serviço social na oncologia

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SERVIÇO SOCIAL NA ONCOLOGIA
BORGES, Tamelize Nunes1; VIRGOLIN, Isadora W. Cadore2; BRONZATTI, Fátima 3
Palavras-Chave: Saúde. Serviço Social. Oncologia.
Introdução
O presente artigo visa apresentar os resultados parciais do Trabalho de Conclusão de
Curso intitulado “Serviço Social na Oncologia: Limites e Possibilidades”, que teve como base a
experiência vivenciada nos Estágios I,II e III do Curso de Serviço Social, o qual foi realizado no
Hospital São Vicente de Paulo – HSVP - no município de Cruz Alta, que é considerado uma
UNACON - Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia4 - que são unidades
hospitalares, públicas, filantrópicas ou privadas conveniadas ao Sistema Único de Saúde – SUS.
Dentro desta Unidade, o hospital oferece aos seus pacientes uma equipe multiprofissional
para auxiliar e efetivar o tratamento da doença oncológica, composta por 10 Médicos
Oncológicos, duas Enfermeiras, uma Nutricionista, uma Psicóloga, um administrador e uma
Assistente Social.
O Assistente Social desenvolve sua intervenção, no interior desta equipe, pautado no
Projeto ético-político da profissão, e em consonância com os princípios do SUS, que visa à
universalidade, integralidade, eqüidade, participação social e a descentralização.
A escolha da temática do projeto se deu através da necessidade de dar visibilidade a
importância do processo de trabalho do Assistente Social a partir de sua inserção junto à equipe
multidisciplinar envolvida no tratamento dos pacientes oncológicos e seus familiares, já que os
mesmos se encontram com fragilidades sociais e emocionais, decorrentes de uma doença crônicodegenerativa. Os pacientes têm histórias de vidas e estão inseridos em grupos familiares e sociais.
Quando adoecem são mais do que portadores de patologias, continuam sujeitos únicos, sociais e
de direitos.
Neste sentido, o objetivo do estudo é analisar de que forma o profissional Assistente
Social contribui para a garantia de direitos dos pacientes oncológicos e seus familiares a partir dos
1
Acadêmica do 8º semestre do Curso de Serviço Social – UNICRUZ. (tsorenzonb@hotmail)
Professora do Curso de Serviço Social – UNICRUZ e orientadora do projeto. ([email protected])
3
Assistente Social profissional da Instituição. ([email protected])
4
A Oncologia é a especialidade médica que estuda os tumores, principalmente os malignos, de acordo com
ABRALE “[...] o câncer é definido como um tumor maligno, mas não é uma doença única e sim um conjunto de
mais de 200 patologias, caracterizado pelo crescimento descontrolado de células anormais (malignas) e como
conseqüência ocorre à invasão de órgãos e tecidos adjacentes envolvidos, podendo se disseminar para outras
regiões do corpo, dando origem a tumores em outros locais (2002)
2
diferentes elementos que compõem o seu processo de trabalho, a fim de dar visibilidade à
importância deste profissional junto à equipe multidisciplinar, bem como de sua contribuição para
a qualificação do atendimento e tratamento aos pacientes oncológicos.
Metodologia
O estudo orienta-se pelo método dialético-crítico, caracterizando-se como uma pesquisa
qualitativa.
As técnicas que estão sendo utilizadas é a análise de documental (registros e produções do
estágio supervisionado) a entrevista do tipo semi-estruturada que tem como instrumento o
formulário elaborado com perguntas abertas e fechadas.
A população da pesquisa compreende os pacientes oncológicos oriundos de vários
municípios da região que se encontram internados ou que estão sendo atendidos no HSVP –
Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia. Além dos pacientes também fazem
parte da pesquisa, os profissionais da instituição.
Com relação à seleção de sujeitos, parte representativa desta população, destaca-se que os
entrevistados são: cinco pacientes atendidos pelo profissional Assistente Social, bem como cinco
familiares de pacientes oncológicos que não são familiares dos pacientes já entrevistados, sendo
estes sujeitos indicados pela profissional Assistente Social do Hospital. Além dos pacientes,
fazem parte da amostra um Oncologista, uma Enfermeira da Unidade de Oncologia, a
Administradora da CAON, a profissional Assistente Social e Administrador do HSVP,
caracterizando-se assim como uma amostra não probabilística do tipo intencional, pois visa obter
informações de sujeitos intencionalmente escolhidos pelo pesquisador.
Conforme já citado, os dados apresentados são parciais, visto que até o momento foi
possível analisar apenas as entrevistas realizadas com os profissionais da equipe multiprofissional
da Unidade de Oncologia.
Resultados e Discussões
A partir das entrevistas realizadas com os demais profissionais foi possível identificar a
importância dada pelos mesmos para atuação do profissional Assistente Social. A maioria dos
relatos identificam à profissional como „meio de campo‟, elo entre o profissional e o paciente, ou
até mesmo entre profissional e instituição. O profissional entrevistado ainda conclui que
Ás vezes tem exames que o médico exige que se faça, mas a administração não
autoriza. Muitas vezes pelo fato de não ter na instituição, ou o HSVP não ter pagado o
profissional para fazer. Daí a gente vai atrás dela (assistente social), e às vezes ela não
consegue, mas sabe que é direito do paciente e sabe como mediar entre direitos e o
próprio HSVP (Entrevistada P1)
Este discurso vai de encontro com os estudos de Vasconcelos
O trabalho realizado pelos assistentes sociais resulta na absorção e ocultação dos
conflitos institucionais e/ou demandas que perturbam o funcionamento das unidades
de saúde/instituição e o desenvolvimento das ações dos diferentes profissionais em
detrimento da prioridade de atenção ás demandas dos usuários, na direção dos seus
interesses e necessidades, ainda que, em muitos „casos‟ suas ações repercutam, na sua
imediaticidade, favoravelmente aos usuários, principalmente no que tange ao alívio de
tensões (2006,p.32).
Em relação às demandas encaminhadas pelos profissionais para a Assistente Social, em
todos os relatos foram citados exames, internação na própria Instituição ou em outra de
Referência, intercorrências dentro do HSVP, consultas com outros especialistas, questões a cerca
de direitos, informações e acesso aos serviços da Oncologia.
Fica evidente, a partir dos relatos, que mesmo com a efetivação do Sistema Único de
Saúde, resultado de reivindicações históricas do movimento sanitário, tais como a universalização,
a descentralização e a incorporação dos mecanismos de controle e participação social, ainda não
foram possíveis superar contradições existentes, dentre as quais constam a demanda
reprimida/exclusão, a precariedade dos recursos, a questão da quantidade e qualidade da atenção,
a burocratização e a ênfase na assistência médica curativa individual.
Os demais profissionais conseguem visualizar o Assistente Social como um profissional
comprometido com a ampliação e consolidação da cidadania, da equidade e justiça social,
assegurando a universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas
sociais, bem como sua gestão democrática, exemplificados no Código de Ética Profissional dos
Assistentes Sociais.
Fato este comprovado pelo Projeto Ético-Político da Profissão que se constitui em um
conjunto de valores e concepções ético-políticas, que delimita e prioriza objetivos e funções,
baliza e direciona o exercício da profissão, a formação acadêmica e suas relações, sendo este,
reconhecido por grande número de Assistentes Sociais. O projeto do Serviço Social de acordo
com Netto, tem como compromisso
[...] o reconhecimento da liberdade como valor ético central, a liberdade concebida
historicamente, como possibilidade de escolher entre alternativas concretas; daí um
compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos
sociais. Consequentemente, o projeto profissional vincula-se a um projeto societário
que propõe a construção de uma nova ordem social, sem dominação e/ou exploração
de classe, etnia e gênero (2006, p. 15)
Conclusão
Os profissionais entrevistados desvelam uma realidade clara e contundente sobre a
importância do profissional Assistente Social junto à equipe multidisciplinar da Unidade de Alta
Complexidade de Oncologia do Hospital São Vicente de Paulo.
Em contrapartida, deve-se considerar que esta importância está atribuída ao fato de que os
Assistentes Sociais são em geral solicitados pelos demais profissionais de saúde para o
atendimento de demandas que facilitem direta e indiretamente o andamento e a resolutibilidade de
suas ações. Assim, o profissional acaba se caracterizando com um profissional imediatista, onde
não há condições de antecipar as ações, realizando atividades isoladas e individuais, já que os
atendimentos são voltados ao paciente oncológico ou seus familiares.
Deve-se pontuar que a inserção do profissional Assistente Social na área da saúde, se dá
na forma com que a sociedade e seus empregadores compreendem as necessidades dos usuários,
como organizaram seus objetivos e que propostas de intervenção respondem as demandas e
necessidades colocadas, pois o trabalho dos assistentes sociais não se realiza independente do
contexto histórico, político e social que o determinam e o definem. Ao contrário, têm na
conjuntura sócio-econômica, política e institucional, suas possibilidades e limites (MOURÃO,
2006)
Referências
ABRALE.
Associação
Brasileira
Linfoma
e
Leucemia.
Disponível
em
http://www.abrale.org.br/ Acessado em 12 de agosto de 2009.
MARTINELLI, Maria Lúcia. Pesquisa Qualitativa: um instigante desafio. São Paulo: Veras
Editora, 1999.
MIOTO, Regina C. T. e LIMA, Telma C.S. procedimentos metodológicos na contrução do
conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Revista Katálisis Florianópolis, v. 10 nº esp.
P.37-45, 2007.
NETTO, José Paulo. A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço social. São Paulo:
OPAS, OMS. Ministério da Saúde, 2006.
PRATES. Jane Cruz. Planejamento da Pesquisa Social. Revista Temporalis, nº 7, Porto Alegre,
ABEPSS, 2003.
MOURÃO, Ana Maria A. et al. A formação dos trabalhadores Sociais no Contexto
Neoliberal. O Projeto das Residências em Saúde da Faculdade de Serviço Social da
Universidade Federal de Juiz de Fora. São Paulo: OPAS, OMS. Ministério da Saúde, 2006.
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