Curso de Enfermagem Artigo de Revisão O PAPEL DO ENFERMEIRO RELACIONADO AO CUIDADO HUMANIZADO COM O PACIENTE IDOSO EM AMBIENTE HOSPITALAR THE NURSES' ROLE RELATED TO HUMANIZED CARE WITH THE ELDERLY PATIENT IN HOSPITAL ENVIRONMENT Suzanne Ruscaya de Souza1, Yasmin de Oliveira Carlos1, Elias Rocha de Azevedo Filho2 1 Aluna do Curso de Enfermagem 2 Professor do Curso de Enfermagem Resumo Introdução: Sabe-se que o processo de humanização envolve sensibilidade, afetividade, preocupação e solidariedade. Portanto, o tecnicismo e a preocupação exacerbada com o tratamento da doença podem dificultar as relações interpessoais entre o enfermeiro e paciente. Normalmente, os idosos são acometidos por doenças crônicas que requerem um acompanhamento médico constante, fazendo o uso de medicação contínua e internação, gerando assim uma dificuldade na adaptação ao ambiente hospitalar. O enfermeiro deve estimular a sua equipe a quebrar o paradigma cultural de que o idoso é um ser dependente. É necessário respeitar o processo de envelhecimento e fornecer tratamento individualizado a estes clientes, estimulando sempre que possível à participação ativa dos idosos no controle e tratamento da saúde. Objetivo: O presente estudo tem por objetivo explanar as ações de humanização em ambiente hospitalar, relacionado a pacientes idosos, destacando a importância do papel do enfermeiro. Materiais e Métodos: Foi realizada uma Revisão da Literatura por meio de consultas a revistas e periódicos em base de dados como SCIELO, BIREME, PUBMED, com os descritores: enfermeiro; humanização; idoso; ambiente hospitalar. Conclusão: O processo de humanização não é tão simples e fácil. Essencialmente, o que importa são as atitudes humanas. O cuidado humanizado não é somente considerar o paciente como um corpo biológico, e sim, compreender que o paciente precisa ser escutado. O planejamento adequado dentro dos padrões de qualidade e princípios bioéticos promovem uma assistência humanizada. Palavras-Chave: Enfermeiro; Humanização; Idoso; Ambiente Hospitalar. Abstract Introduction: It is known that the process of humanization involves sensitivity, affection, concern and solidarity, so, the technicality and the heightened concern about the treatment of the disease may hinder interpersonal relationship between nurse and patient. Usually they are affected by chronic disease that requires constant medical care, making use of continuous hospitalization and medication, thus creating a difficulty in adapting to the hospital. Nurses should encourage their team to break the cultural paradigm of the elderly as a dependent being, so it is necessary to respect the aging process and provide individualized treatment to these customers by stimulating whenever possible, the active participation of the elderly in the health control and treatment. Objective: This study aims at explaining the humanizing actions in hospitals related to elderly patients, highlighting the importance of the nurse's role. Materials and Methods: A Literature review was conducted by means of consultation to magazines and journals in databases such as SCIELO, BIREME and PUBMED, using the descriptors: nurse; humanization; elderly, hospital environment. Conclusion: The humanization process is not as simple and easy, essentially what matters is the human attitudes. Humanized care is not only considering the patient as a biological body, but understanding that the patient needs to be heard. Proper planning within the quality standards and bioethical principles promote humanized care. Keywords: Nurse; Humanization; Old man; Hospital environment. Contato: [email protected] Introdução Segundo Beck et al (2007), a humanização é uma mudança no gerenciamento dos sistemas de saúde que ascendeu cada vez mais, sabendo que não se restringe somente às técnicas ou artifícios, mas que fornece um melhor cuidado no atendimento envolvendo a vivência e gerando melhorias, tanto para o paciente como para os profissionais de saúde. Sabe-se que o processo de humanização envolve sensibilidade, afetividade, preocupação, interação, amor e solidariedade, portanto, o tecnicismo e a preocupação exacerbada com o tratamento da doença podem dificultar as relações interpessoais entre o enfermeiro e paciente (AYRES, 2004). A Política Nacional do Idoso foi criada em 1994, regida pela Lei nº 8.842, gerando mecanismo de assistência à saúde do idoso e de implantação e organização de redes estaduais de saúde. (BRASIL, 2003; POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO, 1994). Em 2003, foi regulamentado pela Lei nº 10.741, o Estatuto do Idoso, e a partir desta data, houve uma maior discussão relacionada à humanização, visando programar estratégicas que promovessem o contato humano entre profissionais e usuários (BRASIL, 1991). De acordo com a portaria ministerial nº 2.528 de 1999, que aprovou a Política Nacional á Saúde do Idoso, foi determinada a criação de projetos conforme diretrizes estabelecidas e também a ampliação da Estratégia de Saúde da Família, A partir daí, notou-se que houve uma maior procura de familiares e idosos nas Unidades Básicas de Saúde, um marco importante para a saúde dos idosos e estratégias inerentes a ela (SANTOS et al., 2008). Atualmente, nota-se um crescimento da população idosa a partir dos 60 anos de idade que, segundo estimativas de estudos, em 2025 irá corresponder a 15% da população e cerca de 30 milhões de pessoas (PROCHET, 2011). Esse crescimento da população idosa está relacionado à redução da fecundidade e ao aumento da expectativa de vida dos idosos (IBGE, 2002). Os idosos são acometidos normalmente por doenças crônicas devido ao envelhecimento, necessitando de acompanhamento médico constante, uso de medicações contínuas e internações, o que gera estresse e desconforto quanto á readaptação ao ambiente, justificando, assim, o processo de humanização na assistência de enfermagem ao idoso no ambiente hospitalar visando garantir maior conforto ao paciente (LIMACOSTA, VERAS, 2003). Tendo como base o envelhecimento populacional, relacionado principalmente à redução da mortalidade e à redução da taxa de fecundidade, nota-se que há uma crescente demanda dos idosos as Unidades Hospitalares de Saúde e internação por tempo prolongado, gerando, assim, readaptação deste público a um novo contexto social, trazendo insegurança, estresse, perda de autonomia e isolamento social, o que justifica a humanização nos cuidados de enfermagem com o paciente idoso e a publicação de artigos para disseminar conhecimento acerca deste assunto. O presente estudo pretende explanar sobre o papel do enfermeiro no cuidado humanizado ao paciente idoso hospitalizado e as suas vertentes associadas. Materiais e Métodos Trata-se de uma revisão bibliográfica descritiva de periódicos e artigos inerentes ao papel do enfermeiro, relacionado ao cuidado humanizado com o paciente idoso em ambiente hospitalar e suas vertentes, tendo como base os temas: o processo de envelhecimento, políticas públicas de saúde, comunicação, valorização das crenças e culturas e a necessidade da humanização. Para critérios de seleção foram utilizados 40 artigos para leitura e compreensão do tema e foram selecionados 30 artigos publicados no período de 1998 a 2015 para a realização da revisão bibliográfica. Foram utilizada base de dados como a Scielo, Bireme e periódicos, como a Revista Escola Enfermagem da USP, Revisão Bioética, Revista de Enfermagem, Revista de Enfermagem da UFSM, Revista da Escola Ana Nery, Revista LatinoAmericana de Enfermagem e Rev Bras Terapia Intensiva. O envelhecimento e a hospitalização O ato de envelhecer não é um processo unitário. Não se pode associá-lo a nenhuma doença específica e nem acontece de uma vez só no organismo inteiro. Existem fatores diversos que devem ser levados em conta, em um processo de integração (SANTOS; ANDRADE;BUENO, 2009). Apesar de se saber desse fato, nem todas as pessoas envelhecem da mesma forma, no mesmo ritmo. Umas pessoas podem envelhecer mais rapidamente do que outras, tudo dependendo de como o indivíduo leva a sua vida, quais as suas condições socioeconômicas e que doenças possui. Biologicamente falando, estão envolvidos os fatores moleculares, celulares, tecidulares e orgânicas da pessoa, entrando em cena as dimensões psíquicas, cognitivas e afetivas da pessoa, estas que interferem na personalidade e na forma como o indivíduo percebe o afeto a ele dirigido. Assim, envelhecer não é apenas ficar mais velho, mas antes, representam o cotidiano e as perspectivas culturais de alguém. (FECHINE;TROMPIERI, 2015). Existe uma estimativa de que o período de vida de uma pessoa seja entre 110 e 120 anos, com a maturidade biológica, quando sua vitalidade chega ao ápice entre os 25 e 30 anos. Divide-se os períodos de vida do indivíduo em: Dos 25 até os 40 o indivíduo pode ser considerado um adulto inicial; até 65 anos, adulto médio ou de meia idade, dos 65 até 75 anos, adulto tardio na velhice precoce, e desta idade em diante, vem a chamada velhice tardia (SANTOS; ANDRADE;BUENO, 2009). O processo do envelhecimento gera alterações orgânicas ao idoso, contribuindo para uma maior dificuldade de manter homeostase e promovendo o surgimento de doenças crônicas, que normalmente são incuráveis, e as suas complicações trazem maior susceptibilidade deste público ao processo de internação por longos períodos. Os idosos apresentam alterações psicológicas e sociais inerentes ao contexto político, econômico, social e cultural, o que dificulta o processo de adaptação, bem como, a não aceitação da internação e limitações (PAZ et al, 2006). No aspecto fisiológico, a idade avançada projeta uma série de mudanças nas funções orgânicas e mentais, a perda das quais faz com que os idosos percam a capacidade de manter o equilíbrio homeostático e que todas as funções fisiológicas gradualmente comecem a declinar. A característica principal dessas alterações é a redução da reserva funcional. Isso significa que, em condições apropriadas, um organismo envelhecido pode sobreviver por muito tempo, mas caso haja situações de estresse, seja físico ou emocional, surgem todas as dificuldades, trazendo para o organismo uma sobrecarga funcional que compromete os sistemas endócrino, nervoso e imunológico, levando o indivíduo a perda de resistência orgânica e à possível hospitalização (CANCELA, 2007). A hospitalização, de modo geral, gera desconforto, preocupação e medo aos pacientes, sendo que, especificamente ao público idoso, normalmente, gera prejuízos às atividades sociais, perda da autonomia, dificuldade na adaptação a nova realidade e ambiente, carga emocional, estresse, sofrimento, fragilidade, limitações além das pré-existentes, e carências afetivas. Portanto, faz-se necessário a interação e comunicação com este público para garantir segurança afetiva e melhor enfrentamento da nova realidade (BEUTER et al, 2012). A importância da humanização O homem é um ser que necessita de cuidados, e se não recebê-los, estará sujeito a perder sua estrutura, definhar, perder a compreensão do que significa a vida e até mesmo morrer. Cuidado, então, é uma necessidade básica. Esta é uma necessidade associada com a humanização. O ser humano tem em si o senso de bondade, humanitarismo, entre as quais estão a benevolência, a clemência e a compaixão. O humanizar é parte do ser humano, e sendo que tudo o que se faz visa o bem-estar da humanidade, seja em caráter individual ou coletivo, isso se caracteriza como o sentido da humanização (CORBANI;BRÊTAS;MATHEUS, 2009). Corbani;Brêtas; Matheus (2009) acreditam que isto acontece por causa da sujeição do ter ao ser como valor que existe em cada um. O ter em si costumeiramente embaça a compreensão de cada pessoa e compromete o ser humano que existe em cada um, tornando a pessoa desumana, sem natureza e cruel. Morrendo o cuidado desaparece o ser humano, e dessa forma, falar sobre a humanização na enfermagem significa entrar no instrumento de trabalho da profissão, o cuidado que está implícito em uma relação de ajuda. O enfermeiro na humanização Para se atender à necessidade de atenção humana da enfermagem, foi criada em 2001, a Política Nacional de Humanização no Ambiente Hospitalar foi criada em 2001, com o objetivo de capacitar os profissionais de enfermagem para garantir uma assistência humanizada e holística, valorizando a vida humana e a cidadania, aprimorando as relações humanas, resgatando a integralidade na assistência aos indivíduos e à população idosa, visto que esta normalmente constitui-se de um público que necessita amplamente dos serviços prestados pelas Unidades de Saúde e de internação devido às suas condições fisiológicas (Ministério da Saúde, 2001) Esta política foi criada pelo reconhecimento de que a experiência diária ao atender pessoas nos serviços de saúde aponta para uma questão crítica, que precisa de atenção. Ao avaliar esses pontos, o público destaca como importante a forma de atender às suas necessidades, de compreendê-los, por parte dos profissionais de saúde. Esses fatores chegam a ser considerados mais importante do que a própria falta de médicos, de medicamentos, de espaços nos hospitais (BRASIL, 2001). A humanização apresenta vantagens, entre as quais estão a interação eficaz do profissional de enfermagem com o paciente através da aproximação que promove segurança e confiança maior deste com a equipe, além de atenuar o estresse e sofrimento, garantindo maior colaboração com o autocuidado. Esta aproximação pode ser realizada no próprio exercício das atividades de enfermagem através de simples interação por diálogo sem necessidade de recursos (SILVA et al, 2014). Apesar dessas vantagens apontadas, devese levar em conta que os problemas pelos quais passam os profissionais da saúde não são poucos. Estes são submetidos a tensões que surgem de vários lados, que sejam o contato com doentes, com a dor que estes sentem, com sua condição de pacientes terminais, o medo de fazer algo errado, pacientes que não facilitam o relacionamento, e isso definitivamente dificulta o trabalho de humanização (MOTA; MARTINS; VERAS, 2006). Segundo pesquisa realizada por Sousa (2012), os enfermeiros apontam como principal desvantagem do processo de humanização no cuidado com o paciente idoso o tempo escasso, visto que estes utilizam o tempo voltado aos cuidados técnicos e ao tratamento do paciente. Para Almeida e Aguiar (2011), observa-se a falta de preparo dos profissionais de saúde quanto ás ações educativas e ao processo de humanização, o que caracteriza o enfermeiro como tecnicista. Nem sempre a humanização é facilitada. Acredita-se que traz benefícios, mas o processo não é rápido, apresentando demora e complexidade, e por esse motivo, sofre resistência porque precisa que haja mudança de atitudes, de comportamento, mudanças que causam insegurança (MOTA; MARTINS; VERAS, 2006). Existe um déficit da humanização no processo de alta e reabilitação do paciente, que envolve as orientações à família quanto aos cuidados domiciliares. Desta forma, pode ocorrer uma recidiva na internação hospitalar por cuidado ineficaz da saúde do idoso (ALMEIDA; AGUIAR, 2011). Quanto ao perfil do enfermeiro, nota-se que ele normalmente trabalha de uma forma tecnicista e repetitiva, porém, é necessária a comunicação, pois ela é primordial para o desenvolvimento de qualquer relacionamento interpessoal, para garantir o cuidado integral humanizado a partir do compartilhamento de informações claras aos pacientes, proatividade, relação de confiança, ausculta qualificada, compreensão, toque, fala olhar, estimulação e aconselhamento que juntos promovem a autonomia do cliente (AYRES, 2004). A comunicação é um artifício importante durante o processo de humanização. Nota-se que ela pode ser verbal ou não verbal, associada a expressões faciais, gestos, tom de voz adequado, entonação das palavras, proporcionando a aproximação do enfermeiro com o paciente e promovendo mudanças nos sentimentos, atitudes, pensamentos e percepções (SILVA, 2002). Então, humanizar é garantir ao que está sendo dito a dignidade ética. O ser humano que sofre e que sente dor precisa compreender o que está sendo dito pelo cuidador profissional de saúde. É preciso que as palavras usadas sejam do nível do paciente, usando-se linguagem por meio da qual possa haver comunicação com o outro sem haver a desumanização recíproca. Humanizar é saber falar, ouvir, dialogar com o semelhante de uma forma que este entenda e reaja positivamente ao que está sendo dito (CORBANI;BRÊTAS;MATHEUS, 2009). Durante a prática dos cuidados gerontológicos, deve-se observar as implicações psicológicas, afetivas e físicas, garantindo a interação, mesmo durante a realização dos cuidados para a promoção de um vínculo de empatia entre o idoso e o enfermeiro (WALDOW, 2001). Ressalta-se que as expectativas dos usuários no ambiente hospitalar devem ser correspondidas inicialmente pelo processo de acolhimento eficaz, que compreende uma abordagem adequada ao cliente, sendo necessário respeitar sua singularidade e individualizar a sua assistência. Por isso, o usuário não deve ser tratado pelo nome da sua doença, ou pelo número do leito, mas deve ser cumprimentado de forma cordial e tratado sempre pelo seu nome, fazendo senti-lo um ser humano integrante da sociedade, evidenciando compaixão, afetividade e consideração. Dessa forma, é proporcionado ao cliente alívio, conforto e apoio, pois essas ações tornam uma relação de comunicação, cuidado físico e respeito que são fundamentais para promover o bem estar, tanto do cliente quanto do enfermeiro (BECK, 2009). O enfermeiro deve estimular a sua equipe a quebrar o paradigma cultural de que o idoso é um ser dependente e incapaz de tomar decisões próprias. Portanto, é necessário respeitar o processo de envelhecimento e fornecer tratamento individualizado a estes clientes, estimulando, sempre que possível, à participação ativa dos idosos no controle e tratamento da saúde, valorizando as suas capacidades e integrando-o socialmente. Estes preceitos integram a bioética estabelecida pelo Código de Ética Profissional do Enfermeiro (FREITAS; SHRAMM, 2009). Através da valorização das crenças e culturas são aplicados os valores humanísticos, visto que o enfermeiro tem por dever e responsabilidade a formação de um sistema de valor através das seguintes ações: prestando informações, estimulando a fé-esperança, se colocando no lugar do outro, desenvolvendo ajudaconfiança, promoção da aceitação dos sentimentos negativos e positivos proporcionando, assim, um ambiente biopsicossocial e espiritual com aceitação de forças fenomenológicas (WATSON, 2007). Observa-se a constante falta de conhecimento dos pacientes idosos sobre os seus direitos e deveres no ambiente hospitalar, o que resulta em uma postura autoritária e opressora da equipe de enfermagem com estes clientes de modo geral. Porém, no contexto da humanização, o cliente deve ser esclarecido quanto aos seus direitos, e considerado pela equipe como um ser com liberdade de tomar suas próprias decisões relacionadas ao seu tratamento, quando possível, sobrepondo à sua família (WALDOW, 2004). De acordo com os princípios do SUS e do Código de Ética Profissional de Enfermagem (CEPE), o cuidado humanizado ao paciente idoso no ambiente hospitalar preconiza a proteção contra imperícia, negligência ou imprudência, respeito ao paciente ainda após o óbito e a estimulação da autonomia deste público (FREITAS; SCHAMM, 2009). O enfermeiro deve oferecer orientações e suporte ao paciente idoso hospitalizado e à família, devido a estes estarem inertes a um ambiente diferente do cotidiano e cercado de inseguranças relacionadas à internação. Nota-se que a integração destes familiares constitui-se um importante objeto de humanização garantido pela Política Nacional de Humanização que, através de novas práticas nos ambientes hospitalares, assegura o direito do idoso de ter um acompanhante familiar e visitas abertas, visando aproximação da família. Porém, as instituições ainda estão adequando-se para se enquadrarem na lei, quanto às suas estruturas físicas. Ressalta-se que, ainda, o enfermeiro pode realizar a escolha do acompanhante do idoso no cenário hospitalar, o que reforça a necessidade de conhecer o perfil individual dos familiares para uma escolha mais sábia (SQUASSANTE, 2007). Humanização e desumanização Estudos de Corbani; Brêtas; Matheus em 2009 apontam para a percepção de enfermeiros sobre o assunto. Muitos deles passam por experiências críticas da sua forma de cuidados com pacientes idosos, e assim relatam: “Mas o que acontece, humanização é isso: o bem-estar da pessoa. Está prejudicando uma pessoa, não vou fazer isso, mesmo ninguém estando vendo, é fazer toda aquela linha de cuidado com o paciente... uma vez tratei bem o paciente – não que eu não trate bem o paciente , fui conversar com ele, que estava com dor e saber realmente o que ele tinha, que dor que era, intensidade; enfim, investigar a dor dele. Aí, certa pessoa me viu conversando com ele e me disse: ‘você não tem de fazer assim com o paciente, pegar no colo. Que é isso?’. A pessoa quis dizer que eu estava mimando o paciente. Eu pensei e falei: - Poxa, não estou mimando o paciente. Estou conversando com ele. Tenho de conversar com o paciente para saber o que ele tem. Isso para mim é humanizar. É conversar. Às vezes, se sente só, solitário. Que acontece? Se você chegar para conversar com ele, aquele que é muito velho de casa critica você com o olhar. Porque você tem de tratar: ‘aqui é o auxiliar, aqui é o paciente’ (indicando distância)” O paciente precisa dessa proximidade para que se sinta à vontade e fale sobre seus problemas. O interesse do profissional deve estar presente em todos os momentos, conversando com o doente idoso, fazendo com que ele se expresse e se sinta bem (BECK, 2009). Caso não haja isso, cria-se um sentimento de desumanização. Outro enfermeiro assim se expressou sobre a desumanização: “É não enxergar o outro, está voltado para seus próprios interesses – é o que trata com descaso. Eu não suporto isso, entendeu?! É a pessoa necessitando de uma coisa e você deixar de fazer por interesse próprio; é você destratar, ignorar, não valorizar o que é a pessoa, o que ela faz, entendeu?... desumanização seria acabar com os seres humanos ou seria acabar com o lado humano das pessoas, é o que a gente mais vê, mais ouve....falta de cultura, respeito, educação, índole está muito decaída que acaba influenciando em todos os setores, inclusive no hospital...é uma coisa que maltrata, agressiva, que prejudica o humano, por exemplo, um velhinho que não pode se alimentar e você passa o olho em cima e vai para lá, distanciando-se dele.” (CORBANI; BRÊTAS;MATHEUS, 2009). Certas vezes o enfermeiro carece de ter mais informações e melhor treinamento. Por causa disso, sua atuação deixa a desejar no que diz respeito ao atentar para os problemas do paciente. A falta de treinamento especializado e humanizado faz com que este profissional perca a percepção da necessidade do paciente, deixando de se interessar por detalhes que parecem pequenos, mas que são de grande importância no sentimento de bem-estar do indivíduo (FREITAS; SHRAMM, 2009). Outro enfermeiro se expressou da seguinte forma sobre a importância da atenção humanizada: “Para enxergar o seu indivíduo como um todo e a partir disso conseguir traçar metas para ele - o cuidado integral ao seu doente - de humanizar, desde os pequenos detalhes que você pode ajudar na assistência, um cuidado básico, por exemplo, de passar um hidratante, que muitas pessoas não passam. Querendo ou não, você ajuda muito. Humanização é você enxergar aquele ser humano como uma pessoa, e tratar dela bem. Dar todos os cuidados necessários para ele. Não a via de administração de medicamento, é enxergar e observar realmente as necessidades dele. Tanto que estávamos conversando com os funcionários que parece uma coisa mecânica: um mutirão faz a medicação, outro vê a diurese e cadê o cuidado integral com o seu paciente, entendeu? De você olhar e ver se ele está corado ou não, observar. (...). Você tem de ir primeiro no básico, para depois tentar dar um cuidado melhor para ele enxergar o paciente. Porque todo mundo está preocupado em dar banho, preciso fazer aquilo, às vezes nem olhando para o rosto do paciente. E, às vezes, só de olhar, você consegue ver se ele está sentindo dor, se ele está querendo alguma coisa. Você consegue visualizar isso só prestando atenção nele”. (CORBANI; BRÊTAS;MATHEUS, 2009). A atenção se faz necessária em todos os momentos de cuidado com o paciente, esteja em fase terminal ou não. Entretanto, a obrigação desses cuidados não é devida apenas ao enfermeiro ou profissional da saúde. A família deve estar inclusa no processo do cuidar humanizado. A família nos cuidados ao paciente idoso A família constitui-se uma parceria com a equipe de saúde muito positiva para o tratamento das mulheres idosas, garantido pelo fornecimento de apoio afetivo e físico nesta fase da vida, principalmente do público feminino, que, de forma geral, sofre alterações psicológicas relacionadas ao processo de envelhecimento. Portanto, o abandono da família pode ser um agravante no tratamento destas clientes que, com o rompimento dos laços afetivos com os familiares, sofre com a solidão (AIRES, PASKULIN; MORAIS, 2010). A família proporciona um ambiente familiar caloroso garantido pelo fortalecimento das relações de vínculo familiar, minimizando as dificuldades, as angústias dos idosos e familiares, constituindo-se em uma fonte de apoio ao idoso (FELICIANO; MORAES; FREITAS, 2004). Portanto, a presença do familiar colabora com a recuperação do doente hospitalizado devido ao fortalecimento da relação de confiança (SZARESKI, 2009). Apesar dos enfermeiros possuírem o conhecimento técnico científico relacionado ao quadro clínico do paciente idoso, bem como ao seu diagnóstico, estes, muitas vezes, responsabilizam a equipe médica quanto à prestação de informações relacionadas ao diagnóstico do paciente. Na prática da humanização as informações devem ser prestadas sempre que possível ao cliente visando esclarecer dúvidas e minimizar ansiedade destes relacionada à falta de informação, porém, ressaltase que a linguagem deve ser adequada e o respeito às informações sigilosas preservadas. Os procedimentos devem ser informados quanto a sua importância anteriormente à sua execução (AYRES, 2004). Tendo como base diversos artigos, nota-se que a equipe de enfermagem enfrenta dificuldades com relação à execução do processo de humanização aos pacientes idosos no ambiente hospitalar relacionada à falta de tempo, paradigma entre o conhecimento técnico científico e a abordagem, falta de valorização do ser idoso, inibição deste público e diminuição da autonomia destes relacionada ao processo de decisão do seu tratamento (Almeida et al, 2008). O enfermeiro deve estimular a discussão acerca do processo de humanização com a sua equipe, bem como a importância da valorização do ser humano idoso de forma holística, a estimulação da participação deste público, integração familiar, prestação de informações concretas, abordagem adequada, a fim de garantir uma reflexão e processo de educação continuada aos enfermeiros das unidades hospitalares, adequando os ambientes às novas políticas públicas de saúde brasileiras (SAKANO; YOSHITOME, 2007). Organizando de uma forma intersetorial o enfermeiro poderá promover atenção integral ao paciente idoso, desta forma, todos deverão trabalhar em equipe para que o cuidado ao idoso confira maior dignidade, equidade e integralidade. Conclusão: Compreende-se que, para ocorrer o processo de humanização, é necessária a conscientização dos profissionais sobre a importância do cuidado humanizado, com compromisso para com a saúde do paciente, o seu bem estar e a manutenção da vida do ser humano como um todo. Humanizar não é apenas chamar o paciente pelo nome, sorrir constantemente, mas, além disso, compreender suas incertezas, angústias e medos, dando-lhe apoio e atenção sempre que necessário. Uma visão holística do enfermeiro e sua equipe permite prestar um atendimento mais humanizado, desde que compreenda o seu real significado, não esquecendo que o mesmo, indiferente de sua etnia, raça, religião e padrão aquisitivo é um cidadão, e seus direitos devem ser respeitados. Os profissionais devem realizar seus deveres dentro dos padrões de qualidade, a responsabilidade da atenção à saúde não é somente com o ato técnico, e sim, com estratégias adequadas para se prestar o atendimento de forma eficiente. É necessário promover iniciativas para melhorar o contato humano entre os profissionais de saúde e os usuários, pois no processo de humanização, o essencial são as atitudes humanas, e só se pode dizer que um atendimento foi humanizado se os profissionais demonstrarem por todos os clientes, profundo respeito, solidariedade e compaixão legítima. Os enfermeiros são responsáveis pelo planejamento de metas eficazes relacionadas com a qualidade de vida, interferindo, assim, na ampla complexidade do ambiente hospitalar,com uma visão humana e social envolvendo a equipe multiprofissional no processo de acolhimento do idoso e na ressocialização. Agradecimentos: Dedico a Deus minha força e refúgio e aos meus pais, que mesmo com toda dificuldade me educaram com os preceitos de ética e caráter. Suzanne Ao nosso orientador, Elias Rocha de Azevedo, que nos dedicou seu tempo, nos direcionando e apoiando em cada etapa deste trabalho com todo carinho e atenção. Referências: 1. AIRES, M; PASKULIN, LMG; MORAIS EP. Functional capacity of Elder elderly: comparative study in there regions of Rio Grande do Sul. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 18, n. 1, p. 11-17, Feb. 2010. 2. ALMEIDA, ABA; AGUIAR, MGG. Uma abordagem bioética. Revista Bioét (Impr); 2011. 3. ALMEIDA, MDA; ALITI, GB; FRANZEN, E; THOMÉ, EGR; UNICOVSKY, MR; RABELO, ER et al. Diagnóstico de enfermagem e intervenções prevalentes no cuidado ao idoso hospitalizado. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 16, n. 4, p. 707-711, Aug. 2008. 4. AYRES, JRCM. O cuidado, os modos de ser do humano e as práticas de saúde. Saude soc. Vol 13 n. 3 São Paulo Sept./Dec; 2004. 5. BECK, CLC; GONZALES, RMB; DENARDIN, JM, et al. A humanização na perspective dos trabalhadores de Enfermagem. Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 16, n. 3, p. 503-510, Sept. 2007. 6. BECK, CLC; LISBOA, RL; COLOMÉ, ICS; SILVA, RM; TAVARES, JP. Os enfermeiros e a humanização dos serviços de saúde do município: um estudo explorativo. Cienc Cuid Saúde. v. 8, n. 2 (2009) 7. BENEDETTI, TB; PETROSKI, EL; GONÇALVES, LT. Condições de Saúde nos idosos em Florianópolis. Arq Catarinense Med. 35(1):44-51, jan.-mar. 2006. tab, graf. 8. BEUTER, M; BRONDANI, CM; SZARESKI, C; CORDEIRO. FR; ROSO, CC. Sentimentos de familiares acompanhantes de adultos face ao processo de hospitalização. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro , v. 16, n. 1, p. 134-140, Mar. 2012 . 9. BRASIL, Secretaria de Assistência á Saúde. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. 10. ______. Lei nº 10.741, de 01 de outubro de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 20 out. 2015. 11.______. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: Cadernos de Atenção Básica; 2006. 12. CANCELA, D.M.G. O processo de envelhecimento. (2007) In: Psicologia.com.pt – O portal dos psicólogos. Lusíada do Porto, Acesso: 20 nov. 2015. 13. CORBANI NMS; BRÊTAS, MCP; MATHEUS. MCC. Humanização do cuidado de enfermagem: o que é isso? Rev Bras Enferm, Brasília 2009 maio-jun; 62(3): 349-54. 14. FECHINE, B.R; TROMPIERI, N. O processo de envelhecimento: as principais alterações que acontecem com o idoso com o passar dos anos. Revista Interscience place, v. 10, n. 3 (2015): Julho / Setembro, 2015 15. FELICIANO, Adriana Barbieri; MORAES, Suzana Alves de; FREITAS, Isabel Cristina Martins de. O perfil do idoso de baixa renda no Município de São Carlos, São Paulo, Brasil: um estudo epidemiológico. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 6, p. 1575-1585, Dec. 2004 16. FREITAS, EEC; SHRAMM, FR. A moralidade da alocação de recursos no cuidado de idosos no centro de tratamento intensivo. Rev. bras. ter. intensiva, São Paulo , v. 21, n. 4, p. 432-436, Dec. 2009. 17. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Perfil dos idosos responsáveis pelo domicílio no Brasil. 2000. Estudos e pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica n.9. Rio de Janeiro: IBGE; 2002. 18. LIMA-COSTA MF; VERAS, R. Saúde pública e envelhecimento. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 19, n. 3, p. 700-701, June 2003. 19. MEYER, DE; WALDOW, VR; LOPES, MJM (orgs). Marcas da diversidade: saberes e fazeres da enfermagem contemporânea. Porto Alegre: Artmed; 1998. Pág 241. 20. MOTA, Roberta Araújo; MARTINS, Cileide Guedes de Melo; VERAS, Renata Meira. Papel dos profissionais de saúde na política de humanização hospitalar. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 2, p. 323-330, mai./ago. 2006 21. PAZ, AA; SANTOS, BRLD; EIDT, OR. Vulnerabilidade e envelhecimento no contexto da saúde. Acta paul. enferm., São Paulo , v. 19, n. 3, p. 338-342, Sept. 2006. 22. Política Nacional do Idoso. Lei nº 8.842, de Janeiro de 1994. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8842.htm>. Acesso em: 20 out. 2015. 23. SAKANO, KM; YOSHITOME, AY. Diagnosis and nursing interventions on erderly impatients. Acta Paul Enferm 2007; 20(4):495-8. 23. SANTOS, Flávia Heloísa dos; ANDRADE, Vivian Maria; BUENO, Orlando Francisco Amodeo. Envelhecimento: um processo multifatorial. Psicol. estud., Maringá , v. 14, n. 1, p. 3-10, Mar. 2009. 24. SILVA, FLF; OLIVEIRA, RCC; SÁ, LD; LIMA, AS; OLIVEIRA, AAV; COLLET, N. Humanização dos Cuidados de Enfermagem em Ambiente Hospitalar: Percepção dos Usuários. Cienc Cuid Saude v. 13, n. 2 (2014) 25. SILVA, MJP. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde. São Paulo: Loyola; 2002. 26. SQUASSANTE, ND. A dialética das relações entre a equipe de enfermagem e familiares acompanhantes no hospital: implicações do cuidado de enfermagem. Rio de Janeiro; s.n; dez. 2007. xi,129 p. graf. 27. Rio de Janeiro: Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2007. 28. SZARESKI, C. O familiar acompanhante no cuidado ao adulto hospitalizado na perspectiva da equipe de enfermagem. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria. Curso de Enfermagem; 2009. 29. WALDOW, VR. O cuidado na saúde: as relações entre o eu, o outro e o cosmos. 2º Ed Petrópolis: Vozes, 2004. 30. WATSON, J. Watson ´s theory of human caring and subjective living experiences-carative factors/caritas processes as a disciplinary guide to the professional nursing practice. Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 16, n. 1, p. 129-135, Mar. 2007 . ANEXO A: PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS SOBRE A HUMANIZAÇÃO 1 Ser humano “Eu acho que é um privilégio [ser humano-virtude], porque não são todas as pessoas, não é? O homem é um ser humano [pessoabio], mas saber se realmente ele é humano [virtude], entendeu? Então eu acho assim: acho que ser humano são as pessoas que nasceram para ter raciocínio, para ter amor, para dar amor uns para os outros, para entender, para cuidar. Para mim, isso é ser humano. É diferente do animal. É racional.” Humanização “É o que sempre falo: você tem de tratar ele como você gostaria de ser tratado. Fique na posição do paciente. Você não gostaria de receber um banho de água fria. Então, se você não desperta isso no funcionário, ele vai fazer de qualquer jeito.” “As pessoas precisam voltar [a cuidar de forma humana]. O cuidado da gente às vezes é muito técnico. Ou você fica muito no físico, não dá atenção às necessidades biológicas. Só pensa na doença, nos aparelhos, vamos nos especializar. Você não pode esquecer que está cuidando de um ser humano. Então tem de ver tudo, as necessidades, se está carente, a necessidade religiosa, a família que vem”. “Acho que é uma prática diária. “Todos os dias você tem de lembrar que é humano, porque se esquece desse detalhe.” Falta de compromisso “Falta de compromisso, responsabilidade dentro da enfermagem no cuidado com o paciente. Vem aqui, bate o cartão, cumpro seis horas e vou embora. (...). Eu acho assim: às vezes, como a paciente hoje que estava se queixando que não evacuava, não evacuava. Isso é detalhe? Eu acredito que eles não tenham conversado com ela, porque ela falou para mim e eles não passaram para mim. Acho que é falta de eles conversarem, de tentar puxar as informações dos pacientes, de realmente se comprometer com o paciente, dar cuidado integral, suprindo as necessidades que ele precisa, entendeu? Além da técnica: é enxergar seu paciente.” Cuidado “Cuidado é o que eu faço com os meus pacientes: assistência de enfermagem. Por exemplo, pôr tala para evitar pé eqüino, curativos, higiene oral, banho no leito, exame físico”. “Cuidar para mim é cuidar bem. É ver a carência da pessoa e fazer pelo outro o que ele não pode fazer sozinho, fazer com carinho, com amor, é tratar bem, é manter, proteger. Todo mundo precisa de cuidado, de carinho, de atenção”. “Passar um hidratante, medicação, ver a diurese, banho, explicar o procedimento para o paciente entender, não ter ansiedade e colaborar até.” “Para enxergar o seu indivíduo como um todo e a partir disso conseguir traçar metas para ele - o cuidado integral ao seu doente - de humanizar, desde os pequenos detalhes que você pode ajudar na assistência, um cuidado básico, por exemplo, de passar um hidratante, que muitas pessoas não passam. Querendo ou não, você ajuda muito. Humanização é você enxergar aquele ser humano como uma pessoa, e tratar dela 1 FONTE: CORBANI NMS; BRÊTAS, MCP; MATHEUS. MCC. Humanização do cuidado de enfermagem: o que é isso? Rev Bras Enferm, Brasília 2009 maio-jun; 62(3): 349-54 bem. Dar todos os cuidados necessários para ele. Não a via de administração de medicamento, é enxergar e observar realmente as necessidades dele. Tanto que estávamos conversando com os funcionários que parece uma coisa mecânica: um mutirão faz a medicação, outro vê a diurese e cadê o cuidado integral com o seu paciente, entendeu? De você olhar e ver se ele está corado ou não, observar. (...). Você tem de ir primeiro no básico, para depois tentar dar um cuidado melhor para ele - enxergar o paciente. Porque todo mundo está preocupado em dar banho, preciso fazer aquilo, às vezes nem olhando para o rosto do paciente. E, às vezes, só de olhar, você consegue ver se ele está sentindo dor, se ele está querendo alguma coisa. Você consegue visualizar isso só prestando atenção nele”. “O enfermeiro, começando da gente. Precisamos estar muito bem cuidados para cuidar dos outros. Quando fala de funcionário que não cuida, que é descaso, às vezes eles não estão bem para cuidar dos outros como profissional, como ser. A gente próprio. Se a gente não está bem, não vai cuidar bem de ninguém. Não vai ver o paciente direito. Não vai ter a capacidade de perceber”.