Produção e consumo de alimentos no mundo Produção de alimentos no mundo A produção de alimentos no mundo vem aumentando desde 1970, acompanhando ou superando o crescimento populacional. Na segunda metade da década de 1980, contudo, houve um declínio nos estoques mundiais de cereais, que foram usados para alimentar o mundo, já que a produção per capita de alimentos diminuiu nesse período. Desde o início da década de 1990 até nossos dias, a produção per capita mundial de alimentos aumenta ano a ano, com pequenas oscilações. Entretanto, esse promissor quadro internacional não ocorre em todos os continentes. Veremos neste capítulo que a produção per capita na África subsaariana - além de ser baixa vem caindo desde 1970. *Revolução verde: A experiência com a revolução verde*, nos anos de 1960 e 1970, parece sugerir que o rápido crescimento da produção de alimentos é possível. Entre 1961 e 1979, a produção global de grãos cresceu 60%. Nos países em desenvolvimento, aumentou ainda mais: 65%. Entre 1980 e 2000, ocorreu um forte crescimento na produção global de grãos: 33%. Introdução na agricultura, tanto de sementes de alto rendimento produzidas em laboratório, como de agrotóxicos e de maquinaria. Esse processo iniciou-se na segunda metade do século XX. Esse crescimento foi causado pela melhoria das sementes, pela utilização de mais fertilizantes e pesticidas, pela expansão da lavoura irrigada e por novos métodos de cultivo. Também o uso intensivo da terra, representado pelas monoculturas de alto rendimento, contribuiu para o aumento da produção de alimentos. Nos últimos quarenta anos, o mundo fez progressos significativos em direção à segurança alimentar: enquanto a população do mundo dobrou de três para seis bilhões de habitantes, a produção global de alimentos mais do que dobrou. Hoje em dia, o suprimento de alimentos per capita é 24% maior do que era em 1961, e o preço real dos alimentos - apesar de ainda ser muito caro para grande parte da população mundial - caiu em 40% durante o mesmo período. O aumento na produção global de grãos, apesar do crescimento da população, fez com que a produção anual média per capita permanecesse a mesma quando comparamos os anos de 19861988 com os anos de 1996-1998. Em termos globais, a produção total de alimentos e a produção per capita de alimentos cresceram significativamente entre 1960 e 1998. Na América do Sul, tanto a produção total como a produção per capita cresceram contínua e acentuadamente. Enquanto isso, na África, a necessidade de alimentos cresceu mais depressa do que sua produção total. Contudo, mesmo com essas tendências positivas ex nível global, a produção de alimentos continua variando significativamente de região para região, como mostra a tabela. Nota: Na África subsaariana, a produção média per capita de grãos caiu drasticamente (20%) entre 1960 e 1985, enquanto no resto do mundo essa produção aumentou, embora tenha ocorrido uma diminuição pequena na produção per capita entre 1986-1988 e 1996-1998. Na África subsaariana, o consumo total de alimentos per capita (1986-1996) corresponde a menos de 2200 quilocalorias por pessoa por dia (o ser humano necessita de cerca de 2 400). Fonte: HOLMES, Karen. Inexhaustible appetites- tcsting the limits of agroecosystems. In: WORLD Resources Institute, 2001. Disponível em: www.wri.org>. Acesso em: 28 fev. 2003. Nos países industrializamos, os suprimentos de alimentos são adequados, já que as populações são relativamente estáveis em tamanho, e, embora exista pobreza, a quase totalidade da população é capaz de comprar os alimentos de que necessita. Aqueles que não podem se sustentar recebem ajuda do governo. Essa ajuda pode ser em forma de dinheiro ou de cartão para comprar alimentos. Nos países em desenvolvimento, de modo geral, a produção agrícola também cresce em todas as regiões, mas varia consideravelmente de uma para outra. Além disso, em muitas regiões da África, da América Latina e de parte da Ásia, a demanda é severamente restrita pelo baixo poder de compra de suas populações. Em períodos de recessão econômica, na África e na América Latina, a diminuição da entrada de moeda estrangeira reduz ainda mais a importação de alimentos. Tal recessão só faz aumentar a fome e a carência alimentar nessas regiões do planeta. Fome - Coleção Diálogo na Sala de Aula, Maria Elisa Marcondes Helene, Beatriz Marcondes e Edelci Nunes, Editora Scipione, São Paulo, 2003.