Federal Goiano Campus Urutaí - GO ³ Doutoranda do Programa de Pós-graduação da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Goiás e Docente do Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí GO. Palavras – chave: condições higiênico-sanitárias, feira-livre, hortifrutis. Introdução O mercado informal de alimentos vem aumentando no Brasil, invadindo ruas, praças, viadutos, praias e rodovias, tornando-se uma atividade geradora de renda para uma significativa parcela da população. Uma atividade informal, embora seja uma alternativa para o sustento de milhões de pessoas, também pode oferecer riscos à saúde da população (LEDRA e JAQUES, 2008). Locais onde há a venda e o preparo improvisados sem condições higiênicosanitárias, manipuladores despreparados, não higienização prévia da matéria – prima e acúmulo de sujeira, são fatores determinantes para surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTAs), sejam de natureza infecciosa ou tóxica (GERMANO e GERMANO, 2008). Tais afirmativas justificam o estudo do panorama sanitário da comercialização das frutas e hortaliças na feira-livre de Pires do Rio – GO, que teve como objetivo avaliar as condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos, das frutas e hortaliças comercializadas e o conhecimento e aplicação das boas práticas de fabricação pelos feirantes em prol da qualidade dos produtos ofertados aos consumidores. Material e Métodos A pesquisa foi realizada no período de Janeiro a Julho de 2009, na feira-livre de Pires do Rio, município do estado de Goiás, que acontece todo domingo, das 7:00 às 12:00 horas, sendo objeto de estudo todas as 20 (vinte) bancas que comercializam frutas e hortaliças. Para a análise higiênico-sanitária foi elaborado e aplicado junto aos feirantes, um questionário de verificação com 20 perguntas diretas e indiretas, abrangendo dados pessoais e tópicos sobre o conhecimento das boas práticas de fabricação, dando ênfase principalmente à higienização e manipulação das frutas e hortaliças. As várias observações “in loco” aconteceram em duas etapas. Inicialmente foi realizada a observação do ambiente público onde ocorre a feira-livre para a elaboração do questionário. Num segundo momento, deu-se a aplicação do questionário, com a ciência e a aquiescência dos comerciantes para o levantamento dos dados necessários à pesquisa. Finalizando os dados foram analisados e apresentados em percentuais de conformidade e/ou não conformidade, para a avaliação global da feira-livre foi utilizado o check-list anexo à RDC nº 275/02 (BRASIL, 2002), sendo considerados válidos apenas os itens aplicáveis à esta forma de comercialização. Resultados e Discussão Os principais fatores observados no cenário de estudo, apresentaram percentuais de não conformidade superiores à 65%, como: (i) a falta de capacitação dos manipuladores; (ii) as condições inadequadas de exposição das frutas e hortaliças; (iii) o transporte dos hortifrutis em veículos que não apresentavam qualquer tipo de proteção à integridade dos produtos; (iv) o ambiente onde se realiza a feira-livre carente de proteção das bancas, deixando as frutas e hortaliças expostas às intempéries climáticas; (v) a falta de depósitos adequados para o lixo, propiciando a contaminação cruzada; (vi) a não utilização de uniformes e EPIs pelos manipuladores (feirantes); (vii) e a não higienização das mãos dos manipuladores. As não conformidades constatadas podem colocar em perigo a saúde da população, através de doenças transmitidas por alimentos, decorrentes da ingestão de alimentos contaminados pelos vários agentes etiológicos, conforme cita Pinto (2003). Como conformidade à legislação em atendimento às boas práticas de fabricação, somente destacamos que 99% das barracas não apresentavam nas suas proximidades insetos, roedores e outras pragas. Os comerciantes, em geral, demonstraram desconhecer a importância das boas práticas de fabricação, entendendo que seus locais de trabalho apresentavam uma imagem “limpa” e de higiene, e que possuíam a liberdade de ofertarem seus produtos conforme consideravam mais “apropriados”, além de não reconhecerem seu papel de possíveis agentes veiculadores de doenças. Ao observar os itens aplicáveis do check-list anexo à RDC nº 275/02 (BRASIL, 2002), a feira-livre deste município pôde ser inserida no Grupo 03, atendendo de 0 a 50% dos itens observados, que registram a necessidade urgente de estratégias institucionais de intervenção. Conclusão A análise das condições higiênico-sanitárias da comercialização dos produtos hortifrutis na feira-livre de Pires do Rio – GO comprovou a não conformidade com a Resolução RDC nº. 275/02, e que os problemas higiênico-sanitários pontuados podem comprometer a qualidade dos produtos, colocando em risco a saúde dos consumidores. Em prol da melhoria da qualidade de vida da comunidade local, e em atendimento às exigências sanitárias vigentes, registra-se a necessidade de ações mais efetivas pelos organismos públicos responsáveis pela qualidade da comercialização de alimentos. Referências BRASIL, Resolução RDC n°275, de 21/10/2002. Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos e a lista de verificação das Boas Práticas de Fabricação em estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, seção 1, 06/11/2002. LEDRA, Julia Graziela Bittencourt e JAQUES, Flávia Valcarengui. Análise das condições higiênicos-sanitárias de quiosques, que oferecem caldo de cana e coco verde, localizados no litoral norte de Santa Catarina. Revista Higiene Alimentar. Novembro/Dezembro de 2008; volume 22 – nº 166/167. PINTO, Antônio de F. M. Antunes. Doenças de origem microbiana transmitidas pelos alimentos. Disponível em: www.ipv.pt/millenium/ect4_1,htm. Acesso em: 20 de junho de 2009. GERMANO, Pedro Manuel e GERMANO, Maria Izabel Simões. Higiene e vigilância sanitária de alimentos. 3ªed. Barueri, SP. Manole, 2008. Autor a ser contactado: Selbert Ferreira Prates Neves, Estudante de Graduação do Curso de Tecnologia em Alimentos – e-mail: [email protected]