TERÇA-FEIRA, 11 DE AGOSTO DE 2015 Do Seu Jeito 4 VIAGEM Roteiro musical nos EUA Para homenagear Elvis Presley, que teria completado 80 anos em janeiro, um tour por Memphis fotos ROSANE TREMEA Rosane Tremea Não foi obra do acaso. Eu já tinha pensado em conhecer Memphis e New Orleans, nos Estados Unidos, mas nunca havia considerado fazer dessa vontade um roteiro único, incluindo também Nashville. Foi a conjunção de astros que me reuniu a duas amigas, uma delas residente na Carolina do Norte, e lá fomos nós, de ônibus e de trem, viajar por cidades reconhecidas pelo rock, blues, jazz e country. Música, música e música por todos os lados. Foram apenas seis dias, o que eu não recomendo. Reserve mais tempo. Há muito para se ver e fazer nas três cidades, ainda mais contando os deslocamentos, já que são distantes uma da outra. O ideal, aliás, seria uma road trip de verdade – uma viagem de carro em que o mais importante é o caminho e não o destino final. Há alternativas de rotas conhecidas para quem quiser se colocar na estrada, a partir de Atlanta ou de Chicago, com cerca de 2 mil quilômetros de extensão, acabando, invariavelmente, em New Orleans, na Luisiana. As atrações nesses Estados do Sul, entre os mais pobres dos Estados Unidos, são muitíssimas, mas vou me concentrar apenas em Memphis. O restante é assunto para muitos outros textos. Uma imersão no berço do rock Não deixe de conferir A Beale Street (acima) e Graceland (abaixo) A maior cidade do Tennessee, Memphis, tem mais de um milhão de habitantes em sua região metropolitana. Se você, como nós, chegar de ônibus, fique atento: a rodoviária é longe do centro (pelo menos 20 minutos de táxi), e o valor da corrida pode ser o mesmo que você gastou na passagem (cerca de US$ 40). Táxis são meio raros e, a não ser na Beale Street, conseguir um lugar para comer depois das 22h é quase um drama. A distância referida, aquela da rodoviária ao Centro, é mais ou menos a mesma que tínhamos para ir de nosso hotel até Graceland, principal objetivo na viagem. A mansão que Elvis Presley comprou para viver aos 22 anos, em 1957, e onde morreu, em 1977, também fica nos arredores de Memphis. Optamos por contratar um tour que incluía os ingressos (US$ 49), o que resultou bem mais barato do que se fôssemos por nossa conta, como era o plano. Saímos bem cedinho pela manhã. Considerado patrimônio histórico, o complexo reúne museu com os carros do rei do rock, seus aviões, as roupas, lojas de suvenir, cinema, restaurante e até um hotel, o Heartbreak, batizado com o nome de uma de suas músicas mais famosas. Já escrevi sobre isso, mas repito: a visita interativa à mansão é uma das mais organizadas que já fiz. Entra-se em grupo, tendo à mão um tablet, mas cada um faz seu roteiro como quer, ouvindo as músi- cas, acompanhando vídeos e gravações extras que há no dispositivo. Tudo bem tranquilo, com tempo certo, mas sem pressa. Acaba no jardim, onde estão os túmulos de Elvis e de sua família. Para os fãs, é quase impossível não se emocionar. Blues e comida farta No caminho de volta, pedimos para desembarcar no Sun Studio, o lugar onde, dizem, nasceu o rock. Por ali, sob o comando de Sam Phillips, começaram suas carreiras Jerry Lee Lewis, Johny Cash e o próprio Elvis. Quase perdemos a única visita guiada a que poderíamos ter acesso, o que teria sido uma lástima. A guia performática fez o grupo de umas 20 pessoas que se amontoavam nas peças pequenas rirem, cantarem, posarem com microfones. Uma outra imersão no mundo da música. Encerramos o dia na Beale Street, a Rua do Blues, fechada para os carros à noite. A pedida é entrar e sair das dezenas de bares e clubes de música ao vivo. Não se paga ingresso, então dá para variar. Ficamos a maior parte do tempo no Rum Boogie Cafe, com blues do bom e comida farta. Para quem vem de fora ou mesmo para quem vive nos Estados Unidos, é de estranhar que seja permitido fumar em ambientes fechados – nos bares, no caso – e beber na rua.